TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


O Kia Soul, chamado de "carro-design" pela própria importadora da marca no Brasil, fez a fama pelo seu estilo tão autêntico (feio) que seria um "sacrilégio" (ou uma benção) mudá-lo radicalmente em sua segunda geração. Por isso, ele se junta a um grupo formado por New Beetle, Mini Cooper, Passat, Volkswagen Golf, Volvo XC90, Renault Sandero, etc, nos quais a reestilização total ficou mais parecida com um face-lift.


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A mudança é perceptível nos faróis que ficaram um pouco mais estreitos, na grade dentada entre eles que subiu um pouco e foi selada, nas janelas mais finas, no rearranjo dos vincos na lateral, nas novas disposições das luzes das lanternas (ainda na coluna) e na moldura preta na tampa do porta-malas e das lanternas, deixando apenas uma faixa na cor da carroceria. O efeito dá a impressão de que a traseira é toda de vidro. Os para-choques também foram mudados. O da frente manteve as luzes de neblina circulares, mas elas foram parar na moldura da entrada de ar. O de trás passa a ter as luzes de neblina redondas.


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O Soul também está dois centímetros maior em todas as medidas, exceto na altura, que foi mantida em 1,61m. O comprimento agora é de 4,14m, a distância entre os eixos em 2,57m e a largura em 1,80m. 

Mudança pra valer foi no interior, que ganhou painel com novo desenho (no qual os difusores de ar passaram a ser horizontais e os cantos do console central ficaram arredondados), central multimídia (com tela de apenas 4,3 polegadas) e novos revestimentos das portas e bancos. A aparência de acabamento melhorou, embora ainda tenha conservado muitos plásticos duros. O espaço aumentou e a capacidade do porta-malas subiu de 340 para 354 litros. 

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Depois de um ano do seu lançamento internacional, o "Soul feio" (apelido que ganhou do povo maldoso), enfim, já está à venda em nosso sofrido país. E mais caro. Se o anterior Soul conquistou compradores por seu estilo diferente, espaço amplo e preço mais em conta, este novo perde o apelo do bom custo-benefício.

O caixote, que se confunde com um monovolume e um utilitário esportivo, antes custava no máximo 68 mil reais. A nova geração agora não sai por menos de R$ 88.900, sem opcionais que são o teto solar panorâmico, as luzes diurnas de LED e até o indicador de condução econômica. Com eles, chega a R$ 92.900.


Nem o ar-condicionado digital com ionizador, banco do motorista com regulagem altura, partida do motor e abertura das portas sem chave, volante multifuncional com regulagem de altura e profundidade, porta-luvas climatizado com iluminação e apertura amortecida, porta-copos e porta-objetos no console central, sistema de imobilizador de ignição, trio elétrico, luz interna com temporizador e feito “fade out”, iluminação do porta-malas em LED, sistema de som com tela LCD de 4,3 polegadas, sistema My Music com espaço para armazenamento de músicas, entrada auxiliar, iPod/USB, quatro alto-falantes e dois tweeters, volante multifuncional e revestido em couro, espelhos retrovisores com aquecimento, alavanca de câmbio em couro, Bluetooth, rodas de liga-leve de 18 polegadas com pneus 235/45, airbags frontais, laterais e de cortina, direção elétrica progressiva (modos normal, conforto e esporte), sistema de proteção contra descarga de bateria, câmera de ré no display do rádio, freios ABS com EBD e câmbio automático de seis marchas, oferecidos de série, justificam um aumento tão grande.



Até porque o GPS, os controles eletrônicos de estabilidade e tração, sensor de chuva e aletas no volante para trocas de marcha não vieram nem como opcionais. 

A culpa, segundo a Kia, foi do IPI alto para importados, mesmo, que a marca sul-coreana resolveu repassar para o público nesta segunda geração. Assim, ela assume que o novo Soul não é mais aquele monovolume de bom custo-benefício e, portanto, decidiu que agora ele vai concorrer com o Citroën DS3, Audi A1, Mini Cooper One (quando chegar) e até o Mercedes Classe A. 

Mas com o velho motor Gamma 1.6 16v Flex de 122 e 128 cavalos, que faz o Soul demorar 14,4 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e 11,4 segundos para retomar entre 80 e 120 km/h (números da Quatro Rodas), vai ser difícil. O que as importadoras do grupo Kia/Hyundai têm contra o eficiente motor GDi (de injeção direta) para nunca lançá-lo aqui? 

FICHA TÉCNICA 

Motores: Quatro cilindros em linha, transversal, gasolina, 1.591 cm³, 16 válvulas, VVT
Potências: 122 cv (gasolina) e 128 cv (álcool)
Torque: 16 kgfm (gas.) e 16,5 kgfm (álc)  
Câmbio: Automático de seis marchas
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 14,4 segundos (revista Quatro Rodas)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo: não divulgado
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,14/1,80/1,61/2,57m
Porta-malas: 354 litros
Tanque: 54 litros
Preço:  R$ 88.900 (básico) e R$ 92.900 (com teto solar)