Em primeiro lugar...  Não! Não errei de seção. E o eterno cupê esportivo Ford Maverick não vai voltar ao mercado na sua forma original. Na verdade, só o nome foi ressuscitado. Agora reencarnado numa picape menor que a Ranger. Ou seja, uma picape média compacta, como a Fiat Toro e a Hyundai Santa Cruz, mostrada anteriormente aqui no Guscar. 

A agora picape Maverick tem chassi monobloco, aliás, o mesmo do SUV Bronco Sport, que acabou de chegar ao Brasil. Diferente das suas arredondadas concorrentes Fiat Toro e Hyundai Santa Cruz, a carroceria tem linhas bem retas, sempre com cabine dupla e cinco lugares. Mas a base das janelas laterais tem uma elevação, como nas rivais, ainda que discreta.

Mais um diferencial da Maverick são os faróis mais próximos ao convencional, quase em peça única, mas em dois níveis: luzes diurnas no alto e refletores (em LED) principais abaixo. O conjunto é invadido pelas extremidades da barra central da grade, com mais luzes (neblina e piscas). De longe parece um enorme par de faróis e lembra muito a F-150. O estilo deve inspirar a nova geração da Ranger. 


Já a traseira tem tampa bem vincada, com a parte central que lembra um H. A exemplo da Hyundai, traz o nome Maverick gravado em toda a extensão e abre para baixo. As lanternas são verticais e suas luzes vermelhas são mais saltadas. 


Embora seja menor que a Ranger, a nova picape da Ford é maior em comprimento (5,07m) e distância entre-eixos (3,07m) que as potenciais concorrentes. Já na largura (1,84m), ela é mais estreita que a Santa Cruz (1,90m) e igual a Toro. A Maverick também tem a mesma altura da picape da Fiat (1,74m) e é mais alta que a sul-coreana (1,69m). 


O interior tem estilo próprio. Apesar da mesma plataforma, é distinto do Bronco. A Maverick tem um painel mais horizontal na estrutura e nas saídas de ar, que ficam no gabinete central, próximo aos comandos da climatização. Semelhanças com o utilitário esportivo só no quadro de instrumentos de moldura trapezoidal, com os tais analógicos e uma tela de TFT no meio, e na tela multimídia levemente flutuante. Ela é fina, mas está bem encaixada no meio do painel. Mas peca por ter apenas 8 polegadas, mesmo na versão top Lariat. Assim, há um buraco para preencher o espaço das 10 polegadas. O console não tem alavanca do câmbio. A mudança se faz por um botão giratório. Também não há freio de mão, que é eletrônico. 


Pelo habitáculo há vários porta-copos espalhados e, como na Santa Cruz, a Maverick também tem porta-trecos embaixo do banco traseiro, que consegue acomodar até uma bola de basquete. 



Voltando ao console, há carregadores sem fio para smartphones. O acabamento é simples. A intenção foi torná-lo mais fácil de lavar após um dia no campo ou mesmo na praia. A caçamba também tem tomada de 110 volts, protetor de plástico, ganchos e amarrações para separação da carga. Só não tem o fundo falso da Hyundai. A capacidade de carga é 680 kg e o volume de 942 litros.


Fabricada em Hermosillo, no México, a Maverick já pode ser encomendada nos Estados Unidos em três versões: XL, XLT e Lariat. Mas só será entregue aos compradores entre setembro e dezembro.  

A básica XL já vem com central multimídia de 8” com Android Auto e Apple CarPlay, roteador internet Wifi 4G LTE, faróis de LED, frenagem automática de emergência, câmera de ré, direção elétrica, iluminação diurna, 7 airbags, vidros e travas elétricas nas quatro portas. E custa pouco menos de 20 mil dólares (ou 100 mil reais) por lá. A ideia é roubar clientes do Honda Civic também. 


A intermediária XLT ganha rodas de liga leve de 17 polegadas, controle de cruzeiro, espelhos laterais com ajuste elétrico. A topo de linha, Lariat, é equipada com banco do motorista com ajuste elétrico, painel com tela de 6,5”, rodas de 18”, ar-condicionado automático de duas zonas, chave presencial e vidro traseiro elétrico. Esta ainda tem o pacote First Edition, oferecido apenas no primeiro ano e é composto por grafismos exclusivos no capô e portas, capota marítima, teto pintado de preto, rodas de 17 ou 18 polegadas (dependendo da versão) e maçanetas na cor do carro. O Luxury Package, com controle de cruzeiro adaptativo, sistema de som Bang & Olufsen com 8 alto-falantes e subwoofer, vidros laterais aquecidos, central multimídia Sync 3 de 8”, iluminação em LED para a caçamba e carregador sem fio para smartphones, também é opcional. 


O Co-Pilot360, que traz sensor de ponto cego, estepe de 17”, alerta de tráfego cruzado e assistente de permanência em faixa é outro pacote com custo extra em todas as versões. E o pacote FX4, com rodas de 17” exclusivas, pneus all-terrain, tela de 6,5” para o painel de instrumentos, assistente de descida, ganchos de reboque dianteiros e traseiro e skid plate ainda não aparece no site da Ford americana, mas estará disponível para a versão XLT 4x4 e na Lariat. 

Repetindo a comparação com os rivais, a Ford Maverick é a única com motorização híbrida. O propulsor elétrico de 128 cavalos e 23,8 kgfm de torque, que funciona em conjunto com um motor 2.5 Duratec, de ciclo Atkinson, de 164 cavalos e 21,4 kgfm, resultando em uma potência combinada de 194 cv. A transmissão é CVT. 


A nova picape também terá a opção de um motor somente a gasolina, no caso o 2.0 Ecoboost, de 264 cavalos e 38,2 kgfm, com câmbio automático de oito marchas. A tração de série é a dianteira, enquanto a integral é opcional. Cada versão tem as duas opções de motorização. 

Enquanto não se sabe se o Hyundai Santa Cruz vem para o nosso país, a Ford Maverick já está prometida para cá. Só não virá se a nossa economia piorar no ano que vem, caso continue a pressão da oposição e mídia contra o Presidente Bolsonaro ou volte a ser governada antes da hora pelo PT. Deve chegar em 2022, importada do México (já que a Ford não tem mais fábricas no Brasil)  Poderia chegar antes, mas a falta de semicondutores provocada pelo vírus chinês atrasou a produção para exportação. 

Quando (ou se) a Maverick vier, já teremos um trio de ferro no segmento de picapes médio-compactas (Toro, Renault Duster Oroch provavelmente renovada e a Maverick). Teremos quatro se vier a Santa Cruz. E cinco ou seis caso venham as picapes da Chevrolet e da Volkswagen. Mas aí já é outra história.

 
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO