Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


Justamente no ano em que comemora 60 anos o Chevrolet Corvette passa pela reformulação mais profunda desde 1982, quando o modelo conhecido como Mako Shark (tubarão) deu lugar a uma carroceria de capô longo e reto, a quarta geração.

As últimas reestilizações que o já lendário cupê esportivo, símbolo dos Estados Unidos, sofreu, desde então, mais pareciam leves alterações que o deixaram mais musculoso, como a quinta, chamada C5, de 1997 e a C6, de 2005, que abandonou os faróis retráteis, usado desde a segunda edição, de 1963, conhecida como Stingray.

O Corvette Stingray 2014 com o Corvette Stingray 1963

E é exatamente com sobrenome Stingray que o Vette (seu apelido carinhoso) chega à sétima geração. Curiosamente, ele abandona o vidro traseiro envolvente, usado desde o modelo homenageado (com exceção da geração Mako Shark de 1968). A traseira propriamente dita ficou mais reta, mas manteve as lanternas duplas, embora modernizadas. O toque de agressividade está nos vincos e no para-choque que reúne no centro quatro escapamentos. 




Comecei falando por trás porque é onde está a parte mais identificável do novo Corvette. A dianteira ficou moderna, é verdade, com faróis (agora triangulares) com LED, pela primeira vez na história do carro. Ele manteve a tradição do capô levemente afundado. A grade lá embaixo também remete ligeiramente ao primeiro modelo. Mas visto de um plano geral, o Corvette perdeu originalidade. Com linhas angulosas e muitas entradas de ar na lateral, ficou com cara de Ferrari, Lotus, Lamborghini ou até os híbridos da Tesla. A janela lateral traseira lembra o Nissan GT-R. Também não pude esquecer da recriação do nosso Willys Interlagos de 2006, feita pelos então formandos de desenho industrial João Paulo Cunha Melo e Felipe Guimarães Coelho. Veja a foto abaixo. Não ficou parecido? 

O protótipo da recriação do Willys Interlagos em 2006

O interior tem painel com o quadro de instrumentos (conta-giros virtual configurável no centro e o velocímetro na extrema-esqueda) integrado ao console central, onde se destaca a tela do navegador de 8 polegadas e começa uma ponte inclinada, ao estilo dos Audi, que vai até a moldura da porta do motorista e o cerca, rompendo com o conceito de duplo cockpit utilizado pela Chevrolet. Entre os materiais do revestimento interno estão alumínio, fibra de carbono e couro. Os bancos têm estrutura de magnésio.




E por falar em materiais leves, a carroceria foi construída em fibra de carbono (no capô e no teto removível) e carbono-nano (portas e painéis traseiros e inferiores). A plataforma é de alumínio. Os novos compostos reduziram o peso do Corvette em 45 kg. A leveza também sempre fez parte da história do modelo, que nasceu construído em fibra de vidro em 1953.


O motor também é novo: um V8 6.2 com injeção direta de combustível, comando de válvulas com variador de fases e desativação parcial de cilindros para reduzir o consumo (que a Chevrolet promete 11 km/litro). Mesmo assim, ele promete acelerar em menos 4 segundos graças a potência de 450 cavalos e torque de 62,2 kgfm. É o Corvette básico mais potente da história. E ele deverá ter motores ainda mais potentes no futuro.

Com tração traseira, o câmbio pode ser manual de sete velocidades ou automático sequencial de seis, com comando no volante. A própria transmissão, além da suspensão magnética adaptativa, controle da aceleração, a direção com assistência elétrica e o som do escapamento podem ser configurados. 


O Corvette Stingray é, até agora, a maior novidade do Salão de Detroit, que, em todos os anos, inicia a temporada de grandes lançamentos mundiais. Mesmo assim, só começará a ser vendido no último trimestre do ano, já como linha 2014, fabricado em Kentucky. E os brasileiros terão que babar, pois a GM já anunciou que não o trará por motivo de custos.