Para o seu primeiro carro médio totalmente e genuinamente elétrico, a francesa Renault apostou no estilo de carroceria da moda e um nome forte. Com aparência de SUV, segmento dominante no mercado, o novo modelo se chama Mégane, como o consagrado hatch médio vendido na Europa desde 1995 e que hoje está na quarta geração.
O sobrenome E-Tech Electric, adotado para diferenciar da atual geração do hatch e da perua, ainda no mercado europeu, é o que gera a dúvida sobre a linhagem do Mégane. O novo modelo elétrico será a quinta geração ou um modelo à parte, a exemplo do Ford Mustang Mach-E, claramente paralelo ao lendário cupê? A Renault garante que o Mégane a combustão continua no mercado até o final do seu ciclo, mas resta saber se hatch, perua ou mesmo o sedã terão nova geração movida a gasolina ou diesel.
O estilo crossover do Mégane E-Tech é arredondado e musculoso, com linha de cintura alta, principalmente na lateral traseira, ascendente, e um contorno cromado na coluna, que abriga as maçanetas das portas traseiras. As da frente são embutidas e retráteis. Os faróis são finos e bem horizontais e se comunicam com o filete de LED branco e a falsa grade, onde no centro há o novo losango da Renault, inspirado no que foi utilizado dos anos 1970 aos 1990, que agora é bidimensional e tem duas voltas contínuas, substituindo o imponente cromado liso e 3D anterior. As luzes diurnas de LED têm formato de zigue-zague ou em P invertido e terminam acima do para-choque, que tem pintura dourada fosca na versão de topo. Ao lado dos faróis, há uma faixa vertical com mais luzes. A traseira é robusta, alta e também tem lanternas horizontais finas, mas com filete iluminado vermelho interligando-as (disponível só a partir da segunda versão). No meio, posiciona-se o novo emblema e a assinatura Mégane embaixo, com a letra E na cor verde e em formato de tomada. O para-choque também tem o acabamento dourado.
A plataforma do Mégane E-Tech é a CMF-EV, exclusiva para modelos elétricos, usada também no Nissan Aryia. Mede 4,21 metros de comprimento, 1,77 m de largura e 1,50m de altura. A distância entre-eixos é de 2,70m. Ele é menor que o Mégane comum (4,36m), mas tem porte semelhante (só um pouquinho menor) ao do Captur europeu de nova geração (4,23), que não é mais a carroça que ainda é vendida no Brasil.
O interior é tecnológico, como de praxe nos modelos mais recentes de qualquer marca. E tal como estes, tem quadro eletrônico de instrumentos e tela multimídia em formato de tablet. Mas, para dar um diferencial. o Mégane tem os instrumentos horizontais e a multimídia vertical e curvada, chegando a lembrar o painel do Monza, só que todo eletrônico. Mas este visual, com tela de 12 polegadas, é opcional. A versão mais simples, de 9", é horizontal. As saídas de ar estão concentradas no lado do carona. O outro difusor está espremido entre as duas telas. O console é flutuante. O acabamento do painel e das portas aparenta qualidade com revestimento macio. O volante é levemente hexagonal, assim como o miolo. O espaço interno é satisfatório, mas os mais altos roçam com a cabeça no teto.
O porta-malas tem capacidade para 440 litros, bem maior que o Mégane a combustão, que tem 384. O Captur, tem um pouco menos: 422 litros. O Mégane E-Tech ainda tem 22 litros para guardar os cabos dos carregadores.
Em Portugal, o E-Tech está disponível em três versões de equipamento: Equilibre, Techno e Iconic. A primeira é a básica e custa 35.200 euros. Tem rodas de 18 polegadas e traz de série sistema de controle de frenagem, frenagem de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, chamada de emergência para a Renault, reconhecimento de sinais de trânsito, alerta de fadiga do motorista, alerta de mudança de faixa, regulador e limitador de velocidade, monitoramento da pressão dos pneus, alerta de distância segura, sistema de som premium Arkamys com 4 alto-falantes, airbags laterais, frontais e de cortina, modo de condução eco drive, sensor de estacionamento traseiro, portas dianteiras com iluminação ambiente, faróis e luzes diurnas de LED, faróis de neblina em LED, borboletas no volante (para controlar a intensidade da frenagem regenerativa), câmera de ré, fechamento elétrico das portas e sistema multimídia com Android e Apple. Mas a versão básica tem algumas limitações como a tela multimídia horizontal de 9 polegadas, bancos em tecido (reciclado) e ar condicionado manual. Ele também não tem estepe, substituído pelo kit de reparação dos pneus. Os para-choques são na cor da carroceria.
Retrovisores externos rebatíveis eletricamente e sensores de estacionamento dianteiro, lateral e traseiro (pacote City, que custa €380), ar condicionado digital de duas zonas, sensores de chuva e faróis, 2 entradas USB na frente e mais duas atrás, console central e apoio de braço e purificador de ar no habitáculo (pacote Comfort, €800) e mais volante em couro, aquecimento dos bancos dianteiros e do volante e ajuste elétrico dos bancos dianteiros em seis posições para o motorista e quatro para o passageiro e mais lombar (Winter Comfort, €550) são opcionais, assim como o cabo de carregamento de 6,5 metros, que custa exagerados 600 euros (o que vem de série tem 5 metros) e o jogo de pneus para todas as estações (€400).
Estes itens (exceto os sensores de estacionamento laterais e dianteiros, que continuam opcionais) passam a ser de série na intermediária Techno, que tem rodas de 20 polegadas e custa €43.200 e adiciona alerta de distância segura, assinatura luminosa traseira com indicador dinâmico de mudança de direção, antena em formato de barbatana de tubarão, sistema de configuração com 5 modos de condução Multisense, vidros laterais e traseiros com filtro de proteção ultravioleta, alerta de excesso de velocidade no reconhecimento dos sinais de trânsito, faróis com iluminação adaptativa e de cantos, tela multimídia de 12 polegadas, som Arkamys com 6 alto-falantes, carregador de smartphone por indução e retrovisor interno dia/noite automático.
O pacote Augmented Vision & Advanced Drive Assist (2.200 €) é o que oferece mais recursos semiautônomos no Mégane E-Tech como correção de saída da faixa de rolagem em ultrapassagem, estacionamento automático (Easy Park), regulador de velocidade adaptativo, assistente de direção ativo, alerta de obstáculo traseiro com frenagem ativa de emergência em manobras na marcha-ré, saída segura dos ocupantes, câmera 3D com visão 360º, alerta de ângulo morto e retrovisor interno inteligente. Esse pacote opcional pode ser dividido, com o retrovisor interno inteligente, o alerta de ângulo morto, o Easy Park, a câmera 3D e o alerta de obstáculo traseiro no pacote Augmented (1.600 €) e os demais, além dos sensores de estacionamento laterais e dianteiros no Advanced Drive Assist (1.250 €). Também está na lista de opcionais o sistema multimídia de 12 polegadas com o som premium Harman Kardon com 9 alto-falantes, por 1.200 €.
Apenas os sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e o som Harman Kardon passam a ser de série na top Iconic, de € 46.200,01, que ainda acrescenta o detalhe dourado fosco nos para-choques, bancos em couro, massagem nos bancos dianteiros e 6 ajustes elétricos para o carona e indicador de mudança de velocidade e som premium Harman Kardon. Todas as pinturas são em dois tons. Os opcionais são os mesmos da Techno, sendo que o preço do pacote Drive Assist cai para 950 € sem os sensores de estacionamento, já oferecidos de série.
O Mégane E-Tech Electric tem duas opções de potência e bateria, cujas células são fornecidas pela sul-coreana LG. Ainda em Portugal, a básica Equilibre tem 131 cavalos de potência, 250 Nm de torque e bateria de 40 kWh. Já a Techno e a Iconic usam bateria de 60 kWh e rendem 220 cv e 300 Nm. O motor é único e vai na dianteira, mesmo com a plataforma CMF-EV podendo receber até dois motores. A recarga pode ser feita em uma hora nos postos de carregamento público para 160 km, mas ele também pode ser carregado na garagem do prédio ou casa e também pela energia regenerativa.
Com o motor mais leve, o Mégane E-Tech acelera de 0 a 100 km/h em 11 segundos e não passa dos 150 km/h. A autonomia é de 300 quilômetros pelo ciclo WLTP. A versão mais potente acelera em 7,4 segundos, com a velocidade limitada a 160 km/h. A autonomia é de 450 km.
Seu principal concorrente deveria ser o Volkswagen ID.4, pelo visual de crossover. Mas, além do utilitário elétrico da marca alemã ser bem mais caro (seu preço começa a partir dos 52 mil euros), ele é bem maior (mede 4,58m de comprimento). Assim, a briga cai no colo do hatch ID.3, que mede 4,26 metros de comprimento e custa entre 37.650 € e 43.147 €. Tem motores de 145 e 204 cavalos e baterias de 58 e 77 kWh, respectivamente. A aceleração da versão de 145 cv/58 kWh é feita em 9,5 segundos e a velocidade máxima é de 160 km/h. A autonomia é de 423 km. Na versão de 204 cv/77 kWh, a velocidade também é limitada a 160 km/h, mas a aceleração é em 7,9 segundos. A autonomia é de 554 km. Quando eu estava pesquisando para fazer a análise para o blog no ano passado, o ID.3 tinha em Portugal uma versão com 45 kWh e potência de 126 cv, mas parece que já saiu do catálogo, pois não aparece mais no site da marca.
Outras alternativas são o Citroën e-C4 (36.617 a 40.417 €/ 136 cv / 50 kWh/ 9,7 segundos / 150 km/h / 354 km), o Cupra Born (38.865 € / 204 cv / 58 kWh / 7,3 seg. /160 km/h / 416 km), Skoda Enyaq (de 38.715 € a 56.733 € / 148, 179 ou 204 cv / 50, 60 ou 80 kWh), Hyundai Ionic5 (de 42.410 a 57.810 € na Espanha / 58 kWh com 170 (aceleração de 8,5 seg.) ou 235 cv (este com 2 motores e tração integral) e 73 kWh com 218 (aceleração em 7,4 seg e a maior autonomia de 481 km) ou 306 cv, este com tração integral e aceleração em 5,2 segundos) e o Kia e-Niro (34.850 € ou 42.450 € / 136 ou 204 cv / 39,2 ou 64 kWh / 9,8 ou 7,8 segundos / 155 ou 167 km/h / 405 ou 615 km).
Destes concorrentes, apenas o Niro (em versão híbrida) e os dois modelos da Volkswagen estão cotados para o Brasil, já tendo sido apresentados em São Paulo e testados pela imprensa privilegiada. E o Mégane E-Tech também. O site Mobiauto garante que ele vem. Como eu já vi vários modelos prometidos que nunca vieram (já dei várias barrigadas na seção Em Breve no Brasil), preferi falar do Mégane E-Tech na seção de lançamentos mundiais mesmo.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
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