Os utilitários comerciais, ou melhor, as vans comerciais são marginalizadas no Brasil há muitos anos. A de maior sucesso foi produzida com a mesma carroceria e dois face-lifts durante 56 anos: a Kombi. Até houve muitos modelos, mas numa mesma época foram poucas opções e demora na atualização.
Entretanto, desde 2015 temos visto algumas novidades. Uma delas é a Mercedes-Benz Vito, menor que a Sprinter, esta um sucesso de vendas desde a reabertura das importações na década de 1990. Ambas são fabricadas na Argentina. No ano passado chegou a dupla Peugeot Expert e Citroën Jumpy, também menores que a Boxer e Jumper, respectivamente.
O Guscar compara agora duas destas três vans (ou furgões) médias para carga, que podem ser dirigidas por quem tem a carteira de habilitação comum, de categoria B: a Vito e a Jumpy, movidas a diesel (apesar do atual momento do país não ser propício para este combustível). A Peugeot Expert é exatamente a mesma Jumpy, com o mesmo motor, preço e oferta de equipamentos, mudando apenas a grade e os faróis, característicos da marca do leão. E a superioridade da van francesa fabricada no Uruguai foi absurda, conforme veremos no confronto.
À primeira vista são dois furgões de estilo semelhante e moderno. Mas ao nos depararmos melhor com cada uma, percebemos um desenho mais atualizado na Citroën Jumpy, com uma frente com detalhes cromados que invadem os faróis, dentro do estilo dos últimos carros de passeio da marca francesa. E a plataforma modular EMP2 é a mesma usada em modelos como Citroën C4 Picasso e Peugeot 3008/5008. A Peugeot Expert é ainda mais moderna, com direito aos faróis rasgados. Na Vito o desenho é trivial e mais rústico, com a moldura da grade e respectivas aletas pintadas em preto fosco. Só a versão para passageiros, chamada Tourer, tem a moldura na cor do carro e ainda assim só na versão Luxo. Até na idade, a franco-uruguaia leva vantagem: foi lançada no ano passado (2017) enquanto a alemã data de 2014.
Apesar do desenho próprio, as duas se equivalem no interior com plástico duro no painel, mas a Vito leva ligeira vantagem por aparentar mais cuidado no acabamento das portas e uma aparência melhor de requinte.
Espaço interno para motorista, caronas e carga
No espaço interno para os ocupantes das vans, a Mercedes Vito leva a sua última vantagem, ainda que pequena, baseada na largura (1,928 metros contra 1,92m, sem os espelhos retrovisores). Já para as bagagens a vantagem é toda da Jumpy, que tem 6,6 m³ de área, graças ao Moduwork, levantamento do assento do banco do carona vendido como opcional. Sem o recurso são 6,1 m³, ainda superior. A área de carga ainda tem 2,86m de comprimento (4,02m com o banco levantado) e a capacidade de carga é de 1.519 kg. No Vito estas medidas estão em 6 m³, 2,83m e 1.225 kg.
Motor, Câmbio, Desempenho e Consumo
Jumpy e Vito têm motor e transmissão semelhantes: um 1.6 turbodiesel com intercooler, câmbio manual de seis marchas e tração dianteira. A Citroën tem apenas um cavalo a mais na potência, 115 contra 114, mas o torque é 2,5 kgfm mais forte que a rival argentina, digo, alemã: 30 contra 27,5 kgfm. A diferença pode ser pouca, mas começa aqui a avassaladora vitória da Jumpy sobre a Vito.
Segundo a revista Carro, a Jumpy acelera de 0 a 100 km/h em 13,09 segundos e tem retomada entre 80 e 120 km/h em 10,15 segundos, enquanto a Vito cumpre o percurso em 15,10 segundos e 12,24, respectivamente.
No consumo, medido pela mesma publicação, a Citroën fez média de 16,2 km/l na cidade e 17,6 km/l na estrada, totalizando 33,8 km/l na soma dos percursos. Na Mercedes a combinação ficou em 25,9 (10,7 km/l na cidade e 15,2 km/l na estrada).
Jumpy 7x2
Frenagem e Ruído
A Jumpy continua a sua superioridade na frenagem e no ruído, ambos a 80 km/h e ainda pela Carro, que obteve, respectivamente 28,10 metros e 63,5 decibéis. Na Vito os resultados ficaram em 29,77 metros e 67,8 decibéis.
Jumpy 9x2
Preço, Equipamentos e Assistência
A Mercedes não informa o preço da Vito em seu site. Já entrei em contato com uma concessionária e não obtive informação. Quando foi lançada, em 2015, foi divulgado que a versão com ar condicionado custava R$ 109.990. Passaram-se três anos, houve inflação, mas não consegui apurar o preço atualizado. A FIPE cota o modelo 0 km aparece cotado a R$ 110.237.
Atualizado ou não, a Vito sempre foi mais cara que a Jumpy, que custa R$ 94.290 na versão completa Pack que vem equipada com ar condicionado, airbags frontais, controle de estabilidade, assistente de partida em rampa, direção eletro-hidráulica, piloto automático, detector de fadiga, vidros e travas elétricos, volante regulável em altura e distância, Moduwork, mesa para trabalho, bancos com regulagem de altura, computador de bordo, rádio AM/FM, chave canivete com controle remoto, faróis de neblina, função "um-toque" para os vidros elétricos, travamento seletivo do compartimento de carga, retrovisores elétricos e tomada 12 volts no compartimento de carga.
A Vito tem metade desses itens, apenas rádio com conexão Bluetooth e entrada USB, controles de tração e estabilidade, vidros elétricos, assistentes de monitoramento de cansaço, de partida em rampa e de vento lateral e direção elétrica.
E no número de concessionárias, a Mercedes também sai perdendo: 136 contra 165.
Conclusão
Apesar do estilo e mecânica semelhantes, a Citroën Jumpy foi superior a Mercedes Vito. Só não esperava que a diferença entre as vans médias mais recentes do mercado brasileiro fosse tão abissal: 12x2 (a Mercedes só ganhou em espaço para os ocupantes e acabamento). Goleada assim o Guscar não tinha desde 2015, quando o Volkswagen Up! TSI venceu o Fiat Uno por 9x2.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
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