A linha de veículos genuinamente elétricos da Mercedes-Benz já está bem ampla, enquanto as marcas mais populares ainda têm poucos modelos. Rivais da Mercedes, Audi (4 modelos - e-tron hatch, Sportback, GT e Q4) e BMW (3 - i3, ix e i4) começaram a ampliar a gama, mas ainda têm um pouco menos de opções que a marca alemã da estrela de três pontas, que possui seis modelos na Europa. 

EQA

EQB

EQC

EQV

Primeiro, surgiram os derivados dos utilitários esportivos GLA (EQA), GLB (EQB) e GLC (EQC). Depois, o EQV, derivado da van Classe V. Agora é a vez dos sedãs EQE e EQS, lançados praticamente juntos, mas com o sedã mais luxuoso da linha chegando ao mercado primeiro. E é dele que eu vou falar neste texto. 
EQE


Diferente dos SUVs, que têm praticamente o mesmo estilo dos modelos térmicos em que são baseados, os sedãs têm uma aparência mais esportiva e carroceria de alumínio fastback, com a tampa do porta-malas envolvendo também o vidro. Eles também estreiam a nova plataforma exclusiva para veículos elétricos MEA (Modular Eletric Architeture ou Arquitetura Modular Elétrica). Não preciso nem dizer que o EQS é a versão elétrica do Classe S, preciso? 


O EQS mede 5,21 metros de comprimento, 1,93 m de largura, 1,51 m de altura e 3,21 m de distância entre-eixos, a mesma do Classe S longo, que é maior em comprimento (5,29m) e mais largo (1,95 m), porém, é um pouquinho mais baixo (1,50m). O S curto mede 5,18 metros de comprimento e tem entre-eixos de 3,10 m.



Se o primeiro da linha, o EQC, assim como a van EQV, tem grade cheia de filetes finos com moldura e os EQA e EQB têm grade estilo black piano, no EQE e no EQS, a grade parece de vidro, com detalhes pontilhados de fundo, como em outros modelos a combustão da Mercedes. O coeficiente aerodinâmico é de 0,20 Cx. A futura versão esportiva 53 4 Motion+ ainda tem um charme mais: frisos verticais que remetem à entrada de ar do AMG GT. As lanternas traseiras, horizontais, finas e interligadas, têm um interessante arranjo de iluminação em zigue-zague. Os faróis são de LED e matriciais, podendo, opcionalmente, ter LEDs mais potentes e projetar imagens no asfalto. 


Mas é o interior que chama ainda mais atenção. Assim como os novos Jeep Grand Cherokee curto, Grand Wagoneer e os atuais modelos da Ferrari, que adotaram uma tela multimídia dedicada ao passageiro da frente, somada à tela central e o quadro de instrumentos eletrônico, o Mercedes EQS também tem a terceira tela. Só que, enquanto nas outras marcas as três telas são soltas pelo tablier, no EQS elas são integradas ao próprio painel. É como se o próprio fosse uma enorme tela de OLED, dividida em três módulos táteis que vibram quando são tocados (como em celulares mais sofisticados). No total são 17,7 polegadas. Os difusores de ar das extremidades são redondos e com aparência de turbina de avião. Já os centrais são horizontais, finos e contínuos, acima do painel. O console de assoalho flutuante reforça o estilo vanguardista do ambiente. 





No entanto, esse painel futurista, chamado MBUX Hyperscreen, é um opcional. O convencional é semelhante ao do Classe S, com a tela multimídia central vertical e separada do quadro de instrumentos em formato de tablet, e sem a tela do passageiro, que tem apenas um acabamento texturizado. Mas o console flutuante permanece e a máscara do painel tem as mesmas formas do Hyperscreen. Também cobrado a parte é o filtro de carbono ativado que neutraliza partículas que provocam mau cheiro e também alergia. 



No banco de trás, onde, com certeza, irá o dono do carro ou o diretor da empresa, há muito conforto e claridade, com teto panorâmico, ajustes, massagem e telas multimídias de 11,6 polegadas com sistema MBUX e Android (opcionais) atrás dos bancos dianteiros e um tablet a seu dispor no console central. 


As quatro portas (que não têm moldura) se abrem automaticamente (a do motorista por aproximação a 1,5 metros e se travam automaticamente quando o motorista engata o carro e as traseiras por controle remoto) e têm detector de ponto cego para abri-las somente quando o carro estiver em posição segura (evita aquele aviso do motorista "peraí, não abre agora não porque vem carro atrás!"). O porta-malas tem capacidade para 610 litros (expansíveis a 1.770 litros) e a tampa do porta-malas também se abre automaticamente. Já o capô, curiosamente, só pode ser aberto pelo mecânico na concessionária, ao fazer a assistência técnica. 


Voltando a falar do multimídia MBUX Hyperscreen, ele tem processador de 8 núcleos e 24 GB de memória RAM (o Classe S tem 16 GB). E tanto na frente quanto atrás, o sistema aprende as preferências dos ocupantes e pode ser operado por voz em linguagem coloquial, gestos e olhares. Em relação ao head up display, que projeta informações no para-brisa, além da versão convencional, que se concentra apenas acima do quadro de instrumentos, há uma opção de realidade aumentada que ocupa todo o vidro, com 77 polegadas. Pena que o quadro de instrumentos não é 3D como o Classe S. 

