Em 1993, a Mercedes já tinha experiência com utilitários fora de estrada com o Geländewagen (mais conhecido como Classe G) e também com o Unimog, além dos caminhões. Mas o sucesso de utilitários esportivos, como o Ford Explorer e o Mitsubishi Pajero atiçaram a marca alemã da estrela de três pontas a entrar no segmento de luxo.

O desejo aumentou em 1995, quando a Land Rover reestilizou o seu Range Rover, dando-lhe linhas mais modernas e faróis retangulares. A Mercedes, então, tentou uma parceria com a Mitsubishi para usar a base do Pajero, mas não conseguiu. Assim, decidiu construir ela mesma o seu SUV, que iria inaugurar a fábrica em Tuscaloosa, no estado do Alabama, nos Estados Unidos.

Finalmente, em 1997, a versão definitiva, bem mais reta, foi apresentada no Salão de Detroit, pois o mercado norte-americano foi a prioridade da Mercedes para comercializar o Classe M, que virou ML após reclamação da BMW, detentora dos direitos sobre a letra que representava a sua divisão esportiva. O ML teve mais duas gerações: 2005 e 2011. Em 2015, a mesma carroceria de terceira geração passou por um face-lift que mudou o seu nome para GLE, que já gerou um cupê e uma nova geração, apresentada este ano, sempre com o vidro traseiro envolvente. 


Conceito AAVision (1996)


Antes do modelo final, um protótipo de linhas bem arredondadas foi apresentado com direito a uma participação no cinema. O AAVision estrelou o filme Jurassic Park: O Mundo Perdido, em 1996. 


Primeira geração (W163 - 1997-2005)

Face-lift 2001

O primeiro modelo da chamada geração W163 foi o ML320, com motor V6 3.2 a gasolina, tinha chassi de longarinas, a tração integral 4Motion, com transferência elétrica de torque para cada eixo das rodas e controle eletrônico de estabilidade.


O ML só chegou à Europa em 1998, fabricado na Áustria, pela Magna Steyr, e ganhou mais opções de motorização como um quatro cilindros a gasolina 2.3 (ML230), um diesel (ML270 CDI, de 163 cavalos) e a esportiva ML55 AMG, com motor V8 de 367 cv. Houve quem pensasse que o ML substituiria o Classe G, mas este foi posicionado como veículo de uso militar e mais aventureiro, embora tivesse dividido com o novo modelo a preferência do Vaticano para ser um "papa-móvel". E ainda foi reestilizado no ano passado. 



Segunda geração (W164 - 2005-2011)

A segunda geração, de código W164, foi lançada em 2005 e passou a usar plataforma monobloco, no caso, compartilhada com o antigo Classe GL, hoje GLS. Manteve o conceito do vidro traseiro envolvente, mas arredondou as quinas como a frente, traseira e lanternas. Na mecânica, a tração passou a ter gerenciamento eletrônico e a suspensão pneumática. O câmbio era automático de sete marchas (7G-Tronic), também com controle eletrônico. 


Na lista de itens de segurança, airbags de cortina e o sistema Pre Safe, que diminui a velocidade do carro, afirma o cinto de segurança, ajusta o encosto dos bancos e fecha o teto solar para evitar ou minimizar a colisão iminente. No conforto, o Command APS, que controlava som, telefonia, navegação, DVD e ar condicionado digital. 


Na motorização, o V6 a gasolina passou a ter 3.5 litros e se chamar ML350 e o V8, ML500 e ML63 AMG, com "veoitão" de 510 cavalos. Os turbodiesel passaram a ter o V6 2.8 no ML280 CDI e 3.2 no ML320 CDI. A motorização híbrida chegou na segunda geração. Desenvolvido para o mercado norte-americano, o ML450 Hybrid combinava um V6 a gasolina com dois elétricos e gerava 340 cavalos. 




Terceira geração (W166 - 2011-2015)


Com código W166, a terceira geração passou a usar plataforma do sedã Classe E e voltou às origens com linhas retas. Faróis passaram a ser amendoados, a grade ganhou continuidade no para-choque, a lateral ganhou muitos vincos e as lanternas traseiras ficaram triangulares e horizontais com prolongamento na tampa do porta-malas. O conjunto ótico passou a adotar luzes diurnas de LED nos faróis e inteiramente em LED nas lanternas. 


Na segurança, destaque para a adição de airbags para os joelhos do motorista e passageiro da frente, monitoramento da pressão dos pneus e suspensão controlada eletronicamente, que evita a inclinação excessiva em curvas. Ele também ganhou assistente de estacionamento, duas telas de LCD de nove polegadas para os passageiros do banco traseiro, direção elétrica, abertura automática da tampa do porta-malas, sistema multimídia com tela de sete polegadas, GPS, memória interna de 10 gigabytes e entrada para internet 3G, ar-condicionado de três zonas e teto solar panorâmico. 


Todos os motores ganharam sistema start-stop, que o desliga nas paradas de trânsito e. por isso, ganharam nomes alusivos ao azul como ML250 Bluetec (turbodiesel 2.1 de 204 cv), ML350 Bluetec (V6 turbodiesel de 231 cv) e ML350 BlueEfficiency (V6 a gasolina de 306 cv). O câmbio automático 7G-Tronic foi mantido, assim como as versões AMG. 



Face-lift (ML > GLE - 2015-2018)

Por uma nova estratégia da Mercedes, cupês esportivos de duas ou quatro portas (CL), roadsters (SL) e utilitários esportivos (GL) mudaram suas nomenclaturas em 2014. Cada sigla já cita entre parênteses, somadas à plataforma do sedã correspondente determinava o nome do carro. Só os icônicos Classe G e o mítico SL, além dos sedãs foram poupados.  

Assim, por exemplo, o SLK passou a se chamar SLC, por usar a plataforma do Classe C, o GL, um projeto da Chrysler, antiga parceira da Mercedes, se tornou o GLS, agora com a plataforma do Classe S, o GLK ganhou a nova geração como GLC e o ML deveria mudar para GLE. 




A mudança seria adotada apenas no face-lift, só que antes, surgiu o GLE Coupé, praticamente uma imitação do arquirrival BMW X6, com teto de caída baixa e arredondada. Chegou ao Brasil em 2016. 

Finalmente, em 2015, veio o GLE convencional, ou SUV, ao mesmo tempo, a quarta geração do extinto Classe ML e a primeira do GLE. 


As mudanças foram sutis. Por fora, elementos internos dos faróis, grade colmeiada com dois frisos vazados, para-choque mais arredondado e novos elementos internos nas lanternas traseiras. Por dentro, novo quadro de instrumentos, volante, botões e tela multimídia de 8 polegas um pouco mais saltada. 


A nomenclatura dos motores também mudou. Saiu o Blue qualquer coisa e cada versão passou a ser chamada simplesmente de GLE400 4Matic (V6 de 333 cv) e GLE 500 4Matic (V8 de 435 cv) quando a gasolina; GLE250d, quando a diesel, sem tração integral, só dianteira, e a híbrida agora se chama GLE500e, com um motor V6 e um elétrico, combinando 442 cv.


As esportivas AMG foram mantidas nas variações GLE63 AMG 4Matic (motor V8 de 557 cavalos) e GLE 63S 4Matic (585 cv).


Segunda geração GLE (2019)



E finalmente a recém-lançada segunda geração do GLE ou quarta do Classe ML. Mantém as linhas básicas, só que com mais tecnologia e segurança. Além dos dois tablets deitados do sistema MBUX, que fazem papel de quadro de instrumentos e sistema multimídia, a nova geração é equipada com programador de velocidade ativo (que agora reconhece engarrafamentos através do sistema LiveTraffic, obtendo informações da internet), assistente ativo de direção e de distância para o carro da frente, frenagem de emergência, detector de veículos em ângulo morto (alertando inclusive na hora de descer do carro, assistente de estacionamento com trailer (a visualização é feita na tela multimídia) e faróis de LED que iluminam até uma distância de 650 metros.


Destaque para a versão híbrida GLE 450 4Matic com motor turbo de seis cilindros em linha 3.0 de 367 cavalos com um gerador de 21 cv chamado EQ Boost, que ajuda na aceleração e recarga da bateria, podendo dispensar o motor a gasolina por uma curta distância.

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO