TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


Com o Renegade fabricado no Brasil, a Jeep, agora controlada pela Fiat, quer o seu espaço no mercado nacional de SUVs compactos. Apesar do conforto e do bom acabamento, ela aposta em um estilo polêmico, bem reto. 

Na quinta geração do Cherokee, já à venda no Brasil por R$ 174.900 na versão Limited, a mãe dos jipes resolveu usar o mesmo visual discutível contra concorrentes como Ford Edge (R$ 131.490), Kia Sorento (R$ 154.900), Chevrolet Trailblazer (R$ 144.650) e Mitsubishi Pajeto Dakar (R$ 146.990), maiores e mais baratos. 

Depois do preço, o outro obstáculo para o sucesso do novo Cherokee pode ser a estranha frente, na qual os faróis principais (de bixenônio e com lavador) foram separados das luzes de LED, assumiram um formato trapezoidal semelhante às capelas dos faróis de neblina e ainda foram deslocados para uma posição mais baixa, nos cantos do para-choque. As luzes diurnas, junto com as de direção, ocupam o espaço mais alto, que seria dos faróis. A iluminação para neblina permanece lá na base do para-choque, que tem uma entrada de ar, no centro, com molduras cromadas. A grade com as tradicionais sete barras Jeep aparece "dobrada". A estranha frente lembra o novo Citroën C4 Picasso, que chega no ano que vem.

A ousadia do Cherokee parou por aí. A lateral e a traseira têm estilo comum ao de outros crossovers, para não espantar de vez o potencial cliente. As janelas laterais têm recorte convencional, enquanto as lanternas são horizontais, divididas pela tampa do porta-malas, mas quase coladas no vidro envolvente, cujo topo é protegido pelo aerofólio. No teto, não faltaram as duas barras cromadas para o bagageiro e a antena do tipo "barbatana de tubarão". O para-choque é de plástico preto, assim como a caixa das rodas de ângulo reto, a saia lateral e a parte inferior do para-choque dianteiro.


No interior, inclusive no porta-malas, além do revestimento de couro, da tecnologia e do bom acabamento, encontramos vários detalhes que remetem ao DNA Jeep: grade estilizada, o desenho do próprio jipe e inscrições como "Since 1941".



O painel tem difusores de ar centrais em forma de asas, ladeando a tela sensível ao toque de 8,4 polegadas, do sistema Uconnect, com informações de áudio, mídia, conexão Bluetooth, navegação, telefonia, climatização de duas zonas, climatização dos bancos e imagem da câmera de ré. Abaixo tem os controles do ar condicionado. O quadro de instrumentos tem outro visor colorido tridimensional e multifuncional, de 7 polegadas, como navegação, manutenção, mídia, desempenho, telefonia, entre outros. O volante tem três braços e controles do áudio e entretenimento.



Os bancos dianteiros são bem anatômicos e podem ser aquecidos ou ventilados através do sistema multimídia. O do motorista tem regulagem elétrica com duas memórias. O do passageiro é manual. Os traseiros são bipartidos. O teto tem para-sois com espelhos iluminados, luzes de leitura, porta-óculos, comandos das persianas e do vidro do teto solar panorâmico. Este, aliás, rouba espaço da cabeça dos passageiros mais altos no banco de trás. Em compensação, a folga para as pernas é boa. O porta-malas tem capacidade para 412 litros e ganchos nas laterais.


A versão Limited é a intermediária. Ela também tem controle eletrônico de rolagem de carroceria, sete airbags, assistente de partida em rampa, chave por aproximação, botão de partida, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, monitoramento de pressão dos pneus, tampa do porta-malas de abertura elétrica e os sensores de chuva e de ponto cegos no retrovisor externo. Suas rodas são de aro 18 polegadas.

Até o sistema de monitoramento dos pneus, os itens listados acima também estarão presentes na versão básica Longitude, que custará R$ 159.900 e chegará depois do Salão do Automóvel. Mas ela terá a tela multimídia de apenas 5 polegadas e ainda dispensará os itens a partir da tampa elétrica do porta-malas e mais os faróis de xenônio com lavadores, os bancos ventilados, a memória deles e dos retrovisores externos, o navegador com mapas em 3D, a câmera de ré e o teto solar. No último mês do ano também chegará a top Trailhawk, por R$ 189.900, que terá rodas escurecidas e para-choques mais reforçados. As futuras novas versões terão rodas de 17 polegadas, mas o pneu da esportiva será maior (245/65R17 contra 225/60R17). A Limited tem pneus 225/55R18.

Jeep Cherokee Trailhawk
O Jeep Cherokee que está chegando ao mercado nacional é equipado com motor Pentastar V6 3.2 de injeção direta de gasolina, 271 cavalos de potência e 32,2 kgfm de torque. A transmissão é a automática ZF de nove marchas. A tração é 4x4 Jeep Active Drive I, que reduz ou anula a força nas rodas traseiras, desligando inclusive o eixo cardã. O sistema também tem as opções de tração Auto, Snow (neve), Sport e Sand/Mud (areia/lama), que atuam em 12 componentes do veículo, entre eles motor, transmissão, freios e controles de tração e estabilidade. O controle de descida é exclusivo da versão top Trailhawk, que também terá a função de tração em pedra.


O Cherokee Limited acelera de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos, retoma a velocidade entre 80 e 120 km/h em 6,7 segundos, para em 66,1 metros a 120 km/h e tem consumo de 7,9 km/l na cidade e 11,4 km/l na estrada. A frenagem a 120 km/h é cumprida em 66,1 metros. Números da Quatro Rodas.



Não é nada oficial, mas o novo Cherokee tenta reconquistar os antigos donos das duas primeiras gerações do Grand Cherokee, preferido de endinheirados emergentes e jogadores de futebol na virada dos anos 1990 e 2000.

As dimensões são apenas um pouco maiores que a segunda geração: o modelo 2015 tem 4,62m de comprimento contra 4,61m do utilitário de 1998. A distância entre-eixos também é 1cm maior: 2,70m contra 2,69m. A largura, 1,86m contra 1,83m.

Evolução do Jeep Grand Cherokee

Por outro lado, enquanto o Grand Cherokee foi ficando mais sisudo e caro a cada reestilização, o Cherokee original vem ficando mais arrojado. A primeira geração, como as típicas peruas norte-americanas, com direito a lateral imitando madeira, não veio para cá. A segunda manteve o estilo reto e rústico, mas com cantos suavizados. A terceira tentou ser uma versão perua do clássico Jeep Wrangler, que aqui conhecemos como Jeep Willys, com frente de faróis redondos, só que com silhueta arredondada. Já a quarta retomou o estilo reto das duas primeiras gerações.


Esta quinta iniciará um novo capítulo na história do Cherokee e da Jeep no Brasil, ao lado do nacional Renegade. O interior italiano, o conforto e a capacidade aventureira agradaram bastante, mas esta frente,,, é só para corajosos.

Pontos Fortes

+ Acabamento
+ Espaço interno
+ Motor
+ Capacidade off-road

Pontos Fracos

- Estilo Frontal
- Porta-malas
- Consumo


FICHA TÉCNICA 

Motor: Seis cilindros em V, 24 válvulas, transversal, gasolina, injeção direta, 3.239 cm³ 
Potência: 271 cv
Torque: 32,2 kgfm a 4.400 rpm
Câmbio: Automático de nove marchas
Tração: 4x4 com seletor de piso
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9.1 segundos (Revista Quatro Rodas)
Consumo: 7,9 km/l na cidade e 11,4 km/l na estrada (Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,62/1,86/1,68/2,70 m
Porta-malas: 412 litros
Tanque: 60 litros
Preço: R$ 159.900 (Longitude - em breve) / 174.900 (Limited) / R$ 189.900 (Trailhawk - em breve)