Já fazia algum tempo que a Kia prometia um utilitário esportivo compacto para o mercado brasileiro. Stonic e Seltos eram os candidatos mais fortes. Veio o Stonic primeiro, que é importado direto da Coreia do Sul e construído sobre a plataforma do boicotado Rio (será que foi por ter o mesmo nome do nosso estado brasileiro?), que nunca pegou no mercado e já não é mais importado.
Porém, ao pesquisar sobre o novo modelo, que marca uma nova fase da marca sul-coreana em nosso país (tanto que foi o escolhido para inaugurar o novo logotipo Kia no Brasil, assim como o elétrico EV6 foi o primeiro do mundo a usar a nova identidade visual), confesso que me decepcionei com o seu porte, pois está mais para um concorrente do Fiat Pulse, ou seja, um hatch anabolizado, do que um SUV para concorrer com Volkswagen T-Cross e Jeep Renegade. O Stonic mede 4,14 metros de comprimento, enquanto o Pulse tem 4,10m. O Nivus é bem maior, mede 4,26m.
E será comparando com o Pulse - e também com o Nivus - que eu vou analisar o novo Kia Stonic, que chega com um diferencial: é levemente híbrido, pois o motor 1.0 turbo, semelhante aos rivais, trabalha em conjunto com um motor elétrico de 48 volts, que apenas auxilia no consumo e no desempenho e permite a função "velejar", em que o carro pode andar nas descidas com o motor a gasolina desligado.
Estilo
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O Stonic tem linhas retas, mas joviais, com a tradicional grade do focinho de tigre entre os faróis trapezoidais e para-choques parrudos. Dentro da grade há um outro friso com acabamento prateado, também remetendo ao nariz de tigre. A traseira tem lanternas curtas, que não poluem muito a tampa do porta-malas. O perfil tem janelas amplas com base levemente ascendente na traseira e coluna larga. Lembra até o Hyundai Creta e o novo Sportage. Alguns veem o Stonic como um mini-SUV. Eu o vejo como um hatch mais forte mesmo. E o estilo retilíneo pode até deixá-lo desatualizado mais rapidamente, mesmo com a opção de cores vivas, inclusive no teto diferenciado.
Acabamento
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O interior aparenta qualidade, com painel horizontal e tela flutuante. Apesar da faixa texturizada na área do carona, o acabamento é todo em plástico duro, inadmissível para um carro de quase 150 mil reais. Os instrumentos também não são atualizados como os principais concorrentes Nivus e Pulse, que já oferecem cluster inteiramente eletrônicos. No Stonic ainda são físicos e analógicos, com uma pequena tela de quatro polegadas no meio. Se não fosse pela textura, alguns porta-objetos forrados em borracha e carpete e o volante de base reta eu teria dado apenas uma estrela.
Espaço interno
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No espaço interno já começo a comparar o Stonic com os seus dois principais concorrentes: o Fiat Pulse e o Volkswagen Nivus. Embora o modelo da Kia tenha distância entre-eixos maior que eles (2,58m contra 2,53 e 2.57m, respectivamente), considerei as medições da revista Quatro Rodas. Sempre priorizando o espaço traseiro, para as pernas, o Stonic empata com o Fiat, com 89 cm, mas o supera com folga na altura, com 95 cm. O Pulse tem 90 cm e o Nivus, 94 cm. Poderia ganhar cinco estrelas, mas perdeu uma porque é mais estreito que os rivais, tanto na frente (146), quanto atrás (143). Não interfere na avaliação, mas o Stonic não tem saída de ar para o banco traseiro. Apenas uma única entrada USB.
Porta-malas
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Houve um tempo em que ter 300 litros no porta-malas era uma vantagem entre os hatches compactos. Mas para quem quer ser um SUV, os 325 litros do Stonic estão bem atrás do Pulse (370) e, principalmente, do Nivus (415). E a situação ficaria ainda pior se a Kia tivesse colocado um estepe, ainda que com rodas finas. Mas não tem por causa da bateria do pequeno motor elétrico. Se o pneu furar, o proprietário do Stonic só tem um kit de reparo.
Motor
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O Kia Stonic usa o mesmo tipo de motor dos principais concorrentes (Pulse e Nivus): um 1.0 turbo. Levaria vantagem por ter um pequeno motor elétrico. Levaria, porque, além de não ser flex, o propulsor só chega a 120 cavalos, enquanto os rivais têm acima de 125 cv (Nivus tem no máximo 128 cv com álccol e o Pulse chega aos 130 cv).
E o sul-coreano só chega aos 120 cv graças ao motor elétrico (conectado ao mesmo propulsor dos Hyundai HB20 e Creta por uma correia dentada), pois o conjunto a gasolina sozinho só vai até os 118 cv, que consegue ser mais potente que o Nivus com o petróleo (116 cv).
Câmbio
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Tem um câmbio automatizado de dupla embreagem de sete marchas (DCT) banhado a óleo, o que diminui os trancos comuns neste tipo de transmissão. Não é um CVT como o do Pulse, mas é mais moderno que os antigos Powershift da Ford e tem mais marchas que o automático convencional do Nivus.
Desempenho
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Nas provas de aceleração de 0 a 100 km/h (12,5 segundos) e retomada de 80 a 120 km/h (9.5 seg.) da revista Quatro Rodas, o Stonic ficou atrás dos seus rivais Pulse e Nivus, que aceleraram em 9,88 e 11,18, respectivamente, e retomaram em 8,01 e 7,57 segundos. Pelo menos, a velocidade de 190 km/h, divulgada pela Kia, é um pouco superior a concorrência.
Consumo
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Nos números de consumo da Quatro Rodas, a média de 13,1 km/litro na cidade é excelente, mas os 16,1 km/l na estrada não impressionam tanto (eu esperava uns 17 ou 18 km/l). Mesmo assim, ficou bem à frente dos dois concorrentes constantemente citados aqui na análise. O papel do motor elétrico nesta economia de combustível cabe a função "velejar", que desliga o motor quando se tira o pé do acelerador nas descidas.
Segurança
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Mesmo custando mais de R$ 145 mil, o Kia Stonic não traz recursos de autonomia como manutenção em faixa, leitor de sinal de trânsito, piloto automático adaptativo e, muito menos, frenagem de emergência. Pelo menos, ele tem seis airbags (frontais, laterais e de cortina), acendimento automático dos faróis, piloto automático comum, câmera de ré, controles de tração e estabilidade, ganchos ISOFIX e assistente de partida em rampa, que são praticamente obrigatórios e o que evitou que ele ganhasse apenas uma estrela.
Isso porque o Stonic ficou atrás em todas as provas de frenagem da Quatro Rodas, contra Pulse e Nivus. Se imobiliza completamente depois de 14,2 metros a 60 km/h, 25,2 metros a 80 km/h e 56,6 metros a 120 km/h. Já os dois rivais param na faixa dos 13 metros a 60 km/h. O Fiat para em 24,2 metros a 80 km/h e 53,6 m a 120 km/h, enquanto que o modelo da Volkswagen se imobiliza em impressionantes 19,4 metros e 50,7 metros.
Nível de ruído (Conforto)
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Das quatro medições de ruído (ponto morto, neutro ou rotação máxima, 80 e 120 km/h), o Stonic só é mais barulhento que o Nivus a 80 km/h (64,1 a 63,3 decibéis), justamente a prova mais importante. Nas demais supera os dois, obtendo 38,4 dBA em ponto morto, 62,6 dBA em rotação máxima e 69,3 dBA a 120 km/h. O ruído é bom, mas não é o melhor de todos.
Preço
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Muito alto. Começou a ser vendido por R$ 149.990, mas com a redução do IPI, conseguiu baixar para R$ 147.990 (se não for apreciado, como diz um certo blog defensor da Volkswagen, e voltar ao valor original) na versão única, chamada SX. Mesmo assim, continua muito acima de Nivus (R$ 139.520 na versão Highline, a mais completa e com pintura Cinza Moonstone) e Pulse (R$ 131.556 na versão Impetus com a pintura perolizada Branco Alaska).
A única pintura sem custo do Stonic é a sólida Branco Claro inteira. As cores vivas azul (Esportivo), amarelo (Máximo) e vermelho (Alerta) custam R$ 2.500, assim como a Cinza Perene e Preto Aurora, sendo que esta última é a única perolizada. As opções bicolores, com teto e coluna de cores diferenciadas custam R$ 4.300, mesmo na branca com teto preto ou vermelho (poderia custar 2.500 reais). As pinturas do teto seguem o mesmo nome da carroceria. As cores vivas só têm teto preto e a cinza tem vermelho e amarelo, a combinação mais chamativa. Curiosamente, a carroceria preta não tem opção de cor diferenciada. Nem oferecer todas as combinações de cores a Kia foi capaz.
Equipamentos
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Além de caro, o Kia Stonic oferece menos do que os concorrentes. Só ganhou duas estrelas porque, pelo menos, oferece seis airbags (o Pulse só tem quatro), piloto automático, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, câmera de ré, sistema multimídia com Android e Apple, retrovisores elétricos com rebatimento automático, ar condicionado digital e os itens de segurança já citados no tópico respectivo. Mas o pareamento com Android e Apple ainda é feito com cabo, os bancos só têm couro nas extremidades e o freio de estacionamento é na mão mesmo.
Recursos de auxílio a condução como frenagem automática, alerta de manutenção em faixa estão presentes no Pulse, que também tem carregador por indução, quadro de instrumentos eletrônico, bancos inteiramente revestidos em couro, entrada e partida sem chave e sensor de estacionamento dianteiro. Destes, o Nivus só não tem manutenção em faixa, mas traz detector de fadiga do motorista, bancos em couro sintético, sensores de chuva e faróis. Mas o Kia Stonic não tem nada disto.
Conclusão (Média 2,83 estrelas)
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O Kia Stonic já tinha me decepcionado por ser apenas um hatch anabolizado em vez de um SUV compacto de verdade. E, ao analisar as suas características, o meu desapontamento se confirma. Tem acabamento simples demais para a sua faixa de preço, porta-malas pequeno, motor e desempenho fracos, frenagem alta, além de caro e pouco equipado. Só vale pelo consumo, conforto e espaço interno, que atenuaram os defeitos do Stonic, o deixando com uma média razoável.
Que venham logo o EV6 elétrico e o Sportagr híbrido, porque, se depender do Stonic, o primeiro passo da eletrificação da Kia no Brasil não será bem sucedido.
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