Confesso que eu fiquei bem indeciso entre falar ou não do Citroën C4 Cactus. Um carro de estilo bem estranho, que ora parece um hatch, ora um utilitário esportivo ou uma perua. Avaliadores benevolentes diriam que suas linhas são originais e ousadas, mas sinceros como eu dizem a verdade: ele é muito feio com os seus faróis no para-choque e luzes diurnas de LED no capô, coluna C mais baixa que as janelas e traseira poluída com lanternas retangulares, com iluminação tridimensional, vinco para a placa e para-choque de plástico cinza.



A minha indecisão se devia a dois fatores: primeiro que eu tenho falado pouco de lançamentos no mercado nacional este ano no Guscar e também gostei do interior bem acabado que a Citroën adaptou para o Brasil. Por isso, o meu lado jornalista falou mais alto e decidi escrever sobre o modelo que pretende ser o salvador da marca Citroën no Brasil. Além disso, carros em sintonia com o mercado europeu terão sempre espaço no blog.


Indo direto ao interior, em vez de uma simples bancada com os dois tablets fixados fazendo papel de quadro de instrumentos e tela multimídia, a filial brasileira caprichou no painel central e das portas, dando-lhe formas mais modernas, na verdade, vindas da nova geração do C3 Aircross, que aqui foi ajustada com revestimento macio nas versões mais caras, uma tira vertical de tecido e detalhes menos coloridos. O quadro de instrumentos, que vem do novo C4 Lounge, é realmente digital, mas é monocromático. O.K., também é o mesmo do Cactus europeu, só que embutido na capela.

A plataforma PF1 é modular e, com 2,60m de distância entre-eixos, garante um bom espaço para as pessoas de 1,70m, mas cobra dos mais altos e na capacidade do porta-malas de apenas 320 litros. Em tamanho, comparado aos SUVs compactos, só é um centímetro maior que o Peugeot 2008 e sua medida aproximada de habitáculo só fica atrás do Nissan Kicks e do Honda HR-V.


Voltando ao exterior, o C4 Cactus brasileiro já é um face-lift do modelo europeu lançado em 2014. Tanto que os airbumps laterais ficaram mais discretos, indo para a base do para-lamas. Antes, os amortecedores de impacto de ar e borracha ocupavam praticamente toda a lateral do carro. A redução já atenuou o estranhamento com o modelo.

C4 Cactus europeu 2014

C4 Cactus europeu 2014

Um outro detalhe externo é que o Cactus é posicionado na Europa como um hatch compacto e as duas janelas laterais traseiras são basculantes (mesmo com quatro portas) em vez de abaixáveis como o nosso, pensado para enfrentar os SUVs compactos. Tanto que seu ângulo de entrada de 22°, o de saída de 32° e a altura livre do solo de 22,5 cm são equivalentes aos rivais. 

O teto tem três opções de cores (preto, branco e azul). A cor escolhida é reproduzida na parte superior da carcaça dos retrovisores, na moldura dos faróis de neblina e no contorno de um dos airbumps.


O C4 Cactus no Brasil tem duas opções de motor 1.6 Flex: aspirado de 115 e 118 cavalos e turbo THP de 166 e 173 cv. As versões foram distribuídas da seguinte forma:

Live aspirado e manual de cinco marchas - R$ 68.990
Feel aspirado e manual - R$ 73.490
Feel aspirado e automático de seis marchas - R$ 79.990
Feel Pack automático - R$ 84.990

O motor THP é exclusivo da versão Shine, que tem câmbio automático e custa R$ 94.990. A Shine Pack sai por R$ 98.990.

A versão básica Live já vem com direção elétrica, ar-condicionado manual digital e integrado à central multimídia, assinatura luminosa com luzes diurnas em LED, barras de teto, rodas 16” com pneus 205/60 R16 e calota, painel de instrumentos 100% digital, volante de espuma com regulagem de altura e profundidade com comandos integrados, Citroën Connect Radio com tela touch de 7",  Bluetooth, 6 alto-falantes, tomadas USB e 12V, comandos dos vidros e retrovisor elétricos, travamento centralizado das portas, porta-malas com Plip, travamento do carro ao andar, abertura da porta do reservatório de gasolina sem chave, assentos dianteiros reguláveis em altura, console alto com porta-objetos fechado, porta-copos, assentos traseiros com três apoios de cabeça, ISOFIX, cintos de segurança traseiros de três pontos, airbags frontais duplos, barras de proteção laterais, ABS, entre outros.

A Feel manual adiciona faróis de neblina, câmera de ré, rodas de alumínio de 17” e pneus 205/55 R17, Eco-coaching, alarme perimétrico, quatro vidros one-touch e piloto automático. Controles eletrônicos de estabilidade e tração e assistente de partida em rampa só vêm com o câmbio automático.

Acendimento automático dos faróis, limpadores de para-brisa automático, ar-condicionado digital automático, volante de couro, alarme volumétrico, airbags laterais, barras de teto tipo “flutuantes”, rodas Roby One de 17” de alumínio diamantado e teto de cor diferente fazem parte da Feel Pack.

Estes opcionais na Feel são de série na Shine, que também traz revestimento macio em parte do painel, bancos em couro e Grip Control (seletor de aderência em pisos).

E ainda tem a Shine Pack, que adiciona sistema de frenagem automática, alerta de colisão, alerta de atenção ao condutor, alerta de saída de faixa, indicador de descanso, retrovisor eletrocrômico e airbags de cortina.





O C4 Cactus 1.6 aspirado acelera de 0 a 100 km/h em 13 segundos, retoma de 60 a 100 km/h em 7.2 segundos. O consumo é de 10,6 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada. E a frenagem a 80 km/h é cumprida em 25,5 metros. Os números são da revista Quatro Rodas, que deu para não divulgar o ruído em todos os testes. Esta medição foi feita pela revista Carro no Cactus 1.6 turbo: 61,6 decibéis.  Pela Quatro Rodas, o Cactus com motor mais potente acelera em 8,3 segundos, retoma em 4,4 segundos, anda 11,4 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada e para em 25,2 metros. 

O Cactus aspirado só conseguiu ser melhor nas medições que o Hyundai Tucson e o Renault Captur e na retomada superou também o Ford Ecosport. A exceção foi na frenagem, onde o Citroën saiu-se o melhor. Já o THP é o mais rápido e tem a melhor frenagem. No consumo só perde para o JAC T40. O comparativo foi baseado num teste publicado na edição de setembro da Quatro Rodas. 


O C4 Cactus é um carro que divide opiniões. Tem gente que vai gostar do seu estilo "ousado". Eu só gostei do seu interior, pois a sua lista de equipamentos tecnológicos de segurança só está disponível na versão mais cara. Já o estilo todo mundo sabe o que eu acho. 

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTAS QUATRO RODAS E CARRO