TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


Fechando a série Eles são 10!, que desde julho vem contando a história de quatro compactos nacionais que completaram 10 anos de produção em 2013, o Volkswagen Fox é o único que continua basicamente com a mesma carroceria desde o lançamento. Só mudou a frente e o interior em 2009.
A sua história começa quatro anos antes do seu lançamento. Em 1999, a Volkswagen inaugurou a sua nova fábrica em São José dos Pinhais, no Paraná (a primeira de veículos de passeio fora do estado de São Paulo), para fabricar o Golf e o Audi A3. No mesmo ano, executivos já pensavam em um hatch pequeno bem brasileiro, bem tupiniquim.


A Volks também estava temerosa de um possível prejuízo com a produção dos modelos médios. Mas primeiro decidiu investir em um compacto mais refinado, com melhor acabamento: o Polo, apresentado na Europa em 2001 e fabricado no Paraná no ano seguinte. Somente com os planos de produzir um modelo mais simples, o Projeto Tupi saiu do papel.

O novo hatch quase se chamou assim. Mas o medo de rejeição ao nome da primeira tribo indígena do Brasil e também de criar atrito com os Diários Associados (donos da extinta TV e ainda existente rádio Tupi), fez a Volkswagen mudar de ideia e buscar no seu arquivo o nome usado na versão de exportação do Voyage para os Estados Unidos. Na língua do marketing, a marca desejava associar o modelo à esperteza da raposa. Em setembro de 2003 era apresentado o Fox, com apenas duas portas, fabricado no Paraná.



Sua traseira alta faz o Fox parecer um monovolume pequeno. A lateral tem coluna traseira um pouco larga, quase como no Golf. Atrás, a tampa do porta-malas é bem vertical e limpa, com lanternas majoritariamente nas laterais. A frente original tinha faróis amendoados e, na grade em forma de canoa, apenas dois filetes na cor do carro, assim como o para-choque, que tinha pequenas entradas de ar e faróis de neblina também minúsculos.

Com 3,80m de comprimento, o Fox era menor que o Polo (3,89) e o Gol (3,91m). A distância entre-eixos de 2,46m era a mesma nos três, só que o Gol tinha uma plataforma mais antiga e ainda sofria com a velha posição longitudinal do motor, enquanto que no Polo e Fox este ficava na transversal.

No mercado, o Fox deveria se posicionar entre os dois mais velhos. Mesmo assim, a proposta de simplicidade foi levada mais a sério no interior do que no Gol, que acabou empobrecido em um face-lift em 2005. A intenção clara era reduzir os custos de produção.


O painel se limitava a uma bancada abaixo do para-brisa, a parte horizontal arredondada com os difusores de ar retangulares, um console no centro (com o display do som e o comando de ventilação ou ar condicionado) e o quadro de instrumentos minimalista, que concentrava velocímetro, luzes e display do computador de bordo, com o conta-giros (minúsculo, de difícil leitura) e marcador de combustível como "parenteses". A economia deu tão certo que a mesma peça também foi usada posteriormente no Gol "Geração 4" e até na Kombi (2006).


Não havia nem porta-luvas. Ou melhor, existia, mas era sem tampa e muito raso. Para compensar, o Fox ganhou 17 porta-objetos, entre eles a parte superior do painel, outro acima do console central, alguns porta-copos e a gaveta embaixo do banco do motorista.

O acabamento do painel e das portas era de puro plástico duro. Não havia nenhuma espuma ou borracha e nenhum tecido, a não ser nos bancos. Por falar neles, houve uma grande preocupação com a posição de dirigir do motorista e conforto do carona, especialmente no ponto H do corpo, formado pelo quadril e as pernas. Ambos ficavam um pouco elevados.


O espaço interno amplo (ainda) é a principal qualidade do Fox. E de fato ainda é, mas para a cabeça (altura externa de 1,54m) é bem melhor. Uma inovação foi o banco traseiro corrediço (opcional) que aumentava o espaço para as pernas ou o porta-malas de 260 para 353 litros.

A lista de equipamentos do Fox nunca foi muito generosa, já que a Volkswagen queria fazer dele um carro barato (que não era). Ar condicionado, trio elétrico, rodas de liga-leve, CD Player com controle no volante, freios ABS e airbags frontais faziam parte da lista de opcionais. De série mesmo só abertura interna do porta-malas, bancos com ajuste de altura e direção hidráulica.

O Fox foi lançado com motores 1.0 e 1.6. A novidade era que eles já podiam ser abastecidos com álcool e/ou gasolina no mesmo tanque. O sistema Total Flex (como a Volkswagen batizou os seus bicombustíveis) tinha sido lançado no Brasil, pelo então presidente Lula, em abril daquele ano, no Gol Power 1.6. Era o início de uma "tecnologia" que hoje domina o mercado. A identificação era feita por uma placa no rodapé central do vidro traseiro.


Se com o motor 1.6 o Fox perdeu a corrida histórica para ser o primeiro Flex do Brasil (foi o terceiro, pois a Chevrolet já tinha lançado o Corsa Flexpower), pelo menos conseguiu ter o primeiro motor 1.0 bicombustível.

O 1.0 rendia 71 cavalos com gasolina e 72 cv com álcool (um a mais que o Gol com o mesmo propulsor somente a gasolina). Com 101 e 103 cv, o 1.6 Total Flex do Fox também era mais potente que o do velho líder (97/99 cv).

As versões de acabamento eram a City (que tinha para-choques de série pretos) com motor 1.0, a Plus e Sportline, ambas com 1.0 ou 1.6. O preço sem opcionais variava entre 21 mil e 26.750 reais, mas pulava para R$ 30 e 40 mil respectivamente quando completo.

Em 2003, as quatro portas já eram exigidas no mercado. Mesmo assim, no Fox, elas demoraram seis meses, chegando ao mercado somente em abril de 2004. Deixando o Fox ainda com mais cara de minivan. As portas dianteiras ficaram mais leves, mas o carro ficou mais pesado. Custava cerca de 1.500 reais a mais, mas valia a pena pela praticidade.



Naquele ano, a Volks decidiu exportar o Fox para a Europa, mas encarregou a velha fábrica de São Bernardo do Campo para produzir o lote internacional. que chegou ao Velho Continente em 2005. Da mesma forma que o velho Fox (o Voyage) para os Estados Unidos tinha airbags e cinto de segurança automático, o Fox "europeu" saía de São Paulo equipado com bolsas de ar laterais, controle de estabilidade e ar condicionado digital, teto solar, entre outros itens que o brasileiro não podia ter na sua raposa.

Outra diferença superior do Fox do "primeiro mundo" era a frente mais moderna, com grade preta e para-choques com vincos em V, que era o conceito VW da época. O acabamento interno também era um pouquinho superior, o volante tinha outro desenho e o porta-luvas saía com tampa. Mesmo assim, não foi poupado das críticas pela imprensa local, que pelo menos elogiou o seu espaço interno. Em compensação, os europeus não tiveram as quatro portas laterais e o hatch só levava quatro passageiros. O assento central do banco traseiro foi ocupado por um porta-objetos e porta-copos.


Os motores a gasolina para lá eram um 1.2 de três cilindros e 54 cavalos de potência e um 1.4 de quatro cilindros de 75 cavalos. Havia também um a diesel 1.4, também de três cilindros, com 69 cv. Não preciso nem dizer que carro de passeio a diesel é proibido aqui, né?


O Fox tentou substituir por lá o velho pequenino Lupo. Este nome foi usado no México pelo carro brasileiro para não criar confusão com o então presidente do país latino-americano Vicente Fox. De volta à Europa, o Fox parou de ser exportado em 2006 e demorou a ser substituído pelo Up!, que chegará aqui no ano que vem.


Enquanto o Fox ganhava o mundo, no Brasil ele ganhava uma versão aventureira. Seguia o rastro do sucesso da Fiat Palio Weekend Adventure, que, com quebra-mato no para-choque, faróis de milha, estribos, para-choques e para-lamas de plástico fosco, pneus de uso misto, rack no teto e suspensão elevada, conquistou não só quem gostava de enfrentar lamas como também surfistas, jovens motoristas, taxistas, moradores de bairros sem pavimentação.

Conceito Crossfox 2003
O Crossfox tinha tudo isso, menos os pneus de uso misto e mais o chamativo estepe na tampa do porta-malas, mesmo sendo um hatch compacto. Pegou carona na moda (já brega) do Ford Ecosport. Foi apresentado na mesma ocasião do lançamento em 2003 como um protótipo de apenas duas portas. Mas chegou ao mercado somente em 2005 com quatro.


O quebra-mato ainda era daqueles clássicos: um tubo à frente da grade, integrado aos par de faróis de milha (havia os de neblina nas extremidades do para-choque). Completavam o visual aventureiro, as chapas de alumínio nos para-choques - simulando um protetor - e adesivos com o nome do modelo na base da lateral e o desenho de uma raposa na traseira, que além de fazer apologia à perspicácia do animal, também remetia ao significado do nome.

O estepe, ao contrário do rival Ecosport, tinha abertura bem complicada. Era preciso destravar, puxar o suporte e por fim levantar o porta-malas. A Volkswagen disse que a porta de abertura lateral sairia cara, mas acho que se colocasse a dobradiça no lado esquerdo da tampa do bagageiro sairia mais barato.


O quebra-mato e o estepe contribuíram para o aumento do comprimento de 3,80 para 4,09m. Os dois racks transversais do teto também ajudaram a altura a espichar de 1,54m para 1,64m. A largura e a distância entre-eixos também subiram de 1,64m e 2,46m para 1,69m e 2,47m, respectivamente. A altura livre do solo era 182 mm contra 136 mm do Fox normal. O ângulo de entrada era baixo, apenas 20º, mas o de saída era de impressionantes 35º.

Mas o Crossfox também carecia de personalidade. O motor era o mesmo 1.6 de oito válvulas do modelo comum. O interior tinha de diferente apenas detalhes em alumínio e os bancos com tecidos azul e cinza (pela primeira vez era oferecido a opção de revestimento em couro) e o desenho da raposa bordado neles. A lista de equipamentos de série também não foi melhorada. Ar condicionado, trio elétrico, CD Player, freios ABS e airbags frontais continuavam opcionais. O preço já era caro: R$ 39.712 (quase quatro mil reais a mais que o Sportline 1.6 de quatro portas, que já tinha aumentado de preço). Completo já chegava aos R$ 50 mil.


Mesmo assim, cativou o mesmo público da Palio Adventure. Os taxistas nem tanto. Em compensação, foi homenageado em 2009 por uma jovem cantora piauiense chamada Stephany, com uma música sobre a melodia da balada "A Thousand Miles" da americana Vanessa Carlton. O refrão da letra brasileira diz assim: "Eu sou linda. Absoluta. Eu sou Stephany. No meu Crossfox eu vou sair".

O Crossfox deixou os hatches pequenos com visual lameiro, como Citroën C3 XTR e Renault Sandero Stepway, comendo poeira e se tornou referência no gênero, assim como a Palio Weekend Adventure mandava nas peruas. Mas a Volkswagen já preparava um troco.


O projeto do Fox ia além do hatch e do aventureiro. Estava previsto também um misto de perua e monovolume. Esse modelo chegou em 2006 com o nome de SpaceFox, bem mais simpático que o estranho batismo que ganhou na Argentina, onde é fabricada e de lá vem para o Brasil até hoje: Suran.

A Suran, ou melhor, a SpaceFox ganhou, além de comprimento (de 4,09m no Crossfox para 4,18m), uma terceira janela lateral que não deixa a coluna tão cega, melhorando a visibilidade. A distância entre-eixos de 2,46m é a mesma.

A dianteira, com grade escura e para-choque vincado, veio do Fox de exportação. Mas a traseira, com vidro côncavo e detalhes circulares dentro das lanternas com prolongamento horizontal, foi desenhada especialmente para a perua. Sim, a Spacefox ficou mais parecida com uma perua do que com uma minivan, apesar de curta e alta.


O interior manteve a mesma estrutura do painel e acabamento das portas do Fox. Mas os detalhes foram melhorados e também vieram da versão europeia do hatch. Os plásticos passaram a ter dois tons de cinza, o porta-luvas ganhou uma tampa, a base da alavanca do câmbio ganhou contorno cromado e as portas ganharam outra textura de plástico, imitando um tecido. O espaço interno é o mesmo do Fox, mas a capacidade do porta-malas aumentou para 430 litros ou 527 litros, com os bancos avançados (na Spacefox o sistema era oferecido de série). E se rebater o banco traseiro, o volume cresce para 951 litros. No porta-malas há uma tomada de 12 volts, assim como no console do painel.


