Todas as montadoras do mundo, da Volkswagen a Ferrari (em breve), já aderiram à moda dos SUVs. Algumas, como Audi, BMW e Mercedes, já têm modelos do gênero em todos os segmentos. E tem aquelas que somente agora estão partindo para a segunda investida nos utilitários. 

É o caso da Alfa Romeo, que já tinha o Stelvio desde 2016 e agora lançou o Tonale, modelo menor que o irmão mais velho (4,53 contra 4,69 metros) e focado na tecnologia híbrida. Tem a mesma plataforma do Jeep Renegade e vai concorrer justamente com os SUVs compactos do trio alemão: Audi Q3, BMW X1 e Mercedes GLA. 

O estilo arredondado e musculoso lembra o Stelvio, mas com diferenças nos detalhes. Os faróis do Tonale são retos, finos e com luzes triplas, contornadas de forma ondulada por LEDs. O cuore característico do marca é menor, mais elevado e com moldura cromada ou preta. O conjunto lembra o antigo sedã 159. A janela lateral traseira tem recorte ascendente e pontudo na parte superior, protuberância na área das maçanetas e, atrás, as lanternas são horizontais, mais finas, também com refletores triplos, lembrando um cardiograma, além de um friso iluminado as interligando. As rodas com elementos circulares são tradicionais na Alfa Romeo. 


No Stelvio, os faróis têm formato de bumerangue, com um único refletor, a ponta das janelas é um pouco mais baixa, os músculos estão abaixo das maçanetas e as lanternas traseiras são mais arredondadas e em formato de gota. 



Alfa Romeo Stelvio

O interior é semelhante nos dois crossovers da Alfa Romeo: painel preto, de plástico e couro com detalhes em aço escovado e ligeiramente voltado para o motorista, com as saídas de ar centrais horizontais e as das extremidades circulares. A diferença é que o Tonale é mais atualizado, com tela multimídia flutuante e quadro de instrumentos virtuais, que, pelo menos, tem a capela mais elaborada, ondulada. também respeitando a tradição da marca.


O espaço interno é adequado para quatro passageiros de 1,80 metros, que têm a disposição saídas de ar, tomadas 12V e entradas USB dos tipos A e C. Ainda não foi divulgada a distância entre-eixos. O porta-malas das versões híbridas leves e inteiramente a combustão é de 500 litros e na híbrida plug-in é de 455 litros, por causa das baterias. 


O Tonale só chegará ao mercado europeu, de fato, no mês que vem, em edição especial (ou Edizione Speciale, como é chamada oficialmente), custando 39 mil euros e que trará de série rodas de 20 polegadas, faróis de LED matriciais, abertura e partida sem chave, tampa do porta-malas aberta pelo pé, sistema multimídia com tela de 10,25 polegadas com navegador e compatível com Android Auto e Apple Car Play, conexão de internet 4G, carregador de smartphone por indução, programador de velocidade ativo, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré, sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, sistema de manutenção em faixa, piloto automático adaptativo, controlador de distância para o veículo da frente, detector de veículos em ângulo morto, frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, detector de fadiga e câmeras 360º. As versões de acabamento definitivas serão chamadas de Super e Ti. A primeira terá o pacote Sprint e a top, o pacote Veloce. 

Aliás, o sistema multimídia, chamado UConnect 5, também tem o Alexa, o assistente virtual da Amazon, que permite dar comandos do carro para a casa e vice-versa. Há ainda um aplicativo que faz do smartphone a chave do carro, permitindo destravar e ligar o motor, além de avisar que alguém está usando o utilitário. 

A Edizione Speciale de lançamento do Alfa Romeo Tonale terá propulsão híbrida, mas sem carregamento na tomada. O sistema é semelhante aos Toyota Corolla e Cross, com um motor a gasolina, 1.5 turbo de 131 cavalos, combinado com um motor elétrico de 20 cavalos, 48 volts e 5,5 kgfm, que apoia o motor a combustão, mas pode ser utilizado sozinho em velocidades inferiores a 30 km/h. A bateria tem 0,8 kWh de capacidade e é carregada pela energia regenerativa da frenagem ou pelo motor a gasolina. 


Quando começar a ser vendido nas concessionárias europeias em junho, chegará, ao mesmo tempo a mesma versão híbrida leve com 160 cavalos de potência. Em agosto chegará o 1.6 Turbodiesel de 130 cavalos e, no final do ano, a versão híbrida plug-in (carregável na tomada) com o mesmo 1.3 turbo a gasolina de 182 cv do Jeep Compass 4xe, que move as rodas da frente, e o motor elétrico de 136 cv, que impulsiona o eixo traseiro. A potência combinada é de 275 cv. A bateria tem capacidade de 15,5 kWh e pode ser carregada em até duas horas e meia em uma corrente de até 7,4 kW. A autonomia no modo elétrico é de apenas 60 km. Haverá ainda um Tonale com motor somente a gasolina, 2.0 turbo de quatro cilindros, de 259 cv e 35,3 kgfm.

Os Tonale híbridos leves têm tração dianteira e câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas. O diesel também tem quase a mesma configuração, só que o câmbio tem apenas seis marchas. Já o híbrido carregável na tomada tem tração integral e câmbio automático de verdade com seis velocidades. O movido a gasolina tem tração nas quatro rodas sob responsabilidade da transmissão automática de nove marchas. 

Voltando ao Tonale híbrido plug-in, a versão tem três modos de direção, chamados de DNA pela Alfa Romeo: Natural, Potência Dupla (PHEV)/Dinâmico e Eficiência Avançada. No primeiro, os dois motores trabalham de forma equilibrada. No modo duplo, os dois propulsores trabalham em suas capacidades máximas e no último, somente o motor elétrico trabalha, até consumir os 60 km de autonomia. O sistema DNA também seleciona o amortecimento da suspensão entre Comfort, que deixa a suspensão mais macia, e Sport, que deixa a suspensão mais dura. O Tonale híbrido plug-in acelera de 0 a 100 km/h em 6,2 segundos. 


O Tonale será produzido na unidade de Pomigliano D'Arco, em Nápoles, na Itália, construída nos anos 1970 para fabricar o antigo hatch médio Alfasud e que foi reformada para montar o utilitário esportivo. 

Além da Alfa Romeo estar ausente do mercado brasileiro há duas décadas, com promessas não cumpridas de retorno, a Stellantis mal consegue lidar com a Citroën e a Peugeot, marcas francesas do grupo e só tem olhos para a Fiat, a Jeep e a Ram. Logo, a vinda do Tonale para o Brasil chega a ser uma utopia, assim como a vinda da Opel. 


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO