DE GERAÇÃO A GERAÇÃO - JEEP COMPASS


O Compass foi o segundo Jeep fabricado no Brasil, lançado um ano depois do Renegade, em 2016, antes dos Estados Unidos. Ele já era uma segunda geração. Isso porque o nome Compass surgiu em 2006, em um utilitário esportivo de estilo estranho, que combinava linhas retas com frente arredondada. Portanto, a nova geração mostrada no texto anterior do Guscar é a terceira. 

Primeira geração (2006-2015) 

Compass Concept 2002

Compass Concept 2002

O primeiro Compass teve uma prévia como conceito apresentada no Salão de Detroit de 2002. Era mais arredondado, com frente quase deitada que remetia ao Jeep Wrangler e também ao Liberty, que em outros mercados, incluindo o Brasil, foi vendido como a segunda geração do Cherokee: formada por um único par de faróis redondos e sete fendas compridas. A traseira tinha lanternas trapezoidais mais próximas da lateral, onde havia um grande culote. A carroceria era de apenas duas portas. A janela lateral traseira tinha inclinação para dentro de forma a criar um triângulo na coluna. Na tampa do porta-malas ia o estepe. 


Quatro anos depois foi lançado o Compass definitivo, que tirou a ousadia do conceito. E também a harmonia. Com quatro portas, a carroceria ficou mais reta e desproporcional. A saliência na lateral traseira foi suavizada e a maçaneta da porta traseira foi para a coluna. A terceira janela lateral ficou menor, mas continuou com inclinada para dentro. A frente e a traseira ficaram mais em pé, as lanternas continuaram trapezoidais, mas agora mais verticais e o estepe saiu da tampa. Na frente, foi mantido o estilo Wrangler. Outra perda de harmonia foi nas luzes de direção. No conceito havia uma faixa vertical laranja piscante no para-lamas. No modelo de produção, a faixa se transformou num trapézio também no para-lamas ao lado dos faróis. 


A plataforma GS vinha dos tempos da Daimler-Chrysler, época em que a alemã Mercedes controlava a marca norte-americana, e também era compartilhada com a Mitsubishi. A carroceria media 4,40 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,63 m de altura e 2,64 m de distância entre-eixos. 

Por dentro, o painel tinha formas retas e cantos vivos, especialmente na cobertura do quadro de instrumentos e no gabinete central. Estes dois tinham uma máscara de alumínio que combinavam entre si. A parte central tinha ainda um aspecto vertical. As saídas de ar eram quadradas. Na área do carona, havia um buraco acima do porta-luvas. 


A oferta de motores era de três: dois a gasolina e um a diesel. Os movidos a gasolina eram um 2.0 de 160 cavalos e um 2.4 TigerShark (que chegou a ser oferecida na picape Fiat Toro brasileira) de 174 cv. O a diesel era um 2.0 de 140 cv, destinado ao mercado europeu. O câmbio podia ser manual ou automático CVT nos modelos a gasolina e um automático de seis marchas, compartilhado com a Hyundai no motor a diesel. A tração podia ser dianteira ou 4x4. 

Além do estilo estranho, o primeiro Compass sofria com ferrugem precoce na carroceria, acabamento de baixa qualidade que logo quebrava e problemas mecânicos. E ainda teve nota baixa no teste de colisão. 

Face-lift (2011)


 Para corrigir os problemas, a Chrysler fez um face-lift no Compass e trocou a frente estilo Wrangler por uma que lembrava o Grand Cherokee, com faróis retangulares alinhados às sete entradas que ficaram mais curtas. Ao mesmo tempo em que ele ficou mais elegante, perdeu a personalidade, ficando ainda mais desengonçado: arredondado na frente e reto atrás. 

O interior ganhou um painel mais agradável com cantos mais arredondados, com as saídas de ar agora circulares e destacadas. O quadro de instrumentos ficou mais legível, perdendo aquela máscara em alumínio. Mas manteve o buraco acima do porta-luvas. O acabamento aparentemente ficou melhor. 


Só houve mudança mecânica no exterior, com o motor a diesel 2.0 dando lugar a um 2.2 de origem Mercedes. 

O Compass de primeira geração chegou ao Brasil no início de 2012, já com o face-lift e na versão única Sport, com motor 2.0 a gasolina de quatro cilindros de 156 cavalos e um câmbio CVT da Jatco. 


Custava cerca de 100 mil reais na época. Apesar de bem equipado e com bom preço, vendeu bem menos que o seu irmão de plataforma e concorrente Mitsubishi ASX. Em três anos de importação para cá, só foram comercializadas no máximo 3.500 unidades, número que a segunda geração alcança em um mês. Mas a história do patinho feio da Jeep mudaria para sempre em 2016. 


Segunda geração (desde 2016)


O Compass se transformou em cisne na segunda geração, apresentada primeiro no Brasil em setembro de 2016 e dois meses depois nos Estados Unidos. Aqui, foi o segundo Jeep fabricado em Goiana, Pernambuco. A marca norte-americana já pertencia à Fiat e o segundo Compass já dividia a linha de produção com a picape Toro do emblema italiano, lançada naquele mesmo ano. 


O estilo ficou mais harmonioso e elegante, com linhas arredondadas da frente à traseira. O recorte das janelas ficou mais suave e equilibrado. com uma leve elevação. A terceira janela lateral ficou bem estreita. A coluna larga continuou sendo a marca registrada do Compass, mas ela é separada do teto por um friso cromado ou escuro (dependendo da versão) que emoldura a parte superior das janelas e vai até o vidro traseiro, criando um efeito flutuante. A frente manteve a grade horizontal com as sete fendas da Jeep ainda mais curtas e os faróis ficaram mais finos e ondulados, com as luzes diurnas de LED acompanhando essa ondulação inferior. O para-choque ficou mais robusto, dominado pelo plástico fosco em vez da lataria, que ficou restrita às extremidades. Atrás, as lanternas passaram a ser horizontais, com prolongamento na tampa do porta-malas levemente desalinhado, criando um efeito ondulado. Máscaras de alumínio internas davam uma impressão de que tinha lentes brancas, como muitos modelos tunados. O vidro traseiro era bem estreito.    

 


O interior ganhou material emborrachado no painel de desenho moderno, com a tela multimídia cercada por saídas de ar verticais trapezoidais, emoldurada por uma fenda hexagonal. Os instrumentos ganharam uma tela colorida entre eles. Havia vários "easter eggs", que são aquelas marcas espalhadas pelo acabamento, como um lagarto em alto relevo e ranhura imitando marcas de pneu. 



A plataforma passou a ser do grupo Fiat, também usada no Renegade e na Fiat Toro. A carroceria, que ainda está em produção por aqui, mede 4,42 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,62 m de altura e 2,64 m de distância entre-eixos. 


No Brasil, a motorização era a 2.0 turbodiesel Multijet 16v de 170 cavalos e 35,7 kgfm de torque, também usada no Renegade, com câmbio automático de nove marchas e tração 4x4 com seletor de quatro tipos de piso e o 2.0 flex TigerShark de 159 cv e 19,9 kgfm com gasolina e 166 cv e 20,5 kgfm com álcool, associado a um automático de seis marchas. O propulsor a gasolina era fabricado no México, país que assumiu a produção do Compass destinado aos Estados Unidos (em Toluca). Lá, ele era equipado com o mesmo 2.4 Tigershark da geração anterior. Na Índia, onde também era produzido, usava o nosso mesmo motor turbodiesel 2.0, mas também um 1.4 turbo a gasolina. Em outros países também tinha um Turbodiesel 1.6 Multijet. Para o mercado europeu, a sua produção saía de Melfi, na Itália. 

Compass Sport

De volta ao nosso país, o Compass era vendido aqui nas versões Sport, Longitude, Limited e Trailhawk. Somente a Longitude tinha as duas opções de motor. A Sport e a Limited só tinham o propulsor flex e a top Trailhawk, mais completa, apenas o diesel. 

A Sport era bem básica. Oferecia apenas ar condicionado manual e airbags frontais, mas tinha piloto automático comum, trio elétrico, com vidros elétricos nas quatro portas, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, controle de estabilidade para trailer, controle eletrônico anticapotamento, câmera de ré, direção elétrica e até GPS de 5 polegadas. Airbags laterais, de cortina e joelhos para o motorista eram opcionais. A Longitude acrescentava ar condicionado digital de duas zonas, sistema de entrada sem chave e partida por botão e tela multimídia de 8 polegadas. Teto solar panorâmico, sensores de chuva e faróis, bancos revestidos em couro, retrovisor elétrico eletrocrômico e som premium eram opcionais, assim como os airbags extras. 

Compass Longitude

A Limited incorporava os opcionais das duas versões anteriores, exceto o teto solar, e adicionava o visor de sete polegadas entre os instrumentos físicos, detector de pontos cegos e faróis de xenônio. O hoje popularmente chamado pacote ADAS como piloto automático adaptativo, aviso de mudança de faixa de rolamento, farol alto automático, aviso de colisão frontal e sistema de estacionamento semi-autônomo (Park Assist) eram cobrados à parte, assim como a tomada de 127 volts, banco do motorista com ajuste elétrico em 8 posições, sistema de som premium com 9 alto-falantes e partida remota, todos parte do pacote High Tech.

Compass Trailhawk

A Trailhawk adicionava ganchos vermelhos nos para-choques, ganchos de fixação de carga no porta-malas, protetor do cárter e suspensão elevada. O pacote High Tech, incluindo o sistema ADAS, e o teto solar panorâmico continuavam opcionais. 

Compass Night Eagle

Em 2017, o sistema multimídia passou a ter espelhamento com sistema Android ou Apple, o motor 2.0 flex ganhou start-stop e o motor a diesel chegou a versão Limited. Naquele mesmo ano, a Sport 2.0 flex ganhou uma série especial com tração 4x4 e câmbio automático de nove marchas. Outra série especial foi a Night Eagle, baseada na versão Longitude. Dois anos depois, em 2019, a versão Série S, exclusivamente turbodiesel, se tornou a top de linha e ofereceu o pacote High Tech de série. 


Face-lift (2020)


Diferente da segunda geração original, o face-lift foi apresentado primeiro na Europa e levou um ano para chegar ao Brasil. Faróis e grade não mudaram muito. Os primeiros só na iluminação, que passou a ser inteiramente em LED nas versões mais caras, e nova posição das luzes diurnas, que passaram a ser inteiramente horizontais na parte superior da lente. A mudança mais visível foi no para-choque dianteiro. Atrás, as lanternas também ganharam novos arranjos de iluminação, mas mantiveram o formato. 


Já no interior, a mudança foi mais profunda, com o painel perdendo a tela multimídia embutida entre as saídas de ar. O display agora é solto e destacado e pode ter até 10,1 polegadas em praticamente todas as versões (só não tem na Sport). As saídas de ar passaram a ser horizontais, como o estilo do próprio painel, embaixo da tela. O quadro de instrumentos continua com cobertura em arco, mas passou a ser inteiramente eletrônico, também nos níveis de equipamento mais caros.  



Na lista de equipamentos, o pacote de tecnologia autônoma, de série apenas na versão top Série S e opcionais nas demais, ganhou novas funcionalidades como detector de pedestres, ciclistas e motociclistas com frenagem automática, detector de fadiga e reconhecimento de placas de trânsito. O sistema multimídia ganhou conexão com sistema Android ou Apple sem fio. E também sem uso de cabos é o carregamento de smartphone no console. O porta-malas passou a ter abertura automática por sensor, ativado através do movimento do pé. Todas as versões flex também passaram a contar com o modo Sport, que acelera as trocas de marcha e a resposta do acelerador e deixa a direção mais firme. 

Na mecânica, o motor turbodiesel 2.0 com o câmbio automático de nove marchas se manteve, mas foi rebatizado para TD350. A novidade foi a troca do motor 2.0 Tigershark flex pelo 1.3 Turbo GSE, vindo da Fiat. Aliás, a parceria FCA (Fiat-Chrysler Automotive) comprou o grupo Peugeot-Citroën (PSA) e a Opel e passou a se chamar Stellantis. 


Chamado de T270, rende 180 cv com gasolina e 185 cv com álcool. Ele continua associado ao câmbio automático de seis marchas. Já equipava o Compass na Europa desde antes do face-lift. 

Compass Série 80 Anos

As versões continuaram sendo chamadas de Sport, que passou a contar de série com seis airbags, Longitude, Limited, Trailhawk e a top Série S, mas na ocasião do lançamento do face-lift foi adicionada a Série Especial 80 anos, posicionada entre as duas versões começadas com L, limitada a 1.000 unidades. 

Compass 4xe

Em 2022, chegou ao Brasil a versão híbrida plug-in (com carregamento na tomada) 4xe. Combinava um motor 1.3 turbo a gasolina de 180 cavalos com dois motores elétricos de 60 cv, combinando uma potência de 240 cv (um dos raros casos em que a potência combinada corresponde à soma). Vem importado da Itália, por isso, é bem mais caro e tem acabamento mais refinado. 

Compass Blackhawk

Para a linha 2025 chegaram as novas versões Overland e Blackhawk. Ambas mantiveram a tração 4x4 e o câmbio automático de nove marchas do motor 2.0 turbodiesel, que foi substituído por um 2.0 turbo a gasolina de 272 cavalos, chamado Hurricane. O diesel chegou a ficar restrito à versão Limited, mas acabou saindo de linha este ano. O conjunto de condução autônoma (ADAS) passou a ser de série em quase todas as versões, menos a Sport. No entanto, o 1.3 turbo perdeu potência, passando a ter 176 cv, para atender a novas regras de emissões de poluentes. 


Terceira geração (2025)


Como no face-lift da segunda geração, a terceira foi apresentada este ano apenas na Europa. O Compass voltou a ficar com linhas retas, mas, desta vez, o estilo ficou agradável e equilibrado. A frente ficou mais imponente com as sete fendas transformadas em gomos, pois são fechadas nas versões híbridas e elétricas. Os faróis ficaram mais retangulares, com cantos arredondados e com luzes diurnas verticais. A área envidraçada ficou maior e mais plana, principalmente a terceira janela lateral. Atrás, as lanternas continuaram horizontais, mas passaram a dominar a tampa traseira, com luzes entrelaçadas e unidas ao friso acima da placa, iluminado como o logotipo da Jeep. 


O interior manteve o conceito da tela multimídia central flutuante, de 16 polegadas, mas o interessante é que o quadro de instrumentos digital de 10 polegadas é recuado em um gabinete atrás do volante e alinhado com o recuo no lado do carona, fugindo do banalizado recurso dos dois tablets unidos. Também há head up display opcional no para-brisa.


Os comandos de climatização e outras funções do veículos são feitos através de botões físicos, atendendo a pedidos de consumidores incomodados com o excesso de operações por toque. No console só há os botões do seletor do modo de condução, o seletor giratório do câmbio e o botão do freio de estacionamento elétrico. Há carregador de smartphone sem fio. O porta-malas tem capacidade para 550 litros e o espaço interno para as pernas também aumentou.


Entre os equipamentos de série estão rodas de 20″, farois de led matrix, bancos aquecidos, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros e câmara de ré. Existe um pacote opcional simplificado com bancos ventilados e massagem, teto solar e assistência semiautônoma de mudança de faixa.


O novo Compass usa a moderna plataforma STLA Medium, preparada para veículos elétricos e híbridos. O veículo foi ampliado em todas as dimensões. O comprimento aumentou para 4,54 metros. A largura agora é de 1,90 m. A altura foi a 1,67 m. Por fim, a distância entre-eixos passou para 2,77 m.

A plataforma foi adaptada para receber eletrificação porque todas as versões são híbridas leves, plug-in ou totalmente elétricas. A mais simples tem motor 1.2 turbo de três cilindros com um pequeno motor elétrico de 28 volts com bateria de 0,4 kWh, rendendo no máximo 145 cavalos.

Depois, vem a híbrida plug-in, como a atual 4xe, agora com um motor a gasolina 1.6 THP oriundo da Peugeot, de 150 cv (substituindo o 1.3 Turbo GSE), associado a um elétrico de 125 cv, gerando uma potência combinada de 195 cv. A bateria é de 17,8 kWh e a autonomia no modo elétrico é de 87 km.


Por fim, temos a inédita versão elétrica, com tração dianteira ou integral. Na primeira opção, o propulsor montado no eixo dianteiro gera 213 cavalos, alimentado por uma bateria de 74 kWh e com autonomia de 508 km. Há uma segunda opção de tração à frente com bateria de 96 kWh, potência de 231 cv e autonomia de 660 km, a maior de toda linha.

Já a 4x4 tem dois motores elétricos: o dianteiro de 213 cv e um traseiro de 179 cv. A potência combinada (e não somada) é de 375 cv. A bateria é a de 96 kWh. A autonomia, no entanto, não passa dos 600 km.

O novo modelo já está à venda na Europa, fabricado em Melfi, na Itália. Apesar dos anúncios de investimento na fábrica de Goiana, a data de lançamento da terceira geração do Compass ainda não está confirmada no Brasil. 
 

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO 

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