TEXTO: GUSTAVO DO CARMO 
FOTOS: DIVULGAÇÃO COM MONTAGEM DO LOGO DA AUTOESPORTE


O segundo título de Carro do Ano da Autoesporte do Honda Civic foi apertado e sobre um concorrente direto de mercado. Tal como em 2006 (ano do lançamento do modelo e da festa de premiação), quando a oitava geração do sedã japonês superou o Renault Mégane por 84,83 contra 80,35. Dez anos depois, muita coisa mudou. Regulamento, nomes de categorias, jurados, o estilo dos modelos e, principalmente, a pontuação.

O agora fastback de três volumes e quatro portas, em sua décima geração mundial, quinta produzida no Brasil, somou 1.513 pontos, apenas 44 pontos a mais que o segundo colocado, o atual concorrente Chevrolet Cruze (1.469), que também chegou com nova carroceria no Brasil em 2016.


Como deu para perceber, dois sedãs médios ficaram com os primeiros lugares do Carro do Ano de 2017. Protagonistas no ano passado, os SUVs compactos, mais uma vez concorrendo na categoria principal, desta vez foram coadjuvantes e ficaram na terceira e quarta colocações, ocupadas, respectivamente, pelo Nissan Kicks (1.380) e o Jeep Compass (1.359). O compacto Fiat Mobi ficou em quinto lugar, com 960 pontos. Este aqui, se tivesse recebido logo no lançamento o motor FireFly de três cilindros teria obtido posição melhor.

Segundo colocado: Chevrolet Cruze

Terceiro colocado: Nissan Kicks

Quarto colocado: Jeep Compass
Quinto colocado: Fiat Mobi / Foto: Mário Coutinho Leão

Além do estilo ousado, o novo Civic ganhou melhorias no acabamento interno, conforto e lista de equipamentos. Entre eles, o quadro de instrumentos em TFT, sistema multimídia espelhável, faróis full-LED, banco do motorista com ajuste elétrico, câmera de ré multivisão, sensores traseiro e dianteiro de estacionamento, detector de ponto cego e partida remota.



Outras novidades foram o câmbio CVT e o motor 1.5 Turbo, de 173 cv, que também ganhou o título de Motor do Ano Abaixo de 2.0, e é exclusivo da versão top Touring. As demais Sport, EX e EXL continuam com o 2.0 Flex One.


Com o bicampeonato, o Civic se junta a modelos históricos do mercado brasileiro como Passat (1975/1980), Chevette (1974/1981), Corsa (1995/1996), Vectra (1994/1997), Gol (1990/2009) e Ka (1998/2015). E somando o título de Importado do Ano que ganhou em 1997 ele se aproxima dos tricampeões Corcel (1969/1973/1979), Monza (1983/1987/1988), Uno (1985/1992/2011) e Palio (2001/2004/2012). 

Já a Honda se torna a primeira das novas marcas a ser bicampeã da premiação tradicional, superando Audi, Hyundai e Jeep, e a segunda marca fora do G4 (Chevrolet-Fiat-Ford-Volkwswagen) a obter o mesmo feito, empatando com a Dodge, vencedora nos anos 1970 com Dart e Polara. Mas somando as duas marcas da antiga Chrysler (sem contar a Fiat, sua atual dona), a americana ainda é a mais vencedora entre essas.

Carro Importado do Ano 1997

Carro do Ano 2007

Aliás, com o Compass, a Jeep perdeu a oportunidade de, não só roubar o feito da Honda, como também ser a primeira off-G4 a ser bi de forma consecutiva (ganhou ano passado com o Renegade), além de aumentar o título da Chrysler para quatro. Maior vencedora, com 14 títulos, a Chevrolet prolonga o seu jejum de sete anos e o Cruze continua sem ganhar um título que os seus antecessores Vectra e Monza já ganharam. A Fiat deixou de encostar na Chevrolet (ficaria 13 a 14) e a Nissan continua virgem na categoria principal.



Todos os vencedores

1966 - Picape Willys / 1967 - Ford Galaxie / 1968 - Não houve / 1969 - Ford Corcel / 1970 - Dodge Dart / 1971 - VW TL / 1972 - Chevrolet Opala / 1973 - Ford Corcel / 1974 - Chevrolet Chevette / 1975 - VW Passat / 1976 - Chevrolet Caravan / 1977 - Dodge Polara / 1978 - Fiat 147 / 1979 - Ford Corcel / 1980 - VW Passat / 1981 - Chevrolet Chevette / 1982 - VW Voyage / 1983 - Chevrolet Monza / 1984 - Ford Escort / 1985 - Fiat Uno / 1986 - Fiat Prêmio / 1987 e 1988 - Chevrolet Monza / 1989 - VW Santana / 1990 - VW Gol / 1991 - Chevrolet Kadett / 1992 - Fiat Uno / 1993 - Chevrolet Omega / 1994 - Chevrolet Vectra / 1995 - Chevrolet Corsa / 1996 - Chevrolet Corsa Sedan / 1997 - Chevrolet Vectra / 1998 - Ford Ka / 1999 - Fiat Marea / 2000 - Audi A3 / 2001 - Fiat Palio / 2002 - Não houve / 2003 - Fiat Stilo / 2004 - Fiat Palio / 2005 - Ford Fiesta Sedan / 2006 - Fiat Idea 2007 - Honda Civic 2008 - Fiat Punto / 2009 - VW Gol 2010 - Chevrolet Agile / 2011 - Fiat Uno / 2012 - Fiat Palio / 2013 - Hyundai HB20 / 2014 - Volkswagen Golf / 2015 - Ford Ka / 2016 - Jeep Renegade / 2017 - Honda Civic 


MOTOR DO ANO ABAIXO DE 2.0 2017 - HONDA 1.5 TURBO


O melhor motor de 2016 abaixo de 2.0 ainda não é flex, mas rende 173 cavalos de potência, 22,4 kgfm de torque graças ao turbo e à injeção direta. Além das características técnicas, o baixo consumo e o alto desempenho foram fundamentais para dar ao 1.5 Turbo um título que a Honda ainda não tinha. 

Curiosamente só as quatro tradicionais montadoras e a Audi (algumas vezes compartilhando com a Volkswagen) venceram nesta categoria criada em 2006 (mesmo ano do primeiro título do Civic) e que excluiu a cilindrada descrita no nome, que passou para a outra superior. 

O grupo Volkswagen foi o que mais venceu (cinco), seguido pelos dois títulos da Ford (o primeiro 1.6 Sigma e o 1.0 de três cilindros do Ka). Fiat (1.4 MultiAir do 500), Chevrolet (o antigo 1.4 Econo.Flex do velho Prisma) ganharam uma cada. 

Assim como na eleição principal, o motor 1.5 Turbo superou o concorrente direto do seu dono, o 1.4 Turbo do Chevrolet Cruze. E a diferença foi ainda menor, de apenas 17 pontos: 594 a 577. Já os demais propulsores finalistas equipam carros compactos e não SUVs como o Ecoboost 1.0 do Ford Fiesta (531 pontos), o Pure Tech 1.2 do Peugeot 208 e do Citroën C3 (517 pontos) e os Fire Fly 1.0 e 1.3 do Fiat Uno (o Mobi com este motor ainda não era vendido), com 466 pontos. Ou seja, entre os finalistas estavam dois três turbinados e três tricilíndricos (o Ecoboost tem as duas características), reforçando a importância do downsizing.  

Vencedores

2017 - Honda 1.5 Turbo (Civic)
2011 - Ford Sigma 1.6 16v Flex (New Fiesta e Focus)
2010 - Fiat T-Jet 1.4 (Punto e Linea)

FICHA TÉCNICA

Origem: Brasil
Motores: Quatro cilindros em linha, transversal, flex, 1.997 cm³, 16 válvulas
Quatro cilindros em linha, transversal, turbo, injeção direta, 1.498 cm³, 16 válvulas
Potência 2.0: 150 cv (gasolina) e 155 cv (álcool)
Torque 2.0: 19,3 kgfm (G) a 4.700 rpm e 19,5 kgfm (A) a 4.800 rpm
Potência 1.5 Turbo: 173 cavalos
Torque 1.5 Turbo: 22,4 kgfm entre 1.700 e 5.500 rpm
Câmbio: manual de seis marchas e CVT de sete.

Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,5 segundos (2.0) e 7,9 segundos (1.5 Turbo) - revista Quatro Rodas, com gasolina
Retomada de 80 a 120 km/h: 7 segundos (2.0) e 5,1 segundos (1.5 Turbo) - Quatro Rodas, com gasolina
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo 2.0: 12,6 km/l na cidade e 15,4 km/l na estrada (Quatro Rodas, com gasolina)

Consumo 1.5 Turbo: 11,9 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada (Quatro Rodas, com gasolina)
Frenagem 80-0 km/h: 26,1 metros (2.0) e 27,1 metros (1.5 Turbo) - Quatro Rodas
Nível de ruído a 80 km/h: 60,8 decibéis (2.0 - Quatro Rodas) e 59,8 decibéis (1.5 Turbo - Carro)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,64/1,80/1,43/2,70m
Porta-malas: 519 litros
Tanque: 56 litros
Preços: R$ 87.900 (Sport 2.0 manual) / R$ 94.900 (Sport 2.0 CVT) / R$ 98.400 (EX 2.0) / R$ 105.900 (EXL 2.0) / R$ 124.900 (Touring 1.5 Turbo)
Cores: Branco Tafetá (sólida) / Prata Platinum e Cinza Barium (exceto Sport), metálica / Branco Estelar e Preto Cristal (perolizadas)