Texto: Gustavo do Carmo
Dados de teste: Revista Quatro Rodas
Fotos: Divulgação (algumas fotos são de versões superiores)



Os hatches compactos dominam as vendas, mas foi o segmento de sedãs médios que recebeu investimentos em novos modelos no último ano, deixando a concorrência bastante acirrada.

Em abril do ano passado publiquei um comparativo entre o ainda líder de mercado Toyota Corolla e os então recém-lançados Peugeot 408, Renault Fluence e Volkswagen Jetta. Desde então surgiram três novidades, incluídas nesta edição 2012 do duelo. A Hyundai trouxe o Elantra, na Chevrolet o Cruze substituiu o Vectra e o Honda Civic chegou renovado. Todos estão equipados com câmbio automático e o preço a ser considerado será sempre da versão mais barata com bancos em couro e teto solar (se tiverem).




Pena que esses investimentos não beneficiaram tanto a nossa indústria. Dos sete modelos, só o Corolla (já veterano), o Civic e o Cruze são fabricados no Brasil, sendo que o Chevrolet ainda tem índice baixo de nacionalização. Os franceses vêm da Argentina, o Jetta do México e o Elantra chega diretamente da Coreia do Sul (sofreu muito com o aumento do IPI).

Fiat Linea, Kia Cerato e o chinês Lifan 620 - estes em faixa de preço muito baixo - além dos já cansados esteticamente Nissan Sentra, Citroën C4 Pallas e Ford Focus Sedan são as ausências. Os dois últimos não obedecem à regra de similaridade com o mercado externo. Eu até poderia incluir o Nissan Sentra, mas ele deve conhecer o seu sucessor em breve no mercado internacional e também ficaria defasado por aqui. Ah, mas por que o Corolla pode? O Corolla é o que mais vende.

Outra ausência que os leitores vão sentir é a do Mitsubishi Lancer, que é a quarta novidade. No entanto, ele ficou de fora do confronto por falta de dados técnicos. Tal como a Hyundai, a marca japonesa dos três diamantes não gosta de fornecer seus carros para teste. A revista Quatro Rodas, que na sua edição de janeiro comparou os sete modelos a serem analisados aqui, testou um Elantra emprestado de concessionária. Aliás, vêm desta publicação os dados técnicos deste comparativo.

Mas os meus critérios de avaliação e o resultado são bem diferentes, como você verá a seguir. E a disputa entre Chevrolet Cruze LT, Honda Civic LXL, Hyundai Elantra GLS, Peugeot 408 Feline, Renault Fluence Dynamique CVT, Toyota Corolla XEi e Volkswagen Jetta Comfortline foi grande.


7º Honda Civic LXL 1.8 16v - 42 pontos


A nova geração do Honda Civic era aguardada desde julho do ano passado. Assim, não participou do comparativo anterior. Acabou se atrasando por causa do tsunami do Japão e das enchentes na Índia, lugares que fornecem peças para o modelo fabricado aqui.

Atualizado no visual e com novos equipamentos que faltavam na antiga geração, o novo Civic tinha tudo para ser o protagonista do comparativo. Mas... surpresa! Ele abre este "desfile dos campeões", ordenado pela classificação do sétimo ao primeiro lugar. Sim. Infelizmente, o Civic aparece em último. Somou apenas 42 pontos, oito a menos que o penúltimo e o quinto colocado, Chevrolet Cruze e Toyota Corolla, respectivamente.

O sedã médio da Honda não ganhou nenhum item. Seu melhor resultado foi no consumo, onde ficou em segundo lugar. Fez 7,8 km/litro com álcool no tanque na cidade e 9,4 km/l na estrada, de acordo com a Quatro Rodas. Só foi superado pelos 10,5 km/l e 15,4 km/l do Hyundai Elantra, cujo motor 1.8 é movido apenas a gasolina. O do Civic é Flex, 1.8 i-VTEC, com duplo comando variável de válvulas. Levemente modificado, desenvolve 139 cv com petróleo (um mais que o anterior) e 140 cv com etanol.


