Na história das dez gerações anteriores do Honda Civic há sempre uma alternância entre uma geração que muda radicalmente e outra que mais parece um face-lift. Mudança radical duas vezes seguidas houve somente da quarta (1987) para a quinta (1991) e desta para a sexta (1995). Desde então continua o revezamento até hoje.
Na 11ª geração do Civic, lançada em versão definitiva no final de abril, foi a vez de manter basicamente o estilo do anterior. O formato fastback do teto continua, mas as janelas laterais ganharam um novo recorte na altura da coluna traseira. E a linha de cintura também ficou mais baixa. No entanto, frente e a traseira ficaram mais conservadoras.
Não há mais cromados na grade. A "tiara" deu lugar a um prolongamento do capô até a grade. Entre eles fica o emblema H de Honda. Atrás, as lanternas verticais perderam o prolongamento na parte superior, voltando a ser horizontais, o que não acontecia desde a geração lançada aqui em 2006, e ainda ficaram sem personalidade, estando agora muito parecidas com as dos sedãs da Kia e até com o Volkswagen Jetta. Pelo menos, o arranjo das luzes de LED é moderno, com formato de bumerangue.
O Civic agora mede 4,67 metros de comprimento, 1,80m de largura, 1,41m de altura e 2,735 de entre-eixos. Comparado ao anterior, ficou três centímetros mais longo e 3,5 cm maior na distância entre as rodas, mas ficou 2 cm mais baixo e praticamente manteve a largura.
O interior se rendeu ao estilo minimalista horizontal com poucos botões, tela multimídia destacada no alto do painel e quadro de instrumentos com cobertura arredondada. Um detalhe que chama atenção é a faixa perfurada em toda a extensão do painel que, além de dar um diferencial para o Civic em meio a tantos modelos com estilo igual, assume a função de saídas do ar condicionado, ventilação e aquecimento.
O quadro de instrumentos é totalmente eletrônico e personalizável, tendo 10,2 polegadas. Mas só na versão Touring. Diferente do volante de miolo redondo dos novos modelos menores da Honda, como o "e", o Fit e o HR-V, o do Civic tem formato hexagonal. O acabamento usa materiais de alta qualidade. O console foi projetado para evitar impressões digitais e manchas. A alavanca do câmbio CVT ainda é convencional, mas o freio de mão é eletrônico e também há carregador de smartphone sem fio por indução. As entradas USB e 12V não ficam mais escondidas como na geração anterior.
O espaço interno aumentou para a cabeça, pernas, ombros e quadris de todos os passageiros. Mas quem pagou o preço foi o porta-malas, um dos atrativos da geração anterior, que foi reduzido de 519 para 420 litros.
Na segurança, o pacote Sensing de assistência a condução estreia no Civic. O conjunto inclui câmera frontal e oito radares para detecção de pedestres, ciclistas e outros carros (para melhorar a funcionalidade da frenagem autônoma de emergência), controle de cruzeiro adaptativo e assistente de permanência em faixa.
Os airbags frontais agora têm um formato que a marca chama de “donut”, com três camadas de bolsas infláveis, reduzindo a chance de bater a cabeça ao deslizar pelo airbag no impacto. Foi criado justamente depois de perceber que os passageiros continuavam a sofrer ferimentos mesmo com o equipamento ativo.
A motorização permanece a mesma da geração anterior: o 2.0 aspirado e o 1.5 Turbo. O primeiro tem duplo comando variável das válvulas e rende 160 cavalos (o nosso tem no máximo 155 cv com apenas um comando variável). Já o 1.5 Turbo, que no mercado norte-americano também equipa a versão EX, além da Touring, ficou mais potente. Pulou de 173 para 182 cv. O câmbio permanece o CVT, que agora é ajustado para cada motor. O Civic ganhou um novo modo de condução além do Eco: o Sport.
Apesar da pouca mudança de estilo, da manutenção dos motores e da ausência de novas tecnologias inéditas no segmento, a vinda da décima-primeira geração do Honda Civic para o Brasil ainda é um mistério. Especula-se que ele passará a ser importado do Canadá, somente na versão top, como era o esportivo Si Coupé. Mas não há nada garantido. Só uma coisa é certa: ele não será mais fabricado em Sumaré. Por isso, o coloquei na seção dos Lançamentos Mundiais. Estaria dando "fake news" se o colocasse na seção Em Breve no Brasil ou na Baba, Brasil!
Além das montadoras acharem que nós, brasileiros, só queremos comprar utilitários esportivos (que, mesmo assim, são difíceis de vir, pois somente agora chegou o face-lift do CR-V, já prestes a ser reestilizados), a filial brasileira da marca japonesa aderiu ao mau tratamento dado ao nosso país e resolveu economizar para produzir as versões sedã e hatch do compacto City, que serão vendidas como carro de luxo... no preço.
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
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