Sucessor do Xsara dos anos 1990, o hatch médio Citroën C4 chega à sua terceira geração, agora convertido em um crossover cupê (como o compacto Volkswagen Nivus, assunto de um dos nossos próximos posts), com teto de caída suave, frente com faróis em dois níveis (onde a inclinação das luzes diurnas de LED no segundo andar e no nível dos faróis formam um X no conjunto frontal) e traseira que lembra o Civic Hatch europeu (incluindo a caída do teto), com lanternas em formato de seta, unidas por uma faixa escura e um vistoso aerofólio, também em preto brilhante, dividindo o vidro. 

O perfil crossover é garantido pela distância do solo de 15,6 cm (cerca de sete centímetros mais baixa que o provável antecessor C4 Cactus). Não faltaram os airbumps na parte inferior das portas. São aquelas almofadas estilizadas que amenizam pequenos impactos, presentes nos modelos Citroën desde a primeira geração do Cactus em 2014. A carroceria, construída sobre uma plataforma modular compacta (CMP), tem sete opções de cores. 




O interior, que pode ser preto ou cinza, tem painel horizontal, com tela multimídia flutuante (tátil e de 10 polegadas) no centro e quadro de instrumentos digital 3D, além de head up display no para-brisa nas versões mais caras. Lembra até a primeira geração do C4, lançado na Europa em 2004, mas sem o volante de miolo fixo e com o velocímetro à frente do volante (no antigo ficava no centro). Para não complicar a ergonomia com tecnologia exagerada, a Citroën optou por botões fixos de climatização. No console há um carregador por indução magnética e na altura do porta-luvas um suporte retrátil para tablets.




Em algumas versões, os bancos possuem uma espuma especial que absorve melhor as vibrações. Também há opção de aquecimento e massagem. O espaço interno parece amplo pelas fotos. A distância entre-eixos é de 2.67m, o comprimento é de 4,36m (dez centímetros a mais que o VW Nivus e quase 20 cm a mais que o Cactus), a largura 1,80m e a altura 1,53m. A capacidade do porta-malas é de 380 litros no C4 com motor de combustão, chegando a 1.250 litros com os bancos rebatidos.


Isso porque o C4 - construído sobre uma plataforma modular compacta (CMP), a mesma dos primos Peugeot 208 e Opel Corsa - terá, seguindo o exemplo destes dois, uma versão totalmente elétrica e recarregável chamada ë-C4, mostrando que o modelo médio evoluiu além do estilo e conforto. Com baterias sob o assoalho, a capacidade de bagagem cai para 250 litros.


Antes de falar sobre a propulsão, preciso terminar de relatar os seus principais equipamentos. Dependendo da versão, ele terá teto solar panorâmico, rodas de 18 polegadas, aquecimento também nos para-brisas, volante e assentos traseiros, serviços on line, abertura e partida sem chave, freio de estacionamento elétrico, assistente de partida em rampa, controle de estabilidade que ajuda a manter a trajetória do reboque e o assistente de condução chamado Highway Driver Assist, composto por programador de velocidade ativo, alerta de mudança involuntária de faixa, frenagem autônoma e assistente de estacionamento composto por câmeras que controlam o contorno do veículo, inclusive na frente. 


Enfim falando sobre a motorização, além da propulsão elétrica, o crossover terá versões a combustão, usando o motor PureTech 1.2 a gasolina em três variações de potência (100, 130 e 155 cavalos, sendo que apenas as duas últimas têm turbo) e BlueHDi 1.5 turbodiesel, com 110 e 130 cv. A transmissão é automática de oito marchas para as versões mais potentes de gasolina e diesel e manual de seis marchas para as demais. A imagem divulgada do interior não deixa claro se a ausência da alavanca vale também para as versões a combustão ou é somente para a elétrica. Por enquanto, o C4 não terá opção de tração integral, apenas dianteira. Os amortecedores têm batentes hidráulicos e adaptativos. 


O ë-C4 tem motor elétrico de 136 cavalos (ou 100 kW) de potência e 26,5 kgfm de torque, com baterias de íons de lítio de 50 kWh de capacidade. A autonomia é de 350 km no ciclo europeu WLTP. As baterias chegam a 80% de capacidade em 30 minutos com carregador rápido de 100 kWh (disponíveis em postos de recarga) e ficam completas em cinco horas num carregador Wallbox doméstico (opcional) de 11 kWh. E todo o processo ainda pode ser monitorado remotamente, por meio do smartphone do proprietário. As baterias possuem 8 anos de garantia ou 160 mil quilômetros, o que ocorrer primeiro. Ele acelera de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos, mas a sua velocidade é limitada a 150 km/h e tem três modos de condução (Eco, Normal e Sport).  


A vinda do novo C4 para o Brasil vai depender da aceitação de um novo compacto que estão empurrando para nós (país tratado como pobre), com base na mesma plataforma CMP, que deve ser fabricado em Porto Real (aqui no estado do Rio) e suceder o nosso cansado C3. 


O problema é que a Citroën demora a atualizar os seus modelos. No momento, o Grupo PSA está dando preferência à Peugeot, que se prepara para lançar aqui o novo 208 fabricado na Argentina. O C5 Aircross, do porte do Peugeot 5008, por exemplo, até agora nada. Na linha atual da Citroën brasileira, só tem o C3 e o C3 Aircross velhos, o C4 Lounge, que vem a ser o sedã da agora geração antiga, o furgão grande Jumper (que já está desatualizado), o C4 Cactus, que na Europa já vai dar lugar a este novo C4, e o furgão médio Jumpy, que, por enquanto, é o mais atualizado.

Contudo, levando em consideração a letargia do grupo PSA no Brasil com a Citroën e a pandemia política do vírus comunista chinês, a vinda do novo C4 e, principalmente, do ë-C4 é bem incerta. Só não coloquei este texto na seção Baba, Brasil por medo de estar divulgando uma fake news e o STF mandar derrubar o blog.    


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO