Lançado no final do ano passado, o ZR-V é a resposta da Honda ao Jeep Compass e o Toyota Corolla Cross, os líderes do mercado de SUVs médios. O utilitário, que é vendido nos Estados Unidos com o nome de HR-V (homônimo do nosso compacto, que é um projeto japonês para o mundo), vem do México em versão única chamada Touring, com motor aspirado 2.0 16v.
Somente agora tive a oportunidade de desafiar o ZR-V contra os seus rivais fabricados no Brasil. E embora eu tenha o costume de comparar as versões completas dos modelos, desta vez, decidi dar uma chance às versões básicas do Compass (Sport, com motor 1.3 Turbo) e do Corolla 2.0 (XRE 2.0), pois o Jeep mais caro com motor T270, o Série S, tem muita diferença de preço acima do Honda. O Toyota, aliás, ganhou um face-lift este ano, o que dá mais uma motivação para o confronto. Já o Compass participa do seu último comparativo, pois vai ganhar uma nova geração ainda este ano no exterior e, se não vier para o Brasil ou se o modelo nacional for apenas requentado, vai ficar de fora dos futuros confrontos.
Estilo
Apesar da reestilização muito próxima, o estilo do Compass ainda é o mais moderno, mesmo com oito anos de projeto. Foi lançado em 2016 e continua mais atual que os dois rivais nipônicos, um mexicano e outro nacional, ambos de estilo conservador demais. Mesmo discreto, o ZR-V, por ser mais arredondado, apresenta mais modernidade que o Corolla Cross, que apesar da frente remodelada na linha 2025, com grade simbolicamente embutida na lataria perfurada, novos faróis e lanternas, é muito reto.
Acabamento
Todos os três modelos do comparativo têm revestimento emborrachado nas portas dianteiras e no painel, mas apenas o Corolla Cross, mesmo na versão básica XRE, tem material suave ao toque também nas portas traseiras. Só que a parte superior do painel é em plástico duro e aparenta mais simplicidade que o ZR-V, mais caro, com mais material emborrachado no painel. Portanto, os dois dividem o melhor acabamento. Já o Compass, analisado aqui na versão básica Sport, tem a parte superior do painel macia ao toque, com a parte central em plástico duro, o inverso do Toyota, mas ainda assim, parece mais espartano que os rivais.
Honda ZR-V |
Corolla Cross XRX Hybrid |
Jeep Compass Blackhawk |
Espaço interno
O Honda ZR-V tem 2,66 metros de distância entre-eixos, contra 2,64 m do Corolla Cross e do Compass, empatados. A superioridade do nipo-mexicano se refletiu no espaço interno, pois ele tem duas das maiores medidas internas no banco de trás da revista Quatro Rodas: comprimento de 95 cm para as pernas e largura de 153,5 cm para os ombros. A maior altura, correspondente ao espaço para a cabeça é do Corolla Cross, com 98 cm. O Toyota e o Jeep empataram na segunda colocação, porque, apesar do Corolla ter vencido na altura, o Compass ficou com mais segundos lugares e na soma dos pontos, deu empate.
Toyota Corolla Cross |
Jeep Compass |
Honda ZR-V |
Porta-malas
O Corolla Cross tem o maior porta-malas, com 440 litros. Em segundo, ficou o Compass, com 410 e em terceiro o ZR-V, com 389 litros. Vale lembrar que nenhum dos três tem abertura elétrica da tampa.
Jeep Compass 1.3 Turbo (T270) |
Motor
Cada um dos três participantes do comparativo utiliza um tipo de motor: o Compass é o mais potente com um 1.3 flex turbo: rende 185 cavalos com álcool e 180 cv com gasolina e 27,5 kgfm de torque. Depois, vem o Corolla Cross com um 2.0 flex aspirado de injeção mista, 175/167 cv e 20,8 kgfm e o ZR-V com um simplório 2.0 aspirado comum, que é movido somente a gasolina. Como era de se esperar, tem apenas 161 cavalos e 19,1 kgfm.
Câmbio
Corolla Cross e ZR-V usam câmbio automático CVT, de variação contínua, o que lhe dão uma certa vantagem, mas o Toyota tem 10 marchas simuladas, contra sete do Honda. Para trás, fica o Jeep Compass com o seu automático comum de seis velocidades.
Toyota Corolla Cross XRX |
Desempenho
O Compass foi superior na potência do motor turbo, mas nas provas da revista Quatro Rodas, ele teve que dividir a pontuação máxima com o Corolla Cross e seu motor 2.0 de injeção mista. O Jeep foi o mais rápido na aceleração de 0 a 100 km/h: 9,9 contra 10,3 segundos, mas o Toyota deu o troco na retomada entre 80 e 120 km/h, com 6,6 contra 7 segundos. Cada um venceu uma prova por diferença de menos de meio segundo. E a prova que poderia desempatar, a aceleração até 1 km (ou 1.000 metros), também teve empate técnico com dois décimos de diferença a favor do Compass: 31,3 contra 31,5 segundos. Já o ZR-V ficou atrás nas três provas. Fez 11,6 segundos na aceleração até 100 km/h, 32,9 seg. até 1.000 m e 8 segundos na retomada.
Consumo
O conceito de downsizing do motor pretende oferecer mais desempenho através do turbo, com menor consumo proporcionado por uma cilindrada mais baixa. Quem representa este conceito aqui neste comparativo é o Jeep Compass, mas, na prática prevaleceu o upsizing da Toyota, mesmo. Além de ser um dos mais rápidos, o Corolla Cross 2.0 foi o mais econômico em combustível. Segundo a Quatro Rodas, fez 12,3 km/litro na cidade e 15 km/l na estrada, agregado de 27,3 km/l. Mas o segundo colocado foi o ZR-V, que fez 10,9 km/l e 14 km/l (24,9 km/l na soma). O Compass, com o símbolo do downsizing no seu motor 1.3 turbo, acabou sendo o que mais gasta combustível, com 9,6 e 12,8 km/l e 22,4 km/l no total.
Jeep Compass Blackhawk |
Segurança
Eu divido a avaliação da segurança em dois subquesitos: equipamentos e frenagem. No primeiro, ZR-V Touring e Corolla Cross XRE se destacam por oferecer mais itens de série. O Compass até tem bastante, mas boa parte é opcional na versão básica Sport, como o reconhecimento de sinais de trânsito, que só ele pode ter. Detecção de pedestres com frenagem autônoma, piloto automático adaptativo, sistema de manutenção em faixa e alerta de fadiga são itens opcionais no Jeep, mas de série nas marcas japonesas. O ZR-V ainda traz lembrete de esquecimento de objetos no banco traseiro e tem oito airbags, contra sete do Corolla Cross e apenas seis do Compass, que nessa versão só tem sensor de estacionamento na traseira, enquanto os outros dois têm também na frente. Em relação ao assistente de ponto cego, o Toyota tem o tradicional, com luz indicadora no retrovisor externo esquerdo. Já o Honda tem câmeras nos dois lados e aí cabe ao interessado decidir qual é o mais prático. Ganchos ISOFIX para cadeirinhas infantis, cintos de segurança dianteiros com ajuste de altura, câmera de ré, freio de estacionamento eletrônico (novidade no Corolla Cross, pois o anterior tinha no pedal) e alarme são de série nos três modelos.
Em relação a frenagem, o melhor é o Corolla Cross, que nas três principais velocidades medidas pela Quatro Rodas freia mais rápido a 60 km/h em 13.8 metros, a 80 km/h em 24,7 metros e 120 km/h em 57,3 metros. Com o segundo lugar, ficou o ZR-V, com, respectivamente 15, 26,8 e 59,4 metros. Além de pouco equipado, o Jeep Compass demora para parar, com 16,5 m, 29,4 m e 63,9 metros. Assim, a colocação geral do quesito segurança é exatamente a mesma da frenagem.
Conforto
No nível de ruído medido pela Quatro Rodas, que define o conforto, os três utilitários aqui analisados empataram em pontos nas duas principais velocidades medidas pela revista: a 80 e a 120 km/h. O Corolla venceu na velocidade mais baixa com 60,9 decibéis, mas ficou em último a 120 km/h, com 73,4 dBA. Já o Compass fez o contrário: é o mais silencioso na velocidade mais alta, com 68,8 dBA, mas é o mais ruidoso a 80 km/h, com 63,7 dBA. O ZR-V ficou em segundo nas duas provas: 62 e 71,2 dBA.
Então, decidi levar o desempate para as duas outras provas da publicação da Abril: na posição neutra e em rotação máxima. Nestas duas, quem se destacou foi o Honda, com 37,6 dBA e 62,4 dBA. Já o Corolla Cross se revezaram na segunda posição e empataram o item conforto. O Toyota só ficou atrás do Honda no "ponto morto", com 39,2 dBA, mas ficou atrás na rotação máxima, com 72,4 dBA. Já o Jeep ficou em segundo nesta segunda prova, com 65,7 dBA e em último no Neutro, com 42,4 decibéis.
Equipamentos de Série
Se o ZR-V tem mais equipamentos de segurança, adicionando os itens de conforto e conveniência, o Corolla Cross vira o jogo por pouco. Tanto que os dois únicos recursos que só ele tem de série (isso falando da versão básica XRE, considerada aqui no comparativo) é o rebatimento elétrico dos retrovisores externos e o quadro de instrumentos inteiramente eletrônico. No Honda é parcial e no Compass é opcional. Mas ele também tem espelhamento sem fio do sistema multimídia, com tela de 9 polegadas, bancos em couro, saídas de ar traseiras com entrada USB, carregador de celular por indução, retrovisor interno fotocrômico, apoio de braço na frente e atrás e borboletas de câmbio no volante. Alguns presentes também no Honda ou no Jeep. Presentes de série nos três só direção assistida elétrica, trio elétrico, espelho no para-sol com iluminação, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, entrada sem chave e partida por botão e faróis em LED. Mas o Toyota falha por só ter ar condicionado digital de uma zona, enquanto os dois rivais têm de duas.
Em segundo lugar vem o ZR-V Touring, que se destaca por ter com exclusividade banco do motorista com ajustes elétricos. O teto solar é de série, mas o Compass Sport oferece como opcional. Ele divide com o Corolla Cross a tela de multimídia de 9 polegadas, carregador de celular por indução, retrovisor interno fotocrômico e borboletas no volante. Os bancos em couro são opcionais no Compass Sport, que cobra a mais pela tela multimídia de 10 polegadas. O Honda só não tem saídas de ar traseiras e espelhamento sem fio para Android. Para Apple ele tem. Apoio de braço só entre os bancos da frente.
Se todos os opcionais da versão básica Sport do Jeep Compass fossem de série, ele dividiria o primeiro lugar em equipamentos com o Corolla Cross. Mas o som premium da marca Beats (ele é o único a oferecer) e os itens de segurança já mencionados no respectivo capítulo são opcionais. Entretanto, só o Compass tem porta-luvas iluminado. A tela multimídia de série é de apenas 8 polegadas.
Preço
Como eu disse na introdução, decidi comparar as versões básicas do Compass, a Sport, que está em promoção, custando R$ 152.999, menos que um Renegade Longitude (R$ 167.990). O preço original de R$ 182.990 na única pintura que não cobra adicional, a Preto Carbon, ainda aparece no site. O Corolla Cross XRE custa R$ 183.490, com apenas uma opção de pintura sem custo: a Branco Polar.
O Jeep ainda tem a opção das metálicas Cinza Granite e Prata Billet, que custam R$ 2.200. Com elas, o preço promocional sobe para R$ 155.199. E ainda a perolizada Branco Polar (sim, o mesmo nome da pintura básica do Toyota), por R$ 2.500, chegando a R$ 155.499. Com todos os opcionais e a pintura perolizada, o utilitário da Stellantis sobe para R$ 183.499. A segunda versão mais barata é a Longitude, que não tem o desconto, começando em R$ 202.990, tem de série todos os opcionais da Sport, exceto o teto solar, que continua com taxa extra, adiciona mais uma opção de cor metálica, a Azul Jazz, e vai até R$ R$ 215.490. Por isso, é a versão mais vantajosa do Compass.
Já o Toyota tem as opções de cores metálicas Vermelho Granada, Cinza Granito, Preto Infinito e Prata Lua Nova, que elevam o preço para R$ 185.510, e a perolizada Branco Lunar, que fecha o valor em R$ 185.820. O Corolla Cross só fica mais barato que o Compass quando considerada a versão completa com motor 2.0 XRX, que custa entre R$ 195.390 e 197.720, e comparado com a versão Longitude do Jeep.
O Honda ZR-V, único importado do comparativo, é o mais caro. Disponível unicamente na versão Touring, custa R$ 214.500 na única cor simples, a Vermelho Adrenalina, adicionando mais 2 mil reais nas cores metálicas (Prata Platinum e Cinza Barium) e perolizadas (Azul Aurora, Preto Cristal e Cinza Titanium) e R$ 2.300 na perolizada Branco Topázio.
Assistência
A maior rede de concessionárias é a da Toyota, com 216 postos, seguido pela Honda, com 212 e a Jeep, com 202.
Conclusão
3º Jeep Compass Sport 1.3 Turbo (T270)
A disputa ficou mais equilibrada pelo segundo lugar do que pela vitória. O Jeep Compass Sport 1.3 Turbo (T270) somou 24 pontos. Ele venceu sozinho no estilo, no motor e no preço. O melhor desempenho ele dividiu com o Corolla Cross. Mas os últimos lugares no acabamento, câmbio, consumo, segurança, equipamentos de série e assistência, o puxaram para o terceiro lugar por apenas um ponto, mesmo com mais vitórias que o vice-campeão, o...
2º Honda ZR-V Touring 2.0
... Honda ZR-V Touring 2.0, com 25 pontos. Ele se destacou no espaço interno e no nível de ruído. No acabamento, empatou com o Corolla Cross. Conseguiu o segundo lugar porque obteve menos piores colocações que o Compass: foram quatro - porta-malas, motor, desempenho e preço - contra seis do modelo nacional.
1º Toyota Corolla Cross XRE 2.0
O Corolla Cross XRE 2.0 sobrou no comparativo e foi o vencedor, com 33 pontos. Ele tem o maior porta-malas, o câmbio mais moderno, é o mais econômico de combustível, o mais seguro, o mais equipado de série e a Toyota tem a maior rede de concessionárias. Ele ainda é um dos mais caprichados no interior, junto com o ZR-V, e um dos mais rápidos, ao lado do Compass. Seu único ponto fraco é o estilo muito reto, que rapidamente vai parecer mais desatualizado, mesmo com o face-lift que ganhou este ano.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS
0 Comentários