TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTAS CARRO E QUATRO RODAS (TRACKER) 


O segmento dos utilitários esportivos pequenos pode ser comparado àqueles povoados desertos que, com o passar dos anos, vão sendo urbanizados. Com estilo de um verdadeiro SUV, o Ford Ecosport foi o primeiro morador, em 2003, depois de se afastar do "bairro" das peruas, picapes, minivans médias e hatches pequenos com aparência de off-road.

Anos depois, ele ouviu um ruído e viu que chegou um novo "vizinho": o Citroën Aircross, em 2010. Com contornos arredondados e mais cara de minivan do que de SUV, não tinha a mínima intenção de ser educado, mas nem incomodou, pois vende em média apenas 820 unidades contra quase 6 mil do Ford. Preocupação mesmo o Eco ganhou quando chegou, em 2011, outro francês: o Renault Duster, que apesar de rústico era mais moderno. Este sim lhe trouxe dor de cabeça, a ponto de obrigá-lo a mudar de carroceria e se tornar um cosmopolita. 

O povoado já não está mais deserto. A estrada foi pavimentada recentemente com a chegada do que pode ser o vizinho mais desagradável que o Ecosport já teve: o Chevrolet Tracker, importado do México. Por enquanto só a versão mais cara do Ford, a Titanium 2.0 com transmissão automatizada Powershift será perturbada, pois o Tracker veio apenas na versão LTZ com câmbio automático e motor 1.8. A possível LT com câmbio manual e motor 1.6 deve chegar somente no ano que vem. 

Duas vezes desafiado pelo Duster aqui no Guscar, a participação do Ecosport deixou de ser um simples frente-a-frente para se tornar um comparativo grande, como o segmento de SUVs compactos se tornou. Era para eu reunir apenas os quatro principais (Ford Ecosport Titanium 2.0 Powershift, Chevrolet Tracker 1.8 LTZ, Renault Duster Tech Road 2.0 e Citroën Aircros Exclusive 1.6), mas chamei também os chineses derivados do antigo Toyota RAV4: Chery Tiggo 2.0 (recém-renovado) e Lifan X60 1.8 (recém-chegado). 

Como são mais usados na cidade, deixei de avaliar os ângulos de entrada e saída em trilhas fora de estrada. Os quatro protagonistas tiveram o preço cotado com câmbio automático, mas só três deles foram avaliados com este tipo de transmissão. O Aircross é a exceção porque a revista Carro, dona de todos os dados de teste (menos do Tracker, que é da Quatro Rodas), só o testou com o câmbio manual, único disponível para os dois chineses.

Foi um comparativo equilibrado (mesmo com os chineses nas duas últimas posições), no qual todos ganharam pelo menos um item.


6º Chery Tiggo 2.0 



Importado do Uruguai, onde é montado com peças prontas da China, o Tiggo foi o primeiro utilitário esportivo mandarim a chegar ao Brasil, em 2010. Recentemente passou por um face-lift, que mudou os seus faróis, grade e capô, mas ele continua com o visual do Toyota RAV4 velho, embora seja o que tem mais cara de off-road autêntico. Em seu país de origem, o Tiggo já ganhou uma nova geração. 

No Brasil ele ainda consegue ser o mais barato: custa R$ 52.990 (já aumentou, pois custava R$ 51.990) Foi a sua única vitória. Porém, é o que tem menos equipamentos de tecnologia. Nem câmbio automático ele oferece. Os itens de série eram os maiores atrativos dos chineses por aqui (e ainda são para os mais populares). Acontece que os nacionais também foram recebendo novos itens e os chineses ficaram desatualizados. O Tiggo só traz o básico: ar condicionado (manual), direção hidráulica, trio elétrico, sensor de estacionamento traseiro, freios ABS, airbags frontais (que serão obrigatórios a partir de janeiro) e som com MP3. Piloto automático, airbags laterais, ar digital, sensor de chuva e de faróis e um sistema multimídia já fazem falta. 

O porta-malas de 435 litros é o segundo maior, perdendo para os 475 litros do Renault Duster. O Tiggo é um dos únicos com estepe na tampa do porta-malas, mas só ele tem cobertura do pneu em alumínio de série. Nos outros são acessórios. O problema é que a tampa abre para o lado direito, pois foi projetado para mercados com a mão inglesa, enquanto os rivais foram projetados para a nossa mão.


O consumo de 8 km/litro na cidade e 11,9 km/l na estrada foi outro bom resultado do Chery, que só não foi melhor que o do conterrâneo X60. Mérito do motor exclusivamente a gasolina, enquanto os "nacionais" flex foram testados com álcool.

O motor 2.0 tem potência de 138 cavalos, a mesma do Duster 2.0 com gasolina, mas inferior aos 140 cv do Tracker 1.8 e os 141 cv do Ecosport 2.0. Pelo menos superou o 1.8 do Lifan (128 cv) e o fraco 1.6 do Aircross (115 cv).

Também em posição mediana ficaram o desempenho e o acabamento. O Tiggo acelera de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos (um décimo mais rápido que o Duster) e retomada entre 80 e 120 km/h em 14,5 segundos (aqui, o câmbio automático fez falta e só não é pior que o Lifan). Ficou atrás do Ecosport, Tracker e Duster. Já o acabamento tem bastante plástico duro, como todos os outros concorrentes, mas a qualidade do material é frágil. Mesmo assim, é melhor que o do Renault e do Lifan.

O acabamento deve ter colaborado para que o Tiggo fosse o mais barulhento dos SUV compactos deste comparativo, com ruído de 67,9 a 80 km/h. Foi o único item técnico (a lista de equipamentos fraca é culpa da importadora) em que o Chery ficou em último. Já a frenagem (28,3 metros também a 80 km/h, somente dez centímetros pior que o Ecosport, mas empatado tecnicamente), a assistência (105 concessionárias, rede maior apenas que as 45 da Lifan), o espaço interno mais folgado apenas que o Ecosport e o estilo copiado da segunda geração do Toyota RAV4 (ainda assim mais moderno que o do Lifan) não foram os piores do comparativo mas pesaram na sua última colocação.

FICHA TÉCNICA

Motor: Quatro cilindros, transversal, gasolina, 1.971 cm³, 16 válvulas
Potência: 138 cv
Câmbio: Manual de 5 marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,7 segundos (Revista Carro)
Velocidade máxima: 170 km/h (fabricante)
Consumo: 8 km/l na cidade e 11,9 km/l na estrada (Carro)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,39/1,77/1,71/2,51m
Porta-malas: 435 litros
Tanque de combustível: 55 litros
Preço:  R$ 52.990


5º Lifan X60 1.8 16v



Por enquanto, o título de melhor utilitário esportivo chinês é do Lifan X60, que também vem do Uruguai em CKD. Contra os SUVs pequenos das marcas que fabricam no país ficou seis pontos atrás do pior deles, o Renault Duster. Os últimos lugares no estilo, no acabamento com plásticos de baixa qualidade, desempenho (aceleração de 0 a 100 km/h em 12,8 seg. e retomada entre 80 e 120 km/h em 15,2 seg) e o pouco número de concessionárias da Lifan (apenas 45) contribuíram para o penúltimo lugar. Pelo menos a Lifan é o único que oferece cinco anos de garantia, enquanto todos os outros disponibilizam três.

Mas o chinês da marca que agora atua de forma independente no Brasil conseguiu ganhar dois itens. O espaço interno é um deles. Superou até o Duster, que tem distância entre-eixos maior (2,67 contra 2.60m). A outra vitória foi no consumo de 8,2 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada, graças ao motor 1.8 16v de 128 cavalos, exclusivamente a gasolina, que só é mais potente que o 1.6 FlexStart do Aircross (115 e 122 cv).


O Lifan também se saiu bem no preço de R$ 54.777 (dois mil a mais do que quando foi lançado em agosto), mais caro apenas que o Tiggo. Já a frenagem de 26,5 metros a 80 km/h perdeu somente para os 25,5m do Duster, embora tenha ficado empatado tecnicamente com o Aircross, que fez 26,2m. O porta-malas de 405 litros, entretanto, é o terceiro melhor, também praticamente igual aos 403 do outro francês, o Citroën Aircross, e atrás do Renault (475 lts) e do Tiggo (520 lts). Ao contrário do conterrâneo da Chery, o X60 não tem estepe externo e a tampa se abre para cima.

Assim como o ruído de 63,7 decibéis a 80 km/h, a lista de equipamentos de série também é mediana. Tem o básico como ar condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, freios ABS, airbags frontais e som com MP3. Os bancos em couro, sensores traseiros de estacionamento e de faróis, além do sistema multimídia touch screen com navegador GPS e DVD levam o X60 a ter uma lista melhor que a do Tiggo e do Duster.

Se o Lifan X60 ficou à frente do seu conterrâneo Tiggo ele tem que agradecer ao critério do comparativo que atribui pontos de acordo com a classificação entre os seis modelos, mas basta fazer um confronto direto na tabela lá embaixo que você verá que ele perderia para o Chery por 7 a 5. Coisas da matemática.

FICHA TÉCNICA

Motor: Quatro cilindros, transversal, gasolina, 1.794 cm³, 16 válvulas
Potência: 128 cv
Câmbio: Manual de 5 marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,8 segundos (revista Carro)
Velocidade máxima: 170 km/h (fabricante)
Consumo: 8,2 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada (Carro)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,32/1,79/1,69/2,60m
Porta-malas: 405 litros
Tanque de combustível: 55 litros
Preço:  R$ 54.777



4º Renault Duster Tech Road 2.0 Automático 



Projetado pela romena Dacia, o Duster, com o seu estilo de jipe soviético dos anos 80, foi o único que ameaçou o reinado do Ecosport. Isto no mercado, onde chegou a ultrapassar o rival na época do seu lançamento em 2011 e hoje está em segundo, com 4.842 unidades vendidas em setembro contra 5.537 do Ford, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). São menos de setecentos carros de diferença. Já no comparativo... o Duster foi o pior dos quatro SUVs "nacionais". Pior até que o monovolume Aircross.

O consumo, entretanto, foi o único item em que o Duster ficou em último. Segundo a revista Carro, a média do Dynamique automático é de 4,5 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada. Mas o acabamento rústico e os equipamentos de série triviais também contribuíram para o mal resultado.

Os plásticos são muito duros e ásperos. O Duster só é melhor que a sofisticação enganosa do Lifan, mas ficou atrás até do Chery Tiggo. Já a lista de equipamentos não tem muita inovação. Só traz o básico: ar condicionado, direção hidráulica, bancos e volante com ajuste de altura, trio elétrico, computador de bordo, freios ABS, airbags frontais e sensor de estacionamento traseiro. O sistema multimídia com GPS é exclusivo da série especial Tech Road, que custa R$ 65.900. Quem optar pela tradicional Dynamique paga R$ 65.050, terá mais valorização na hora de revender, mas vai ter que se contentar com o CD Player com MP3 e Bluetooth. O Duster também ficou entre os chineses, mas com o Lifan na frente (este tem bancos em couro, DVD e acendimento automático dos faróis) e o Tiggo atrás.


O Duster se destacou apenas na frenagem de 25,5 metros a 80 km/h, a melhor entre os seis, e no porta-malas de 475 litros. O espaço interno, porém, é menor que no Lifan, mesmo com o Renault tendo a maior distância entre-eixos de 2,67m.

Em terceiro lugar ficaram os 138 cavalos com gasolina e 142 cv com álcool do motor HiFlex 2.0, o desempenho na aceleração de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos e retomada entre 80 e 120 km/h em 9,5 segundos, o nível de ruído de 63,2 decibéis a 80 km/h e as 200 concessionárias da rede de assistência. A garantia é de 3 anos.

O Duster nasceu na Europa pensado para o Brasil, onde foi visto como o primeiro concorrente ideal para o Ford Ecosport. Em comum, eles têm as mesmas opções de motor 1.6 e 2.0. Aliás, ambos são os únicos destes seis com dois tipos de cilindrada, assim como oferta de tração nas quatro rodas, sem conseguir combinar com o câmbio automático (no caso do Ford). As versões 4x4 deles só têm câmbio manual.

Como os chineses não oferecem câmbio automático e eu só tenho dados de teste do Aircross manual, a transmissão não contou pontos, mas a do Duster, de apenas quatro marchas, fica ao lado do Citroën como a mais simples, enquanto o Tracker e o Ecosport (automatizado de dupla embreagem) têm seis velocidades.

O Duster ganhou um face-lift para o mercado europeu e espera-se que a mudança chegue ao Brasil no ano que vem para que o SUV da Renault possa melhorar a sua situação entre os concorrentes. Pelo menos no acabamento e na lista de equipamentos.

FICHA TÉCNICA

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.998 cm³, 16 válvulas
Potência: 138 cv (gasolina) e 142 cv (álcool)
Câmbio: Automático de 4 marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,8 segundos (revista Carro, com álcool)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo: 4,5 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada (Carro, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,31/1,82/1,70/2,67m
Porta-malas: 475 litros
Tanque de combustível: 50 litros
Preço:  R$ 65.050 (Dynamique) / R$ 75.900 (Tech Road)


3º Citroën Aircross Exclusive 1.6 16v Automático



Ok, ok. O Citroën Aircross é mais um monovolume do que um utilitário esportivo. Aliás, ele chegou ao nosso país um ano antes do C3 Picasso, que é a sua verdadeira base. Mas ficou tão bem com o visual de aventureiro, com direito a estepe na tampa traseira, que até mereceu participar do comparativo. E ainda vende mais que a matriz. É o terceiro mais bonito, depois do Ecosport e do Chevrolet Tracker.

O Citroën fluminense (é produzido em Porto Real) foi o melhor apenas no nível de ruído a 80 km/h, fazendo média, segundo a Carro, de 61,3 decibéis. Outros três bons resultados o Aircross obteve na frenagem, a mesma velocidade, de 26,2m (apenas 30 cm a menos que o Lifan X60, com quem empatou tecnicamente), no acabamento mais refinado (apesar dos plásticos duros) e na lista de equipamentos de série, superada apenas pelo Ecosport e dividida em qualidade com o Tracker.

Na versão Exclusive (há também a GLX), o Aircross tem ar condicionado digital, porta-luvas refrigerado, trio elétrico, som com CD, MP3, Bluetooth e comandos no volante, piloto automático, freios ABS, airbags frontais, sensor de estacionamento traseiro, sensores de chuva e faróis e parte externa dos bancos em couro. O navegador GPS é opcional e de série no Chevrolet, que ainda tem câmera de ré, mas não oferece sensores de faróis e chuva e seu ar condicionado é manual. Ambos oferecem airbags laterais como opcionais.

A versão com transmissão automática sequencial de quatro velocidades custa R$ 62.290. Com o GPS, o preço aumenta para R$ 64.690. Isso sem contar as opções de pintura metálica (prata, preto, ferrugem, vermelho e vinho) que custam 1.240 reais. O Exclusive manual, como o testado pela Carro, sai por R$ 57.690, enquanto o GLX sai por R$ 52.290 (manual) e R$ 56.900 (automático). Há ainda a série especial Atacama, para todas as versões, que custa cerca de 800 reais e não tem nada além de proteção nos para-choques, cobertura do estepe com o nome da versão e barras no teto transversais. Pelo menos o Duster Tech Road tem o atrativo do GPS. Mesmo assim, o Aircross só é mais caro que os dois utilitários chineses. A garantia é de três anos e a assistência tem 165 concessionárias.

O espaço interno do Aircross só é menor que o do X60 e do Duster. Já o porta-malas de 403 litros também é menor que o do Lifan, mas pode ser considerado empate no terceiro lugar, atrás do Tiggo e novamente do Duster.

O consumo de 5,7 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada é praticamente igual ao do Tracker. Ambos só são mais econômicos que o Duster. Para quem tem o motor menor (só há o 1.6 16v Flex), mais fraco (rende 115 e 122 cv) e foi testado com câmbio manual, o Aircross obteve uma boa retomada entre 80 e 120 km/h: 11,6 segundos, o suficiente para deixar o Lifan X60 na lanterna da classificação do desempenho. A aceleração de 0 a 100 km/h ficou praticamente igual a do chinês, embora um décimo mais lenta: 12,9 contra 12,8 segundos.

O terceiro lugar em um comparativo de aparentes utilitários esportivos mostrou que a Citroën tomou a decisão certa de vestir o monovolume C3 Picasso com adereços de fora de estrada.

FICHA TÉCNICA

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.587 cm³, 16 válvulas
Potência: 115 cv (gasolina) e 122 cv (álcool)
Câmbio: automático sequencial de 4 marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,9 segundos (revista Carro, com álcool)
Velocidade máxima: km/h (fabricante)
Consumo Médio: 5,7 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada (Carro, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,28/1,72/1,70/2,54 m
Porta-malas: 403 litros
Tanque: 55 litros
Preços: R$ 62.290 (básico) / R$ 64.690 (completo)



2º Chevrolet Tracker LTZ 1.8 16v



A chegada do Chevrolet Tracker ao Brasil, utilitário esportivo compacto globalizado da General Motors, será discreta. Contrariando a regra da vida profissional, mas normal no mercado automobilístico, ele começa por cima, na versão mais cara LTZ, com o mesmo motor Ecotec Flex 1.8 do sedã médio Cruze e câmbio automático de seis marchas, para atacar o Ecosport top, o Titanium 2.0 com câmbio automatizado PowerShift de dupla embreagem. Isso justifica eu ter escolhido incluir também o Duster 2.0 para disputar contra o Aircross 1.6, que só tem esse motor.

Se a briga no mercado será discreta, aqui no comparativo o Tracker deu trabalho ao Ecosport. Empatou em pontos com o seu principal rival no primeiro lugar, mas perdeu a disputa por ter vencido dois itens enquanto o Ford ganhou quatro. O mexicano se destacou no acabamento (mais pela montagem e qualidade dos plásticos duros do que pelo requinte do interior) e na rede de 600 concessionárias da Chevrolet.

Outros bons resultados foram no motor de 140/144 cv, no desempenho nas provas de aceleração (11,3 seg.) e retomada (8 segundos), no estilo musculoso e moderno e na lista de equipamentos de série, que tem ar condicionado manual, trio elétrico, computador de bordo, piloto automático, o sistema multimídia MyLink que inclui Bluetooth, rádio, GPS e câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, volante multifuncional, bancos em couro sintético, regulagem lombar elétrica dos bancos, airbags frontais, freios ABS. Airbags laterais e de cortina e teto solar são opcionais. O câmbio automático tem botão na alavanca para mudanças sequenciais (uma posição incômoda). Em todos estas situações o Tracker só perdeu para o Ecosport, mas nos equipamentos ficou empatado com o Aircross.


No consumo (6,4 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada), frenagem (27,9 metros) e espaço interno ele ficou em posições intermediárias. Vale lembrar que os números de teste do Tracker são da revista Quatro Rodas enquanto os outros são da Carro, mas não há diferença gritante.

O Chevrolet não ficou em último lugar em nenhum item, ao contrário do rival, que ficou em três. Seus piores resultados (penúltimos lugares) foram no nível de ruído (64,1 decibéis a 80 km/h), porta-malas (306 litros) e no preço de R$ 72 mil. Completo, chega a R$ 75.500, mas ainda fica mais barato que o Ecosport porque este tem o nível Titanium Plus, por R$ 77.690.

Vice-campeão, o Tracker perdeu por critérios técnicos para o Ecosport e suas vendas podem ficar prejudicadas pela cota imposta aos veículos mexicanos, mas o provável lançamento do Tracker LT deve colocar mais pimenta na disputa.

