TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
Sabe aquela frase "sou feio, mas tô na moda!"? Ela se aplica muito bem ao Citroën C4 Cactus. Seu estilo desproporcional é estranho, especialmente a frente com os faróis no para-choque e a lateral com o superborrachão, chamado pela marca francesa de "airbump". Pois foi justamente este modelo que serviu de inspiração para a terceira geração do C3, que está sendo apresentado no Salão de Paris, e possivelmente servirá de base para a nova geração do próprio C4.
Exatamente os dois detalhes mais polêmicos do utilitário foram adotados no hatch compacto, que também terá teto de outra cor, assim como o Cactus e o luxuoso DS3. Para não assustar tanto os fãs do modelo lançado em 2001 (2003 no Brasil), o desenho da parte traseira ficou mais convencional, com as janelas lembrando o primo Peugeot 208.
Há ainda, no novo Citroën C3 - que continuará tendo apenas carroceria de quatro portas (nunca teve uma de duas) - muitos detalhes que remetem ao conceito "quadrado redondo" do nosso Fiat Uno, como as lanternas traseiras, faróis, capelas das luzes de neblina, grade frontal e o airbump. As linhas também estão menos arredondadas. Por isso, ficou um pouco mais baixo: de 1,52m foi para 1,47m. O comprimento, como é natural nas gerações seguintes, aumentou, mas nem tanto. Apenas cinco centímetros (3,99m agora). O maior crescimento ocorreu na distância entre-eixos que, embora tenha a mantido a plataforma da geração anterior (PF1), pulou dos apertados 2,46m para mais confortáveis 2,54m. A largura passou de 1,71 para 1,75m.
O rounded square também está muito presente no interior, especialmente no forro das portas, maçanetas internas, capela dos instrumentos, miolo do volante e nas pequenas quatro molduras das saídas de ar do painel horizontal. O gabinete central foge do conceito e o retângulo é pontudo. A peça é sobreposta à parte horizontal colorida, mas a tela do sistema multimídia e os botões são alinhados. Pode parecer estranho, mas a primeira vez que vi a foto do interior marrom e bem reto, lembrei dos carros dos anos 70, como o Ford Corcel.
O aumento da distância entre-eixos melhorou o espaço interno. O porta-malas manteve a capacidade de 300 litros.
Na lista de equipamentos estão presentes, opcionais ou não, recentes tecnologias como alertas de mudança involutária de faixa, detector de veículos em ângulo morto no retrovisor, sensor de fadiga e sistema multimídia que controla também a climatização e espelhamento com Apple Car Play e Android Auto. A principal novidade, inclusive para o segmento, é a ConnectedCam: uma câmera HD colocada no pára-brisa que pode tirar fotos - com um ângulo de 120 graus - e fazer vídeos de no máximo 20 segundos. Em caso de acidente é criado automaticamente um registro. É muito útil neste caso, mas torna realidade a possibilidade de tirar selfies dentro do carro, um recurso que foi apresentado recentemente e que foi tratado como brincadeira de Primeiro de Abril.
A mecânica não mudou. Foram mantidos os motores tricilíndricos a gasolina Pure Tech 1.2, que na Europa tem três variações de potência: 68, 82 e 110 cavalos. Lá, ele também terá os diesel BlueHDi 1.6 de 4 cilindros e potências de 75 e 100 cavalos. O câmbio manual continua com cinco marchas. Posteriormente ele receberá o automático de seis velocidades.
Com o discurso furado de que a agora geração passada vendida aqui ainda atende muito bem o mercado, a Citroën do Brasil já disse que o modelo não vem. Mesmo usando a mesma plataforma e a mesma mecânica, argumenta que o investimento é muito caro e não compensa diante da atual situação político-econômica do nosso país. Ela pretende fazer uma gambiarra estética no atual C3. Já o novo será mais um carro para o brasileiro babar de inveja.
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