O motor era o mesmo 1.6 Total Flex, com os 103 cavalos a álcool. E só ele equipava as duas versões Plus e Comfortline. A mais barata custava R$ 45.650 e enfim trazia bons equipamentos de série como ar condicionado e trio elétrico. Airbags frontais, freios ABS, CD Player (já com MP3), volante regulável em altura e bancos em couro eram opcionais na versão básica, mas de série na completa.  A chegada da Spacefox e a sua boa aceitação no mercado colaborou para o fim da Parati, a perua derivada do Gol Geração 4, no ano passado.


Com o sucesso da Spacefox a Volkswagen enfim adotou no hatch doméstico a frente com grade escura do Fox de exportação. Isso foi apenas em 2007, como modelo 2008. Mas o porta-luvas com tampa não veio. Como o Crossfox já tinha grade cinza, a mudança mais vísível foi no para-choque, que além de receber os vincos, incorporou o quebra-mato, passando a ter apenas uma barra achatada cinza com o nome do modelo gravado à frente da grade. Na lateral, a assinatura foi reduzida para a área da porta da frente, acompanhado de desenhos estilizados de raposa.

Fox Route


No modelo 2009, os motores 1.0 e 1.6 ganharam mais potência com álcool. Apesar do torque não ter mudado, o nome do motor passou a se chamar VHT (Volkswagen High Torque). No 1.0 a potência subiu para 76 e no 1.6 para 104 cavalos. Com gasolina, a potência continuou em 72 e 101 cv, respectivamente. A versão City deu lugar à versão básica sem nome. Por outro lado, chegaram as séries especiais Extreme, Sunrise e Route.

Extreme
A primeira tinha visual esportivo, ao estilo dos carros "tunados" com uma curta faixa branca na lateral dianteira (perto dos faróis, parecia a haste de um óculos), o centro do para-choque preto (evidenciando o V), faróis escurecidos e película escura nos vidros. Por dentro, o quadro de instrumentos compacto tinha fundo branco e os bancos desenho de raposa. O motor era 1.6. A Sunrise era uma aventureira leve, com faróis e caixas das rodas escuros e bagageiro no teto. Era tão leve que o motor era o 1.0. Já a Route, com um acabamento melhor, mas de aparência normal, tinha as duas opções de motorização. Virou versão definitiva e também foi oferecida na Spacefox, que só tem motor 1.6.


Em 2008, a imagem do Fox ficou arranhada por denúncias de que teve gente com dedos amputados na hora de aumentar o espaço do porta-malas, por causa da argola apertada da alça de operação. Com o peso do encosto e a velocidade brusca, o dedo ficava preso e era machucado. A Volkswagen convocou um recall das 477 mil unidades vendidas para trocar a peça por um novo formato de alça. Na época, já tinham sido produzidas 820 mil unidades desde 2003.


A boa notícia é que marca de um milhão de unidades fabricadas foi atingida em 2009. Como presente, ganhou o face-lift dianteiro e o novo painel interno que deu outra cara ao Fox e o padronizou com a linha Volkswagen de todo o mundo.

Os faróis ficaram mais angulosos e ganharam máscara escura, duplo refletor (opcional) de luz aparente e uma estrutura simulando luzes diurnas de LED (talvez seja até uma preparação para o novo equipamento). A grade entre os faróis continua preta, mas agora mais larga, com os filetes bem mais finos e totalmente horizontais. O para-choque também perdeu os vincos em V, ficou alinhado com a grade e foi rasgado pela entrada de ar principal. 


A traseira do Fox quase não mudou. As lanternas mantiveram o formato, mas ganharam novas lentes. A tampa do porta-malas só ganhou um discreto aerofólio no teto e um vinco entre elas. Na Spacefox, que só chegou no meio de 2010, as lanternas ficaram mais retas, perdendo a estrutura circular dentro dela e a transparência da lente, que ficou mais vermelha.



Com o face-lift, a frente do Crossfox ficou mais discreta. O "quebra-mato" embutido e os dois pares de faróis de milha foram extintos. Os de neblina incorporaram as duas funções. A grade do para-choque, ganhou tela em formato de colmeia. Na lateral, o estribo ficou mais sutil e o suporte para bagageiro no teto ficou na posição longitudinal. O nome de versão foi reduzido novamente, passando a ficar em um fundo preto e na parte traseira. traseira. Os detalhes prateados nos para-choques continuaram. Atrás, agora tem outro, em que metade serve de suporte para o pneu sobressalente, que pode ser aberto pela chave. Na hora da abertura, também abre o porta-malas automaticamente. Ficou bem mais prático e ainda dá a impressão de que é uma peça única.



