Com linhas retas, vidros dianteiro e traseiro amplos, traseira curta e alta dominada pelas lanternas e capô longo (que escondia um motor V12 5.0) com as tradicionais narinas da BMW em tamanho minúsculo, formado pela lataria, acima do para-choque e cercado pelos faróis de neblina e as luzes de direção, o Série 8 foi apresentado em 1989 para substituir o Série 6, sucesso nos anos 70.

Apesar dos faróis retráteis estarem fora de moda hoje em dia, o cupê esportivo - que não tinha moldura dos vidros nas suas duas portas e na lateral traseira (que abaixava) - ainda tem um estilo bem atual e atraente. Por isso, é lembrado por fãs da marca e também de todos os automóveis, inclusive este que vos escreve, que possui uma miniatura preta da Maisto em escala 1:18, aliás, o primeiro da minha coleção (também tenho um vinho de escala 1:43 do Auto Collection da Editora Del Prado).


Série 8 1989

Vinte e nove anos depois, o BMW Série 8 renasce com um novo estilo para substituir o Série 6, revivido nos anos 2000. Suas linhas estão ainda mais arredondadas. 


As janelas laterais reduziram bastante o tamanho e à frente das portas, no para-lamas, há uma entrada de ar. Os faróis pop-up deram lugar a um conjunto ótico afilado, delineado por luzes de LED na parte superior, numa posição zangada e moldando os dois refletores. A iluminação pode ser a laser, como opcional. A grade dupla da marca ficou bem maior e cada lado é hexagonal, um novo padrão estético lançado no crossover compacto X2. As aletas dobradas se movem automaticamente, dependendo do fluxo do vento e da velocidade, para controlar a refrigeração do motor e a aerodinâmica. O para-choque dianteiro é tipicamente esportivo, com três grandes aberturas, um recorte visto até no Honda Fit. Mas o traseiro tem um arranjo bem inovador, misturando-se à tampa do porta-malas, Tem vincos e entradas de ar na parte inferior e nos cantos, na lataria. As lanternas atrás são horizontais e zangadas, também assinadas por luzes de LED. Sobre a tampa do porta-malas está embutido um aerofólio que se funde com o culote lateral. O vidro de trás está bem mais deitado.



A versão básica 840d mede 4,84m de comprimento, 1,34m de altura e 1,90m de largura. A distância entre-eixos é de 2,82m. Mas a M850i, por causa dos apêndices aerodinâmicos diferenciados, é um centímetro mais longa e alta. A largura, entretanto, é a mesma. A plataforma é feita de alumínio, magnésio e fibra de carbono, material que, junto com plástico, pode estar (é opcional) presente no teto, nas tomadas de ar e na carcaça dos retrovisores externos e nos aerofólios. 



O interior se afasta do padrão horizontal de outros modelos da BMW e adota um estilo vertical, com a parte central descendente, lembrando até o antigo Série 8. Claro que o modelo 2019 tem o sistema multimídia BMW 7.0, que estreou no utilitário X5, com a tela sensível ao toque de 10,25 polegadas, levemente destacada, como os demais modelos da marca. O monitor também pode ser operado pelo botão giratório no console. O quadro de instrumentos também está no Século XXI e é eletrônico, através de uma tela de 12,3 polegadas. O volante de três braços agora é muito mais tecnológico que o Série 8 original. No acabamento, muito couro e detalhes cromados. O novo Série 8 tem capacidade para apenas quatro lugares, sendo dois atrás. O porta-malas de 420 litros pode ser ampliado com o rebatimento dos encostos dos bancos traseiros.






O novo cupê é equipado com projetor de instrumentos no para-brisa, bancos em couro com regulagem elétrica e memória, carregador de smartphone por indução magnética (opcional), programador de velocidade ativo (até 210 km/h e o motorista pode reassumir a direção em 30 segundos), alerta de saída involuntária de faixa com correção automática, sistema de estacionamento automático, câmera de visão 360º e sistema Start-Stop avançado (também opcional) que, com sensores integrados ao piloto automático, avalia o melhor momento de desligar o motor e não apenas quando para nos sinais de trânsito, como acontece nos modelos mais simples.


Na fase de lançamento, haverá duas versões de motor. Mas nada do imponente motor de doze cilindros da primeira geração. O futuro M8 terá um V8 biturbo mais apimentado. A mais simples é movida a diesel, chamada 840d xDrive, tem um de seis cilindros em linha 3.0 com turbo e injeção direta de 320 cavalos. Acelera de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos e tem consumo médio de 16,9 km/litro. 

A versão completa é a M850i xDrive, com um V8 4.4, também biturbo, a gasolina (que sem o turbo equipava o antigo 840i) e também com injeção direta, de 530 cv. Acelera em 3,7 segundos e tem consumo de 10 km/l. 

Ambos têm a velocidade limitada a 250 km/h e o motor é montado na posição longitudinal, como manda a tradição da BMW. 


O câmbio automático é genuíno (com conversor de torque), tem oito marchas e possibilidade de mudança manual nas borboletas atrás do volante. O nome xDrive nas duas versões representa a tração integral que, em ótimas condições de aderência, envia toda a força do motor para as rodas traseiras. Quando identifica uma perda de tração nas rodas traseiras, conecta as dianteiras mediante uma embreagem multidisco de controle eletrônico. 

O M850i tem de série no eixo traseiro um diferencial de deslizamento limitado, também controlado eletronicamente, para otimizar a distribuição de torque entre as rodas traseiras nas curvas. 



Aliás, estas se movem em até 2,5 graus. Até 72 km/h, a inclinam no sentido oposto às dianteiras e a partir desta velocidade giram no mesmo sentido. Mas, ao ativar os modos Sport ou Sport +, a velocidade de giro passa a ser de 88 km/h.

O Série 8 tem outros dois modos de condução: Ecopro e Comfort. Os quatro modos, no total, alteram a resposta do motor, câmbio, tração e dos amortecedores, que têm dureza variável. O M850i tem como opcional barras estabilizadoras ativas, com a regulagem da torção feita por um motor elétrico. Em breve, o BMW Série 8 também terá uma inédita versão conversível de fábrica (os que existiam eram protótipos ou modificados). 



TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO