TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO 


Pelo segundo ano seguido faço a contagem do aproveitamento dos vencedores dos comparativos feitos pelo Guscar. No ano que passou foram apenas dez (dois a menos que em 2012). Para chegar ao índice, dividi os pontos do vencedor pelo resultado da multiplicação do ponto máximo pelo número de itens. Em dois comparativos com peso maior, foram feitas duas multiplicações e depois a soma.

O número de pontos por vitória depende da quantidade de concorrentes. Quando foram seis, o vencedor do item ganhou seis pontos. O segundo colocado ganhou cinco, o terceiro quatro e por aí vai. Nos duelos prevaleceu o placar de futebol (1x0, 1x1, 2x1, 2x0, etc). Nos dois comparativos de peso dois, que tiveram apenas três participantes, só o vencedor ganhou pontos dobrados (seis).

O melhor aproveitamento foi de um modelo que se habituou a conquistar títulos de Carro do Ano. E ele ganhou mais um, agora informal. Já deu pra adivinhar, né?





O pequeno chinês ainda não é visto nas ruas com mais frequência. Talvez culpa da preferência dos brasileiros por carros maiores, mesmo que barato. Subcompacto não pega no Brasil, embora o Chery QQ tenha feito bastante sucesso.


Mesmo assim, o JAC J2 superou o nacional Fiat Uno por 6x4. Mérito do custo-benefício (preço e equipamentos garantiram dois pontos). Os outros quatro foram garantidos no motor (1.3 de 108 cavalos), consumo, frenagem e nível de ruído. Com doze itens, o aproveitamento foi de 50%. O JAC perdeu no acabamento, porta-malas (minúsculo, por sinal, de apenas 121 litros), espaço interno e assistência. Os dois empataram no desempenho e estilo. Atualmente, o J2 está custando R$ 32 mil.



O Citroën DS4 foi criado para oferecer mais estilo e concorrer com médios premium como o Audi A3, o BMW Série 1, o Mercedes Classe A e o Volvo V40. Mas, custando R$ 102.990, ainda não tem o glamour deles e também é mais caro que os médios convencionais, como Golf, Cruze, Focus e Bravo.

Então, criei a categoria médios estilosos e decidi compará-lo à versão reestilizada da reencarnação moderninha do Volkswagen Fusca, que abandonou o nome de New Beetle para assumir o nome clássico no Brasil (em outros mercados ele usa nomes locais).

E o vencedor do duelo foi o Citroën, que se mostrou mais racional que a emoção saudosista do Fusca. Foram sete itens em que o DS4 foi superior como câmbio, frenagem, nível de ruído, porta-malas, espaço interno e equipamentos. Ele empatou com o rival no consumo, mas perdeu no preço, motor, desempenho, estilo e assistência. Se tivesse goleado o seu aproveitamento seria melhor.






O comparativo dos utilitários esportivos compactos foi o único do ano em que houve empate nas duas primeiras colocações. O Ford Ecosport só levou por ter vencido mais itens que o novato Chevrolet Tracker: 4 a 2. Ambos ficaram iguais em 47 pontos nos doze itens.


Além do empate, os dois também somaram apenas um ponto a mais que o terceiro colocado: o Citroën Aircross. Com 44 aparece o Renault Duster em quarto. Os chineses Lifan X60 (38) e Chery Tiggo (35) ficaram nas duas últimas posições. O primeiro foi lançado em 2013 e o outro passou por um face-lift já vencido, pois ganhou nova geração em seu país de origem.

Vencedor por desempate, o Ecosport se destacou na potência do motor 2.0 Duratec Flex (141/147 cv), no desempenho, estilo e na lista de equipamentos de série da versão top Titanium Plus com o câmbio automatizado Powershift. Ficou em último no preço (atualmente em R$ 77.690), porta-malas (apenas 296 litros) e espaço interno. Ele também é vendido nas versões S 1.6 (R$ 55.690), SE 1.6 manual (R$ 59.690) e 2.0 Powershift (R$ 66.750), Freestyle 1.6 (R$ 62.490) e 2.0 4x4 (R$ 68.990), Freestyle Plus 1.6 (R$ 66.290) e 2.0 4x4 (R$ 72.990), Titanium 1.6 (R$ 70.590) e 2.0 Powershift (R$ 73.990) e finalmente o Titanium Plus 2.0 Powershift. 


O vice-campeão Chevrolet Tracker só foi melhor no acabamento e na assistência. Ele não ficou em último em nenhum item. Seus piores resultados foram penúltimos lugares no preço, nível de ruído e porta-malas (306 litros). Por enquanto, ele só vem do México na versão permanente LTZ com motor 1.8 Ecotec Flex (140/144 cv) e câmbio automático de seis marchas e na série especial Freeride, que tem câmbio manual de cinco velocidades. 



A intenção era comparar os recentes lançamentos Chevrolet Prisma e Hyundai HB20S com os concorrentes. Mas o Grand Siena Essence roubou a cena e venceu mais uma vez, como em 2012.

O modelo da Fiat deixou para trás os dois estreantes, que ficaram exatamente em segundo e terceiro, respectivamente. Em quarto ficou o Renault Logan, que fazia o seu último comparativo com a carroceria antiga e em quinto o Voyage.

Assim como no comparativo de 2012, o Grand Siena venceu por apenas um ponto em relação ao segundo colocado. Antes era o Honda City. Em 2013 foi o Prisma. O Grand Siena totalizou 41 pontos nos 12 itens analisados e 60 pontos possíveis. Ficou com aproveitamento de 68,3%. Se destacou no desempenho, no porta-malas e no espaço interno. Mas ficou para trás na lista de equipamentos de série.




No comparativo (e também no texto publicado) mais lido do ano eu estreei o critério de maior peso para itens específicos para cada segmento. Entre os utilitários esportivos médios, ganharam maior importância o nível de ruído, porta-malas, espaço interno, além do preço, frenagem e equipamentos de série. Os três últimos seriam mais fortes para todos os comparativos.

O lançamento era o reestilizado Toyota RAV4, mas quem venceu foi o Honda CR-V, que tinha acabado de ganhar o motor Flex 2.0, com 39 pontos, quatro a mais que o rival japonês. O sul-coreano Kia Sportage foi o terceiro participante, com 30 pontos.

O Honda venceu seis itens (desempenho, frenagem, porta-malas, acabamento, assistência e equipamentos de série), três deles com o peso maior. A versão considerada foi a EXL 2.0 4x4, que atualmente custa R$ 115.900.






Para testar o mercado do seu novo motor EA-211 1.0 de três cilindros e 12v, projetado especialmente para o pequeno Up!, que chega no mês que vem, a Volkswagen decidiu antecipá-lo no Fox Bluemotion, a versão econômica com grade fechada que antes tinha motor 1.6. A versão 1.0 atualmente começa custando R$ 33.060, com duas portas.


Pelo menos contra os sul-coreanos Kia Picanto e Hyundai HB20, que também têm motores tricilíndricos, a marca acertou na escolha e derrotou os rivais com aproveitamento de 68,5%. Venceu seis: motor, desempenho, consumo, segurança, assistência e espaço interno. Os quatro primeiros tiveram peso maior. Os outros dois itens mais fortes foram vencidos pelo Picanto (preço) e HB20 (equipamentos). O Kia empatou em motor e desempenho com o Fox e ficou três pontos atrás do vencedor com este critério, que eu usei pela última vez.




O HB20 chegou em 2012 querendo tomar a liderança do Gol. No passado, o sedã HB20S veio para tentar superar o Fiat Grand Siena. Até o "aventureiro" Crossfox foi incomodado pelo compacto da Hyundai.

Pelo menos no comparativo, o sul-coreano superou o rival veterano. Superou não. Praticamente humilhou por 9x4. Preço, motor, câmbio (foram comparados o automático do HB20 e o automatizado do Crossfox), desempenho, frenagem, nível de ruído, porta-malas, estilo e equipamentos de série. Todos vencidos pelo HB20X, que só perdeu no consumo, acabamento, assistência e espaço interno. O aproveitamento do Hyundai em treze itens foi de 69,2 %.

O HB20X tem motor 1.6 16v Flex de 121/128 cavalos. Está disponível em duas versões: Style (a partir de R$ 48.755 com câmbio manual) e Premium (somente com câmbio automático). Com todos os opcionais, incluindo o navegador, o preço desta última chega a R$ 56.950.




A Peugeot enfim lançou o seu compacto europeu 208 no Brasil em 2013. E um 208 de verdade, igual ao que é vendido na Europa, com plataforma moderna, estilo ousado, quadro de instrumentos acima do volante, teto panorâmico e GPS de série logo a partir da segunda versão de acabamento. O seu antecessor, o 207 é um velho 206 maquiado.

O seu frescor foi o suficiente para vencer, no comparativo do Guscar, e com bom aproveitamento (73,8%), a resposta da Ford: o New Fiesta com grade igual a do Fusion, motores novos (1.5 e 1.6) mais potentes e fabricado no Brasil. Na verdade, isso até o prejudicou um pouco, pois o seu acabamento caiu de qualidade. Mesmo assim, venceu mais itens que o Peugeot, que só foi melhor em estilo, nível de ruído e espaço interno. No entanto, o francês venceu por dois pontos. Também participaram do comparativo o Citroën C3, o Chevrolet Sonic e o Fiat Punto, que ficaram entre a terceira e a quinta colocação. Citroën, Peugeot e 208 têm motor 1.5, mas no comparativo foram consideradas as versões 1.6 16v.

Atualmente, o Peugeot 208 está sendo vendido nas versões Active 1.5 (a partir de R$ 39.990), Allure 1.5 (R$ 46.990) e Griffe 1.6 manual (R$ 52.390) ou automático (R$ 55.990).



A intenção do primeiro comparativo do ano passado foi desafiar as novas gerações da Ford Ranger e da Chevrolet S10, lançadas em 2012. A primeira se deu melhor e venceu o comparativo com aproveitamento de quase 79%.

Comparada na versão Limited Duratorq turbodiesel 3.2 de cinco cilindros e 20 válvulas, com cabine dupla, tração integral e câmbio automático, a Ranger venceu pela regularidade. Ganhou apenas 4 itens (potência de 200 cavalos, desempenho, acabamento e equipamentos de série) contra sete da vice-campeã Volkswagen Amarok. A picape da Ford ficou em segundo lugar sete vezes e por isso derrotou a rival por apenas 4 pontos (71 a 67). A S10 ficou somente em terceiro, com 56. Mais distantes ficaram as japonesas Nissan Frontier (47), Toyota Hilux (46) e Mitsubishi L200 (43), que ganhou uma nova grade no final do ano, mas foi comparada na linha 2013.

A Ford Ranger tem uma combinação de versões entre equipamentos, motor, câmbio, tração e cabine que chega a 13. A versão, similar a que participou do comparativo atualmente, custa R$ 144.900 (Limited Plus 3.2 turbo automática 4x4).

O melhor aproveitamento do ano

O segmento de hatches médios ganhou duas grandes novidades em 2013. Ford Focus e Volkswagen Golf são modernos e em sintonia com o mercado europeu (o Focus até o Salão de Genebra). 

O Focus chegou da Argentina com motores 1.6 (o mesmo revigorado este ano no New Fiesta) e 2.0, o Duratec que ganhou injeção direta (aplicada pela primeira vez num motor Flex) e agora rende 178 cavalos com álcool. Já o Golf veio direto da Alemanha nas versões Highline 1.4 e GTI 2.0, ambos com turbo e injeção direta de gasolina. O preço do Highline básico foi aumentado hoje para R$ 70.360. 

Para maior equilíbrio, comparei o Golf 1.4 e o Focus 1.6. Foi aí que os dois lançamentos do ano tiveram momentos distintos. O Ford 1.6 foi a grande decepção (se sairia melhor na versão Titanium 2.0) e ficou em quarto, atrás dos outros dois modelos que participaram do comparativo: o vice-campeão Chevrolet Cruze e o terceiro colocado Fiat Bravo, ambos 1.8. 

Já o Golf passeou. Ganhou sete (câmbio, desempenho, consumo, nível de ruído, estilo, acabamento e assistência) dos treze itens analisados, ficou em segundo em cinco (preço, motor, frenagem, espaço interno e equipamentos) e só ficou em penúltimo no porta-malas. 

O resultado é que o Golf somou 45 pontos em 13 itens e obteve o melhor aproveitamento nos comparativos feitos pelo Guscar em 2013 (86,5 % - maior até que o do Renault Fluence de 2012) e adicionou mais um título de Carro do Ano no seu currículo, que já tem vitórias na Autoesporte, na Europa e Japão. Agora tem o do Guscar. 


O Campeão dos Campeões de Comparativos Guscar 2013

Volkswagen Golf, com 86,5 % dos pontos


2º lugar - Ford Ranger - 78,8%
3º lugar - Peugeot 208 - 73,8%
4º lugar - Hyundai HB20X - 69,2%
5º lugar - Fox Bluemotion - 68,5%