Apesar do plástico ainda duro e de alguns remendos, o novo desenho do painel deu um ar de sofisticação que o Fox não tinha. Em um comparativo que eu fiz aqui no Guscar, cheguei a dizer que o painel antigo era um esqueleto, uma estrutura provisória. Agora tem cara de painel de verdade, lembrando o do novo Polo europeu. O console ficou integrado ao quadro de instrumentos, que deixou de ser concentrado para assumir um formato convencional: velocímetro e conta-giros circulares em cada lado, com marcadores de combustível e óleo dentro deles e, no centro, o display do i-System, como a VW chama o seu computador de bordo, enfim adotado. O volante também foi padronizado com a linha da marca e ganhou braço inferior cromado e vazado. Seus botões de comando deixaram de ficar no inferior do miolo (parecia uma membrana) para ficar nos dois braços superiores.



Os painéis das portas, pela primeira vez, ganharam revestimento de tecido (nas versões mais completas, claro). No Crossfox, que não tem muitos detalhes exclusivos, os bancos dianteiros ganharam elásticos trançados na lateral e textura ondulada no assento e no encosto.

A Volkswagen mudou a nomenclatura das versões do Fox, que passaram a se chamar 1.6 (a versão básica), Trend e Prime. O Crossfox, claro, continuou. Ar condicionado, direção hidráulica e trio elétrico continuaram opcionais em toda a linha, exceto no aventureiro - que só cobrava a mais pelo ar - e na SpaceFox.

Como já tinham mudado no ano anterior, os motores VHT 1.0 e 1.6 permaneceram no novo modelo. Na mecânica, a grande novidade foi o câmbio automatizado ASG, popularmente chamado de i-Motion, que é um manual sequencial com (somente uma) embreagem robotizada e função automática. Se contribuiu para baratear o custo de produção e popularizar o automático entre os compactos no Brasil, seu ponto negativo era os trancos (ou soluços) que dava quando as marchas mudavam sozinhas. O Crossfox, porém, precisou esperar três anos para ganhar a transmissão. 


Em 2011, a SpaceFox finalmente ganhou a sua versão aventureira. Com o nome de SpaceCross, chegou ao mercado cinco anos depois de um conceito aventureiro ter sido apresentado no Salão de São Paulo. O conceito tinha o painel antigo, mas com detalhes brancos (assim como os bancos), e os instrumentos eram separados como hoje e não aquele concentrado. A SpaceCross definitiva, claro, tem a frente e o interior atual da família.


Demorada resposta à pioneira do gênero, a Fiat Palio Adventure, a SpaceCross tem estribos laterais, para-choques reforçados, suspensão elevada e a mesma frente do Crossfox. Só não tem (felizmente) o estepe na tampa do porta-malas como o irmão. O motor é o 1.6. 

Por R$ 58 mil reais (hoje custando 240 reais a mais) ainda é bem completa, trazendo de série o ar condicionado, trio elétrico, rodas de alumínio, sensor de estacionamento traseiro, freios ABS e airbags frontais. O câmbio i-Motion com aletas no volante e rádio/CD Player com MP3 e conexão Bluetooth são opcionais. Na Argentina, de onde ainda vem, é chamada de Suran Cross.


Em 2011, o Fox hatch ganhou a primeira série especial com a frente atual. A Rock in Rio 1.6 trazia rodas esportivas com desenho diferenciado, protetor de para-lama preto e logotipos do festival de rock que a Volkswagen patrocina. Por dentro, detalhes vermelhos no bordado dos bancos, alavanca de câmbio e saídas de ar. O equipamento de série mais atrativo era o CD Player com MP3, Bluetooth e senha para baixar músicas gravadas no festival que estava voltando para o Rio após edições em Lisboa e Madrid. Ar condicionado e freios ABS eram opcionais. Foram produzidas 1.050 unidades.


