A Honda aproveitou o lançamento do Fiat Cronos e do Volkswagen Virtus para lançar o face-lift do seu sedã compacto City, prometendo esquentar uma briga que começou entre os dois novos sedãs compactos premium e tem como objetivo terminar com um dos três na liderança do mercado, atualmente nas mãos do antiquado do Chevrolet Cobalt.
Analisei Cronos Precision 1.8, Virtus Highline 1.0 TSI e City EXL 1.5, todos com câmbio automático, para saber quem tem mais qualidade para destronar o líder, que não participa deste comparativo, por não ter a modernidade e qualidade de acabamento exigidas por este editor.
Estilo e Acabamento
Aparentemente, o Honda City leva desvantagem por ter ganho apenas um face-lift para enfrentar dois novos modelos. Mas o modelo japonês fabricado em Sumaré (SP) ainda tem linhas atuais e até semelhantes ao Virtus, com a caída suave do teto em combinação com a traseira curta.
Nesta leve alteração visual, o City ganhou uma nova barra cromada na grade, que o deixa muito parecido com o grande Civic. Menor em altura e mais plana, estende-se discretamente até a parte superior dos faróis também renovados. Na versão EXL, aqui analisada, o conjunto ótico é inteiramente em LED. A entrada de ar também perdeu o aplique escuro que havia embaixo da barra cromada e ganhou tela em colmeia, criando a impressão de que ela cresceu. O para-choque ganhou um novo recorte para a entrada auxiliar de ar e espaço para os faróis de neblina. Atrás, as lanternas ganharam uma parte da lente branca, um friso cromado entre elas e um novo para-choque.
O Cronos não é feio e nem desatualizado. Tem uma traseira até mais elegante que as dos rivais, mas de perfil parece mais antigo. No entanto, o Fiat argentino dá o troco no acabamento de melhor qualidade, com plásticos texturizados e uma camada intermediária em vinho. O City vem um degrau abaixo, sem textura, mas com melhor aparência de montagem. Já o Virtus, mesmo na versão mais cara, tem plásticos de aparência frágil e ficou para trás.
Espaço interno e Porta-malas
Virtus e City empatam no espaço interno para as pernas no banco de trás, apesar do Volkswagen ter uma distância entre-eixos 5 cm maior (2,65m contra 2,60m). O Cronos, com 2,52m, é um pouco mais apertado. O Honda tem o maior porta-malas, com 536 litros. O Fiat tem 525 litros, mas empata tecnicamente com o Virtus, que tem 521.
Motor e Câmbio
No papel, a vantagem é toda do E.TorQ 1.8 Flex do Cronos Precision, que rende 139 cavalos com álcool e 135 cv. Em segundo vem o 1.0 turbo, chamado 200 TSI pela Volkswagen por causa do torque em Newton-metro, que chega a 128 cv com álcool, mas com gasolina tem os mesmos 115 cv do City, que só ganha um cavalo com o combustível vegetal.
Em compensação, o Honda tem o câmbio automático CVT, continuamente variável, que é o mais moderno, mas de difícil manutenção. Cronos e Virtus usam o automático de seis marchas, ambos com mudança manual atrás do volante.
Desempenho e Consumo
Toda a vantagem do 1.8 do Cronos foi embora quando a revista Carro acelerou o modelo. Na aceleração de 0 a 100 km/h, o Fiat demorou 11,6 segundos, três décimos mais lento que o City, segundo colocado, com 11,3 segundos. Seria um empate técnico, mas o Honda foi mais rápido na retomada entre 80 e 120 km/h: 7,6 contra 8,5 segundos. Já o Virtus passeou: aceleração em 10,1 seg. e retomada em 6,9 seg.
Além de ser mais rápido que os seus dois concorrentes, o sedã da Volkswagen também gasta menos combustível, confirmando o mérito do downsizing: são 8,5 km/litro de álcool na cidade e 13 km/l na estrada. O Fiat mais uma vez ficou para trás: 7 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada. O City ficou em segundo com 8,3 km/l e 10,9 km/l. Com o melhor consumo com álcool e o maior tanque de combustível, o Virtus também tem a melhor autonomia, com 559 km a partir da média aritmética destes números aqui divulgados. O tanque do Cronos é maior que o do City (48 contra 46), mas a sua autonomia fica para trás (398,4 contra 441,6). Tudo culpa da idade do motor E.TorQ. Tá na hora de trocá-lo.
Frenagem e Ruído
O Virtus encerra o seu domínio nas provas dinâmicas da revista Carro parando a 80 km/h em 23,7 metros. O Honda City vem logo atrás com 25,7 metros e o Cronos, trinta centímetros depois, com 26. Pois o nível de ruído foi a única medição técnica em que o Volkswagen não se saiu bem. Fez 61,4 decibéis aos mesmos 80 km/h. City e Cronos empataram tecnicamente em primeiro, na faixa dos 59 decibéis, com o Honda sendo o mais silencioso por apenas um décimo (59.8 contra 59,9 decibéis).
Preço, Equipamentos de Série e Assistência
Começo este tópico com um esclarecimento. Mesmo reconhecendo a necessidade de economizar, se eu fosse comprar um carro, exigiria do bom e do melhor, portanto completo. Só com todos os opcionais consigo avaliar melhor o custo-benefício de um carro.
Assim, a melhor lista de equipamentos de série e opcionais é do Virtus Highline, que se destaca dos concorrentes por trazer detector de fadiga, porta-luvas refrigerado, ajuste de espaço do porta-malas, banco do passageiro com rebatimento do encosto, sensor de estacionamento dianteiro, farol com ajuste automático de intensidade, indicador de pressão dos pneus, freios pós-colisão e bloqueio eletrônico do diferencial. Com exceção deste último, que é de série, todos são opcionais. Além disso, o Virtus tem o Active Info Display, o famoso quadro de instrumentos eletrônico, que também é cobrado à parte. Completo, custa R$ 85.590.
Entre outros opcionais estão os bancos em couro, rodas de liga-leve de 17 polegadas, sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento traseiro, câmera de ré e sistema multimídia com navegador, comando de voz, Bluetooth e conexão com Android e Apple.
A versão Highline do Virtus traz de série direção elétrica, assistente de partida em rampa, entrada e partida sem chave, alarme por controle remoto, piloto automático, banco do motorista com ajuste de altura, airbags laterais dianteiros, ar condicionado digital, controles de tração e estabilidade, espelhos retrovisores elétricos com tilt down no lado direito, retrovisor interno antiofuscante, faróis de neblina e gancho ISOFIX. Sem os opcionais e nem pinturas cobradas a parte, o Virtus Highline custa R$ 79.990.
O Cronos Precision 1.8 Automático (que oferece mais equipamentos além do câmbio que o manual) tem de série o sistema multimídia com comando de voz, que no Virtus é opcional, o Start-Stop, inexistente no Volks, além da maioria dos itens citados no parágrafo anterior, com exceção dos airbags laterais, entrada e partida sem chave e ar condicionado digital, que são opcionais, junto com os bancos em couro, retrovisores elétricos com rebatimento (que só o Virtus não tem), sensores de chuva e crepuscular, câmera de ré e quadro de instrumentos com tela de 7 polegadas. Completo, o Cronos Precision AT6 sai por R$ 80.330 e básico, R$ 69.990. É o mais barato quando completo e, embora tivesse perdido em equipamentos para o Volks, tem o melhor custo-benefício, pois só perdeu para ele neste quesito.
Se fosse comparado com os dois rivais modernos básicos, o Honda City empataria com o Virtus em equipamentos. Mas com eles completos fica em desvantagem. Com a renovação, perdeu uma boa chance de ser equipado com controles eletrônicos de tração e estabilidade. E também não tem botão de partida e entrada sem chave, sensores de chuva, crepuscular e estacionamento e muito menos retrovisores antiofuscantes. Mas a versão top ELX tem de série ar condicionado digital (único operado por toque), direção elétrica, trio elétrico, retrovisores com rebatimento, sistema multimídia com espelhamento, câmera de ré, apoio de braço dianteiro, banco do motorista com regulagem em altura, volante com regulagem de altura e profundidade e borboletas do câmbio CVT, ISOFIX, piloto automático e dois itens que os rivais não têm: faróis full-LED e airbags de cortina (também tem airbags laterais, claro, opcionais no Cronos e de série no Virtus). Mesmo assim, ficou para trás na lista de equipamentos e ainda é o segundo mais caro: R$ 83.400.
No número de concessionárias, vence o Virtus com 619 postos da Volkswagen, contra 600 da Fiat e apenas 191 da Honda. Todos oferecem três anos de garantia.
Conclusão
Fiat Cronos e Honda City empataram em pontos, mas o sedã da marca japonesa leva o segundo lugar por ter vencido mais itens: cinco contra quatro. Mas quem quiser pode considerar um empate. O City foi o melhor isoladamente no câmbio e porta-malas, mas ganhou empatado no nível de ruído, estilo e espaço interno. Os dois últimos com o Virtus e só no decibelímetro da Carro dividiu tecnicamente com o Cronos, único item que empatou, pois no preço, motor e acabamento o Fiat foi soberano.
O Cronos só não conseguiu ser soberano no comparativo inteiro, pois o Virtus somou mais pontos e venceu mais itens, cinco deles sozinho (desempenho, consumo, frenagem, assistência e equipamentos). Dividiu os pontos pela vitória apenas no estilo e no espaço interno com o Honda City.
Apesar do acabamento pobre, o Virtus mostrou ser o melhor sedã compacto premium completo do mercado. No próximo comparativo, veremos como ele e o Cronos se saem com o motor 1.6 MSI e 1.3, respectivamente, contra outros rivais mais simples, como Chevrolet Onix e Hyundai HB20S. Aguarde.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA CARRO
1º Volkswagen Virtus Highline 200 TSI (1.0 turbo)
2º Honda City EXL 1.5
3º Fiat Cronos Precision 1.8 Automático
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