Ao lado do Kia Rio, o Toyota Yaris é um daqueles modelos prometidos há anos para o mercado brasileiro, mas que nunca chegaram. Já se passaram umas três gerações e nada deles. Entretanto, parece que em 2018 vai... ou melhor, vem. Os dois.

O Rio será importado do México com o fim do Inovar Auto, que impunha cotas para ser vendido sem imposto sobre produtos industrializados (IPI) de 30% adicionais. Já o Yaris, de quem vou falar nesta matéria, será fabricado em Sorocaba, junto com o "indiano" Etios, nas versões hatch e sedã. 

Mas a boa notícia termina por aqui. Sabe aquele ditado "Quando a esmola é tanta até o santo desconfia"? Pois é, o Yaris a ser fabricado no Brasil não é a versão europeia, de estilo mais arrojado e melhor qualidade de arquitetura e acabamento, mas, sim, a asiática, de estilo mais comportado e produção mais barata, lançada na Tailândia. 



Yaris europeu

Na frente, a grade principal ocupa quase todo o para-choque. Acima, há aquela parábola comum da marca japonesa, com a fina grade dividida por um bico onde fica o emblema da Toyota e uma pequena barra em cada lado. O europeu tem frente em X. Ao redor do conjunto estão os faróis, com luzes diurnas e espichados até a lateral. Por falar nesta, no hatch, ela é comprida e a base das janelas tem uma ondulação na parte traseira. Já a parte superior é arqueada. A coluna C recorre ao acabamento fosco, do qual nunca fui fã. Por fim, a parte de trás é reta e tem lanternas horizontais grandes. O sedã, que na Tailândia é chamado de Ativ e em outros países de Vios, tem um estilo mais agradável, com teto de caída arredondada e o aplique de plástico na coluna mais discreto, como no Hyundai HB20S, sendo que o estilo lembra mais o antigo Elantra.


Yaris europeu



O interior é visivelmente mais simples, tanto em desenho quanto em acabamento, em relação ao europeu. O painel tem formato de cruz, com a parte horizontal do motorista ao passageiro e a vertical, do centro, onde estão posicionados o som ou sistema multimídia (dependendo da versão) e as saídas de ar, até o console, onde fica a alavanca de câmbio. A moldura desta parte é ondulada e prateada. O quadro de instrumentos vem do Corolla GL. Painel e forração das portas aparentam ter muito plástico duro. O espaço aparenta ser amplo. Pelo menos no sedã o assoalho é plano. O hatch tem porta-malas com capacidade para 300 litros e o sedã 473 litros.


Yaris europeu
O espaço interno, aliás, é a única vantagem do Yaris asiático em relação ao europeu, que é menor em quase todas as dimensões. O comprimento deste é de 3,95m contra 4,15m. A distância entre-eixos é de 2,51m contra 2,55m. A largura é de 1,70 contra 1,73m. Só a altura de 1,51m que é 1cm maior que o modelo que será fabricado no Brasil. O sedã tem 4,42m de comprimento. 



O Yaris asiático já usa a nova plataforma modular TNGA (Toyota New Global Architeture), que também serve ao híbrido Prius, ao crossover compacto C-HR (que também será fabricado aqui) e a futura geração do Corolla. Por isso, o investimento em 1,6 bilhão de reais na fábrica de Sorocaba. Mas tem veículo de comunicação dizendo que ele será fabricado em Indaiatuba com a plataforma do Etios. 


Na Ásia, as versões mais caras do Yaris são equipadas com sistema multimídia com tela de toque de 7 polegadas e compatível com Apple e Android, ar condicionado digital, chave presencial, partida por botão, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa e sete airbags. 



O Yaris vai se posicionar entre o Etios top e o Corolla GLi, na faixa de preço entre 60 e 90 mil reais. E a motorização virá destes dois modelos: o 1.5 VVT de 104 cv nas versões básicas e o 1.8 VVT-i de 144 cv, ambos flex. Na Tailândia ele usa um 1.2 de 86 cv, fraco para os padrões brasileiros. O câmbio deverá ser manual ou CVT. 


A concorrência ficará por conta do Volkswagen Polo, Fiat Argo, Hyundai HB20 e, se vier mesmo, o Kia Rio, no caso do hatch, e o Honda City e o futuro Volkswagen Virtus para o sedã. A Toyota já anunciou os investimentos e a produção. Resta torcer para o PT não voltar ao poder e fazer a montadora melar tudo, pois com o Temer está dando certo. 


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS; DIVULGAÇÃO