O título é quase igual ao dos outros anos, mas eu vou começar 2021 com um editorial de abertura de temporada diferente. Por quatro motivos. Primeiro: eu cansei de anunciar modelos que não vinham, embora a maioria dos que eu citei no ano passado tenha vindo. Como não tenho informação privilegiada, baseava as promessas de novidades nas grandes revistas de automóveis, como Quatro Rodas e Carro, mesmo. Neste ano a fonte foi o site Auto Papo, do Boris Feldman.
Segundo: não queria criar expectativa pela vinda de modelos projetados para países subdesenvolvidos como o nosso. Como se Argentina, Chile, Uruguai e até a Bolívia, que vendem modelos de primeira linha com motores mais modernos, ainda que importados, fossem mais ricos que o Brasil.
Depois da reabertura das importações, em 1990 (só começaram a chegar, de fato, ao Rio de Janeiro em 1992), tivemos uma fase áurea com diversos modelos europeus, norte-americanos e japoneses, após quinze anos de domínio de modelos nacionais, produzidos em larga escala e artesanais (me refiro aos famosos "fora-de-série"), sem tecnologia e nenhuma segurança. Este tempo se refere ao período entre a proibição das importações, em 1975, e a liberação decretada pelo ex-presidente da República, Fernando Collor, que chamou os defasados modelos produzidos aqui de carroças. Os carros importados começaram a chegar somente em São Paulo.
Mas, a partir do governo do PT, o nosso mercado foi invadido por modelos de baixa qualidade desenvolvidos aqui mesmo (como na época da reserva de mercado, por exemplo o Hyundai HB20, Chevrolet Cobalt, Spin e Onix), na Romênia (Renault Logan, Sandero e Duster), Índia (Toyota Etios e Renault Kwid), Tailândia (Chevrolet S10, Mitsubishi L200, Toyota Hilux, o novo Honda City e o futuro Toyota Corolla Cross) e China (entre eles o velho Nissan Livina e a segunda geração do Onix)! Este último país é o berço da praga que matou mais de 225 mil pessoas no Brasil e milhões em todo o mundo e quase matou a minha mãe. Chega!
No editorial do ano passado, citei e até coloquei como foto de "capa" o novo Chevrolet Tracker, também projetado naquele país asiático ditatorial comunista. E falei de outros modelos xing-ling, como os carros da JAC e Chery (estes fabricados no Brasil pela CAOA), o Mercedes GLB (que é fabricado no México, mas foi projetado lá) e o Fod Telitoly, digo, Ford Territory.
Dos outros modelos que eu citei não vieram o Citroën C5 Aircross, o Honda Fit e o Ford Escape. Mas a maioria veio, como o Volkswagen Nivus (ilustrado no texto com uma foto do protótipo), a nova picape Fiat Strada e o Nissan Versa. O antiquado Renault Duster também veio. Mas o Honda Fit pode não vir mais. Há rumores de que a Honda também não deve trazer o novo Civic, embora tenha registrado patente no INPI. Só que a patente não garante a comercialização por aqui. Se vier, só em 2022 e, talvez, importado.
Kia Rio e Peugeot 208 também vieram. Mas ainda não falei deles no Guscar por culpa, respectivamente, da imprensa automotiva e da própria montadora. O modelo sul-coreano fabricado no México somente agora, em janeiro de 2021, foi testado pela Quatro Rodas. Mesmo assim, sem divulgar o precioso nível de ruído, medição que só a revista da Editora Abril está fazendo, pois a Carro impressa deixou de circular e a online mal testa os carros. E o francês agora fabricado na Argentina porque a própria Peugeot até agora não colocou o configurador do modelo no seu site. Deve estar esperando chegar a versão elétrica, importada direto da França, mas, por enquanto, nada.
