TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


No texto de apresentação do novo Toyota Corolla nacional eu disse que as marcas japonesas atualizam rapidamente os seus modelos no Brasil, ao contrário das quatro tradicionais. Foi citado também no texto que a Honda, de vez em quando, também dá as suas mancadas.

Bem, retiro o que tinha dito a respeito do Civic, pois a Honda já confirmou que o face-lift virá durante a Copa do Mundo. O Fit novo, por sua vez, já tinha sido anunciado no texto do Corolla. E aqui está ele, que chegou ao mercado antes do previsto na matéria escrita em julho do ano passado no Guscar.


O Fit ficou nitidamente mais esportivo na sua terceira geração, fabricada em Sumaré e em breve também em Itirapina, ambas em São Paulo. Na primeira, de 2003, ele era um monovolume magrinho. Na segunda, de 2008, ficou fortinho. Agora ele está maior (comprimento passou de 3,90 para 4 metros) e invocado por causa dos novos faróis horizontais separados por aplique na posição da grade, que no modelo brasileiro ficou cheio de relevos, um pouco aberto e com a tradicional "tiara" cromada sobre o emblema da Honda. As laterais ganharam vincos inclinados, como se fossem os nervos, na altura das maçanetas das portas e nos para-lamas. A traseira ficou um pouco poluída, com as lanternas verticais trapezoidais, acompanhados pela extensão ao redor dos vidros apenas com função estética, e uma faixa preta sobre a placa que ocupa toda a tampa do porta-malas. No modelo japonês esta faixa é cromada.


O interior melhorou de qualidade, embora tenha muitos plásticos duros. O estilo do painel é o mais reto da história de onze anos do Fit no Brasil e treze no Japão. As saídas de ar centrais lembram muito as do novo Toyota Corolla. A primeira das mancadas da Honda citadas no texto do Corolla foi não oferecer o ar condicionado digital com comando por toque e o GPS nem na versão top EX-L. Sequer um ar com botões convencionais foi disponibilizado. E a geração anterior tinha. Este novo tem sistema multimídia com câmera de ré em três ângulos, mas não tem navegador.


A maior qualidade interna do Fit está nos seus bancos. Começando pela visibilidade e espaço interno ampliados (distância entre-eixos passou de 2,50 para 2,53m). O tradicional sistema ULT agora se chama ULTRa Seat (abreviação de Utility, Long, Tall e Refresh) e passa incluir uma configuração de reclinação alinhada para os bancos (modo Refresh), deixando-os como camas. O tradicional rebatimento do assento do banco traseiro para objetos mais altos (Tall) agora se integra ao encosto.


O porém é que o ULTRa agora só é oferecido a partir da versão LX. Outra contrapartida foi a diminuição da capacidade do porta-malas, de 384 para 363 litros, que o deixa em vantagem apenas se comparado ao Ford Ecosport (que tem exatamente um litro a menos) e os hatches compactos premium. Contra utilitários como Citroën C3 Picasso, Chevrolet Spin e Fiat Idea ele fica atrás.


O Fit perdeu o motor 1.4 e agora todas as versões são movidas pelo mesmo 1.5 i-VTEC, com a potência mantida em 115 cv com gasolina e 116 cv com álcool. As únicas mudanças foram no comando de válvulas e na adoção do sistema automático de partida a frio (FlexOne), que dispensa o tanquinho de gasolina. A maior novidade mecânica foi a volta do câmbio automático de relações continuamente variáveis (CVT), destaque elogiado da primeira geração, mas ausente na segunda (que tinha automático comum) para cortar custos. A transmissão manual continua com cinco velocidades.


Segundo a revista Quatro Rodas, o Fit 1.5 com CVT acelera de 0 a 100 km/h em 11,5 segundos e recupera a velocidade entre 80 e 120 km/h em 7,6 segundos. O consumo é de 8,9 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada. A frenagem e o nível de ruído, ambos a 80 km/h são de, respectivamente, 25,9 metros e 61,8 decibéis. Os números foram obtidos com álcool. Outra ausência notada é o sistema ECON, que otimiza a economia de combustível, presente no Civic e no crossover CR-V.

Apesar da pouca potência contra os concorrentes com motor 1.6 ou 1.8, o 1.5 do Fit fez milagres. Comparado aos hatches premium como Chevrolet Sonic, Ford New Fiesta, Citroën C3 e Peugeot 208, o Honda é bom em aceleração, superior em retomada e consumo. A frenagem é mediana e o ruído elevado. Contra utilitários como Chevrolet Spin, Fiat Idea, Citroën C3 Picasso a avaliação é praticamente a mesma, só melhorando na frenagem e no ruído.


O novo Fit manteve a nomenclatura de todas as versões da linha 2014, com exceção da aventureira Twist. E ao começar a falar do preço e equipamentos é que vamos descobrindo a maior mancada do Honda: o custo-benefício. A básica DX manual custa razoáveis R$ 49.900, mas traz itens mais do que suficientes como ar condicionado, rodas de aço aro 15” com calotas, direção com assitência elétrica com volante regulável em altura, vidros e travas elétricos, airbags dianteiros, freios ABS (estes dois últimos obrigatórios por lei), cintos de segurança de três pontos para todos os ocupantes e pontos de ancoragem para assentos infantis compatíveis com os padrões Isofix e Latch. Com o câmbio CVT fica mais salgado por R$ 54.500.

Fit LX

A LX sai por R$ 54.200 o manual e R$ 58.800 com CVT. Adiciona rodas de alumínio aro 15”, alarme, travamento de portas a distância, retrovisores com controle elétrico, rádio com entrada USB e interface Bluetooth para celular e o sistema ULTRa.

Fit LX

As versões EX e EX-L são vendidas exclusivamente com o câmbio CVT. A primeira custa R$ 62.900 e inclui o sistema de áudio com tela TFT de 5”, câmera de ré, rodas de alumínio aro 16”, faróis de neblina, ajuste do volante também em distância e chave canivete. O EX-L fecha a lista com surreais R$ 65.900 e airbags laterais dianteiros, bancos revestidos em couro, retrovisores com repetidores das luzes de direção e iluminação do painel em azul em vez de âmbar. O Fit é mais caro e entrega menos equipamentos se comparado a maioria dos seus concorrentes. Só é mais vantajoso do que o Ford Ecosport e o Kia Soul.

Já é uma ladainha dizer que as marcas japonesas ainda respeitam o mercado brasileiro. Mas só na atualização estética dos modelos e no pós-venda. Porque na relação custo-benefício ainda precisa aprender muito. Principalmente o Fit.

Pontos Fortes

+ Estilo
+ Espaço interno
+ Desempenho
+ Consumo
+ Versatilidade dos bancos

Pontos Fracos

- Preço
- Equipamentos
- Ruído

FICHA TÉCNICA

Motores: Quatro cilindros em linha, transversal, flex, 1.497 cm³, 16 válvulas
Potência: 115 cv (gasolina) e 116 cv (álcool) 
Torque: 15,2 kgfm (G) e 15,3 kgfm (A)
Câmbio: Manual de cinco marchas (DX e LX) ou CVT (DX, LX, EX e EX-L) 
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,5 segundos (revista Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo: 8,9 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada (Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,00/1,69/1,53/2,53m
Porta-malas: 363 litros
Tanque: 46 litros
Preços:  R$ 49.900 (DX manual) / R$ 54.500 (DX CVT) / R$ 54.200 (LX manual) / R$ 58.800 (LX CVT) / R$ 62.900 (EX CVT) / R$ 65.900 (EX-L CVT)