FICHA TÉCNICA 


Motores: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.796 cm³, 16 válvulas 
Potência: 140 cv (gasolina) e 144 cv (álcool)
Câmbio: automático sequencial de 6 marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,3 segundos (Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: 189 km/h (fabricante)
Consumo: 6,4 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada (Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,25/1,78/1,65/2,55 m
Porta-malas: 306 litros
Tanque: 53 litros
Preços: R$ 71.990 (LTZ básico) / R$ 75.490 (LTZ completo)


1º Ford Ecosport Titanium 2.0 Powershift



Totalmente renovado no ano passado e dentro do padrão mundial da Ford o Ecosport, pioneiro entre os utilitários compactos, se tornou o mais chamativo e atraente do segmento, com linhas angulosas e grade enorme e agressiva, garantindo uma das quatro vitórias determinantes para a manutenção da sua coroa.

Ninguém tem o motor mais potente que o seu Duratec 2.0 16v Flex, com 141 cavalos com gasolina e 147cv com álcool. O desempenho também é o melhor, com aceleração de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos e retomada 80-120 km/h em 7,3 segundos. A performance pode ser creditada à notável transmissão automatizada PowerShift de dupla embreagem e seis marchas.

A última vitória foi na lista de equipamentos da versão Titanium, a top escolhida especialmente para enfrentar o Tracker. Vem de série com ar condicionado digital, direção elétrica, trio elétrico, o sistema multimídia Sync (com a ressalva da tela ser pequena e monocromática e sem GPS), piloto automático com controle no volante e itens que os outros cinco do comparativo não têm, como controles de estabilidade e tração, sistema de partida sem chave e assistente de partida em rampa, daí a melhor lista. O Titanium também tem o pacote Plus, que adiciona airbags laterais e de cortina e bancos em couro.


Por outro lado, oferecer mais equipamentos que a concorrência teve um preço e o Ecosport é o carro mais caro dos seis: custa R$ 73.990, sem pintura metálica, que acrescenta mais 1.085 reais. O Titanium Plus sai por R$ 77.690. O Ecosport 2.0 também tem as versões SE, por R$ 64.990 e Freestyle, por R$ 68.990. Sem falar na oferta da tração 4x4, que é exclusiva da Freestyle com câmbio manual.

O espaço interno mais apertado para as pernas e o menor porta-malas (296 litros), além da frenagem de 28,2 metros, só dez centímetros melhor que o lanterna Tiggo, também quase complicaram a vida do Ecosport. Com mais últimos lugares do que o Eco só o quinto colocado Lifan X60, que foi o pior em quatro itens.

O segundo lugar em nível de ruído (62,9 decibéis a 80 km/h, perdeu apenas para os 61,3 dB do Aircross) e assistência (374 concessionárias contra 600 da Chevrolet) e a terceira posição no consumo (5,7 km/l na cidade e 10,7 km/l na estrada) e no acabamento permitiram o empate em pontos com o Tracker, mas os quatro itens ganhos garantiram a vitória que poderia ter sido mais folgada.

Não foi de forma tranquila, mas o Ford Ecosport ainda é o rei dos utilitários esportivos compactos no primeiro grande comparativo deste segmento que cresceu nos últimos dois anos e ainda vai crescer mais até o fim do próximo ano, com a chegada de mais chineses e os franceses Renault Captur e Peugeot 2008. Estes dois com mais chances de destronar o primeiro morador do pedaço.

FICHA TÉCNICA 

Motore Quatro cilindros, transversal, flex, 1.999 cm³, 16 válvulas 
Potência: 141 cv (gasolina) e 147 cv (álcool)
Câmbio: automatizado Powershift de dupla embreagem e 6 marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,7 seg. (Carro, com álcool)
Velocidade máxima: 180 km/h (todos, fabricante)
Consumo: 5,7 km/l na cidade e 10,7 km/l na estrada (Carro, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,24/1,77/1,69/2,52 m
Porta-malas: 296 litros
Tanque: 52 litros
Preços: R$ 73.990 (Titanium) / R$ 77.690 (Titanium Plus)