FONTES DE CONSULTA: BESTCARS WEBSITE E CARRO ETC (O GLOBO)
Podemos dizer, de blague, que o nome da Chevrolet Veraneio é uma propaganda enganosa. A perua sugeria ser usada nas férias de verão, transportando a família para a casa de praia, mas ficou mais popular, pelo contrário, no trabalho duro de policiais, bombeiros, médicos, jornalistas e agentes da repressão do regime militar. Afinal, foi lançada no final de 1964, seis meses depois da revolução. Muita gente, dos anos 1960 aos 80, tinha medo quando "o camburão" passava.
Claro que ela também foi pensada para o trabalho. E também não nasceu com esse nome. Apresentada no Salão do Automóvel daquele ano com o código C-1416, era derivada da linha de picapes Chevrolet C14, que substituiu, em março de 64, a série Brasil 3100 dos anos 50, o primeiro veículo sem ser caminhão fabricado pela General Motors no país, graças ao incentivo do GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística) do governo Juscelino Kubitschek.
A C-1416 era radicalmente diferente. Para começar, tinha quatro portas, numa época em que perua no Brasil só tinha duas, com exceção da Simca Jangada. E ainda abriu caminho para os SUVs de hoje. As linhas eram retas e abusavam de vincos no capô, na lateral e na traseira inclinada. Quinas arredondadas só no para-brisa e no recorte das duas primeiras janelas laterais. O teto também era mais baixo. Parecia compacta, mas tinha 5,16m de comprimento, 1,97m de largura e 1,73m de altura.
A frente tinha grade com filetes cruzados, um friso mais grosso com a inscrição Chevrolet e quatro faróis redondos, dispostos em dois pares, com moldura cromada. Na ponta do capô, a gravata da marca vinha dentro de uma placa alada. A traseira vinha apenas com um pequeno par de lanternas ovais e verticais nas extremidades. Na tampa do porta-malas a assinatura Chevrolet em letras separadas.
O interior era simples, mas com bom acabamento. O painel contínuo incluía velocímetro em semi-círculo e marcadores circulares. No lado do carona, o porta-luvas acompanhava o desenho do quadro de instrumentos. O volante era típico da época: fino, grande, miolo horizontal e semi-aro interno em metal para a buzina. Tinha dois lugares a menos que a Amazona, mas os bancos possuíam a mesma disposição: um inteiriço na frente e outro atrás. Só não havia os dois extras no porta-malas. O espaço, como não poderia deixar de ser, era excelente. Tanto na frente quanto atrás.
O motor da C-1416 era o mesmo dos caminhões, da picape e também da Amazona: um seis cilindros em linha, 4.3 litros (4.273 cm³ ou 261 polegadas) com 142 cavalos de potência bruta. O câmbio era manual de apenas três marchas, com alavanca na coluna de direção. Uma evolução era a sincronização da primeira marcha. Outra novidade era a suspensão dianteira independente e molas helicoidais nos dois eixos. Isso garantia um comportamento de carro de passeio, com extrema suavidade, e uma grande melhora na estabilidade. Fora da estrada, na falta de tração integral, como nas rivais Toyota Bandeirante e Rural Willys, havia a "tração positiva", opcional que nada mais era que o bloqueio de diferencial. Um recurso semelhante ao da atual linha Adventure da Fiat, só que mecânico. O desempenho era bom, mas o consumo era bem elevado. E a perua custava praticamente o dobro das concorrentes Rural, Bandeirante e Volkswagen Kombi, na faixa dos 11 mil cruzeiros.
Foto: Revista Quatro Rodas |
O motor da C-1416 era o mesmo dos caminhões, da picape e também da Amazona: um seis cilindros em linha, 4.3 litros (4.273 cm³ ou 261 polegadas) com 142 cavalos de potência bruta. O câmbio era manual de apenas três marchas, com alavanca na coluna de direção. Uma evolução era a sincronização da primeira marcha. Outra novidade era a suspensão dianteira independente e molas helicoidais nos dois eixos. Isso garantia um comportamento de carro de passeio, com extrema suavidade, e uma grande melhora na estabilidade. Fora da estrada, na falta de tração integral, como nas rivais Toyota Bandeirante e Rural Willys, havia a "tração positiva", opcional que nada mais era que o bloqueio de diferencial. Um recurso semelhante ao da atual linha Adventure da Fiat, só que mecânico. O desempenho era bom, mas o consumo era bem elevado. E a perua custava praticamente o dobro das concorrentes Rural, Bandeirante e Volkswagen Kombi, na faixa dos 11 mil cruzeiros.
Em 1969, surgiu, enfim, o nome Veraneio para a perua C-1416. Ganhou também um face-lift que manteve os dois pares de faróis, mas suavizou a grade, com frisos finos cromados e sem a assinatura Chevrolet. O interior sofreu poucas alterações, apenas ganhando acabamento mais simples e novo quadro de instrumentos, agora circulares. Depois que passou a se chamar Veraneio, a GM tentou fazer jus ao nome, oferecendo a versão luxo, a partir de 1971, com teto de pintura diferente e calotas cromadas. Já para atender aos trabalhadores, meses depois, disponibilizou a básica Econômica, com grade de plástico.
Em 1972, surgiu uma nova frente, agora com apenas um par de faróis, três frisos (um mais grosso em cima) e a apenas a gravatinha Chevrolet prateada no meio. Outras novidades na linha 73 foram a direção hidráulica e o aumento da potência do motor para 151 cavalos. Em 1976, passaram a ser oferecidos como opcional o câmbio de quatro marchas no assoalho (que com o tempo passou a ser de série) e o terceiro banco, na área do porta-malas, aumentando a capacidade para nove pessoas. A pedido dos policiais, foi oferecido o motor de quatro cilindros 2500 (2.476 cm³) do Opala. Mesmo com outra versão, movida a álcool, o desempenho não agradou. Após dois anos, as versões Econômica, Standard e Luxo passaram a se chamar Veraneio, Luxo (L) e SuperLuxo (SL).
A Veraneio teve pouquíssimas alterações na sua primeira geração. Somente em 1981 ela passou a ser equipada com o motor 4.1 de seis cilindros do Opala, a gasolina ou a álcool. A grade passou a ser quadriculada.
Em 1985, as picapes C/A/D10 saíram na frente da Ford e ganharam um novo visual, mais reto e liso, com faróis quadrados (emprestados do Opala), alinhados com a grade e luzes de direção envolventes. A concorrente só reagiu sete anos depois.
As letras já representavam o combustível desde a primeira carroceria: D para diesel e A para álcool. Só a picape a gasolina manteve a letra C para continuar fiel ao antigo nome (C10). Já o número se referia à capacidade de carga em libras (1.000 lb = 600 kg e 2.000 lb = 1.100 kg). Assim, os três combustíveis ganharam 2 mil libras o nome 20, se chamando A20, C20 e D20. A nova geração chegou a ter a A10 e C10, mas logo saiu de linha. No ano seguinte foi lançada a versão de cabine dupla.
As picapes Chevrolet sempre foram um prato cheio para as encarroçadoras independentes como a Brasinca e a Envemo criarem versões mais luxuosas e até fechadas. Na nova carroceria, a Brasinca fechou uma parceria com a General Motors e produziu duas adaptações oficiais, baseadas na Suburban norte-americana de 1973 (!): a Bonanza, uma "perua" de duas portas e entre-eixos mais curto, e a segunda geração da Veraneio, que tinha a porta lateral traseira mais fina e uma enorme terceira janela, mas que só chegou ao mercado quatro anos depois da picape. O comprimento já era de 5,33 metros e a distância entre as rodas de 3,23m.
As letras já representavam o combustível desde a primeira carroceria: D para diesel e A para álcool. Só a picape a gasolina manteve a letra C para continuar fiel ao antigo nome (C10). Já o número se referia à capacidade de carga em libras (1.000 lb = 600 kg e 2.000 lb = 1.100 kg). Assim, os três combustíveis ganharam 2 mil libras o nome 20, se chamando A20, C20 e D20. A nova geração chegou a ter a A10 e C10, mas logo saiu de linha. No ano seguinte foi lançada a versão de cabine dupla.
As picapes Chevrolet sempre foram um prato cheio para as encarroçadoras independentes como a Brasinca e a Envemo criarem versões mais luxuosas e até fechadas. Na nova carroceria, a Brasinca fechou uma parceria com a General Motors e produziu duas adaptações oficiais, baseadas na Suburban norte-americana de 1973 (!): a Bonanza, uma "perua" de duas portas e entre-eixos mais curto, e a segunda geração da Veraneio, que tinha a porta lateral traseira mais fina e uma enorme terceira janela, mas que só chegou ao mercado quatro anos depois da picape. O comprimento já era de 5,33 metros e a distância entre as rodas de 3,23m.
O interior ficou mais moderno, mas ainda com cara de caminhão, principalmente no painel envolvente, no qual o velocímetro e marcador de combustível (redondos) vinham no centro, outros quatro instrumentos de apoio no lado esquerdo e no direito, o rádio, os comandos horizontais da ventilação e um difusor de ar. O volante tinha três braços e miolo em forma de pé de galinha (a foto abaixo é do interior da Bonanza). Espaço não era problema e o porta-malas tinha capacidade para 1.240 litros. O motor ainda era o 4.1 do Opala, de 118 cavalos movido a gasolina. Somente em 1990 a Veraneio ganhou um motor a diesel: um Perkins 3.9 de quatro cilindros e 86,4 cavalos, substituído no ano seguinte pelo Maxion S4 4.0 de 92 cavalos aspirado e 120 cv o turbo. A vocação urbana da Veraneio foi confirmada pela ausência da tração 4x4, que não deu certo na picape.
Quando a nova Veraneio foi lançada, o mercado de automóveis brasileiro ainda estava fechado para os importados. Mesmo assim, teve um bom mercado enquanto os novos utilitários esportivos como Ford Explorer e Mitsubishi Pajero não vinham. Chegou a ganhar um face-lift em 1992, que lhe deu faróis trapezoisais e nova grade. Até que em 1994 deixou de ser produzida, junto com a Bonanza, vencida pelos SUVs importados, que já estavam se popularizando e eram bem mais modernos.
A função de camburão da Veraneio, nas duas gerações, foi herdada pela Blazer, a versão fechada da picape média S10. A verdadeira sucessora das picapes 20 foi a Silverado. Porém, não durou muito e a S10 e a Blazer tomaram o seu lugar também no mercado. Em 1999, houve uma Silverado "perua", chamada de Grand Blazer, e que chegou a ser incorporada à frota do Corpo de Bombeiros daqui do estado do Rio de Janeiro. Também não vingou.
Hoje, o papel da Veraneio deveria exercido pela Trailblazer, derivada da segunda geração da S10. Mas as corporações de segurança pública têm optado pela picape com cobertura de fibra de vidro na caçamba ou pela Toyota Hilux SW4, mais baratas. Já os serviços de ambulância preferem as vans Mercedes Sprinter e Renault Master, bem mais espaçosas para acomodar uma UTI móvel.
Cinquenta anos depois do seu lançamento e vinte após o fim da produção a Chevrolet Veraneio parece deixar saudades só nos compradores que fizeram jus ao seu nome de fantasia.
A função de camburão da Veraneio, nas duas gerações, foi herdada pela Blazer, a versão fechada da picape média S10. A verdadeira sucessora das picapes 20 foi a Silverado. Porém, não durou muito e a S10 e a Blazer tomaram o seu lugar também no mercado. Em 1999, houve uma Silverado "perua", chamada de Grand Blazer, e que chegou a ser incorporada à frota do Corpo de Bombeiros daqui do estado do Rio de Janeiro. Também não vingou.
Hoje, o papel da Veraneio deveria exercido pela Trailblazer, derivada da segunda geração da S10. Mas as corporações de segurança pública têm optado pela picape com cobertura de fibra de vidro na caçamba ou pela Toyota Hilux SW4, mais baratas. Já os serviços de ambulância preferem as vans Mercedes Sprinter e Renault Master, bem mais espaçosas para acomodar uma UTI móvel.
Cinquenta anos depois do seu lançamento e vinte após o fim da produção a Chevrolet Veraneio parece deixar saudades só nos compradores que fizeram jus ao seu nome de fantasia.
Foto de miniatura do artista Fábio Torres publicada no blog Miniatura 1:43 de Zé Rodrigo Qualquer informação que possa corrigir a história, comentem. |
9 Comentários
Hoje tenho uma a diesel, muito duferente das suas funçoes
Mas é um carro que me deixa orgulhoso de telo na minha garagem.
Hoje tenho uma a diesel, muito duferente das suas funçoes
Mas é um carro que me deixa orgulhoso de telo na minha garagem.