Parece mais um face-lift, já que as linhas laterais permanecem as mesmas, mas o Fiat 500 ganhou uma geração inteiramente nova, inclusive na plataforma. Pois é difícil reestilizar um carro que já é a modernização de um ícone do passado.
Aparentemente mudaram só os faróis, que estão mais para ovais do que redondos. Na verdade, estão em meia-lua e são inteiramente em LED. O círculo se fecha apenas com as luzes diurnas de LED no capô, como se fosse uma sobrancelha. Não há mais aquela fina ranhura na altura da grade, que permanece fechada. E no lugar do emblema redondo avermelhado da FIAT está a assinatura 500, entre dois pares de frisos horizontais (antes era apenas um). A entrada de ar no para-choque também foi reduzida, isso porque o novo 500 é totalmente elétrico.
Fiat 500 2016 |
Fiat 500 2012 |
Falarei mais sobre isso depois. Mas, antes, deixa eu terminar de descrever o estilo, que está com novas lanternas, ainda verticais, só que agora mais tridimensionais, com luzes de LED. O vinco na tampa do porta-malas está mais intenso e substitui a antiga régua cromada da placa. A assinatura do modelo aparece no canto direito e a marca FIAT, agora sem o emblema redondo de fundo vermelho, está no centro, acima do vinco.
Fiat 500 2016 |
Fiat 500 2012 |
O interior foi atualizado com painel de tela multimídia de 10,25 polegadas destacada e flutuante (UConnect, compatível com Android e Apple), além de saídas de ar finas e horizontais, que ocupam toda a extensão (as anteriores, retangulares, roubavam espaço precioso no alto do gabinete). Abaixo fica uma fileira de botões para a climatização. Ainda descendo, há um buraco, que na verdade é o carregador sem fio e mais embaixo os botões do câmbio, que é totalmente automático e, provavelmente, tem apenas uma marcha, pelo fato do motor ser elétrico, dispensando a alavanca e o suporte. O quadro de instrumentos, que agora são virtuais, continua minúsculo. A faixa revestida que envolve toda a extensão do painel pode ser personalizada, inclusive com temas psicodélicos. O volante mutifuncional tem dois braços e base achatada. Entre os bancos há um console com porta-objetos e botões, como o do freio de estacionamento eletrônico e do seletor dos modos de condução (Normal, Range (com uso de recuperação energética na frenagem) e Sherpa ou Econômica, que limita a velocidade a 80 km/h e desliga o ar condicionado).
Fiat 500 2016 |
Fiat 500 2012 |
O novo 500 é equipado com sistema de frenagem de emergência com reconhecimento de pedestres, sistema de manutenção em faixa, detector de veículos em ângulo morto, programador de velocidade ativo com frenagem automática, além de câmera 360º, revestimentos de couro ecológico e rodas de 17 polegadas. Obrigatório em veículos elétricos na Europa, pois o motor elétrico é silencioso, o sistema de ruído para alertar deficientes visuais toca a canção Amacord, de Nino Rota, em vez do zumbido habitual.
Com uma nova plataforma voltada para veículos elétricos, o Fiat 500 aumentou 6 cm no comprimento (agora de 3,60m), também 6 cm a mais na largura (1,69m) e 2 cm na distância entre-eixos (exatamente o local onde está a bateria), que agora é de 2,32m. Entretanto, ficou 1 cm mais baixo (1,49m). A marca italiana promete uma ligeira ampliação no espaço para os passageiros de trás, mas o porta-malas continua com 185 litros de capacidade. Será vendido com carroceria fechada e também com teto de lona retrátil.
O motor elétrico tem o equivalente a 118 cavalos de potência e usa a energia de uma bateria de íons de lítio com 42 kWh de capacidade, abaixo do piso. São necessários 35 minutos para carregar 80% em um posto de recarga de 85 kW, mas leva 14 horas para uma carga completa em uma tomada doméstica de 230 V. A autonomia é de 320 km. Parece pouco, mas o Renault Zoe, de 109 cv e bateria com capacidade de 41 kWh, tem uns 20 km a menos. Acelera de 0 a 100 km/h em 9 segundos, mas a velocidade é limitada eletronicamente a 150 km/h.
O novo 500 elétrico já está sendo vendido por encomenda na Europa (claro) em uma série especial de 500 unidades, com direito a plaquinha, chamada La Prima, nas cores Cinza Mineral, Verde Ocean e Azul Celestial. Custa 37.900 euros com um sinal de 500 euros, que pode ser devolvido em caso de desistência. Ele agora será fabricado em Turim, na Itália e não mais na Polônia (Tychy).
Um 500 com motor dependente da eletricidade não é novidade no mundo. Nos Estados Unidos, na California e no Oregon, ele já é vendido desde 2013, mas com a carroceria modernizada anterior. Tem 113 cavalos e bateria de 24 kWh.
Agora temos uma boa e duas más notícias. A boa é que a Fiat prometeu, até o final do ano, trazê-lo para o Brasil, que vendeu a primeira geração modernizada, importada da Polônia e do México, com motor a combustão 1.4 16v Multiair e depois 8v EVO, além do Abarth 1.4 turbo, mas não trouxe o face-lift lançado em 2016. A primeira má é que ele deve custar bem caro, pois a conversão destes 38 mil euros para o Real vai a pouco mais de 219 mil. A segunda é que o seu lançamento mundial e a promessa de importá-lo foram feitos antes do comuna, digo, coronavírus chinês, que deve atrasar até a entrega para os europeus também.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
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