Em 2001, a quarta geração do BMW Série 7 chocou o público com o estilo desalinhado do baú do porta-malas e o formato "triste" dos faróis, criados pelo designer norte-americano Chris Bangle. Até então, o maior e mais luxuoso sedã da marca alemã agradava pelas linhas sóbrias e elegantes.
Depois de 21 anos. a nova geração do sedã volta a criar polêmica com a grade exageradamente grande (gerando memes na internet de que, no futuro, só haverá a grade nos BMW) e os faróis em dois níveis (luzes diurnas no alto, com cristais Swarovski opcionais, e refletores nos para-choques), recurso estético de gosto duvidoso já visto no Jeep Cherokee, Fiat Toro e até no atual Renault Kwid, que deixaram a frente do novo sedã de luxo bem estranha.
Montagem bem-humorada que circula na internet |
A segunda geração do utilitário esportivo X7, que usa a mesma plataforma do luxuoso sedã, já havia estreado esse estilo semanas antes do Série 7. Mas num SUV fica mais harmonioso. No entanto, dizer que o novo Série 7 lembra vagamente o Rolls Royce Phantom pode até acalmar os ânimos dos puristas, pois seria uma honra comparar o BMW com a marca ultraluxuosa. Mas, ainda assim, continua estranho.
BMW X7 |
Rolls Royce Phantom |
Continuando as críticas, foi feita uma mistura de caída do teto suave com dois apliques em forma de bumerangue, um cromado e outro escuro junto ao recorte do vidro lateral traseiro. Outra combinação que não me agradou foi o capô longo demais com a traseira curta. Só as lanternas traseiras passaram no teste. As rodas chegam a 22 polegadas.
O interior não é chocante, mas já está banalizado com o recurso da bancada horizontal com quadro de instrumentos e sistema multimídia dispostos em duas telas também horizontais e curvas. Até o Série 3 adotou este formato em seu face-lift. Mas os fabricantes se viram nos 30 para criar um estilo diferenciado. No caso do Série 7, a bancada é elevada, para terminar na cobertura das duas telas, que têm 12,3 e 14,9 polegadas. O interior também é iluminado nas faixas do painel, portas e sob o console central. Claro que o acabamento tem materiais de alto padrão como couro, alumínio e plásticos emborrachados.
Mas o que importa no BMW Série 7 é o luxo e o conforto, principalmente para quem vai atrás, que é geralmente o proprietário. Ele e seu acompanhante têm, à disposição, tela de cinco polegadas e meia nos braços das portas (em substituição aos tablets) para comandar diversos recursos do carro como iluminação, temperatura do ar-condicionado, abertura ou fechamento das cortinas (teto, laterais e traseira), porta-luvas e a TV.
E por falar em TV, é, simplesmente, uma tela de 31,3 polegadas 8K, com Amazon Fire TV, que está instalada no teto do veículo. fazendo da traseira do habitáculo uma verdadeira sala de cinema. Mas quem quiser, pode ver algo diferente do companheiro de banco traseiro, inclusive com som independente (há dois fones bluetooth). É mais uma inovação de um modelo que já lançou mundialmente o navegador GPS (1994), a rosca de comando do sistema multimídia (2001) e o teto estrelado (2015).
Em relação ao som, o sistema dos Série 7 é um Bowers & Wilkins com 18 alto-falantes e 655 watts. No entanto, como opcional, a BMW oferece ainda um sistema da mesma marca, com 36 alto-falantes (quatro deles embutidos nos encostos de cabeça), efeito 4D e 1.965 watts.
O amplo espaço também permite que pessoas com mais de 1,80m cruzem as pernas. O porta-malas tem três tamanhos diferentes por causa do sistema de propulsão. Nas versões de motor exclusivamente a combustão tem 540 litros. Nas híbridas plug-in tem 525 litros e na elétrica, 500 litros. Sim, o novo Série 7 tem uma versão exclusivamente elétrica, para concorrer com o Mercedes EQS, chamada de i7. Mas disso eu falo mais à frente.
Antes, preciso falar que o novo Série 7 é um carro automático. A começar pelas portas, que se abrem sozinhas ao toque de um botão, e ainda têm sensores que interrompem a abertura ou fechamento em caso de obstáculos (carros e paredes). A automação continua no sistema de estacionamento, na manutenção em faixa e na condução em estradas, podendo o motorista tirar as mãos do volante em velocidades de até 126 km/h. Há ainda alertas visuais e sonoros, de condições de tráfego cruzado, riscos de colisão traseira e controle e prevenção de aproximação frontal, entre outras funções.
Todas as versões com motor a combustão têm câmbio automático de oito marchas e são híbridas leves, com motor elétrico de 48 volts, combinado aos diferentes motores que eu vou citar agora. A mais simples se chama 735i e tem motor 3.0 turbo de seis cilindros em linha a gasolina, totalizando 290 cv e 43,4 kgfm, acelerando de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos. Na 740i, o mesmo motor tem 385 cv e 55 kgfm, com tração integral. Vai de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos. O seis cilindros em linha também está presente na 740d xDrive, única movida a diesel, com 304 cv e 68,3 kgfm e tração integral. A aceleração é em 6,3 segundos. A top de linha da motorização a gasolina é a 760i xDrive, que tem propulsor V8 4.4 turbo, com 551 cavalos e 76,5 kgfm de torque e tração integral. Seu tempo de aceleração é de apenas 4,5 segundos.
Chegamos às versões híbridas carregáveis, que recebem a letra "e" depois do número. A mais simples é a 750e xDrive, que combina motor elétrico com um seis cilindros em linha turbo 3.0, totalizando 497 cv e 71,4 kgfm, com tração integral. Aceleração em 4,9 segundos. Já a 760e xDrive tem 579 cv e 81,6 kgfm, com tração integral, Acelera em 4,3 segundos.
Por fim, temos a totalmente elétrica i7, que é a que vai brigar com o EQS Sedan (a Mercedes lançou o SUV também), enquanto as demais competem com o Classe S. São dois motores que combinam a potência em 551 cv e o torque em 76 kgfm. A tração é integral. Segundo a BMW, com este conjunto, sedã pode ir de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos, atingir a velocidade máxima de 240 km/h e rodar até 625 km com uma carga (no ciclo europeu WLTP). A versão única será chamada de xDrive60.
O novo BMW Série 7 já está em pré-venda na Europa e seu lançamento no Brasil já está confirmado para o ano que vem. Mas as versões e preços ainda não foram definidos. A geração que será substituída não aparece mais no site da fabricante, mas no site Carros na Web ainda é cotada em 1,1 milhão na versão 760i. Dizer que é um sonho de consumo já é um clichê.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
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