Como o utilitário esportivo RAV4, o Toyota Corolla também chegou ao Brasil em versão híbrida. Mas a semelhança acaba por aí. Para começar, o sedã médio é bem mais bonito que o SUV, mesmo com o estilo mais conservador que o rival Honda Civic.

E o Corolla tem motor flex (1.8) fazendo parte da propulsão híbrida, o primeiro carro a usar o sistema no mundo. Aliás, o motor simplesmente Flex 2.0 é inteiramente novo: com ciclo Atkinson e injeção mista (direta e indireta), disponível desde a versão básica GLi, que custa R$ 99.990. Além desta, o novo Corolla tem as versões XEi 2.0 (R$ 110.990), Altis 2.0 (R$ 124.990), Altis Hybrid Flex (R$ 124.990) e Altis Hybrid Flex Premium (R$ 130.990).


Estilo

O novo Corolla usa a plataforma GA-C, integrante da família TNGA, projetada para usar motorização híbrida. Apesar de não ser tão arrojada quanto o Honda Civic, a carroceria está mais moderna e chamativa, com vincos no capô, ausência de grade entre os faróis e luzes diurnas de LED em toda a linha. O emblema da versão híbrida tem fundo azul. A base das janelas não é mais nitidamente ascendente.  A elevação é mais sutil e o desenho das janelas termina num aplique semelhante ao Chevrolet Cruze. A traseira é mais curta e tem lanternas horizontais em LED (full-led nas versões Altis) e tridimensionais. O comprimento aumentou em um centímetro (agora 4,63m), mas a altura baixou três centímetros (agora 1,46m). Largura (1,78m) e distância entre-eixos (2,70m) continuam com as mesmas medidas.

Corolla Hybrid

Corolla XEi


Acabamento

O interior mudou bastante e está mais sofisticado. O reloginho digital estilo anos 80 foi aposentado. O desenho do painel continua reto, mas a tela multimídia está mais destacada, embora não totalmente flutuante, já que tem um volume de suporte atrás. O quadro de instrumentos agora é eletrônico, mas só na versão Hybrid. Os materiais estão mais macios comparados ao modelo antigo. Os bancos dianteiros estão mais anatômicos e com o apoio de cabeça tão próximo que parece um banco alto.

Corolla Altis
Corolla XEi


Espaço Interno e Porta-malas

Com a manutenção da distância entre-eixos em 2,70m, o espaço interno também é o mesmo: folgado para quem tem 1,60m e até 1,70m. O túnel central não é muito elevado e também acomoda bem quem vai no meio. O deslize é a falta de uma saída de ar condicionado para o banco traseiro, algo que até alguns modelos compactos têm. A capacidade do porta-malas também permanece com 470 litros. A haste "pescoço de ganso" continua roubando espaço.




Motor

O novo Corolla tem duas opções de motorização. E ambas com novidades. A principal delas é o sistema híbrido, composto por dois motores elétricos na dianteira, que passaram por ajustes para partidas a frio, com temperaturas abaixo de 15º C, e o motor a combustão, 1.8 de ciclo Atkinson, basicamente o mesmo do Prius, que é movido somente com gasolina. Os motores elétricos rendem juntos 72 cavalos de potência e torque de 16,6 kgfm. No Corolla é flex, usado pela primeira vez num carro híbrido no mundo, tem 98 cavalos com gasolina e 101 cv com álcool. A potência combinada, que não é a soma dos três motores, é de 122 cv. Na parte inferior da carroceria estão localizadas as duas baterias que têm apenas 3 km de autonomia no modo puramente elétrico e não é plug in. Ela é carregada com o motor flex e pela regeneração de energia da frenagem.

Corolla Hybrid

Como o Corolla ainda é o único sedã médio com motorização híbrida do mercado, não dá para comparar sua potência com as dos concorrentes Honda Civic e Chevrolet Cruze, que recentemente, passou por um face-lift e ganhou internet a bordo.

