TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


Sabe aquelas mulheres feias, de nariz adunco, dentes avançados e personalidade rude que, com a ajuda de uma fada-madrinha, ganhou uma plástica, produção caprichada, roupas mais sofisticadas e aulas de etiqueta, mas ainda manteve o mesmo corpo, as mesmas qualidades e um caráter autêntico?

O Renault Logan, sedã compacto criado pela romena Dacia em 2004 e lançado aqui em 2007, pode ser comparado a elas. Aquele visual de carro do leste europeu do início dos anos 90, que tinha vidro plano para economizar, ficou para trás. Agora ele está mais moderno, com as quinas suavizadas e grade, lanternas e interior atualizados para a década atual. A economia do modelo anterior não acabou, mas ficou em segundo plano.

A prioridade passou a dar um estilo que seja marcante para se destacar entre os rivais modernizados, como os Chevrolet Prisma e Cobalt, o Fiat Grand Siena, o Hyundai HB20S, o Volkswagen Voyage e o futuro Ford Ka Sedan. Está certo que o novo Logan foi desenvolvido na Europa, mas a sua reestilização combinou perfeitamente com o momento em que o Logan vive aqui no Brasil, onde fez mais sucesso que o irmão maior Symbol, a quem está substituindo.


A frente triste, com a grade e os faróis triangulares caídos, ficou mais alegre e empinada, com os faróis agora retangulares e a grade ampliada com friso cromado (exceto na versão básica) para comportar o também crescido logotipo Renault (dona da marca Dacia no mundo e sua representante na América do Sul e Ásia), destacado no meio, dentro do novo padrão estético mundial da marca francesa (até o velho Clio brasileiro já usa). O para-choque ganhou entrada de ar maior e molduras cromadas na nova versão top Dynamique. As lanternas traseiras deixaram de lembrar o Toyota Etios e passaram a ser horizontais, com máscaras cromadas em seu interior e invadindo a lateral. Esta, aliás, foi a que manteve a identidade do Logan, pois o perfil continua reto.


Entretanto, o recorte das janelas mudou. A da porta traseira ganhou um quebra-vento. A lataria ganhou vincos sobre as rodas na frente e atrás, na altura da maçaneta. A prova da diminuição da economia está no retrovisor externo, que ganhou carcaça bicolor (exceto na versão básica), luzes de direção (só na top) e protetor de plástico em seu ponto de fixação, deixando de ser simétrico para cortar custos.


O interior continua simples, mais até que o modelo antigo, mas o painel ganhou detalhes que lhe dão uma aparência moderna e sofisticada, como as saídas de ar centrais, que de redondas passaram a quadradas (as dos cantos continuam circulares). O aplique prateado no console agora é a moldura do painel central, que tem máscara em plástico brilhante nas versões mais caras. Outra atualização está no quadro de instrumentos com máscara que os separa. Antes rodeado pelo velocímetro e conta-giros, o display do computador de bordo agora está no lado direito, no trio de círculos.

A sofisticação é reforçada pela inclusão do ar condicionado digital, piloto automático e sistema multimídia com GPS na lista de opcionais. Itens inimagináveis na época de lançamento do Logan. No entanto, os plásticos duros fazem lembrar que o Logan ainda é um carro de baixo custo.

Dynamique

A economia também foi mantida na plataforma. que ainda é a mesma B0 do modelo antigo. Por isso, a distância entre-eixos continua em 2,63m, a altura em 1,53m, o porta-malas permanece como um dos maiores da categoria com 510 litros e o espaço no banco traseiro, que aliás, enfim ganhou o tão exigido rebatimento parcial (na versão top), ainda é bom. O comprimento aumentou de 4,28m para 4,35m enquanto a largura caiu de 1,74m para 1,73m.


As versões não mudaram muito. Os motores Hi-Flex 1.0 16v (77 e 80 cv) e 1.6 8v (98 e 106 cv) foram mantidos, mas houve a perda do 1.6 de 16 válvulas e do câmbio automático, que devem voltar em breve. O câmbio é manual de cinco marchas. A nomenclatura das duas primeiras versões continua sendo a Authentique e Expression, mas a top Privilegé deu lugar à Dynamique.