Se, por um lado, a potência é a segunda menor (supera apenas os 120 cv do Jetta), no desempenho o Civic se saiu bem, ficando em terceiro lugar na soma das classificações em dois sub-itens. O Honda, sempre abastecido com álcool, acelera de 0 a 100 km/h em 11,1 segundos e retoma entre 80 e 120 km/h em 8,1 seg. O nível de ruído de 64,6 decibéis lhe garantiu a mesma posição. O câmbio automático de cinco marchas com controle no volante o coloca apenas no quinto lugar, atrás das seis marchas do Cruze, Jetta e Elantra e do CVT do Fluence.

O maior defeito técnico do novo Civic foi na frenagem de 66,8 metros a 120 km/h. A distância não é tão ruim, mas ficou em último lugar. Outro item em que ficou na lanterna foi na rede de apenas 128 concessionárias. Pouco, para quem já foi líder de vendas neste segmento de sedãs e atua no país há 20 anos. A garantia, pelo menos, é de 3 anos.

Civic EXS
No interior, o assoalho plano continua lá, o que garante uma boa folga para as pernas, mesmo com a redução da distância entre-eixos. Mas a largura do banco traseiro pesou contra e, no geral, o Civic ficou apenas em quinto lugar. O porta-malas cresceu de 340 para 449 litros, graças ao estepe provisório. Porém, não foi o suficiente para livrá-lo, também, da quinta posição. Entretanto, evitou o vexame de ficar em último. A carroceria muito parecida com a geração anterior tirou a sensação de novidade e impediu que o Civic desviasse os olhares dos transeuntes com a mesma intensidade que o Elantra, Fluence, Cruze e 408. O acabamento interno, com plásticos duros e poucos materiais macios, também ficou mais pra trás, mas não em último. Em compensação, a visibilidade melhorou com o afinamento das colunas dianteiras. 

Os R$ 75.900 pedidos pela versão intermediária LXL (a que tem bancos em couro pelo menor preço) ficaram mais caros apenas que o Fluence e o Cruze. E são apenas 100 reais mais baratos que o Peugeot 408 Feline com pintura metálica, que ainda é mais equipado. O Civic LXL não tem faróis de neblina, teto solar, conexão Bluetooth, sistema de frenagem de urgência e os airbags laterais - ambos exclusivos da top EXS. Mas oferece a câmera de ré, que o rival não tem. De resto, tem ar condicionado digital, computador de bordo, direção elétrica progressiva, trio elétrico, piloto automático, airbags frontais e freios ABS com EBD, comuns a quase todos os adversários. A lista de equipamentos não lhe deu muitos pontos, mas os quatro primeiros corrigiram o que faltava no modelo antigo.


FICHA TÉCNICA - HONDA CIVIC LXL 1.8 16v FLEX i-VTEC

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.799 cm³, 16 válvulas
Potência: 139 cv (gasolina) e 140 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,1 segundos (revista Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: não divulgado
Consumo Médio: 8,6 km/l (Revista Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,52/1,75/1,45/2,67m
Porta-malas: 449 litros
Tanque: 57 litros
Preços: R$ 72.700 (LXL manual) e R$ 75.900 (LXL automático) 


6º Chevrolet Cruze LT Ecotec 1.8 16v - 50 pontos


Assim como o Civic, o Chevrolet Cruze não ganhou nenhum item. No entanto, nunca ficou em último. Seus piores resultados foram no consumo (6,7 km/litro na cidade e 9,1 km/l na estrada) e no espaço interno (altura atrás muito baixa, mas com boa largura), ficando em penúltimo. Por isso, ficou bem à frente do outro novato no segmento. A falta de vitórias fez com que ele ficasse em sexto, atrás do até do Corolla, que ficou com os mesmos 50 pontos. O veterano sedã da Toyota venceu duas vezes, no motor e no desempenho. 

O máximo que o Cruze conseguiu foi a segunda colocação no preço, na assistência e no estilo. A versão LT com câmbio automático, pintura metálica e bancos em couro custa R$ 72.890. Traz de série sistema de partida sem chave, acionamento por controle remoto do alarme, porta-malas e portas, estas programáveis através da central multimídia, airbags frontais e laterais, cintos de segurança dianteiros com pré-tensionadores e os traseiros tem 3 pontos para os 3 passageiros, faróis de neblina, faróis com regulagem de altura, controles eletrônicos de estabilidade e tração, freios ABS com EBD e assistência de frenagem de urgência, sistema Isofix de fixação de cadeirinhas infantis, imobilizador, follow me home, rodas de alumínio de 17 polegadas, ar condicionado eletrônico com controle de qualidade do ar, volante regulável em altura e profundidade, computador de bordo, piloto automático, desembaçador do vidro traseiro, direção elétrica, trio elétrico, bancos dianteiros com regulagem de altura e distância, banco traseiro rebatível 60/40, rádio CD Player/MP3/USB/Bluetooth e volante multifuncional. Não tem teto solar, nem na versão LTZ. É bem recheado, mas fica atrás do Elantra, do Peugeot e empata com o Fluence. A Chevrolet tem 560 revendas em todo o país.


As linhas curvadas do Cruze só não se destacam mais do que o Hyundai Elantra. Entre os modelos da fase de renovação da General Motors, ele é o mais original, apesar da traseira conservadora e da grade desproporcional. O acabamento peca pelo excesso de plásticos duros no painel, mas se destaca pelos detalhes em alumínio. Superou apenas o Corolla e o Civic. O porta-malas tem 450 litros, um a mais que o Civic. Ambos estão à frente apenas do "sensacional" Hyundai Elantra.

O Cruze é movido pelo motor 1.8 16v Ecotec, também com duplo comando variável de válvulas. Rende 140 e 144 cv. Manual ou automático, o câmbio tem seis velocidades. O automático é sequencial. O desempenho, a frenagem e o conforto são medianos. A aceleração é feita em 11,6 segundos, a retomada em 8,5 seg. A partir de 120 km/h ele para em 64,8 metros e o ruído é de 65,3 decibéis na mesma velocidade.



FICHA TÉCNICA - CHEVROLET CRUZE LT ECOTEC 6 1.8 16v

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.796 cm³, 16 válvulas
Potência: 140 cv (gasolina) e 144 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,6 seg. (Revista Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: 197 km/h (dado de fábrica, com álcool)
Consumo Médio: 7,95 km/l (Revista Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,60 /1,79/1,48 /2,68 m
Porta-malas: 450 litros
Tanque: 60 litros
Preços: R$ 67.900 (LT manual), R$ 69.900 (LT automático básico) e R$ 78.900 (LTZ)



5º Toyota Corolla XEi 2.0 16v Dual VVTi - 50 pontos


Modelo mais velho deste comparativo, um dos seus pontos mais fracos, a atual geração do Corolla foi lançada em 2008 e passou por um facelift no ano passado, quando participou do duelo anterior e ficou em quarto. Só está aqui agora porque é o líder do mercado.

O Corolla venceu dois itens. Seu motor 2.0 dual VVTi (duplo comando variável das válvulas) de 153 cavalos com álcool é o mais potente e o levou a uma nova vitória no desempenho, desta vez empatada tecnicamente com o Renault Fluence. Acelera de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos (dois décimos a mais) e retomada entre 80 e 120 km/h em 7,9 (contra 7,6 s). O consumo de 6,7 km/l e 9,4 km/l é apenas regular. Com gasolina rende 142 cavalos.

Apesar do comprimento interno mediano, o Corolla se destacou na largura atrás e conseguiu o segundo lugar no espaço. A frenagem a 120 km/h é de 57,6 metros e o nível de ruído 64,9 decibéis. Bons números. O porta-malas de 470 litros é o melhor da faixa dos 400. Fica logo atrás dos 510 do Jetta.


O Corolla XEi custa R$ 77.070 ou 78 mil com pintura metálica. Mesmo não impressionando nos equipamentos de série, traz bancos em couro, direção elétrica, ar condicionado digital de duas zonas, toca CDs com MP3 e entradas USB e auxiliares, banco do motorista com regulagem de altura, volante regulável em altura e profundidade, bluetooth com controle do volante, sensor crepuscular, retrovisores elétricos rebatíveis, piloto automático, computador de bordo com controle no volante, freios ABS com EBD e airbags frontais e laterais. Não oferece teto solar. 

O câmbio automático sequencial de 4 marchas só não é o mais arcaico porque divide o posto com o Peugeot 408. O acabamento é outro destaque negativo, com muito plástico duro. Mesmo com 3 anos de garantia, a Toyota dispõe de apenas 132 concessionárias, a segunda menor rede, que deveria ter crescido, pois tem a mesma idade de atuação da rival Honda.

O Corolla perdeu uma posição com a chegada do Hyundai Elantra. Mas superou os novatos Cruze e Civic, justamente o seu maior rival. Saiu lucrando.


FICHA TÉCNICA - TOYOTA COROLLA XEi 2.0

Motor: Quatro cilindros, transversal, 16 válvulas, álcool e gasolina, 1.986 cm³
Potência: 142 cv (gasolina) e 153 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,6 segundos (Quatro Rodas)
Velocidade máxima: Não divulgado
Consumo médio: 8,05 km/l (Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,54/1,76/1,48/2,60 m
Porta-malas: 470 litros
Tanque: 60 litros
Preço: R$ 77.070



4º Peugeot 408 Feline 2.0 16v - 51 pontos


Segundo colocado no comparativo anterior, totalizado por vitórias, o irmão mais velho do novo hatch 308 caiu para o quarto lugar na soma das classificações nos treze itens. Perdeu no desempate para o Volkswagen Jetta, que o ultrapassou agora e ganhou três quesitos. 

A única vitória do 408 foi um empate técnico no generoso porta-malas. Com 526 litros, é quatro litros menor que o do Fluence. Mesmo assim, é um dos únicos bagageiros com mais de 500 litros de capacidade (o outro é o Jetta) e só ele tem as bem-vindas hastes pantográficas, que não roubam espaço e ainda transmitem uma sensação de bom acabamento. 

Por falar em acabamento, os materiais agradam e o 408 empatou com o Jetta, mas ficam atrás do requinte do Renault Fluence. Ambos têm ótimos materiais e montagem. A parte superior do painel é levemente macia. O motor continua o mesmo 2.0 16v e a potência permanece entre 143 e 151 cv. Com gasolina, o Elantra, que ainda não é flex, rende 148 cv. Mas o mais potente em tudo é o Corolla, que chega aos 153 cv com álcool. O Peugeot fica em segundo no motor.

O novo motor 1.6 THP turbo, de 165 cavalos é exclusivo da versão top Griffe, assim como a nova transmissão automática de seis marchas. Custa R$ 81.490. Por enquanto, a Feline aqui considerada continua com o 2.0 e o velho câmbio de quatro velocidades (a Griffe também e com o mesmo preço do THP). Limitada, como o do Corolla, a transmissão prejudicou o desempenho, o consumo e o conforto.


O gasto de combustível ficou em último. Fez 6,1 na cidade e 8,9 km/l na estrada. O nível de ruído também é o mais alto: 66,7 decibéis a 120 km/h. O desempenho, com aceleração de 12 segundos e retomada de 80/120 km/h em 8,4 seg. só foi melhor do que o Jetta. 

A frenagem de 63,6 metros a 120 km/h ficou em uma posição intermediária. O estilo é atraente, mas é muito padronizado com o resto da marca. O espaço interno atrás impressiona na largura, mas tem altura baixa. A Quatro Rodas não mediu o espaço para as pernas. No fim das contas ficou em terceiro lugar, atrás do Fluence e do Corolla. A Peugeot tem 162 concessionárias e oferece garantia de 3 anos.


A versão Feline custa R$ 74.900 na cor branca da moda. A pintura metálica (regra na comparação) adiciona mais 1.100 reais, chegando aos R$ 76 mil, que o deixa em quarto lugar neste quesito.

O 408 vem equipado de série com oito air bags (frontais, laterais e de cortina em toda a lateral), acendimento automático dos faróis, alarme, apoios de braço individuais nos bancos dianteiros, ar-condicionado automático digital de duas zonas com saída de ar traseira, banco do motorista com regulagem de altura manual, rádio CD Player com MP3, entradas USB e Bluetooth, comando de rádio na coluna de direção, coluna de direção com regulagem de altura e profundidade, computador de bordo, controle eletrônico de estabilidade (ESP), direção eletro-hidráulica, faróis de neblina dianteiros, freios ABS com auxílio a frenagem de urgência e repartidor eletrônico de frenagem, limpador de pára-brisa automático com sensor de chuva e indexado à velocidade, piloto automático, retrovisor interno eletrocrômico, revestimento dos bancos em couro, rodas de liga leve 17'', sensor de estacionamento traseiro, teto solar elétrico com fechamento automático no telecomando da chave, vidros elétricos dianteiros e traseiros, sequenciais e com sistema antiesmagamento e volante revestido em couro. Lista só superada pelo Hyundai Elantra.


FICHA TÉCNICA - PEUGEOT 408 FELINE 2.0 16v

Motor: Quatro cilindros, transversal, 16 válvulas, álcool e gasolina, 1.997 cm³
Potência: 143 cv (gasolina) e 151 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12 segundos (revista Quatro Rodas)
Velocidade máxima: 208 km/h
Consumo médio: 7,5 km/l (revista Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,69/1,82/1,52/2,71 m
Porta-malas: 526 litros
Tanque: 60 litros
Preço: R$ 74.900

3º Volkswagen Jetta Comfortline 2.0 - 51 pontos


Empatado em pontos com o 408, o Volkswagen Jetta leva vantagem por ter vencido mais vezes: três contra uma. Dois itens (segurança e conforto) foram divididos com o Renault Fluence. A única vitória sozinha foi garantida pela ampla rede de 619 postos da Volkswagen. Pena que a marca alemã seja a única a oferecer garantia de apenas 1 ano, contra 3 das demais e 5 da Hyundai.

No duelo passado o Fluence ganhou sozinho por oferecer mais equipamentos de segurança. Este ano estou considerando apenas a frenagem. A 120 km/h, o Jetta parou 55,5 metros, dez centímetros a mais que o Fluence. O outro empate técnico foi no nível de ruído, na mesma velocidade. E mais uma vez o mexicano ficou atrás, agora por dois décimos de decibéis: 63,6 contra 63,4. 

As três vitórias salvaram o Jetta de ficar em último lugar. Ele foi o modelo que ficou mais vezes na lanterna. Em quatro itens somou apenas um ponto: motor, desempenho, equipamentos de série e espaço interno.


Mais acessível e próxima destes concorrentes, a Comfortline ficou com o velho bloco 2.0 dos tempos do finado Bora. Ao lado do Peugeot, é o único que não tem comando variável das válvulas. Transformado em bicombustível, rende apenas 116 cv com gasolina e 120 cv com álcool. O Jetta tem outra opção de motor, também com 2.0 litros de cilindrada: o Highline TFSI, turbo de injeção direta, que rende 200 cv e sai por R$ 89.520. Seria melhor que a Volks adotasse o TFSI para o Comfort e equipasse o High com o V6. Mas vivemos num país emergente, em que é preciso economizar, né?

O resultado do fraco motor é o baixo desempenho, que nem o moderno câmbio automático sequencial de seis marchas (com borboletas no volante opcional) ajudou. Acelera de 0 a 100 km/h em 12,8 segundos e retomada de 9,5 segundos. Até a velocidade máxima, esta divulgada pela Volkswagen, ficou apenas nos 198 km/h. Pelo menos o fraco motor não gasta tanto combustível. Faz 7,2 km/l de álcool na cidade e 9,5 km/l na estrada, ficando em terceiro.

Os equipamentos de série são poucos. Ar condicionado digital, piloto automático, som, bancos em couro, sensor de chuva, rodas de alumínio, faróis com follow me home, navegador, teto solar e até estepe com pneu normal são opcionais! Com eles e a pintura metálica, o Jetta passa dos R$ 82 mil. Pelo menos o ar condicionado (manual), trio elétrico (retrovisores com aquecimento), airbags frontais e laterais, freios ABS e sensor de estacionamento são de série.

No espaço interno traseiro, somando o comprimento e a altura, o Jetta ficou atrás apenas do Fluence e do Civic. Mas na largura... superou apenas o Honda. Somando tudo de novo fica empatado em penúltimo com o Chevrolet Cruze, mas cai pra lanterna no desempate, já que o Chevrolet é mais largo que ele.


O porta-malas tem capacidade para 510 litros e é o terceiro melhor, perdendo somente para os modelos das marcas francesas. O acabamento tem bons materiais, cobertura do painel macia, mas peca pelo excesso de plásticos nas portas. Ainda assim, empatou com o Peugeot 408, mas fica abaixo do Fluence.

Por fim, o Jetta chama atenção e desperta desejos quando passa na rua. Mas ao lado dos concorrentes fica muito conservador. E dentro da Volkswagen perde a identidade porque o Passat, de segmento superior, rouba a atenção e até possíveis compradores dele.


FICHA TÉCNICA - VOLKSWAGEN JETTA COMFORTLINE 2.0

Motor: Quatro cilindros, transversal, 16 válvulas, álcool e gasolina, 1.984 cm³
Potência: 116 cv (gasolina) e 120 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,8 segundos
Velocidade máxima: 198 km/h
Consumo médio: 8,35 km/l
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,64/1,78/1,47/2,65 m
Porta-malas: 510 litros
Tanque: 55 litros
Preço: R$ 71.020 (com pintura metálica)


2ª Hyundai Elantra GLS 1.8 - 55 pontos


O MAIS ECONÔMICO. O MAIS BONITO. O MAIS EQUIPADO DE SÉRIE. Hyundai ELANTRA. O SEGUNDO MELHOR CARRO DO MUNDO. Este seria o anúncio do Elantra se os publicitários que detêm a conta do grupo CAOA, representante da marca sul-coreana no Brasil, se baseassem no meu comparativo.

O tom superlativo dos redatores dos comerciais funcionou no consumo, no estilo e na oferta de equipamentos. Por ainda não ser flex, o Elantra bebe apenas gasolina e a Quatro Rodas registrou 10,5 km/l na cidade e 15,4 km/l na estrada. Mas a falta de um motor bicombustível provoca desvalorização, além de perda ambiental e de escolha. O motor 1.8 tem 16 válvulas com duplo comando variável e rende 148 cv, superados pelos 151 cv do Peugeot e 153cv do Corolla com álcool. Pelo menos é o MAIS POTENTE com gasolina. O câmbio é automático sequencial de seis marchas, com borboletas no volante. É o SEGUNDO MELHOR.

A segunda vitória do Elantra realmente é sensacional, tenho que reconhecer. As suas linhas fluídas e bem curvadas, com a linha de cintura dos vidros elevada e bastante vincos e quinas nos faróis e lanternas fazem o sedã sul-coreano estar uma década na frente. Não fui contaminado pelo ufanismo da Hyundai. Estou dando a minha opinião sincera.


O Elantra também é o MAIS EQUIPADO de série. Como a versão com câmbio automático é a completa ele tem freios ABS com EBD e sistema de auxílio de frenagem, seis airbags (frontais, laterais e de cortina, alarme periférico, cintos de segurança dianteiros de 3 pontos retráteis com regulagem de altura; cintos de segurança dianteiros com pré-tensionadores, cintos de segurança traseiros laterais 3 pontos retráteis, coluna da direção retrátil, sensores de chuva e crepuscular, vidro traseiro térmico, faróis com regulagem manual de altura, sensor antiesmagamento no vidro do condutor, controle centralizado das portas e vidros iluminado por LED, coluna de direção regulável em altura e profundidade, bancos traseiros rebatíveis 60/40, pedais de alumínio, chave inteligente botão de partida, piloto automático, função ECO DRIVE (semelhante ao do Civic), computador de bordo, ar-condicionado digital de duas zonas, travamento das portas a distância, teto solar elétrico, retrovisores externos com indicadores de direção com LED, câmera de estacionamento (ré) com imagem no retrovisor interno, brake light com LED, retrovisores externos com desembaçador, comando elétrico, faróis de neblina, abertura do porta-malas através do keyless, sistema de abertura e Rádio integrado com leitor de CD e MP3 e comandos no volante, entrada para iPod/USB/Auxiliar, 2 tweeters dianteiros e 4 Alto falantes. Tudo por R$ 85.900. O MAIS CARO do comparativo. Ainda bem que a Hyundai está isenta do aumento do IPI, pois fabrica o velho utilitário Tucson em Goiás. 

Outro ponto negativo do Elantra é o porta-malas de APENAS 420 litros, O MENOR DOS SETE AQUI AQUI ANALISADOS. Mas a MAIOR PISADA NA BOLA é o fato do Hyundai ser o ÚNICO a ter FREIOS A TAMBOR na traseira, enquanto os outros seis usam o disco. Além disso, também faltaram os cintos de segurança e os apoios de cabeça para o terceiro passageiro de trás. Ficou provado que o INVESTIMENTO DE UM BILHÃO DE DÓLARES só foi destinado ao GRANDE Azera mesmo.


A frenagem e o nível de ruído também não agradaram muito. Curiosamente, ambos ficaram em 66 andando a 120 km/h. Parou em 66 metros e 66,1 decibéis.  

O desempenho é bom, mas não fez o Elantra o melhor do mundo. Destaque para a retomada de 80 a 120 km/h em oito segundos, que empatou tecnicamente com o Fluence, o Corolla e o Civic. A aceleração de 0 a 100 km/h ficou nos 11,1 segundos, a mesma do Honda. 

Já em três itens o Elantra ficou em POSIÇÕES MEDIANAS. O acabamento, com a parte superior do painel emborrachada, ficou atrás do Fluence, do 408 e do Jetta. O espaço interno é bom de largura e de altura, mas sem informação de comprimento. E a rede de 195 concessionárias, mesmo com a garantia de CINCO ANOS, A MAIOR DE TODAS (espera só chegar o JAC J5). 

Parabéns, Hyundai pelo VICE-CAMPEONATO do comparativo, vinte e três pontos atrás do vencedor, o Renault Fluence.



FICHA TÉCNICA - HYUNDAI ELANTRA GLS 1.8 CVVT

Motor: Quatro cilindros, transversal, gasolina, 1.797 cm³, 16 válvulas
Potência: 148 cv
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,1 segundos (revista Quatro Rodas)
Velocidade máxima: não divulgado
Consumo Médio: 12,95 km/l (Revista Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,53/1,78/1,45/2,70m
Porta-malas: 420 litros
Tanque: 48,5 litros
Preços: R$ 85.900 (automático com teto solar)


1º Renault Fluence Dynamique CVT 2.0 16v - 78 pontos


Podemos dizer que o Renault Fluence humilhou os adversários. Manteve o título do ano passado com 78 pontos, vinte e três a mais que o superlativo Hyundai Elantra. Ganharia mesmo se eu adotasse o critério de mais vitórias, que foram oito. Em metade delas ficou empatado e nas outras quatro ele ganhou sozinho.