Contra estes, o Corolla mais indicado é o 2.0 Flex, que também é um novo motor. Agora chamado de Dynamic Force Dual VVT-iE, também tem ciclo Atkinson, passa a contar com sistema de injeção mista (direta e indireta), um motor elétrico para o comando das válvulas de admissão e rende 177 cavalos de potência com álcool e 169 cv a gasolina. O antigo entregava respectivamente 154 e 143 cv.  Agora sim, está bem mais potente que os rivais, que continuam na faixa dos 150 cavalos, no caso o Civic 2.0. E o Cruze ainda é turbo. O Civic turbo tem 173 cavalos só a gasolina, chegando a ser superior ao Corolla.

Corolla 2.0 Dynamic Force Dual VVT-iE

Câmbio 

O CVT do Corolla 2.0 agora simula 10 marchas. Já o do Hybrid é planetário (Transaxle), sem correias e polias e só tem uma marcha.


Desempenho

Como referido no tópico do motor, ainda não dá para comparar potência, desempenho e consumo do Corolla Hybrid com os rivais. Mesmo assim, não deixo de informar a aceleração de 0 a 100 km/h, que é de 13,5 segundos, a retomada entre 80 e 120 km/h em 9,9 segundos, dados da revista Quatro Rodas, e a velocidade máxima, limitada a 180 km/h pelo fabricante.

Já os números do 2.0 (aceleração em 9,7 segundos e retomada em 6,4 segundos, também pela Quatro Rodas) são muito bons e só perdem para o Chevrolet Cruze Turbo.


Consumo

O consumo do 2.0, porém, é fraco. Com 11,9 km/l na cidade e 15,5 km/l na estrada, na soma (27,4 km/l), fica atrás do Civic e do Cruze, ambos turbinados. Só é melhor que o do Kia Cerato 2.0. Sensacional, mesmo, só o consumo do Hybrid (20 km/l na cidade e 18,4 km/l na estrada).




Frenagem

A frenagem do Corolla 2.0 a 80 km/h, de 23,7 metros, é bem superior a dos concorrentes. Cruze, Civic e Cerato ficaram na faixa dos 25 metros, com os dois primeiros em 25,1 m. No Hybrid, a parada é cumprida em 25,5 metros, à frente apenas do Cerato, que fez em 25,8 m.


Nível de ruído

O ruído do Corolla 2.0 a 80 km/h é de 63,6 decibéis. Infelizmente, acima dos rivais da Honda e da Chevrolet, ambos na faixa dos 62 dB. A Quatro Rodas não divulgou o ruído do Kia Cerato e nem do Corolla Hybrid. Deste último, o número que eu tenho é da revista Carro (60,1 decibéis), aí sim, superior à concorrência. 






Equipamentos

Como já foi dito na introdução, o novo Toyota Corolla tem, no total, cinco versões de equipamento. A básica continua sendo a GLi, que agora vem mais equipada, com luz diurna com acendimento automático, direção elétrica progressiva, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, sete airbags, câmera de ré, controle de tração e estabilidade, bancos de couro e tecido, rodas de 16 polegadas, ar-condicionado manual e volante com comandos de som.

A XEi adiciona rodas de 17 polegadas, piloto automático, bancos revestidos de couro preto, modo Sport, chave presencial, faróis de neblina, retrovisor eletrocrômico e ar-condicionado digital.

A Altis 2.0 traz teto solar, faróis Bi-LED, bancos com regulagem elétrica, rebatimento automático dos retrovisores, sensor de chuva, lanternas traseiras de LED e pacote Toyota Safety Sense (piloto automático adaptativo, farol alto automático, alerta de desvio de faixa e frenagem autônoma de emergência) como itens de série.

O Altis Hybrid tem o pacote Premium (Toyota Safety Sense, teto solar, interior em bege e marrom, rodas de 17 polegadas e grade em black piano) opcional. Mesmo assim, traz comandos de voz, painel de instrumentos com tela de 7 polegadas e ar-condicionado digital de duas zonas, que o 2.0 não tem, além de central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay e piloto automático.



Conclusão 

O Altis Hybrid chama a atenção pela novidade da propulsão híbrida, mas em custo-benefício, podemos chamar o Altis 2.0 de mais atraente. Contra os rivais, o 2.0 se destaca na potência do motor e na frenagem, enquanto o Hybrid encanta no consumo.


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTAS QUATRO RODAS E CARRO (NÍVEL DE RUÍDO DO HYBRID)