Outras séries especiais foram a BlackFox e a SilverFox. Só eram vendidas com motor 1.0 e nas cores preta e prata, respectivamente, seguindo o nome em inglês. Mas as rodas de alumínio de 15 polegadas do Black eram em grafite e as do Silver pretas. Também tinham lanternas escurecidas. Ofereciam som com Bluetooth e teto solar como opcionais. Em 2009, o BlackFox já tinha sido a última série especial antes do face-lift.


O Fox entrou na era ecológica no ano passado. Motor híbrido? Ha, ha, ha! Naaaaão! Nem pensar. A primeira edição do Bluemotion tinha motor flex 1.6, pneus com menor pressão e composto de sílica para diminuir a resistência ao rolamento, falta de opção de rodas de liga-leve, grade selada para reduzir a aerodinâmica, direção eletro-hidráulica, câmbio com relações de marcha alongadas, mostrador para indicar o consumo instantâneo e momento ideal pra trocar de marcha e, claro, poucos equipamentos de série. Tudo para baixar o peso, e consequentemente, reduzir o consumo e diminuir a emissão de gases poluentes (teoria óbvia).


Na carona do face-lift do Gol, que também ganhou frente padronizada, o Fox ganhou a linha 2013, ainda em 2012, com freios ABS e airbags frontais de série. O motor 1.0 mudou de nome de VHT para TEC, mantendo a potência, com promessa de melhor consumo. 

Este ano marcou a volta de duas versões, uma limitada e outra permanente: a Rock in Rio, na onda do festival musical que se encerrou na semana passada e se realizou pela primeira vez com a tão esperada periodicidade de dois anos. O RiR manteve o motor 1.6, as rodas de alumínio, os detalhes vermelhos no interior, mas a faixa nas portas agora é cinza e com uma guitarra estilizada. Entre os novos itens se destacam o acabamento do volante em couro e um novo rádio/toca-CD/MP3/Bluetooth com visor do sensor de estacionamento traseiro. Ao contrário do Rock in Rio de 2011, o atual tem ar condicionado, trio elétrico, airbags frontais e freios ABS, mas os sensores de chuva e de faróis são opcionais. Estava prevista parta sair de linha em setembro, mas continua sendo divulgado.



Os itens do Rock in Rio já fazem parte da linha Fox 2014 e são os mesmos da versão top, que agora se chama Highline, inclusive para a Spacefox, que além desta, da básica e da Cross, tem a Trend. Na perua, sem alarde, o inovador sistema de banco traseiro corrediço agora é opcional. 

A última novidade do Fox foi a troca do motor 1.6 do Bluemotion pelo, agora sim, novíssimo 1.0 EA-211 de três cilindros. Com quatro válvulas em cada um deles, tem menos atrito na batida dos pistões, que aumentaram de tamanho, e passaram a gerar mais potência, que agora é de 75 e 82 cavalos com gasolina e álcool, respectivamente. O motor é a melhor tentativa para reduzir o consumo e realmente reduziu bem. Os outros detalhes e justificativas são os mesmos do Bluemotion 1.6, a não ser pelo novo desenho das calotas. Em comparativo feito este ano aqui no Guscar, o Fox Bluemotion derrotou o Kia Picanto e o Hyundai HB20, que também têm motor 1.0 de três cilindros.

Motor EA-211 Três cilindros do Fox Bluemotion 2014

Em dez anos, foram produzidas pouco mais de um milhão e meio de unidades do Fox hatch, que evoluiu pouco. A marca foi atingida em janeiro deste ano. O compacto (que nunca teve a pretensão de substituir o Gol) sempre vendeu muito bem, mas nunca ameaçou a liderança do eterno campeão de vendas, que agora usa a mesma plataforma PQ24 desde 2008. Em junho chegou a ser o segundo mais vendido do mercado, mas caiu para a sétima posição.


Para quem achava que o Fox não teria sucessor, a Volkswagen surpreendeu ao abrir mão do relançamento do novo Santana compacto chinês para economizar dinheiro e investir no desenvolvimento da segunda verdadeira geração da pequena raposa, que depois do Gol, é o segundo carro mais querido e vendido da Volks atualmente. Deve ser lançado em 2016, com a mesma plataforma modular MQB do Novo Golf e mais dez anos de história pra contar. 


Termina aqui a série Eles são 10!. Veja os outros modelos que completaram 10 anos em 2013: