TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO 


Primeiro veículo do mundo a popularizar o sistema híbrido de alimentação (motores a gasolina e elétrico), o Toyota Prius foi lançado em 1997 com um desenho bem estranho. Era um sedã com cara de carro conceito da época que só conquistou os europeus e americanos, de fato, na sua segunda geração, lançada em 2004, transformada em fastback e com estilo convencional. 

Seu concorrente mais famoso, o Chevrolet Volt, também nasceu com visual futurista, em 2010. Apesar de ter sido eleito o Carro do Ano na Europa, dois anos depois, junto com a sua versão alemã, o Opel Ampera, também não conseguiu ser tão popular como a General Motors acreditava. 

E no último Salão de Detroit foi revelada a sua segunda geração, que pretende repetir o sucesso do rival e até roubar a sua popularidade. Para isso precisou se renovar inteiramente. Seguiu o exemplo do Prius e adotou linhas modernas e contemporâneas, como as de um carro convencional só com motor a combustível. A inspiração foi o novo Cruze, lançado na China. O novo Volt 2016 chegará ao mercado norte-americano no segundo semestre deste ano. 

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Agora

O aplique preto embaixo das janelas laterais de recorte reto, que passava a impressão de que a linha de cintura era mais baixa que o normal, a traseira muito alta, assim como as lanternas e a grade desproporcional davam o tom exageradamente futurístico ao antigo Volt. 

No novo, que tem 4,58m de comprimento, a caída do teto e das janelas (que ganharam moldura cromada) foi suavizada. A lateral ganhou vários vincos ondulados. As lanternas passaram a ser verticais inclinadas na traseira, mas com uma grande ponta horizontal na lateral. A grade adota o novo conceito estético da Chevrolet: a gravatinha dourada agora fica direto na grade (totalmente cromada e selada, mas que se abre de acordo com a necessidade de refrigeração do motor) e não mais na barra separadora. Os faróis ficaram mais recortados. A entrada de ar no para-choque ganhou mais uma grade, também cromada, fechada e escamoteável. Por fim, as luzes de neblina agora são verticais e em LED.

Quatro detalhes, no entanto, mantêm a identidade do Volt: a assinatura do modelo no centro da tampa do porta-malas, a faixa preta logo acima, o aerofólio (agora embutido) e o nome do carro nas laterais, abaixo do vidro vigia frontal. As rodas são de 17 polegadas.

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Agora

O interior também ficou normal. O painel ganhou estilo mais curvado e fiel ao conceito duplo cockpit da Chevrolet. O "tablet" atrás do volante deu lugar a um quadro de instrumentos comum, só que ainda com tela de LCD configurável, que informa não só a velocidade como também o nível de bateria, de gasolina do motor auxiliar e o modo de condução. A segunda tela multimídia, no centro do painel, continua inclinada e destacada, mas agora alinhada com as saídas de ar. O console deixou de ser infinito e agora tem um segundo nível e um par de paredes vazadas. O apoio de braço no meio ficou mais destacado. O acabamento também foi melhorado com detalhes em preto brilhante, alumínio polido ou até couro marrom, dependendo da versão.

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O espaço interno continua bom para quatro pessoas. Isso porque a bateria passa pelo túnel de transmissão, o que inviabiliza a acomodação do quinto passageiro. Não foi divulgada a capacidade do porta-malas. Embora pareça ser mais um três volumes do que o anterior (fazendo o caminho inverso do rival Prius), o Volt continua abrindo a porta traseira até o teto.


O novo Volt tem três motores: uma bateria de ion de lítio de 18,4 kW, um elétrico de 149 cavalos e um a gasolina 1.5, chamado Voltec, de injeção direta, com 101 cavalos. Todos ficaram mais leves. A bateria perdeu 9,8 kg, o motor elétrico 45 kg e o a gasolina não teve a sua redução informada, mas a sua estrutura agora é de alumínio e não mais de ferro.


A bateria impulsiona o carro a baixas velocidades, o motor elétrico se encarrega das velocidades urbanas e o a gasolina dá o apoio na estrada, embora também possa ser usado a qualquer momento. Só com os motores elétricos o Volt pode percorrer 80 km. Autonomia que aumenta para 640 km com o motor a gasolina. Este também recarrega o motor elétrico e tem consumo de 17,5 km/l. A bateria pode ser recarregada em 13 horas em uma tomada de 120 volts ou 4,5 caso a voltagem seja de 240v. A aceleração de 0 a 100 km/h demora em 8,4 segundos e a velocidade máxima alcançada é de 157 km/h.


O Volt 2016 tem quatro modos de direção: "Normal", que é ativada na partida e melhora o consumo da bateria em uma condução rotineira; "Sport", que modifica a resposta do acelerador para reagir com maior agilidade; A "Mountain" ajuda a enfrentar ladeiras e subidas íngremes e a "Hold" permite ao motorista conservar a carga da bateria para usá-la quando for necessário ativar o motor a combustão.

A lista de equipamentos do novo Volt, especialmente de segurança, é bem recheada: dez airbags, alertas de pontos cegos, mudança de faixa, fluxo de trânsito transversal e colisão, bem como frenagem automática e park assist mais avançado, além de sistema start-stop e projeção de informações no para-brisa.

Como vivemos em um país que tirou dos incentivos fiscais os carros elétricos que recarregam na tomada, que prefere um Camaro amarelo para impressionar as "marias gasolina" e onde o Toyota Prius vende pouco, sendo muito mal divulgado pela imprensa e pela própria importadora é de se esperar que o novo Chevrolet Volt dificilmente venha para o Brasil. Se vier, vai demorar bastante. Por enquanto, o brasileiro vai ter que babar. 



Chevrolet Bolt 

No Salão de Detroit, a GM também apresentou o monovolume Bolt (homônimo do compacto da indiana Tata), que é totalmente elétrico e ainda é um conceito. As baterias, de tecnologia mais avançada, são da sul-coreana LG (que também forneceu para o Volt) e prometem autonomia de 320 km.




A versão definitiva, esperada para o próximo Salão de Detroit, deverá custar entre 30 e 35 mil dólares e será um forte concorrente para o BMW i3, embora o alvo principal seja o novo crossover da americana Tesla. Se formos comparar o estilo, o Chevrolet, com as suas quatro portas normais, sai na frente, com uma aparência mais agradável que o estranho alemão.