O nome Blazer já tem quase meio século de história na Chevrolet. O utilitário surgiu nos Estados Unidos em 1969, como uma versão duas portas da grandalhona Suburban (equivalente à nossa Veraneio),  por sua vez derivada das antigas picapes C. Teve mais uma geração derivada da picape full size da marca e outras duas derivadas da compacta S10 (1982 e 1994). No Brasil, só teve uma única geração, com vários face-lifts, de 1995 a 2013. 




Quando a S10 americana deu lugar à Colorado em 2002, a Blazer passou a se chamar Trailblazer. Mas saiu de linha em 2010 e o nome passou a designar as versões da segunda geração da Colorado para o mercado asiático, aqui mantendo o nome de S10. A versão fechada também passou a se chamar Trailblazer em nosso país.

A Blazer pura e simples está voltando ao mercado norte-americano, muito mais esportiva que utilitário. Embora vá ter uma versão mais luxuosa, a Premier, com a frente de gravata dourada e grade horizontal com detalhes cromados, a maior atração do novo crossover é a versão RS, com frente nitidamente inspirada no face-lift do Camaro SS vendido nos Estados Unidos: emblema preto com contorno prateado e (enorme) grade com telas onduladas. As duas versões têm, em comum, as luzes diurnas de LED na parte superior e os faróis no para-choque.



Na lateral reta, impressionam os vincos que parecem cortar a linha de cintura (o recorte das janelas é ascendente) em direção a traseira. O aplique preto na coluna em diagonal lembra um corte na pele. O diâmetro das rodas varia entre 18 e 21 polegadas, dependendo da versão e opcionais. A traseira recorre às já manjadas lanternas horizontais com aplique na tampa do porta-malas, mas um detalhe dá um toque invocado: a régua da placa tem duas pernas, criando um bigode de mestre samurai. Na parte em baixo relevo, está localizada a placa de licença. O vidro é bem inclinado e se mescla com a moldura na lateral e o tal "corte". A plataforma é do Cadillac XT5, mas motor e câmbio estão montados na posição transversal e não na longitudinal, como no modelo da marca luxuosa da GM.


O interior também se inspirou no cupê esportivo através das saídas de ar centrais circulares na parte inferior, quase junto ao console do assoalho. A tela multimídia de 8 polegadas do novo sistema My Link 3, com Apple, Android e OnStar, é levemente destacada no painel. O quadro de instrumentos, entretanto, é mais discreto que o do Camaro, mas também tem cluster digital. O volante não tem base reta como o cupê. Os bancos têm costuras vermelhas na versão RS. 


Na lista de equipamentos estão o sistema de monitoramento em 360 graus, controle de cruzeiro adaptativo, câmera-guia para engate do reboque, controle dinâmico de estabilidade de reboque, alerta de faixa com correção, frenagem automática de emergência, alerta de colisão, banco traseiro com ajuste de distância, entre outros.


A nova Blazer terá, na fase de lançamento, dois motores Ecotec a gasolina, com a tecnologia de injeção direta SIDI: um 2.5 de 194 cavalos e torque de 25,9 kgfm e um V6 3.6 de 309 cv e 37 kgfm. O de quatro cilindros é o mesmo da nossa S10, embora esta seja flex e mais potente com gasolina. Em breve será lançado um 2.0 Turbo. O câmbio é o mesmo automático de nove marchas do Equinox (poderia ter ganhado o de dez do novo Camaro, que é compartilhado com o Ford Mustang).

A tração integral (AWD) será opcional e permite o desligamento do eixo traseiro, como já acontece na Equinox vendida aqui. A suspensão traseira é multilink e a capacidade de reboque é de 2.040 kg. O modelo ainda tem o Traction Select, que é um seletor de modos de condução que podem ser acionados com o carro em movimento, este disponível de série também no 2.5 FWD.

A nova Blazer será fabricada na unidade mexicana de Ramos Arizpe, onde dividirá a linha de montagem com o Equinox, que vem para o nosso mercado de lá, e o Cruze (o nosso vem da Argentina). A sua vinda para o Brasil, onde se posicionaria entre o Equinox e a Trailblazer, depende da estratégia dos executivos da General Motors. Mas seria interessante que os brasileiros pudessem ter em sua garagem o "SUV do Camaro" ou o "Camaro dos SUVs". 


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO