Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Gustavo do Carmo e Divulgação
A Willys-Overland do Brasil iniciou suas atividades em 1954, montando o Jeep Universal, o veículo que a matriz americana, fundada em 1907, projetou para a locomoção dos soldados na Segunda Guerra Mundial.
Em 1959, com incentivo do governo de Juscelino Kubitschek para impulsionar a indústria automobilística nacional, a Willys começou a produzir o Dauphine, sedã compacto oriundo da Renault francesa, que foi seu primeiro carro de passeio em nosso país.
Finalmente, em 1960, para ampliar o leque de opções da montadora, foi lançado o sedã luxuoso Aero. O nome dos modelos vinham antes da marca e, portanto, ficou mais conhecido como Aero Willys.
O Aero era uma linha de veículos lançada nos Estados Unidos em 1952. Com chassi monobloco e carroceria de duas ou quatro portas, com ou sem coluna central e motor de quatro ou seis cilindros em linha, o modelo tinha estrutura comparada aos modernos aviões a jato, conceito chamado de aeroframe, daí o seu nome. Lá, tinha as versões Lark, Wing, Ace e Eagle. Depois surgiu o cupê Bermuda, cuja frente do modelo 1955 foi adotada no Aero Willys brasileiro, que só tinha quatro portas.
A dianteira tinha uma abertura na parte de cima e uma grade na parte inferior. Tudo cromado e envolvido por um único de par de faróis redondos, também com moldura prateada, assim como o para-choque. A lateral era arredondada. Mesmo conceito usado na traseira, cujo vidro era envolvente (nos Estados Unidos era opcional). Media 4,70m de comprimento, 1,59m de altura e 1,82m de largura.
No interior, os bancos acomodavam seis pessoas: o motorista e dois caronas na frente e três passageiros atrás. O painel era simples, com um único instrumento - o velocímetro, que agrupava os marcadores de temperatura e combustível, luzes-espia, cinzeiro e o porta-luvas. Para 1962 recebeu estofamento no painel, assim como novas rodas, calotas, frisos nas laterais e cores (deixava de ser bicolor, em estilo "saia e blusa").
O câmbio tinha três marchas. As maçanetas e manivelas dos vidros eram cromadas. O porta-malas tinha capacidade aproximada para 460 litros. O motor era o mesmo do Jeep, com seis cilindros em linha de 2.6 litros, carburação simples, que rendia 90 cavalos de potência. O concorrente principal era o Simca Chambord.
Em outubro de 1962 foi apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo um Aero Willys inteiramente novo, chamado 2600. As linhas arredondadas americanas dos anos 5o deram lugar ao estilo quadrado e reto da nova década, projetado no Brasil.
Porém, a suspensão, direção e o motor continuavam vindo do Jeep. No entanto, o bloco ganhou mais um carburador e a potência subiu para 110 cavalos. O interior passava a ter revestimento em madeira jacarandá e três mostradores no painel.
Em 1965 a traseira foi levemente alterada e os freios ficaram menos duros. No mesmo ano, a Willys decidiu criar uma versão de luxo do Aero, chamada Itamaraty, em homenagem ao Palácio de Brasília. Vinha equipada com itens sofisticados para a época, como bancos em couro e ar condicionado. A grade dianteira se diferenciava do Aero comum por ser inteiriça em vez de dividida. Era considerado um palácio sobre rodas. Outra versão ainda mais luxuosa seria apresentada no Salão de São Paulo de 1966, o Itamaraty Executivo, que nada mais era uma limousine, com carroceria alongada em parceria com a Karmann-Ghia.
O Executivo aumentou o comprimento de 4,81m para 5,52m. A versão top Especial tinha capacidade para oito passageiros (seis mais dois bancos retráteis) e era equipada com vidro de comando elétrico separando o compartimento do motorista da parte traseira, rádio com quatro faixas de onda, toca-fitas, apoio móvel para os pés, detalhes de acabamento em jacarandá maciço, vidros escurecidos e ar-condicionado -- direcionado, naturalmente, ao compartimento traseiro.
Pena que o motor ainda era o mesmo 2.6 de 110 cv. Mas no segundo ano de produção a Willys adotou um 3.0 de carburação dupla e 132 cavalos de potência. Novamente a grade foi modificada.
Em 1967 a Willys-Overland foi comprada pela Ford. O Aero Willys Itamarary chegou a receber um motor de 140 cavalos de potência, mas saiu de linha em 1972, para abrir espaço para o Ford Galaxie.
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