TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO



No ano passado, o chinês JAC T6 foi anunciado como o utilitário médio com preço de compacto por diversos meios, inclusive o Guscar. Tanto que eu o incluí no comparativo contra os então recém-lançados SUVs compactos Honda HR-V, Jeep Renegade e Peugeot 2008, o então líder Ford Ecosport, o Chevrolet Tracker e o japonês Suzuki S-Cross. Infelizmente, ficou em último.

No mesmo texto eu dissera que o verdadeiro concorrente da turma seria o T5, que estava para chegar este ano. E aqui está ele. Com 4,33m de comprimento, 1,63m de altura, 1,77m de altura e 2,56m de distância entre-eixos, ele tem porte semelhante aos dos concorrentes, mas o formato das janelas, das lanternas traseiras e da frente fazem do T5 um Hyundai ix35 "anão". Se o T6 "copiou" a frente antiga, o T5 já simula o face-lift que o sul-coreano ganhou no Brasil e em outros países desfavorecidos. No entanto, a grade dianteira, demasiadamente trapezoidal e com frisos cromados, do chinês ficou um tanto desproporcional no tamanho.




O interior é repleto de plástico duro no painel e nas portas. O acabamento pobre é disfarçado com tonalidade preta e detalhes prateados, espalhados pelas saídas verticais do ar condicionado, volante, divisória do painel (que lembra até o da picape Fiat Toro), quadro de instrumentos, alavanca do câmbio, console, maçanetas e puxadores das portas. Há uma parte emborrachada nas portas. O espaço, tanto para os passageiros de trás quanto para as malas, é o seu maior atrativo. O bagageiro tem 600 litros de capacidade.



A potência de 125 cavalos com gasolina e 127 cv com álcool do motor 1.5 VVT flex é razoável. Mas seu desempenho é fraco. Segundo a revista Quatro Rodas, acelera de 0 a 100 km/h em 14 segundos (embora acelere mais rápido que o Jeep Renegade 1.8) e recupera a velocidade entre 80 e 120 km/h em eternos 31,1 segundos. Vale lembrar que o seu câmbio é manual de seis marchas. O CVT só chega no segundo semestre. O consumo de 9,3 km/l na cidade e 11,3 km/l na estrada é mediano, assim como a frenagem e ruído a 80 km/h em 28,5 metros e 62,5 decibéis.

O T5 é vendido em versão única, mas com três pacotes de equipamentos. O básico, chamado Pack 1, custa R$ 59.990 e traz de série ar-condicionado digital e automático, controle de tração, trio elétrico, alarme antifurto, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, banco traseiro com sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis, sensor traseiro de estacionamento, abertura interna do porta-malas e do tanque de combustível, pedal “inteligente” de freio (BOS), que anula a aceleração quando os dois pedais são pressionados simultaneamente, assistente nas frenagens de pânico (BAS), computador de bordo com funções de consumo instantâneo e médio, autonomia, velocidade média e cronômetro, faróis com regulagem elétrica de altura e acendimento automático (sensor crepuscular), banco traseiro bipartido 60/40, banco do motorista com ajuste de altura, cintos de segurança de três pontos e encostos de cabeça para os cinco ocupantes e sistema que dispensa o uso do tanquinho suplementar para partidas a frio.


O Ford Ecosport mais barato, é o SE, com motor 1.6 e câmbio manual custa R$ 67.000 e não tem ar condicionado digital, acendimento automático dos faróis, sensores traseiros de estacionamento e nem sistema de monitoramento dos pneus. Mas tem rodas de liga-leve, som com Sync Media System e controles no volante e faróis e lanternas de neblina. Os dois pacotes mais baratos do T5 sequer oferecem rádio.

O T4 Pack 2 adiciona as rodas de liga-leve, faróis de neblina, rack no teto (presente no Ecosport) e mais assistente de partidas em aclives e controles de estabilidade. O preço aumenta para R$ 64.990, mas se mantém abaixo do modelo da Ford, que só tem estes dois recursos na versão Freestyle, que já custa R$ 73.990.


O T5 completo sai por R$ 69.990 e tem bancos em couro e kit multimídia com tela de 8 polegadas, espelhamento com o celular (que dispensa a necessidade de GPS no sistema do carro) e câmera de ré, mas não tem controle de velocidade, que será exclusivo da versão com câmbio automático.


É completo que o JAC T5 vale o investimento, pois quase todos os seus concorrentes vêm pouco equipados nesta faixa de preço (R$ 70 mil) ou custam mais, incluindo Honda HR-V e Jeep Renegade. Eu só esperava que a diferença de preço fosse bem maior e que ele tivesse mais equipamentos na versão básica. Tanto que o Peugeot 2008 mais em conta custa um pouco menos que o Pack 3 do chinês e vem mais equipado (o Allure 1.6 Flex sai por R$ 69.290 e tem ar digital dual zone, sistema multimídia e airbags laterais). Pelo menos  o T5 será o primeiro JAC fabricado no Brasil (em Camaçari, na Bahia), mas no ano que vem.

O T6 pode ser um médio com preço de compacto. Só que ele enfrenta Ecosport, Duster, HR-V, Renegade e 2008 com motores mais potentes. Já T5 é um SUV compacto... com preço de compacto mesmo. Para disputar mercado com as versões com motores menores dos mesmos concorrentes. 


Pontos Fortes

+ Espaço interno
+ Porta-malas
+ Preço
+ Custo/Benefício

Pontos Fracos

- Estilo pouco original
- Acabamento
- Desempenho
- Consumo


FICHA TÉCNICA

Motor: Quatro cilindros em linha, transversal, flex, 1.499 cm³, 16 válvulas
Potência: 125 (gasolina) e 127 cv (álcool)
Torque: 15,5 (gasolina) e 15,7 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio: manual de seis marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 14 segundos (revista Quatro Rodas com gasolina)
Velocidade máxima: 194 km/h (fabricante)
Consumo: 9,3 km/l na cidade e 11,3 km/l na estrada (Quatro Rodas, com gasolina)
Frenagem 80-0 km/h: 28,5 metros (Quatro Rodas)
Ruído a 80 km/h: 62,5 decibéis (Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,33/1,77/1,63/2,56m
Porta-malas: 600 litros
Tanque: 45 litros
Preços: R$ 59.990 (básico) / R$ 64.990 (Pack 2) / R$ 69.990 (Pack 3- Completo)
Cores: Preto Quasar, Cinza Mercurio, Prata Imperial, Branco Nevada, Marrom Dolomita e Vermelho Rubi