O som opcional é o premium Burmester, que para o EQS foi desenhado de maneira específica, levando em conta as características do habitáculo. Tem 15 alto-falantes e 15 canais separados de amplificador e 710 volts de potência. Os dois alto-falantes de graves estão embutidos na parede frontal do lado do motorista e é possível realizar ajustes específicos para zonas individuais do habitáculo. Há também um sistema de compensação de ruídos para que a música não perca a qualidade quando há a interferência de ruídos estranhos. Também há três tipos de som de natureza para relaxar: Ondas de prata (Silver Waves), Fluxo vivo (Vivid Flux) e Pulso Rugido (Roaring Pulse). 


Também não faltam os já esperados recursos de condução autônoma, como o Drive Pilot, que dispensa totalmente a atenção do motorista em vias expressas engarrafadas ou percursos com velocidades de até 60 km/h, pois o carro anda sozinho dentro da faixa e também reconhece imprevistos e é capaz de desviar ou frear automaticamente. Este sistema só estará disponível na Alemanha no ano que vem, pois é o único país europeu que regulamentou o nível 3 de condução autônoma. O Drive Pilot funciona através dos já habituais radares e sensores de ultrassom e também com sensores adicionais, uma câmera e vários microfones espalhados pela carroceria para detectar as sirenes dos veículos de emergência. O Drive Pilot só devolve a direção para o motorista em caso de extrema urgência. 


Em companhia ao Drive Pilot, o EQS também tem o Intelligent Park Pilot, que é o estacionamento automático em que o motorista não precisa estar dentro do carro. Nível 4 de autonomia que necessita de uma infraestrutura adequada para o assistente funcionar. Esse recurso foi previsto em 1990 pelo conceito Volkswagen Futura, um monovolume apresentado no Salão de São Paulo daquele ano. Na segurança, o destaque é o airbag central, já lançado no Classe S.  


O EQS já está à venda na Alemanha em duas versões: EQS 450+ e EQS 580 4Matic+. O primeiro tem apenas um motor traseiro com tração no mesmo eixo de 333 cavalos e torque de 460 Nm e custa € 106.374,10. Já o topo de linha 580 tem dois motores (um em cada eixo) com tração integral e potência combinada de 523 cv e torque de 855 Nm, que é vendido na terra natal por € 135.529,10. Ambos os motores são fabricados pela conterrânea Bosch. Em Portugal, o EQS custa €121.550 e 149.299,99, respectivamente. 


A versão mais apimentada e equivalente ao esportivo AMG, chamada de EQS 53 4Matic+, só vai chegar ao mercado europeu no ano que vem e terá dois motores com potência combinada de 658 cavalos, chegando a 761 cv com o pacote AMG.

EQS 53 4Matic+

A bateria é de íons de lítio, com duas opções de capacidade: 90 e 108 kWh, com potência máxima de recarga de 200 kW. Mas a de carga menor só chega ao mercado europeu em breve. A carga em 80% leva 31 minutos em postos de carregamento. Para carregar na garagem de casa, o comprador recebe um carregador de 11 kW, mas pode pedir opcionalmente um de 22 kW. Resta torcer para, que no futuro, a Mercedes não faça como as fabricantes de celulares, que não trazem mais os carregadores. 


O EQS 450+ acelera de 0 a 100 km/h em 6,2 segundos, enquanto o 580 demora apenas 4,3 segundos. Por ser tão rápido, o top de linha não tem a excepcional autonomia de 768 km da versão mais "barata". São apenas 671 km com consumo de 5,4 km/kWh. O 450+ gasta 1 kWh a cada 6,2 km. Ambos têm velocidade máxima a 210 km/h. O EQS 53 alcança os 220 km/h e 250 km/h, conforme a versão de potência. 


A suspensão é a ar com amortecedores de dureza variável. As rodas traseiras também esterçam (no sentido oposto ou alinhadas ao eixo da frente) a até 4,5 graus, podendo chegar a 10º se o proprietário pagar uma assinatura. As molas pneumáticas mantêm a mesma altura em relação ao piso, independente da carga, assim como pode subir em baixas velocidades e descer em altas velocidades. Mas não terá a suspensão E-Active Body Control, que o Classe S tem, que se adapta ao estado da calçada graças a uma série de sensores que lêem a pista. 


O principal concorrente do Mercedes EQS é o Tesla Model S, que, mesmo já tendo dois motores e tração integral de série (€ 100.990 em Portugal) e uma outra versão de três motores (€ 130.990), é mais barato. Porsche Taycan (€ 89.263 a 193.399) e Audi e-tron GT (€ 108.193) têm perfil mais esportivo. E também são mais baratos. 


Fabricado em Sindelfingen, na Alemanha, na planta chamada Factory 56, mesmo local de onde saem o Classe S e o Maybach, o EQS deve chegar ao Brasil no ano que vem, já ultrapassando o milhão de reais em preço. 

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO, COM INFORMAÇÕES DO SITE ESPANHOL KM77.COM  FOTOS: DIVULGAÇÃO