Os carros a combustão estão previstos para acabar na União Europeia em 2035, quando a sua produção e comercialização será proibida nos países do bloco. A tradicional eleição de Carro do Ano do continente já está trabalhando para isso há algum tempo.
Desde 2019 só tem escolhido carros elétricos, nascidos para tal ou com versões energizadas, ou híbridos. Assim foi com o exclusivamente elétrico Jaguar I-Pace em 2019, o Peugeot 208, que tem uma versão totalmente elétrica, em 2020, o Toyota Yaris, com versões híbridas, em 2021, e o totalmente elétrico Kia EV6, no ano passado. O Volvo XC40, que hoje só tem versão elétrica, ainda não tinha, quando venceu, em 2018.
Este ano o vencedor foi o Jeep Avenger, que nasceu para ser elétrico, mas também possui uma versão com motor 1.2 turbo em alguns países europeus. Conhecido como mini-Renegade, ele derrotou finalistas completamente elétricos e com versões híbridas, como manda a tendência dos últimos cinco anos.
Construído sobre a mesma plataforma CMP do Grupo Stellantis, usada também pelo Peugeot 2008 e o Opel Mokka, o Avenger tem desenho mais agradável que o Renegade, que é 19 cm mais longo e tem um centímetro a mais na distância entre-eixos. O Avenger lembra até o Compass, inclusive no interior, de tela multimídia flutuante.
Mas o novo compacto, que mede 4,08 metros de comprimento e 2,56m de entre-eixos, também é mais jovial, tanto por fora, quanto por dentro, onde tem painel com faixa brilhante na cor amarela ou prata, e com porta-objetos abertos. O espaço interno atrás é suficiente para duas pessoas de 1,80 m. O porta-malas de 380 litros é maior que os 320 litros do irmão compacto mais velho.
Na lista de equipamentos podem estar presentes itens como sistema multimídia com tela de 10,25 polegadas espelhável com Android ou Apple sem cabo, quadro de instrumentos de sete ou dez polegadas e os sistemas de assistência a condução como piloto automático adaptativo, sistema de manutenção em faixa, auxílio em congestionamento, reconhecimento de sinais de trânsito, frenagem de emergência com reconhecimento de pedestres e ciclistas, detector de fadiga, detector de veículos em ângulo morto e câmera de ré.
Em Portugal, o Avenger só está sendo vendido na versão elétrica e tem três versões: Longitude (37.800 euros), Altitude (€ 39.800) e Summit (€ 42.800). O sistema multimídia e o reconhecimento de pedestres e ciclistas já aparecem na versão básica, que também tem ar condicionado digital de uma zona, seletor de modo de condução em terreno (Eco, Normal, Sport, Sand, Mud, Snow), freio de mão elétrico, luzes diurnas em LED e espelhos retrovisores elétricos aquecidos. O piloto automático adaptativo, a câmera de ré, o quadro de instrumentos de 10 polegadas, o leitor de sinal de trânsito e o carregador por indução são opcionais. A versão intermediária tem monitoramento de ângulo morto dos retrovisores externos, sensores de estacionamento 360º, piloto automático adaptativo e a faixa brilhante no painel como opcionais e abertura do porta-malas com os pés e entrada e partida sem chave de série. Só a versão top Summit tem de série quase todos os itens citados no parágrafo anterior, além do carregador sem fio, mas o leitor de sinal de trânsito é opcional. Ar condicionado digital de duas zonas só tem em outros países.
A Espanha e a Itália também oferecem o Avenger com motor 1.2 turbo de 101 cavalos e 205 Nm de torque. Acelera de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos, tem velocidade máxima de 184 km/h e tem consumo médio de 17,86 km/litro.
Na maioria dos países europeus, o Avenger só é vendido com um único motor elétrico de 156 cavalos, torque de 260 Nm e bateria com capacidade líquida de 50,8 kWh (54 kWh bruta). Proporciona uma autonomia média de 392 km pelo ciclo WLTP. Ele tem velocidade máxima limitada, de apenas 150 km/h, mas acelera de 0 a 100 km/h em 9 segundos, segundo a fabricante.
Ligado a uma tomada de corrente contínua de 100 kW, que é sua potência máxima de recarga, o Avenger passa de 20 a 80% de carga em 24 minutos, segundo a Jeep. Com 11 kW o tempo é bem maior.
O Avenger atualmente é fabricado na Polônia, mas, segundo o site Auto Mais, pode ser produzido no Brasil apenas com motor a combustão, provavelmente o 1.0 turbo do Pulse e do Fastback, mas ainda está em estudos e sua vinda ainda não tem previsão. A versão elétrica deve vir importada.
A premiação
O Avenger conquistou 21 dos 57 jurados (eram 59) de 22 países europeus, que lhe deram nota máxima. Quatro jurados deram nota dez. Somou 328 pontos. Sua vitória foi anunciada, pela primeira vez, no Salão de Bruxelas, na Bélgica. Antes da pandemia, os vencedores eram anunciados no Salão de Genebra, na Suiça, desde 2012. Foi o primeiro título da Jeep na história da premiação, organizada por um consórcio de nove revistas europeias e que chega à 60ª edição.
Carro do Ano 2023: Jeep Avenger - 328 pontos |
A Jeep também foi a vigésima-terceira marca e terceira norte-americana a vencer a premiação, ao lado da Ford (maior vencedora entre as yankees, com cinco títulos) e a Chevrolet. Os americanos têm agora sete títulos. O Grupo Stellantis chega a 27 nomeações no Car of the Year, somadas todas as conquistas das marcas da holding na história, independente da época (Fiat, Peugeot, Citroën, Opel, Alfa Romeo, Lancia e agora a Jeep. Só não considerei a Simca, que era da Chrysler, porque a francesa foi extinta antes de fazer parte do grupo). Ah, ela também é a segunda estreante consecutiva a ganhar a eleição, depois da Kia, algo que não acontecia desde 2018 (Volvo) e 2019 (Jaguar).
Vice-campeã: Volkswagen ID.Buzz - 241 pontos |
Terceiro colocado: Nissan Ariya - 211 pontos |
Com 241 pontos, a vice-campeã foi a Volkswagen ID,Buzz, a releitura elétrica da Kombi. A marca alemã não vence desde 2015 com o Passat, ainda tem quatro títulos e deixou de empatar com a Ford e a Opel. Outro elétrico, o Ariya, com 211 pontos, fecha o pódio não conseguindo dar o terceiro título para a Nissan e se igualar à Toyota em conquistas entre as japonesas e à Citroën no geral.
Quarto colocado: Kia Niro - 200 pontos |
Quinto colocado: Renault Austral - 163 pontos |
Totalizando 200 pontos, o Kia Niro, que tem versões híbridas e elétricas, ficou em quarto e deixou de dar o bicampeonato à marca sul-coreana. Curiosamente, é o único que já é vendido no Brasil, somente na versão híbrida sem plug-in. A Renault não vence desde 2006, com o bicampeonato do Clio. Em 2023 vai ficar mais um ano na fila, porque o utilitário esportivo Austral, sucessor do Kadjar, ficou apenas no quinto lugar, com 163 pontos. A marca francesa também perdeu a oportunidade de se isolar como a segunda maior vencedora.
Sexto colocado: Peugeot 408 - 149 pontos |
Sétimo colocados: Toyota bZ4X e Subaru Solterra - 133 pontos |
Mesma chance não teve a Peugeot, cujo representante, o SUV-Cupê 408, ficou apenas com o sexto lugar, com 149 pontos. Fechando a classificação, com 133 pontos, ficou a dupla de crossovers elétricos Subaru Solterra e Toyota bZ4X, que são o mesmo carro. A Subaru deixou de ganhar pela primeira vez e a Toyota de se distanciar na liderança das marcas asiáticas e japonesas com 4 a 2 sobre a Nissan e de ainda empatar com a Volkswagen entre todas as vencedoras.
A maior vencedora do Car of the Year continua sendo a Fiat. que ganhou nove vezes, mas não vence desde 2008 com o pequenino 500 da geração passada ainda a combustão e não fica entre os finalistas desde 2012, quando o Panda ficou em quinto lugar. Peugeot e Renault estão empatadas em segundo lugar, com seis vitórias.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
Todos os campeões:
1964 - Rover 2000 / 1965 - Austin 1800 / 1966 - Renault 16 / 1967 - Fiat 124 (deu origem ao Lada Laika, um dos primeiros importados populares no Brasil) / 1968 - NSU Ro 80 (primeiro carro com motor rotativo Wankel) / 1969 - Peugeot 504 (sua versão picape fez sucesso por aqui nos anos 90) / 1970 - Fiat 128 / 1971 - Citroën GS / 1972 - Fiat 127 (o nosso 147 - BR) / 1973 - Audi 80 (deu origem ao primeiro Passat) / 1974 - Mercedes 450S (I) / 1975 - Citroën CX / 1976 - Simca 1307-1308 / 1977 - Rover 3500 / 1978 - Porsche 928 (primeiro cupê esportivo a levar o título) / 1979 - Simca Horizon / 1980 - Lancia Delta / 1981 - Ford Escort (BR) /1982 - Renault 9 / 1983 - Audi 100 (sua versão reestilizada foi o primeiro Audi importado por Ayrton Senna dez anos depois) / 1984 - Fiat Uno (BR) / 1985 - Opel Kadett (BR) / 1986 - Ford Scorpio (um sedã luxuoso do porte do Fusion) / 1987 - Opel Omega (BR) / 1988 - Peugeot 405 (I e Me) / 1989 - Fiat Tipo (I e BR) / 1990 - Citroën XM (I) / 1991 - Renault Clio 1 (Me) / 1992 - VW Golf III (Mx e I) / 1993 - Nissan Micra (duas gerações antes do nosso March) / 1994 - Ford Mondeo 1 (I) / 1995 - Fiat Punto 1 (o nosso foi a terceira geração) / 1996 - Fiat Bravo/Brava (BR - O Bravo era a versão duas portas do Brava, que foi fabricado aqui. Ambos antecederam o Stilo e o último Bravo) / 1997 - Renault Scénic (BR) / 1998 - Alfa Romeo 156 (I) / 1999 - Ford Focus 1 (Me) / 2000 - Toyota Yaris 1 (primeira geração europeia. O nosso é derivado da segunda geração tailandesa) / 2001 - Alfa Romeo 147 (I) / 2002 - Peugeot 307 (I e Me) / 2003 - Renault Mégane 2 (BR na versão sedã) / 2004 - Fiat Panda (inspirou o novo Uno brasileiro) / 2005 - Toyota Prius (que chegou aqui somente a partir da terceira geração) / 2006 - Renault Clio 3 / 2007 - Ford S-Max / 2008 - Fiat 500 (I e Mx) / 2009 - Opel Insignia / 2010 - VW Polo (uma geração entre o nosso antigo e o atual) / 2011 - Nissan Leaf 1 (usado no Rio como táxi de forma experimental e depois importado na segunda geração) / 2012 - Opel Ampera/Chevrolet Volt / 2013 - Volkswagen Golf (I e BR) / 2014 - Peugeot 308 / 2015 - Volkswagen Passat (I) / 2016 - Opel Astra / 2017 - Peugeot 3008 (I) / 2018 - Volvo XC40 (I) / 2019 - Jaguar I-Pace (I) / 2020 - Peugeot 208 (Me e I) / 2021 - Toyota Yaris / 2022 - Kia EV6 / 2023 - Jeep Avenger
BR - Fabricado no Brasil
Me - Fabricado no Mercosul
Mx - Fabricado no México
I - Importado
Ranking de conquistas:
1. Fiat - 9 títulos (1967, 1970, 1972, 1984, 1989, 1995, 1996, 2004 e 2008)
2. Peugeot - 6 (1969, 1988, 2002, 2014, 2017 e 2020)
Renault - 6 (1966, 1982, 1991, 1997, 2003 e 2006)
4. Opel - 5 (1985, 1987, 2009, 2012 e 2016)*
Ford - 5 (1981, 1986, 1994, 1999 e 2007)
6. Volkswagen - 4 (1992, 2010, 2013 e 2015)
7. Toyota - 3 (2000, 2005 e 2021)
Citroën - 3 (1971, 1975 e 1990)
9. Nissan - 2 (1993 e 2011)
Alfa Romeo - 2 (1998 e 2001)
Audi - 2 (1973 e 1983)
Simca - 2 (1976 e 1979)
Rover - 2 (1964 e 1977)
14. Jeep - 1 (2023)
Kia - 1 (2022)
Jaguar - 1 (2019)
Volvo - 1 (2018)
Chevrolet - 1 (2012)*
Lancia - 1 (1980)
Porsche - 1 (1978)
Mercedes - 1 (1974)
NSU - 1 (1968)
Austin - 1 (1965)
* Título compartilhado em 2012 entre Chevrolet e Opel por ser tratar do mesmo carro com marcas diferentes. Por isso, a soma vai dar 61.
0 Comentários