Os itens divididos já foram várias vezes citados ao longo do texto dos concorrentes. Desempenho (aceleração de 10,4 segundos e retomada de 7,6 seg.) com o Corolla, Segurança (55,4 metros a 120 km/h) e Conforto (63,4 decibéis) com o Jetta e Porta-malas (530 litros) com o 408. Curiosamente foram empates técnicos, mas o Fluence foi melhor em todos, embora com pouca diferença.

Sozinho, o Renault fabricado na Argentina se destacou no espaço interno (principalmente para as pernas no banco de trás), no acabamento de painel macio e detalhes em alumínio, no câmbio CVT - que é continuamente variável e não tem número de marchas definidas - e no preço.

A versão mais em conta, Dynamique, custa R$ 71.120 com esta transmissão, mais pintura metálica, bancos em couro e teto solar, que são opcionais. Traz de série chave cartão com abertura das portas e partida só pelo seu reconhecimento seis airbags, sensores de chuva e crepuscular, cintos de segurança de 3 pontos com pré-tensionadores, cintos de segurança de 3 pontos traseiros para os 3 passageiros, faróis de neblina, freios ABS com EBD e assistência de frenagem de urgência, imobilizador, rodas de alumínio de 16 polegadas, ar condicionado digital de duas zonas, volante regulável em altura e profundidade, computador de bordo, piloto automático com limitador de velocidade, desembaçador do vidro traseiro, direção elétrica, trio elétrico, travamento do veículo em movimento, bancos do motorista com regulagem de altura, banco traseiro rebatível 60/40, rádio CD Player/MP3/USB/Bluetooth e controle do som na coluna de direção. Por ter alguns recursos que o Cruze não tem e não ter outros do rival, como os controles de tração e estabilidade, o Fluence fica empatado com ele na lista de equipamentos.



Para ter estes últimos e o navegador GPS, é preciso comprar a versão Privilegé, que custa R$ 76. 390. Adicionando os faróis de xenon com regulagem de altura e lavador, o teto solar e a pintura metálica, o Fluence chega aos R$ 81.440, um pouco mais barato que o Jetta. Perderia pontos no preço, mas os recuperaria na lista de equipamentos. Ainda assim manteria a vitória no comparativo, por causa da enorme diferença.

O motor 2.0 16v com comando variável de válvulas entrega 140 cv com gasolina e 143 cv com álcool. Não é o mais fraco, mas ficou escondido na tabela, somando apenas 3 pontos. Também mediano foi o consumo de 7 km/l de álcool na cidade 9,1 km/l na estrada. 

O visual arredondado e fluído, que tinha vencido no outro comparativo, ficou mais discreto perto do Hyundai Elantra e do Chevrolet Cruze. A rede de concessionárias de 200 postos ficou em terceiro lugar. A garantia é de 3 anos. 

A decisão de somar todas as classificações em vez de somente os primeiros lugares proporciona mais regularidade a um comparativo com sete participantes. Alguns acham que a mudança na regra do jogo serviu para favorecer alguém. Realmente favoreceu sim: o Renault Fluence, que se mostrou um carro completo e o melhor do comparativo, seja contando pontos ou apenas as vitórias.


FICHA TÉCNICA - RENAULT FLUENCE DYNAMIQUE CVT 2.0 16V

Motor: Quatro cilindros, transversal, 16 válvulas, álcool e gasolina, 1.998 cm³
Potência: 140 cv (gasolina) e 143 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,4 segundos (revista Quatro Rodas)
Velocidade máxima: 195 km/h
Consumo médio: 8,05 km/l (Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,62/1,81/1,48/2,70 m
Porta-malas: 530 litros
Tanque: 60 litros
Preço: R$ 60.290 (Dynamique manual) / R$ 65.690 (Dynamique CVT) / R$ 76.390 (Privilegé)