O Gol foi lançado em maio de 1980, fabricado em Taubaté (SP), com a missão de suceder o Fusca no Brasil (na época, com 20 anos de estrada). O nome foi ideia do jornalista da revista Quatro Rodas, Nehemias Vassão, que queria associar o nome ao momento máximo do esporte mais popular do nosso país: o futebol. Outro argumento foi a aproximação esportiva com os outros carros da Volkswagen na Alemanha: o Golf e o Polo. As primeiras versões de acabamento foram a básica (sem nome) e a L.

O projeto começou em 1976, mesmo ano da inauguração da fábrica de Taubaté e um ano depois do lançamento do Polo na Europa. Este foi importado pelo departamento de engenharia da montadora para estudos. Com o tempo foram surgindo esboços e protótipos até chegar ao modelo definitivo, inspirado no também europeu Scirocco.




Só que quem esperava um motor moderno e refrigerado a água, já usado há seis anos no Passat, se decepcionou. O escolhido foi o mesmo 1.3 refrigerado a ar do Fusca, movido a gasolina, que tinha pouca potência (42 cv) e não andava quase nada (velocidade máxima na faixa dos 125 km/h). Pelo menos foi instalado na frente, mas numa posição longitudinal que seria usada por muitos anos. Poderia ter sido pior e entrado na traseira do carro.


Por dentro, o painel era bem "ergonômico" com o ajuste da ventilação colocado quase acima do porta-luvas. O espaço era razoável, melhor que o do Chevrolet Chevette. Uma solução que, a princípio, aliviou um precioso espaço no porta-malas foi a colocação do estepe no compartimento do motor. Porém, quando surgiu o modelo a álcool, no início de 1981, com filtro de ar e dupla carburação, o estepe foi para o bagageiro. No entanto, a ideia de um mecânico de concessionária de colocar o pneu com a roda para cima fez voltar o estepe para o capô no novo modelo 1.6, lançado em março.


Foto: Revista Quatro Rodas

Ainda com o 1.3 a álcool, o Gol só chegava a 128 km/h. Já com o 1.6 os números subiram para 51 cv e 143 km/h. Por pouco, o Gol não saiu de linha no lugar da Brasília, em 1982. Além da perua, o hatch enfrentava a concorrência do Fusca dentro da própria Volkswagen. Para o motor 1.6, o modelo ganhou as versões de acabamento S e LS.



Entre 1981 e 1982 apareceram os seus derivados: Voyage (1981), Parati (meados de 1982) e Saveiro (outubro de 1982). Os dois primeiros com o motor arrefecido a água que o Gol deveria ter usado desde a estreia. O propulsor 1.5 com carburação simples rendia 65 cavalos. A picape foi lançada com o mesmo motor a ar e frente do hatch. A primeira série especial do Gol foi a Copa, lançada para celebrar o mundial da Espanha e que seria reeditada em 1994 e 2006.







Em 1984, o Gol, finalmente, ganhou o seu motor refrigerado a água, que estreou numa versão esportiva, a GT 1.8. O bloco AP1800 era o mesmo que seria usado em alguns meses no luxuoso Santana. Rendia 99 cavalos de potência. O estepe ficou definitivamente no porta-malas. A frente copiou os irmãos mais sofisticados da família BX, mas na cor do carro. Rodas de alumínio, aerofólio e adesivo no vidro traseiro completavam a aparência externa. Por dentro, bancos esportivos da marca alemã Recaro.





O Gol mais comportado esperou um ano para ganhar o motor a água e a frente definitivamente igual aos irmãos. E a cilindrada era 1.6, já usada no Passat, Voyage e Parati desde 1983. A potência subiu para 81 cavalos. O motor a ar continuou em produção no Gol, numa versão popular chamada BX.


Em 1987, surgia a Autolatina, união entre Volks e Ford. O Fusca já tinha saído de linha havia um ano e, pela primeira vez, o Gol assumiu a liderança do mercado, onde ficou por 27 anos. O Voyage e a Parati começaram a ser exportados para os Estados Unidos com o nome de Fox/Fox Wagon e uma nova frente, traseira e painel.

