Ainda não surgiu o SUV da Ferrari, que resiste ao máximo a entrar na moda dos utilitários esportivos. Mas na onda dos híbridos, a marca mais nobre dos superesportivos já está desde 2013. Agora, em 2021, apresentou o seu terceiro modelo, sendo o segundo recarregável na tomada: a 296 GTB. O primeiro híbrido foi o La Ferrari, que não era plug-in. Em 2019, foi apresentada a SF90 Stradale, também uma topo de linha, que tem mil cavalos de potência combinada. 

La Ferrari (2013)

SF90 Stradale (2019)

Já a 296 GTB, por outro lado, também vem para ser a  nova Ferrari mais compacta e "acessível" da linha. Com 4,57m de comprimento e 2,60m de distância entre-eixos, ela é menor que a F8 Tributo e a 488, que serão substituídas em breve (embora a Ferrari negue) e medem 4,61 metros de comprimento e 2,65 m de entre-eixos. A 296 GTB só chegará ao mercado no ano que vem e vai concorrer com o McLaren Artura, outro híbrido. 


Chevrolet Corvette 2020

É difícil descrever o estilo de uma Ferrari. Mas vou tentar. As formas do 296 GTB são características da marca e foram imitadas pela oitava geração do Chevrolet Corvette: capô e laterais traseiras na altura da caixa das rodas (de 20 polegadas, com pneus mais largos no eixo traseiro) ondulados, portas com vincos pronunciados e entradas de ar, teto curto com vidro traseiro no fundo, traseira plana, onde fica o motor central-traseiro, coluna dianteira na cor preta, ampla tomada de ar colmeiada no para-choque dianteiro, linha de cintura de ascendência arredondada, escapamento elevado no centro, defletor retrátil e protetor do assoalho vistoso na traseira, parecido com uma fralda. 


Chevrolet Corvette 2020


Os detalhes exclusivos da 296 GTB são os faróis angulosos em forma de losango deitado, com um buraco fazendo o papel de prolongamento, sob uma luz de LED em cada lado e lanternas traseiras em formato de "óculos de lacrador".



Por dentro, mais detalhes atuais como o painel no lado do motorista de desenho oval, console sem alavanca de câmbio, quadro de instrumentos virtual eletrônico, volante com base reta e controles táteis e instrumentos digitais para o carona. Os dois bancos, claro, são quase do tipo anatômicos. 



Ferrari Dino 246

A 296 GTB lembra aqueles projetos de carros de Fórmula 1 para o futuro do pretérito (nos anos 1990 acreditavam que eles seriam fechados em 2004. Mas já estamos em 2021 e só colocaram uma "Praça da Apoteose" ou uma tira de sandália no cockpit para servir de proteção). Pelo menos, além do sistema híbrido, uma coisa da Fórmula 1 chegou a um Ferrari de rua: o motor V6, que volta a equipar um cupê da marca do "cavalinho empinado" desde o Dino GT, na verdade uma espécie de submarca criada em 1967 em homenagem ao filho falecido jovem do fundador Enzo Ferrari, que foi produzido até 1974. Aliás, a parte oval do painel interno da 296 GTB é uma discreta homenagem ao antigo modelo.


E é desse motor V6 que vem o seu nome. Um 2.9 biturbo (a Ferrari foi até modesta neste caso, pois poderia arredondar a cilindrada de 2.992 para 3.0), que rende 663 cavalos de potência. O número de cilindros (6) completa a designação numérica. A sigla GTB significa Gran Turismo Berlinetta, que apesar de representar pequeno sedã (ou pequena Berlina) em italiano, os italianos consideram como um cupê. 

O V6, que tem os seis cilindros montados em 120º, com os dois turbos encaixados neste ângulo, trabalha em conjunto como um motor elétrico de 167 cavalos. Somando as potências, são 830 cv a 8.000 rpm, deixando a 296 mais potente que a 812 Superfast, apresentada no Guscar em 2017 (800 cv), e um cavalo mais potente que a 812 Competizione, uma versão mais recente do esportivo, que tem motor V12. O torque chega a 75,5 kgfm a 6.250 rpm. A energia elétrica é garantida por uma bateria de 7,45 kWh de capacidade, que pode ser recarregada em tomadas (plug-in), pelo motor V6 ou pelos freios regenerativos. Em modo totalmente elétrico, a autonomia é de 25 km. O funcionamento do motor a combustão é distribuído em oito velocidades por uma caixa automatizada de dupla embreagem com tração traseira.


A 296 GTB acelera, segundo a Ferrari, em 2,9 segundos de 0 a 100 km/h e em 7,3 segundos até 200 km/h. A velocidade máxima é de 330 km/h. O superesportivo também tem quatro modos de condução: e-Drive, o modo totalmente elétrico; Hybrid, o modo padrão; No Performance, equivalente ao modo esportivo, o motor a combustão fica sempre ligado para melhorar o desempenho e fornecer energia para a bateria em tempo integral; Já a Qualify oferece o máximo do foguete. digo, do cupê. 

Para deixar o motor V6 mais 30 kg mais leve que os V8 usados tradicionalmente nas Ferrari mais "baratas", foram adotados materiais mais leves, como o Inconel, uma mistura de aço e níquel presente nos coletores de escape e também no catalisador. 


Outro recurso para reduzir o peso da 296 GTB é o pacote opcional Asseto Fiorano, que também adiciona elementos ainda mais aerodinâmicos. Os diferenciais são os amortecedores ajustáveis e otimizados para uso em pista, apêndices em fibra de carbono no para-choques dianteiro (que fornecem 10 kg extras de downforce), extrator de ar traseiro e maior uso de fibra de carbono em peças externas e internas. 


O combo também substitui os painéis de porta, eliminando mais 12 kg. A redução total não foi divulgada, mas, quem escolher o kit, pode levar ainda mais ainda mais um extrator traseiro que reduzirá mais 15 kg. Os cintos de segurança são de quatro pontos e os bancos são do tipo "concha". Também há a opção de pintura diferenciada, em dois tons, como o cinza e amarelo das fotos. 

Para os puristas que preferem uma Ferrari com V12, o novo V6 do 296 GTB reproduz o ronco do motor de 12 cilindros, mesmo com a participação de um gerador elétrico. É o futuro da Ferrari respeitando a tradição da casa do comendador. 


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO