TEXTO E FOTOS: MÁRIO COUTINHO LEÃO
Em tempos de "downsizing" dos motores é comum ver modelos turbinados de fábrica. Poucos lembram ou conheceram o primeiro deles, lançado há exatos 20 anos, o Fiat Uno 1.4 Turbo. Para quem viveu apenas a época em que o Uno se resumiu às versões com motor 1-litro nem imagina uma versão de alto desempenho do modelo. Vale a pena conhecer esse "fuçado de fábrica" apresentado ao mercado em fevereiro de 1994.
Pessoalmente o carro agrada mais do que nas fotos. Pára-choques com apêndices aerodinâmicos, defletor acima do vidro traseiro e rodas exclusivas (única versão que usou aro 14 na história do Uno) se somavam aos logotipos da versão na grade dianteira e na tampa do porta-malas. Havia ainda adesivos "Turbo" grandes nos para-lamas, em amarelo nos carros vermelhos, em vermelho nos carros pretos e em preto nos carros amarelos. Apenas essas três cores estavam disponíveis no lançamento.
No ano seguinte o ar-condicionado se tornou equipamento de série e aparece a cor amarelo-metálico, que foi pouco vendida. Entrar no carro só aumenta a sensação de surpresa. Bancos Recaro com apoios de cabeça vazados, cintos de segurança vermelhos, volante de três raios exclusivo e painel com sete instrumentos, com destaque para os manômetros de pressão do turbo e pressão do óleo. Ao abrir o capô você verá a barra que liga as torres dos amortecedores dianteiros, aumentando a resistência a torção da carroceria. E o estepe (com roda igual às outras quatro) foi para o porta-malas, reduzindo seu volume.
Saindo da idolatria e botando a mão (e o pé) na massa, chega a hora de dar a partida e rodar com o Uninho espevitado. O motor tem som grave e abafado, típico dos turbos. A turbina aqui é Garret T2 com pressão de trabalho de 0,8 bar, garantindo 116 cavalos e 17 kgfm de torque ao bloco de 1,4-litro importado da Itália. Para segurar a fúria do carrinho os freios vieram do Tempra 2.0 e suspensão do Uno 1.6R foi retrabalhada para equipar o novo carro.
Andando devagar com o carro aparece o grande retardo (turbo-lag), já que as relações de marchas levamem consideração o motor "cheio". Depois das 3mil rpm é que o carro honra o nome e cresce rápido até o corte de injeção às 6.700 rpm. O câmbio engata bem, mesmo o carro avaliado ter expressivos 93.583 quilômetros rodados. A sensaçãode bom desempenho é confirmada pelo teste que a revista Quatro Rodas fez no lançamento, sendo muito próximos aos do Punto T-JET (veja os números no fim do texto).
Os freios são a discos ventilados na dianteira e tambor na traseira, sem ABS. A modulação do pedal é boa e a potência dos freios é compatível com o desempenho. Nas curvas o sistema de direção é comunicativo e bem calibrado, passando o que acontece com os pneus dianteiros. As suspensões não deixam o Turbinado "deitar" muito, com a roda interna à curva saindo do chão e a frente escorregando ao romper o limite de aderência. Aqui o cuidado é não "cravar o pé" no acelerador porque a perda de tração é a única certeza. Diversão pura!
Dá pra achar os Uno Turbo originais de fábrica entre R$14mil e R$40mil, dependendo do ano, cor e estado de conservação. A manutenção exige cuidado e um bolso preparado para surpresas, assim como o seguro bem salgado. A boa notícia é o baixo consumo. Abastecido após o passeio, o carro avaliado marcou 9,2 km/litro. E segundo o proprietário, rodando a moderados 100 km/h na estrada ele fica entre 13 e 14 km/litro. Bom, não?
.: Fiat Uno Turbo 1.4 i.e. :.
0 a 100 km/h: 9,0 segundos
0 a 1.000 metros: 30,5 segundos
80 a 120 km/h (5a): 10,7 segundos
Velocidade Máxima: 192,6 km/h
Consumo Estrada: 13,6 km/l
.: Fiat Punto T-JET :.
0 a 100 km/h: 9,3 segundos
0 a 1.000 metros: 30,6 segundos
80 a 120 km/h (5a): 10,3 segundos
Velocidade Máxima: 198,5 km/h
Consumo Estrada: 11,3 km/l
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