Da série "Até tu, Brutus?!", falamos agora da Rolls-Royce, que é mais uma marca de luxo a aderir ao segmento de utilitários esportivos. Sua primeira investida na categoria é com o Cullinan, baseado na plataforma chamada de "Arquitetura de Luxo", totalmente de alumínio, usada no sedã Phantom. Como ele, tem as portas laterais traseiras de abertura suicida.

Pelas fotos o Cullinan parece pequeno, mas ele mede 5,34 metros de comprimento, 2,16 metros de largura e 1,84 metros de altura. A distância entre-eixos é de 3,30 metros. O estilo é tão conservador quanto os sedãs da marca de Goodwood: reto e quadradão, com a coluna D bem larga. Consegue ser, ligeiramente, o primeiro SUV de três volumes, graças a saliência da base da tampa do porta-malas e da área das lanternas traseiras verticais. Tal como estas, os faróis são inteiramente em LED, redondos e retangulares com contornos curvos dentro de uma moldura totalmente retangular. A imponente grade típica da Rolls-Royce é ligeiramente avançada, com filetes cromados que se abrem conforme a velocidade, limitada a 250 km/h. No seu topo, não falta a estátua "Spirit of Ecstasy", que, como nos sedãs, se esconde automaticamente. No Cullinan, além de proteger os pedestres em caso de atropelamento, ganha também a proteção contra a lama. 


O Cullinan terá duas versões. A mais "simples", se é que podemos chamar assim um carro que deverá custar mais de um milhão de reais por aqui (nos Estados Unidos deverá custar cerca de 325 mil dólares), tem cinco lugares, banco traseiro tripartido, interior em couro bege, painel com detalhes em fibra de carbono e volante com um braço em meia-lua. O porta-malas tem capacidade para 560 litros, podendo chegar a 1.930 litros com os três encostos rebatidos eletricamente, automatização também presente no nivelamento do assoalho e da tampa do porta-malas, dividida. Na parte inferior desta há dois bancos e uma mesa para um pique-nique ou curtir o luar a dois. 




A versão ainda mais cara tem quatro lugares, com o lugar traseiro do meio ocupado por um frigobar e porta-taças de cristal, além de divisória do mesmo material entre o banco de trás e o porta-malas (de 526 litros), interior em couro branco, apliques de madeira e volante de três braços. Afinal, o Cullinan será usado por milionários aventureiros, provavelmente com motorista. 




Em ambos há, no centro do painel de desenho simétrico e conservador, uma tela multimídia de 7 polegadas, com visão de 360 graus, inclusive noturna, detecção de pedestres e animais e o mais sofisticado sistema de navegação do grupo BMW, dona da marca. Além disso, a tela pode ser escondida. Tudo é operado por um botão giratório, que tem gravada a imagem da "Spirit of Ecstasy", que também aparece no revestimento interno das portas. O teto solar, no entanto, não é panorâmico, mas é amplo. Para manter a tradição, o quadro de instrumentos é físico e analógico nas duas versões. 




O Cullinan também  traz bancos dianteiros e traseiros (mais elevados) com aquecimento, ventilação e ajustes elétricos, cinco entradas USB, carregador magnético de celular, piloto automático ativo, alerta de colisão, alerta de mudança involuntária de faixa e projeção de informação no para-brisas.

O Cullinan vai usar um motor V12 biturbo 6.75 de 571 cavalos e 86,4 kgfm de torque a apenas 1.600 rpm. A transmissão tem oito marchas e a tração é integral. Além de abaixar 4 centímetros quando os ocupantes se aproximam (para voltar ao normal, basta apertar o botão de partida) para facilitar a entrada no veículo, a suspensão pneumática tem um autonivelamento que garante um rodar semelhante a um tapete mágico.



Além disso, a tração tem botões que acionam os modos Off-Road, que permite que o jipão de ultraluxo mergulhe em até 54 cm de água; Everywhere, que adiciona torque para vencer terrenos irregulares, como areia, pedra ou lama; o Controle de Descida e o ajuste da altura da suspensão. As quatro rodas de 22 polegadas ainda são direcionáveis. 



Tradicionalmente usando nomes inspirados em fantasmas (ou espíritos, para ser mais elegante), a Rolls-Royce foge da tradição usando o nome do minerador Thomas Cullinan, que, em 1905, encontrou, em sua mina, na África do Sul, o maior diamante do mundo, de 3.106 quilates, batizado com o seu nome e hoje ostentado na coroa da rainha Elizabeth II. 

E a concorrência será igualmente nobre: além do Bentley (marca que já foi uma variação esportiva da Rolls-Royce e hoje pertence ao grupo alemão Volkswagen) Bentayga, o Cullinan vai enfrentar o experiente Land Range Rover Autobiography Dynamic, este mais experiente nas trilhas de luxo. 

Mercedes, BMW, Porsche, Audi (que já diversificaram sua linha de utilitários), Maserati (Levante), Alfa Romeo (Stelvio), Lamborghini (Urus) só falta a Ferrari inventar o seu SUV. E sabe aquela pergunta feita por conservadores (entre os quais me incluo): "Aonde vamos parar?" No caso do Rolls-Royce Cullinan, talvez na lama. No bom sentido, do terreno, claro. 



TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO