TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
Em 1966, o Ford GT40 não só vencia pela primeira vez as 24 Horas de Le Mans, na França, a corrida de longa duração mais famosa do mundo, como também obteve o segundo e o terceiro lugares. Trinta e seis anos depois daquela conquista, o cupê norte-americano ressuscitava exatamente com a mesma carroceria, embora com toques modernizados como faróis de xenônio e interior com CD Player.
O protótipo apresentado no Salão de Detroit de 2002 mantinha o nome original, acompanhado da palavra Concept. Já a versão definitiva, lançada no ano seguinte para começar a ser produzida em 2004 (que comemoraria o 40º aniversário da estreia do modelo nas pistas), foi chamada simplesmente de GT, perdendo o número que representava a sua altura de um metro expressa em polegadas (40). A tiragem foi limitada a 4.500 unidades e o GT deixou de ser produzido em 2007.
Conceito Ford GT40 2002 |
Ford GT 2004 |
Oito anos depois, o Ford GT volta a renascer no Salão de Detroit de 2015. Desta vez, com o estilo totalmente renovado. Só o capô e os faróis remetem ao modelo original, para manter a identidade. O par de colunas escurecidas sugere que o para-brisa incorporou as janelas laterais. A maior parte da carroceria, inclusive o capô dianteiro, é composta de vincos, túneis e generosas entradas de ar. As portas agora se abrem para cima. A estrutura das rodas traseiras e o aerofólio parecem flutuantes. As lanternas redondas, posicionadas nas extremidades se confundem com as duas saídas de escape colocadas bem no centro.
A inspiração veio dos modelos atuais da Ferrari, justamente a marca de quem Henry Ford II decidiu se vingar quando projetou o velho GT40. Reza a lenda que o comendador Enzo Ferrari, orgulhoso como ele só. rejeitou, de última hora, a proposta de compra de sua marca pela Ford e os americanos resolveram criar, eles mesmos, um esportivo capaz de derrotar a italiana nas 24 Horas de LeMans. E conseguiu. Na terceira tentativa.
Voltando ao GT 2016, seu interior também foi inteiramente reformulado. O mostradores analógicos do GT40 e do primeiro GT deram lugar a era digital com telas de LCD no quadro de instrumentos e no sistema multimídia. O painel agora tem linhas horizontais e foi construído em três níveis. A parte de cima é sobreposta e há até um túnel. O gabinete central lembra o do novo Peugeot 308 por causa da forma de seta. Não há mais saídas de ar no centro. Apenas nas extremidades, que têm um formato incomum: estão fixadas em cada porta, posicionadas uma sobre a outra e direcionadas para motorista e passageiro. O console central é bem fino, com vários botões, Os bancos têm formato de concha. O volante, seguindo à risca o conceito de esportividade, não possui apenas a base achatada. É quase hexagonal. O miolo tem dois braços e vários botões. Atrás dele, há as enormes borboletas do câmbio automatizado de sete velocidades e dupla embreagem.
Instalado no centro do esportivo, o motor V6 3.5 Twin-Turbo do novo Ford GT terá a maior potência da família Ecoboost: mais de 600 cavalos. O número exato não foi divulgado. O V8 5.4 do GT dos anos 2000 rendia 558 cv. A suspensão terá altura regulável. Materiais como alumínio e fibra de carbono foram amplamente usados na carroceria para garantir a leveza do carro, proporcionar a menor relação peso-potência do mercado e aumentar o desempenho sem consumir muita gasolina. A tração será traseira, como no GT40 original. Os freios de carbono-cerâmica foram montados nas rodas de 20 polegadas.
O novo Ford GT só chegará ao mercado no ano que vem, para comemorar os 50 anos da primeira vitória e da trinca do GT40 em LeMans. Venceu também em 1967, 1968 e 1969. Havia estreado em 1964, sem sucesso. Em 1965, nova derrota. Desenhado por Caroll Shelby, o GT40 original tornou-se um mito. Que o novo GT pretende reviver.
Ford GT40 1966 |
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