O Voyage partia com opção de duas e quatro portas e também foi o único da primeira geração do Gol que teve esta versão, vendida no mercado interno entre 1983 e 1986, mas saiu de cena por causa do preconceito do brasileiro contra as portas extras, porque achava que era de taxista. Continuou sendo fabricado para a América do Norte e outros países sul-americanos. Voltou a ser vendido em 1990 como opcional e, no fim da vida, entre 1994 e 1996, passou a vir da Argentina somente nesta configuração.





A remodelação externa do Voyage de exportação para os Estados Unidos chegou ao mercado brasileiro e também ao Gol, mas teve algumas modificações. Os faróis fundos do modelo "norte-americano" foram alinhados com a grade. Comparado à frente antiga, o conjunto ótico diminuiu de tamanho, as lentes das luzes de direção ficaram mais envolventes e os para-choques foram estendidos até o chão. As lanternas do Gol ficaram maiores. A linha também ganhou nova grafia na identificação externa. O painel novo ficou para o ano seguinte. As nomenclaturas BX, S e LS do hatch foram trocadas por C, CL e GL.


A versão esportiva GT do Gol dava lugar à GTS (sigla recentemente revivida no Polo). Voyage e Parati tinham a luxuosa GLS. A partir de 1988, estes três e mais a versão GL (Saveiro incluída) usavam painel interno diferenciado, mais arrojado. O GTS e os GLS tinham o motor AP1800 do Santana, que chegou para os GL de toda linha em 1990.







No final de 1988, para começar a ser vendido no ano seguinte, era lançado o Gol GTi, o primeiro carro brasileiro com injeção eletrônica de combustível. Era um 2.0 com um bico injetor para cada cilindro, de forma analógica e rendia 112 cavalos. Com ele, o Gol chegou aos 200 km/h e acelerou em menos de 11 segundos. Se diferenciava visualmente do GTS pelo aerofólio traseiro mais alto na cor do carro, as lentes do pisca brancas e os para-choques e para-lamas prateados foscos.


Em 1990, o AP1600 foi trocado pelo CHT da Ford, rebatizado de AE1600. Os fãs da Volkswagen detestaram a mudança. O Gol era eleito, enfim, o Carro do Ano da revista Autoesporte, graças ao GTi.

Para a linha 1991, nova remodelação estética: faróis trapezoidais e lentes dos piscas mais arredondadas e envolventes. O Voyage ganhava novas lanternas. A Parati trocava a depressão da tampa do porta-malas por um friso preto. A grafia da plaqueta de identificação foi mais uma vez mudada. Em 92, chegava o Gol 1000, com motor o motor da Ford reduzido, para enfrentar o Fiat Uno Mille, que quase tirou sua liderança do mercado. Em 1993, voltava o AP1600 e o para-choque dos dois lados passava a ser cinza.






Segunda geração (1994-2013)



No final de 1994, o Gol surgiu com um novo estilo de carroceria. As formas arredondadas lhe valeram o apelido de "bolinha". Frente e traseira foram inspiradas na terceira geração do médio Golf, que acabara de chegar importado do México. Todos os motores (1.0, 1.6 e 1.8) ganharam injeção eletrônica, mas mantiveram a montagem longitudinal. O 1000 virou 1000i Plus. CL e GL acrescentaram um i na sigla. O GTS saiu de linha. Seu lugar foi ocupado pelo GTI (agora com i maiúsculo) porque o esportivo ganhou outra versão com motor 2.0 16v e 145 cv. Duas séries especiais inesquecíveis foram a Rolling Stones e a Atlanta. A primeira, de 1995, em homenagem a vinda da banda inglesa no Brasil. A segunda para celebrar as olimpíadas de 1996 na cidade norte-americana.









Foto: Pastore





Na virada de 95 para 96, foi lançada a versão TSi (Tourism Sport injection), um GLi com aerofólio traseiro, coluna preta e motor AP1800, que posteriormente ganhou motor 2.0. Ainda em 96, com o fim da Autolatina, o motor 1000 passou a ser fabricado pela própria Volkswagen e ganhou o nome de AT1000. Todos os motores também ganharam injeção eletrônica multipoint Mi. Parati e Saveiro também foram reestilizadas. A perua apareceu no final de 1995 apenas com duas portas. Também ganhou a sua versão GTI 16v e um motor 1.0 16v em 1997. A picape se atrasou, mas foi lançada com uma janela-espia para dar impressão de cabine estendida no final daquele mesmo ano. O Voyage morreu em 1996 para dar lugar ao Polo Classic, importado da Argentina. Em 1998, Gol e Parati ganhavam pela primeira vez em sua história uma versão de quatro portas. O hatch de quatro portas ganhou ainda a inédita versão GLS 2000i.








Mil, novecentos e noventa e nove marcou a entrada da Geração III do Gol e da Parati. Na verdade, uma remodelação parcial da segunda geração. Faróis e grades entravam no padrão mundial VW da época, com lentes mais transparentes. A traseira do Gol ficava mais lisa e arredondada. A Saveiro com nova frente só apareceu em 2000. Por dentro, o painel também mudou. E totalmente. O quadro de instrumentos ganhou iluminação azul. Mas a qualidade dos plásticos caiu. As siglas, com exceção da GTI 16v, deram lugar a pacotes de equipamentos como Sportline e Confortline. Em 2001 a antiga versão esportiva, descaracterizada pelas quatro portas e o desaparecimento da bolha no capô, também foi extinta. Tal como o primeiro Gol, que não saiu de linha quando apareceu a nova carroceria em 1994, a "Geração II" continuou sendo fabricada até 2005 com o nome de Special.









Em junho de 2000, para aproveitar a nossa confusa política tributária, foram lançados o Gol e Parati 1.0 16V Turbo. Na época, os motores 1.0 pagavam menos imposto e a Volkswagen viu uma ótima oportunidade para oferecer um popular com alto desempenho. Tinha 112 cavalos de potência. Quando o Polo surgiu em 2002, o governo mudou as regras e reduziu o imposto dos modelos 1.6. O Gol Turbo foi sumindo aos poucos. A Parati durou um pouco mais. Ninguém percebeu, mas já tivemos um ensaio para o atual motor 1.0 TSi do Up!, Polo, T-Cross e Nivus.





O motor 1.0 ganhou comando roletado dos balancins e acelerador eletrônico, que aumentaram a potência do oito válvulas para 65 cv e do 16v para 76 cv. O motor 1.8 do Gol ganhou umas férias.

Para a linha 2003, o Gol e seus irmãos ganharam novos pára-choques e perderam uma aleta na grade. A Parati sofreu mudanças na traseira que a deixou parecida com as peruas do Golf e do Bora de 1999, desconhecidas do mercado brasileiro. O Special ganhava a companhia do City, com frente da Geração 3. Março daquele mesmo ano marcava mais um pioneirismo do Gol que passava a ser o primeiro carro movido a álcool e a gasolina. Era o início da era Flex. TOTALFLEX foi o nome escolhido pela Volkswagen.






No final de 2003 era lançado o Fox, com apenas duas portas. A partir de então, o Gol passou a competir no segmento de carros mais simples, voltados a frotistas e fiéis fãs do modelo. Voltou o motor 1.8, agora flexível. No início de 2005, o 1.0 também passou a ser flex. O 1.0 16v saiu de linha.

Em agosto de 2005, o Gol chegou à "quarta geração". Na verdade, foi a mesma estratégia usada pela Volkswagen no "Geração III". A dianteira adotou novos faróis, grade mais larga e pára-choques recortados em "V". A lanterna traseira ganhou novos elementos, como uma saliência circular que saltava aos olhos.


A empolgação foi tão grande que a montadora tirou de vez todas as versões anteriores, inclusive a Special e a City com frente de 1995 e 1999. Mas o Gol G4 foi projetado para ser mais simples que o Fox. Por isso, o painel ganhou o mesmo quadro de instrumentos do irmão mais novo. Já o acabamento empobreceu, com plástico rústico em excesso no painel e no revestimento das portas.


O motor 1.0 Flex ganhava três cavalos de potência, indo de 65 cv com gasolina para 68 cv e com álcool de 68 para 71 cv. No ano seguinte foi lançada a tradicional série especial "Copa", em alusão à Copa do Mundo na Alemanha. Tinha motor 1.6 Flex e grade e centro do pára-choque frontal pretos, acentuando o V da identidade da marca.



Em 2007 surgiu a meio-off-road-light Rallye com suspensão elevada em 2,7 centímetros e centro superior do pára-choque em cinza mais claro. Mesmo expediente foi usado nas versões Crossover, Track and Field e Surf da perua Parati. Nesta linha, a picape Saveiro já teve as versões Crossover, SuperSurf e também a Surf, além da Titan.





Terceira geração (2008)

Em 2008, o Gol, enfim, foi totalmente reestilizado: mais arredondado, faróis espichados, grade de único filete, para-choque dianteiro contínuo, vinco percorrendo todas as portas e lanternas praticamente na lateral. A plataforma recondicionada de 1980 deu lugar ao novo conjunto PQ-24, usado no Polo e no Fox. Isso possibilitou a tão esperada posição transversal do motor, que ficou restrito ao 1.0 e 1.6 de oito válvulas, também alterados. O 1.0 passou a ter torque elevado (VHT), passando a render 72 cavalos com gasolina e 76 cv com álcool. Já o 1.6 trocou o antigo AP pelo moderno EA-111, também dos irmãos mais caros, rendendo 101 e 104 cv.


O acabamento interno melhorou, mas ainda ficou aquém dos outros modelos da marca. Pelo menos o quadro de instrumentos voltou a ter velocímetro e conta-giros separados, que agora cercam o display do configurador de funções e do computador de bordo. Airbags frontais e freios ABS voltaram para a lista de opcionais.




A nova geração do Gol trouxe de volta o sedã Voyage, no final de 2008. Desta vez, a perua Parati foi a descartada da linha, por causa da SpaceFox. Ela saiu de cena definitivamente em 2012. Em 2009 foi lançada a nova Saveiro, agora com opção de cabine simples ou estendida, como a rival Fiat Strada, e desenho diferenciado, com caçamba inspirada na média Amarok e rodas escurecidas na esportiva Trooper.






Ainda em 2009, Gol e Voyage ganharam a opção do câmbio automatizado i-Motion, que tem embreagem eletrônica e permite a mudança de marchas manual sequencial ou automática, com direito a indicação das marchas no painel. No ano seguinte, a Saveiro ganhou mais uma versão: a Cross. É ainda mais esportiva e trilheira, para concorrer com a Strada Adventure e a Peugeot Hoggar, picape baseada no hatch 206 (depois 207), que não vingou no mercado brasileiro.





Também em 2010, para aproveitar o Mundial de futebol naquele ano, na África do Sul, a série especial Seleção substituiu o nome Copa, usado em 1982, 1994 e 2006. Patrocinadora da CBF até 2014, a Volkswagen ganhou o direito de ostentar o distintivo da entidade nas portas dianteiras, na tampa do porta-malas e no encosto dos bancos da versão do Gol. Depois, a Confederação Brasileira de Futebol passou a ser patrocinada pela Chevrolet e atualmente é a Fiat. 



Na linha 2011 foi lançado o Gol Ecomotion, ainda com a carroceria da Geração 4, que ganhou econômetro no quadro de instrumentos. O Gol antigo também teve a rústica Titan. Descansou em paz no final de 2013, junto com a Kombi, quando entrou em vigor a lei que obriga os carros a saírem de fábrica com airbags frontais e freios ABS a partir de 2014.



A frente original do Gol de terceira geração ainda ganhou a versão Rallye (os dois últimos face-lifts da segunda geração também tiveram), com a suspensão elevada e os mesmos recursos visuais da Saveiro Cross, como grade preta, moldura na cor da carroceria (o amarelo era uma das opções), parte do para-choque dianteiro preto, grandes faróis de neblina e protetores prateados foscos. O motor era somente o 1.6 VHT.



