Texto: Gustavo do Carmo
Foto: Divulgação, com montagem do logotipo da Autoesporte


O Golf envelheceu no mercado brasileiro durante quinze anos com o mesmo estilo, embora tenha recebido um face-lift em 2007. Em 2013 a Volkswagen resolveu mudar e fazer tudo o que queria fazer. Importou a nova geração diretamente da Alemanha, com equipamentos de série como botão de partida, sistema que desliga e religa o motor no sinal de trânsito, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, ar condicionado digital de duas zonas, sete airbags, controles de estabilidade e tração e com um preço acessível (pelo menos dentro do seu segmento). Mas manteve a quarta geração, três vezes mais antiga do que o novo modelo, até ele voltar a ser fabricado em 2015, junto com o Audi A3 Sedan e o crossover Q3.

Pelo esforço e boa vontade, a marca alemã foi merecidamente recompensada com o título principal de Carro do Ano da revista Autoesporte para o Golf. Fabricante e modelo ainda quebraram três tabus.


Primeiro, a Volks não vencia desde 2009, com a atual geração do Gol. Outro tabu quebrado: o Golf é o segundo modelo a ser apontado como o melhor do ano no Brasil apenas um ano depois de ter ganhado título semelhante na Europa. O último a conseguir tal feito havia sido o Fiat Uno, em 1985. O Golf ainda é o atual Carro do Ano no Velho Continente, mas vai passar a faixa em março para um destes sete modelos: BMW i3, Citroën C4 Picasso, Mazda 3, Mercedes Classe S, Peugeot 308, Skoda Octavia ou Tesla S. E o título no Brasil é mais um que ele conquistou no mundo. Ele também foi o Carro do Ano no Japão e nos Estados Unidos.

A vitória mais importante do Golf, mesmo, foi se tornar, em 47 anos, o primeiro Carro do Ano brasileiro importado da Europa e o segundo vindo de outro país. Em 2010, o Chevrolet Agile, fabricado até hoje na Argentina, foi o escolhido. A façanha se tornou possível em 2007, quando a eleição de Carro Importado do Ano se tornou Premium do Ano e os importados mais "baratos" puderam participar da eleição criada em 1966 para premiar o melhor lançamento do ano da então pequena indústria nacional.

O Golf é vendido no Brasil em duas versões: a Highline com motor 1.4 TSI a gasolina de 140 cavalos e a GTI com o 2.0 TSI de 220 cv. Custa, respectivamente, R$ 68 e 95 mil. A Highline, porém, tem câmbio DSG (automatizado de dupla embreagem e sete marchas) opcional, que eleva o preço para R$ 75 mil. As duas versões têm vários e caros opcionais como GPS, piloto automático adaptativo, bancos em couro e teto solar, que fazem o preço do Highline passar dos 100 mil reais e o GTI, com câmbio automatizado de seis marchas de série, romper a barreira dos R$ 130 mil.

Fora os defeitos, o Golf é moderno, tem bom desempenho, consumo, acabamento e conforto, que ganharam muitos pontos no comparativo do Guscar e dos 21 jurados reunidos pela Autoesporte. Ao todo foram 118 pontos. Vinte e cinco a mais que o vice-campeão, justamente o seu maior rival, o Ford Focus, que é argentino como o Agile. O Focus já ganhou na Europa em 1999. Já a Ford não ganha pela Autoesporte desde 2005, com o Fiesta Sedan.

Aliás, a marca oval continua com sete títulos (1967, 1969, 1973, 1979, 1984, 1998 e 2005) e foi superada pela Volkswagen, que ganhou pela oitava vez (1971, 1975, 1980, 1982, 1989, 1990, 2009 e agora em 2014), isolando-se no terceiro lugar no ranking histórico. (Chevrolet, com 14, e Fiat, com 12, são as duas primeiras).

Em terceiro lugar, ficou outro marcante lançamento de 2013, o Peugeot 208, que também foi lançado aqui, mas como nacional (o que o Golf só será em 2015), fabricado aqui no estado do Rio, em Porto Real. Mas o francês ficou distante. Somou 58 pontos. Com dois pontos a menos se posicionou em quarto um conterrâneo de marca, mas derivado de um modelo romeno e fabricado no Paraná: o Renault Logan, que ficou mais bonito e com quinas arredondadas em sua segunda geração. Fechando os finalistas, vem o também sedã francês, mas fabricado na Argentina, Citroën C4 Lounge, que substituiu o Pallas. O Lounge totalizou 50 pontos.

A galeria dos vencedores da tradicional eleição da revista Autoesporte abriu definitivamente as fronteiras para outros continentes.



Vencedores

1966 - Picape Willys / 1967 - Ford Galaxie / 1968 - Não houve / 1969 - Ford Corcel / 1970 - Dodge Dart / 1971 - VW TL / 1972 - Chevrolet Opala / 1973 - Ford Corcel / 1974 - Chevrolet Chevette / 1975 - VW Passat / 1976 - Chevrolet Caravan / 1977 - Dodge Polara / 1978 - Fiat 147 / 1979 - Ford Corcel / 1980 - VW Passat / 1981 - Chevrolet Chevette / 1982 - VW Voyage / 1983 - Chevrolet Monza / 1984 - Ford Escort / 1985 - Fiat Uno / 1986 - Fiat Prêmio / 1987 e 1988 - Chevrolet Monza / 1989 - VW Santana / 1990 - VW Gol / 1991 - Chevrolet Kadett / 1992 - Fiat Uno / 1993 - Chevrolet Omega / 1994 - Chevrolet Vectra / 1995 - Chevrolet Corsa / 1996 - Chevrolet Corsa Sedan / 1997 - Chevrolet Vectra / 1998 - Ford Ka / 1999 - Fiat Marea / 2000 - Audi A3 / 2001 - Fiat Palio / 2002 - Não houve / 2003 - Fiat Stilo / 2004 - Fiat Palio / 2005 - Ford Fiesta Sedan / 2006 - Fiat Idea 2007 - Honda Civic 2008 - Fiat Punto / 2009 - VW Gol 2010 - Chevrolet Agile / 2011 - Fiat Uno / 2012 - Fiat Palio / 2013 - Hyundai HB20 / 2014 - Volkswagen Golf (Highline e GTI


FICHA TÉCNICA 


Motores: Quatro cilindros, transversal, turbo, injeção direta de gasolina (TSI), 1.395 cm³ (Highline) e 1.984 cm³, 16 válvulas
Potência: 140 cv (Highline) e 220 cv (GTI)
Câmbio: Manual de seis marchas ou Automatizado sequencial DSG de sete marchas e dupla embreagem com mudanças manuais (Highline) / DSG de seis marchas (GTI)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9 (manual) e 8,6 (automático) segundos / 6,5 segundos (Quatro Rodas)
Velocidade máxima: 212 (Highline) e 244 km/h  (GTI)
Consumo: 11,5 km/l na cidade e 14,9 (manual) / 14,1 (automático) km/l na estrada (Highline) / 10,5 km/l e 15,4 km/l (GTI)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,25/1,80/1,47/2,63m (Highline) / 4,27/2,03/1,45/2,63 (GTI)
Porta-malas: 313 litros (Highline) / 338 litros (GTI)
Tanque: 50 litros
Preço básico: R$ 67.990 (Highline manual) / R$ 74.990 (Highline DSG) / R$ 94.990 (GTI DSG)