Está bem! Eu vou citar alguns que virão em 2021, como os SUVs Volkswagen Taos, o Ford Bronco, Toyota Corolla Cross, a nova geração do furgão Ford Transit, agora importado do Uruguai (o vendido em 2009 vinha da Turquia) e o Honda City, que além do tradicional sedã, terá também o inédito (no Brasil) hatch. Estes estão garantidos. O híbrido Kia Niro, a segunda geração do Hyundai Creta, o face-lift do Jeep Compass e o seu derivado de sete lugares, o utilitário do Argo e da picape Toro têm grandes chances de chegar. O sedã esportivo BMW M3 e o Audi A3 Sedan estão entre as expectativas no segmento de luxo. Vamos ver se final do ano eles vieram mesmo.
Reparem que, desses modelos que eu citei, só o Kia Niro, o Jeep Compass, os Ford Bronco e Transit e os alemães de luxo estão disponíveis na Europa ou Estados Unidos. O Compass longo e os SUVs da Fiat, dona da Jeep, são invencionices nossas. Aliás, o grupo Fiat-Chrysler (FCA) agora tem a companhia da PSA (Peugeot, Citroën, Opel e Vauxhall) na sociedade, que agora se chama Stellantis. O resto é tudo carroça. Chega!
O terceiro motivo para tentar fazer algo diferente é o anúncio (que não me surpreendeu em nada) do encerramento das atividades fabris da Ford no Brasil, matando a produção do jipe Troller, da linha Ka e do utilitário Ecosport. Esta e outras marcas de veículos sempre trataram o nosso país como descarte de seus velhos modelos ou como mercado para consumidores pouco exigentes, em que a produção é barata, mas o preço ao consumidor é caro, gerando lucro para a fabricante. A marca americana disse que vai trabalhar somente com importação, como os modelos que eu já citei, além do Escape e a picape Ranger, que continua vindo da Argentina. Nos próximos dias, postarei outro editorial detalhando este caso.
E o quarto motivo era a ideia inicial: começar 2021 com um editorial sobre um assunto específico fora da habitual listagem de carros esperados para o decorrer do ano. A base seria uma matéria de Alessandro Reis, do UOL, publicada em janeiro, que lista cinco "vítimas" do Toyota Corolla. O texto mostra cinco sedãs médios que deixaram de ser produzidos por não conseguirem derrotar o modelo japonês em vendas.
Mas eu queria focar nos SUVs, apresentados sempre como desculpa pelas marcas para deixar de produzir ou importar sedãs, hatches, cupês e, principalmente, peruas. É que dizem que o mercado deixa de comprar sedãs para comprar utilitários esportivos. Acontece que modelos similares a alguns destes sedãs da matéria não vêm para o Brasil nem importados ou vêm de países comunistas. Chega! Vou deixar para citar os exemplos no terceiro editorial do ano.
Eu queria ser diferente, mas acabei fazendo igual aos outros anos, citando os modelos que devem vir para o país em 2021. Mas o ano vai começar diferente no blog porque, pela primeira vez, será com três editoriais em sequência. Este, o sobre a saída da Ford e terceiro sobre os SUVs.
O primeiro texto do ano sobre os modelos, dos quais gosto mais de falar, será uma experiência com um novo foco do Guscar: o mercado português. Adoro Portugal, pois é um país desenvolvido que fala a minha língua e tem uma frota moderna, com praticamente tudo que é vendido em toda a Europa. Já vejo emissoras de televisão e leio jornais e revistas automotivas de lá. Comprei muitas edições das extintas AutoMotor e AutoMagazine, que eram vendidas nas bancas do Brasil por preço similar às revistas nacionais, mas com três meses de atraso. Meu desejo é morar lá.
Como já tinha dito lá em cima, cansei de falar de carroças, Ainda amo o Brasil, o meu país, mas quero falar de carros de verdade, carros europeus. Ainda não decidi qual modelo, mas, provavelmente, será o elétrico Volkswagen ID.3. Uma análise ponto a ponto como eu fazia dos modelos do mercado brasileiro, que espero continuar fazendo, mas só se vier modelos modernos. De chinês e modelos de países subdesenvolvidos eu não falo. Assim que a Peugeot colocar o 208 no configurador do seu site, falarei dele. E se chegar modelos de primeira linha, volto a focar no Brasil. Chega de carroças!
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
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