Authentique

A Authentique tem somente o motor 1.0 e custa R$ 28.990. É a básica, tanto na aparência (não tem retrovisores bicolores, coluna central preta, frisos cromados na grade e nem rodas de liga-leve) quanto na lista de equipamentos. Direção hidráulica, ar quente, ar condicionado manual e até desembaçador traseiro são opcionais. Já os freios ABS e airbags frontais só são de série porque serão obrigatórios a partir da virada do ano. Fica até vergonhoso dizer que o preço básico só inclui vidros verdes, retrovisores com regulagem interna manual, preparação para som, imobilizador, aviso sonoro de luzes acesas, porta-copos e para-sol com espelho. Os únicos itens interssantes são a abertura interna do porta-malas e o aviso para mudança de marcha. Nem cinto de segurança de 3 pontos e apoio de cabeça para o passageiro do meio do banco de trás esta versão tem. Parece feita para os órfãos dos primeiros Logan de 2007.

Authentique

A Expression tem os dois motores e melhora a situação. Por R$ 33.390 (10 reais mais barato que a Authentique completa), a 1.0 adiciona a direção hidráulica e mais vidros elétricos dianteiros e travas elétricas (inclusive com o carro em movimento e do porta-malas), abertura das portas por controle remoto, alarme, CD Player com MP3, USB e Bluetooth, banco do motorista e volante com regulagem de altura, computador de bordo, os retrovisores externos bicolores (preto e na cor do carro) e o banco traseiro rebatível de forma inteiriça. Ar condicionado, o GPS e o sensor de estacionamento traseiro são opcionais. Com eles, a versão sobe para R$ 36.840. A 1.6 custa R$ 39.440 e já tem ar condicionado. Navegador e sensor de estacionamento custam 850 reais.


A nova versão completa Dynamique é vendida somente com o motor 1.6 por R$ 42.100 e fecha a lista de série com rodas de liga-leve, faróis de neblina, piloto automático, rebatimento individual do banco traseiro, vidros elétricos traseiros e ar condicionado manual. Os opcionais são o ar condicionado digital, o GPS e o sensor de estacionamento traseiro, que completam o novo Logan por R$ 43.200. As pinturas metálicas (preto, prata, cinza e marrom) saem por R$ 1.050. As sólidas têm apenas as opções de branco e vermelho.


Com motor 1.6, o novo Logan acelera de 0 a 100 km/h em 12,6 segundos e retoma entre 80 e 120 km/h em 19,1 segundos. O consumo urbano, com álcool, é de 7,4 km/l e o rodoviário, de 11 km/l. A frenagem e ruído, ambos a 80 km/h, são de 27,6 metros e 67 decibéis. Números da revista Quatro Rodas.

A aceleração está no mesmo nível dos concorrentes comparados em maio (Grand Siena, Voyage e Prisma. Só o HB20S que é bem superior). O consumo só é melhor que o do Grand Siena. Já o ruído é o mais alto. Por outro lado, boa mesmo é a frenagem. 

Irmão de plataforma, o hatch Sandero chega em fevereiro. Vai ficar ainda mais parecido com o sedã, mas ele sempre foi um rostinho bonitinho. Já o Logan ganhou um verdadeiro banho de loja para ser visto no mercado não apenas como um carro racional, mas também pela aparência. 

Pontos Fortes 

+ Estilo
+ Espaço interno
+ Porta-malas
+ Frenagem
+ Preço
+ Equipamentos da versão completa


Pontos Fracos 

- Acabamento mais simples que o antigo
- Motor
- Consumo
- Perda do motor 1.6 16v e câmbio automático
- Ruído

FICHA TÉCNICA 

Motores: Quatro cilindros, transversal, flex, 999 cm³, 16 válvulas
Quatro cilindros, transversal, flex, 1.598 cm³, 8 válvulas
Potência 1.0: 77 cv com gasolina e 80 cv com álcool
Potência 1.6: 98 cv com gasolina e 106 cv com álcool 
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,6 segundos revista Quatro Rodas, 1.6 com álcool)
Velocidade máxima: 163 km/h (1.0) e 180 km/h (1.6) (fabricante, com álcool)
Consumo: 7,4 km/l na cidade e 11 km/litro na estrada (Quatro Rodas. 1.6 com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,35/1,73/1,53/2,63 m
Porta-malas: 510 litros
Tanque: 50 litros
Preço: R$ 28.990 (Authentique 1.0) / R$ 33.390 (Expression 1.0) / R$ 39.440 (Expression 1.6) / R$ 42.100 (Dynamique 1.6)