A Ford apresentou no Salão de Genebra de 1989 um protótipo do Fiesta com três portas laterais, mas quem teve coragem de vender tal conceito no mercado foi a Hyundai, vinte e um anos depois. Era o Veloster, cupê no lado do motorista e hatch esportivo no lado dos passageiros.
No Brasil, o Veloster ganhou o apelido de "Lentoster" pela escolha errada do motor para importação. Em vez do 1.6 GDi de injeção direta, que rendia 140 cavalos, trouxe o esportivo com um 1.6 comum, de apenas 128 cavalos, que seria usado um ano depois no hatch compacto HB20. Pior que o motor fraco foi a desonestidade da representante da marca no país de divulgá-lo com o motor mais potente, o que gerou até processos por propaganda enganosa.
Quando muitos pensaram que o Veloster não teria sucessor, inclusive no exterior, eis que a Hyundai apresentou no último Salão de Detroit a segunda geração, com estilo e tecnologia atualizados, do seu esportivo de dupla personalidade.
Suas linhas estão ainda mais esportivas. Teto e capô ficaram mais baixos. Os faróis, agora em LED, estão menores e com lente escurecida. A grade hexagonal, que já existia na antiga versão Turbo (inexistente no Brasil), ficou com contornos arredondados. Atrás, as lanternais traseiras ficaram mais pontudas e agora acompanham o desenho do vidro e da coluna C. Também ganharam iluminação em LED com elementos internos tridimensionais e uma extensão na tampa do porta-malas, onde antes havia um forte vinco triangular. Aliás, a traseira está mais reta e não tão arredondada como na primeira geração. O para-choque se destaca mais que a tampa. Ele também tem vários vincos que destacam as luzes de neblina e moldam seu estilo. A proteção inferior de plástico também ficou maior.
O interior é padronizado com os recentes lançamentos internacionais da Hyundai como o Kona e o novo i30, mas com uma certa personalidade. As saídas de ar centrais do painel são assimétricas e cercam a tela multimídia (de sete ou oito polegadas) destacada. Também se sobressai o quadro de instrumentos, que ainda é físico e não aderiu à moda dos instrumentos totalmente eletrônicos. Os bancos têm opções de tecido, mistura de tecido e couro e totalmente couro. Atrás, o Veloster aparenta ser bem espaçoso, mas continua oferecendo apenas dois lugares, com o centro do banco mantendo os dois porta-copos.
Na lista de equipamentos atualizados, o Veloster poderá ter head up display, multimídia com Android Auto e Apple Car Play, carregador de smartphone sem fio, câmera de ré, faróis de LED com assistente de facho alto, aviso de saída de faixa com correção, alerta de colisão frontal, detector de fadiga, sistema de vetorização de torque, piloto automático adaptativo, entre outros.
Na parte mecânica, as versões comuns possuem a opção do motor 2.0 16v de 150 cavalos e o 1.6 Turbo de 202 cv. O câmbio pode ser manual ou automático de seis marchas, sendo automatizado com dupla embreagem no Veloster Turbo 1.6.
Haverá ainda a versão superesportiva N (divisão de alta performance da Hyundai), com motor turbo 2.0 de 280 cavalos, câmbio manual de seis marchas, diferencial eletrônico de deslizamento limitado e seletor de modos de condução (que ajustam as respostas do acelerador, direção, suspensão e sistema de escape). Esteticamente, o Veloster N se destaca pelas rodas de 18 ou 19 polegadas, entradas de ar mais amplas, detalhes estéticos na cor vermelha, kit aerodinâmico mais agressivo, difusor traseiro, aerofólio, sistema de escape com dupla ponteira. Por dentro, bancos esportivos, volante “N” exclusivo e indicador de troca de marcha no painel. Acelera até 100 km/h em 6,1 segundos.
Não há previsão de sua vinda ao Brasil. A versão N, provavelmente, não virá. Se vier, será como carro de imagem. Além dos motores anunciados na versão internacional, a ser fabricada em Ulsan, na Coreia do Sul, já a partir de março, a Hyundai CAOA do Brasil tem à disposição o 2.0 Flex de 157/167 cavalos usado no Elantra e no ix35. São motores para o Veloster, enfim, fazer jus ao seu nome e abandonar de vez aquele velho apelido "maldoso".
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
Originalmente publicado em 25 de fevereiro de 2018
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