Outras quatro séries especiais foram a Rock in Rio 1.0 (em homenagem ao festival de Roberto Medina), Vintage (de apenas 30 unidades de uma carroceria branca com faixa no capô, parte da tampa traseira e teto pretos, rodas pretas ou brancas e uma guitarra Tagima de brinde. O motor era o 1.6) e a Black Gol, com carroceria e rodas pretas e motor 1.0. Também com o motor de baixa cilindrada foi a 25 Anos, em comemoração aos anos de liderança de mercado.



Em 2012 o Gol ganhou outro face-lift para uniformizá-lo com o resto da linha Volkswagen em todo o mundo. Detalhe que a frente antiga já estava na linha 2013. Os faróis ficaram maiores, mais angulosos e com máscara negra. A grade também foi escurecida, deixando de ter moldura. Os para-choques também foram renovados.  Na traseira, a tampa do porta-malas ficou um pouco mais saliente e as lanternas ganharam uma pequeníssima suavização da sua ponta e luzes em L. Neste ponto, o sedã Voyage mudou mais: as lanternas ficaram mais horizontais e ganharam extensão na tampa do porta-malas.







O interior teve apenas leves mudanças no revestimento, saídas de ar, botão do ar condicionado e painel central com máscara em preto brilhante. Os instrumentos passaram a ter iluminação branca, mas os displays de informação passaram a ter caracteres vermelhos. O sensor de estacionamento passou a ter gráficos no display do som.



O motor 1.6 nada mudou, mas o 1.0 ganhou novos coletores de admissão, central eletrônica com mais memória, novos bicos injetores e sistema de ignição, além do sistema de partida a frio, que dispensa tanquinho de gasolina. Mudou de nome para TEC. A potência continuou a mesma, mas o torque aumentou.

Meses depois, mais duas novidades para o Gol: a versão Bluemotion, com motor 1.0, rodas de menor banda de rodagem e indicativo de economia, e a inédita versão de duas portas para a terceira geração. Para a linha 2014, ainda em 2013, a versão top passou a se chamar Highline.



A versão "aventureira" Rallye ganhou a sua nova frente, com faróis de neblina ainda maiores e para-choques mais robustos. Com motor 1.0, a versão se chamava Track. Ainda em 2013, a série especial Seleção, com chancela da CBF, foi antecipada por causa da Copa das Confederações, que, assim como a Copa de 2014, seria sediada aqui no Brasil. Apesar das manifestações populares contra os dois eventos, o final da Seleção foi feliz no torneio preparatório. Já na Copa... todo mundo sabe o que aconteceu quando enfrentamos o país onde nasceu a Volkswagen.



A linha 2015 trouxe o novo motor EA211 1.6 16 válvulas de 110 e 120 cavalos apenas para as versões Rallye do Gol e Cross da Saveiro. O Voyage foi ganhar o seu só em 2018. Inicialmente, este motor ganhou a sigla MSI, mas depois esta foi estendida ao antigo 1.6 de apenas oito válvulas.

A versão aventureira da picape também ganhou controles de tração e estabilidade de série. Mais para o final do ano, quase todas as versões ganharam, com atraso, cabine dupla para enfrentar a antiga geração da Fiat Strada, que tinha três portas. A Saveiro chegou com apenas duas. Há a expectativa de uma cabine dupla de quatro portas.



Toda a linha Gol teve a sua nomenclatura de versões padronizada em Trendline, Comfortline e Highline. No entanto, a Saveiro teve a sua básica Startline e a top Cross, o Voyage a top Evidence e pacotes Fun e Urban e o Gol ganhou no final de 2014 a básica Special, com duas e quatro portas, além da Track 1.0 e a Rallye 1.6.



O Gol sofreu dois duros golpes em 2014. Primeiro perdeu a carroceria antiga G4 no final de 2013, substituída pelo moderno Up!. Sem ela, que representava metade de suas vendas, o Gol também perdeu, no final do ano seguinte, a liderança de vendas, após 27 anos, para o Fiat Palio (que só a manteve por um ano, repassando-a para o Chevrolet Onix, que está prestes a passar o bastão para o Hyundai HB20).



Em 2016, a linha Gol passou por uma nova atualização frontal, que ganhou novos para-choques dianteiros e faróis com nova organização de refletor, que passou a ser único. A traseira ganhou novos vincos na tampa do porta-malas e lanternas com novo arranjo de luzes. Mas a primeira grande novidade foi o interior, com novo painel de saídas de ar horizontais, frisos prateados foscos e sistema multimídia com Android Auto e Apple Car Play, além de suporte para smartphone no alto do painel.



Outra novidade foi no motor 1.0, que  passou a ser de três cilindros, com 75 e 82 cavalos, o mesmo usado pelo Up! e o Fox. O motor 1.6 16v saiu momentaneamente de linha. 



As mudanças chegaram simultaneamente ao hatch e ao Voyage, mas a Saveiro ganhou faróis mais recortados (lembrando o Passat) e com refletores duplos, além de um friso na grade um mês depois. A picape manteve ainda o motor 1.6 16v na versão top Cross e trocou a versão básica Startline pela Robust. As versões Trendline e Highline passaram a ter opção de cabine dupla. A primeira por algum tempo. 



No final de 2016, o Gol ganhou a versão aventureira Track, com os mesmos faróis da Saveiro. Na linha 2019, estes faróis passaram a ser mais um face-lift no Gol e no Voyage, que recuperaram os dois refletores.




Ambos passaram a ter versão única, com motor 1.0 rendendo mais dois cavalos com álcool (84 cv) e câmbio manual de cinco marchas, 1.6 8 válvulas e câmbio manual e a volta do tão esperado 1.6 16v de 110 e 120 cv para o Gol (inédito no Voyage), com câmbio automático de verdade (com conversor de torque e seis marchas) no lugar do antigo automatizado i-Motion. Já a Saveiro ficou com as versões Robust de cabine simples e dupla, Trendline só com cabine simples e Cross, com cabine dupla. Todas com motor 1.6 de oito válvulas e câmbio manual, exceto a Cross, com o 16v.




Em 2022, a Volkswagen começou a preparar o adeus do Gol. Seja na publicidade, reforçando o Polo como substituto ou devolvendo sete "Gols" 2014 para a Alemanha. Seja na série especial Last Edition, limitada a 1.000 unidades, com faixa preta na traseira, logotipo alusivo à primeira geração, emblema lembrando as rodas orbitais na coluna C e placa numerada.


O Gol Last Edition é vendido unicamente na cor Vermelho Sunset e tem motor 1.0 MPI e câmbio manual de cinco marchas. Parte deste lote de mil unidades é equipado com motor 1.6 para ser exportado para outros países da América do Sul. Na base das portas laterais há uma faixa preta. As rodas também são escurecidas. Os faróis também possuem máscara escura. O revestimento dos bancos lembra o dos Gol GT e GTS dos anos 1980. Custa R$ 95.990. 

O Voyage não teve série especial para marcar a sua despedida. Terá a sua produção encerrada no final do mês. Só a Saveiro que vai continuar no mercado, com mais um face-lift, talvez esperando por uma nova geração em 2026. 




Em um mundo onde os utilitários esportivos têm se tornado prioridade no mercado, especula-se que um novo modelo do porte do Gol, a ser construído sobre a plataforma MQB A0, terá o estilo de um crossover. Uma curiosidade é que os atuais Polo e Virtus quase se tornaram a nova geração do Gol e do Voyage, mas a matriz da Volkswagen vetou o uso dos nomes tradicionais brasileiros.  Por enquanto, o Polo Track, uma versão mais simplificada, será oferecida na faixa de preço do velho campeão. 


O Volkswagen Gol chega ao fim com uma história de robustez, confiabilidade e uma liderança de vendas por 27 anos. 

Resta aguardar se o novo SUV compacto retomará o nome Gol ou o carro chamado pelo momento máximo do futebol morrerá mesmo. 

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO 
FOTOS: DIVULGAÇÃO, REVISTA QUATRO RODAS E PASTORE