DADOS DE TESTE: REVISTAS QUATRO RODAS E CAR AND DRIVER
O Ford Focus é um modelo de duas personalidades não só por ter dois formatos de carroceria. A passada segunda geração, lançada em 2008, viveu momentos distintos no mercado. Enquanto o Hatch liderou o segmento de médios até o mês passado (foi superado pelo novo Golf no início de novembro), o Sedan nunca conseguiu ofuscar os japoneses Civic, Corolla, além do asiático-americano Chevrolet Cruze.
E agora a terceira (a primeira foi lançada aqui no final de 2000) enfim chega ao nosso mercado, importada da Argentina, para recuperar a liderança de um lado e se destacar do outro. Especulada no post publicado no ano passado, a perua não deve mesmo vir, pois aguarda-se a chegada do crossover Kuga e as marcas que atuam no Brasil são igual pai pão-duro: tem que obrigar o filho a economizar e a escolher entre um ou outro.
Pelo menos até o ano que vem, o Focus ainda é o mesmo vendido na Europa. A partir de então os europeus ganharão a mesma frente vista no New Fiesta. Mesmo em sintonia com o exterior, o novo Focus já parece defasado dentro da linha Ford vendida atualmente no Brasil. Ainda não tem a grade hexagonal e o capô fechado do Fiesta, Fusion e do futuro novo Ka (ou Escort), mas continua um carro bem moderno. Podemos entender a defasagem como um estilo próprio deste modelo lançado mundialmente em 2010.
O Fiesta também foi a fonte de inspiração para as suas novas linhas contínuas em ambas as carrocerias do modelo médio. O Hatch abandonou as lanternas na coluna traseira. Agora elas estão na posição convencional, em formato de seta e invadindo a lateral, alinhando-se com o bocal do tanque de combustível em seu desenho (repare na foto lá embaixo).
O Sedan, que já foi parecido com os finados Versailles (1991-1996), da própria Ford, e Chevrolet Vectra B (1996-2005) nas duas primeiras gerações, agora é quase uma versão maior do New Fiesta de três volumes, principalmente na lateral de teto em arco e com janelas até o limite da coluna, incluindo o vidro vigia. As lanternas que remetiam aos antigos carros citados agora são horizontais e com extensão na tampa do porta-malas, lembrando mais os modelos da coreana Kia, como o recém-reestilizado concorrente Cerato.
Enquanto a nova frente não vem, a grade entre os faróis ovais em formato de olhos é aberta, com um friso cromado por trás do emblema Ford. A entrada de ar principal no para-choque é acompanhada de um par auxiliar em formato triangular. Ambas são cortadas pela barra de proteção. Nas duas extremidades do para-choque estão localizados os faróis de neblina. A impressão é que o para-choque é mais largo do que realmente é.
O interior, também igual nos dois, ficou mais esportivo, moderno e aconchegante ao mesmo tempo. Não tem mais o conservadorismo plano da geração anterior, mas também não é tão ousado quanto o da primeira. O painel central é largo e bem inclinado. No centro se destaca a enorme tela multimídia colorida do sistema Sync (só na versão top, pois nas duas primeiras são pequenas e monocromáticas). As saídas de ar, ovais desde a primeira geração, agora são trapezoidais verticais. O quadro de instrumentos ficou mais limpo, sem a exagerada máscara prateada do modelo anterior. Velocímetro, conta-giros e marcadores estão separados por capelas. Acima deles, outro cluster digital, agora colorido.
Geralmente eu comento sobre o acabamento elogiando a montagem, mas criticando os materiais. No Focus é o contrário. O painel tem revestimento emborrachado e faixa de couro nas portas, embora não falte o plástico duro. Os bancos são encorpados e moldam o corpo. Mas a montagem tem falhas e desalinhos nos vãos. Aliás, o desajuste dos parafusos de fixação dos bancos ou a falta de algum deles já obrigou a Ford a promover um recall para o reparo dos mesmos (chassis com finais entre J121098 até J168460. Informações no site da Ford - www.ford.com.br ou pelo telefone 0800 703 3673).
O espaço interno traseiro é outro defeito do novo Focus. A cabeça até que vai bem acomodada, mas as pernas vão apertadas. Tanto o hatch quanto o sedã têm as menores distâncias entre-eixos (2,65m) em relação aos concorrentes (Chevrolet Cruze para os dois, Fiat Bravo, Volkswagen Golf e Peugeot 308 para o primeiro; Honda Civic, Toyota Corolla, Citroën C4 Lounge, Nissan Sentra e Renaukt Fluence para o segundo). O porta-malas também pode ser considerado pequeno. O do hatch tem 316 litros, apenas três a mais que o arquirrival Golf, mas fica atrás dos outros. Já o sedã comporta 421 litros, o menor do segmento.
O novo Focus, independente da carroceria, é vendido em três versões de acabamento: S, SE e Titanium, sendo que a intermediária tem uma subdivisão chamada Plus. A Titanium também tinha, mas foi unificada. O Hatch e o Sedan, este último só para frotistas, oferecem dois tipos de motor: o 1.6 Sigma TiVCT Flex - o mesmo do New Fiesta lançado em maio, com duplo comando variável de válvulas, rende 131 cavalos com gasolina e 135 cv com álcool - e o inovador 2.0 Direct Flex, o primeiro bicombustível com injeção direta de álcool e gasolina. Na verdade é o velho Duratec (que só rendia até 147 cv) com o novo sistema de injeção, duplo comando variável de válvulas e sistema de partida a frio com álcool. Agora ele entrega 175 e 178 cavalos e é o único motor do Sedan para a pessoa física, que também só possui o câmbio automatizado PowerShift de seis marchas e dupla embreagem, com mudanças manuais na própria alavanca. O hatch e o sedã de frotista também podem ser comprados com câmbio manual de cinco marchas.
O S 1.6 manual custa R$ 60.990 para o Hatch e R$ 62.990 para o Sedan de empresa. Traz de série direção elétrica, computador de bordo, ar-condicionado, saidas de ar pro banco traseiro, Sync Media System, rádio AM/FM com MP3, USB, Bluetooth, entrada auxiliar, comandos no volante e tela de 3,5” no painel central, airbags frontais, abertura elétrica da tampa de combustível, acendimento automático das luzes de emergência em frenagem, alarme, freios ABS com EBD e EBA, Isofix, lanterna de neblina, retrovisores elétricos e com repetidores de seta e vidros elétricos com one touch apenas para o motorista. Com o câmbio PowerShift, os preços sobem para R$ 66.990 e R$ 68.990, mas também adicionam sensor de pressão dos pneus, controles de estabilidade e tração e assistente de partida em rampa (HLA). O S 2.0 é exclusivo e o mais barato Sedan para o público geral, por R$ 69.990, com os mesmos equipamentos do S 1.6 Powershift.
O SE 1.6 adiciona airbags laterais, abertura e fechamento global das portas e vidros, faróis de neblina, faróis com ajuste de altura manual, sensor de estacionamento traseiro, ajuste de altura e profundidade do volante, ajuste lombar do banco do motorista, descansa braço integrado ao console central, bancos revestidos parcialmente em couro, bolso porta-revistas atrás do banco dianteiro, controle da intensidade da luz do painel, luz de cortesia dianteira e traseira, maçanetas internas na cor cromado fosco, pára-sol do passageiro com espelho de cortesia com iluminação, revestimento da manopla de cambio em couro, vidros dianteiros e traseiros com one touch, piloto automático com limitador de velocidade e tela de 4,2” no centro do painel. Custa R$ 63.990 (Hatch) e R$ 65.990 (Sedan frotista). Com Powershift, o preço das duas carrocerias é o mesmo: R$ 69.990 e ainda traz o mesmo pacote de extras do câmbio automatizado.
O SE 2.0 tem os mesmos equipamentos do 1.6 com o Powershift, que é de série neste motor. Sai por R$ 72.990 o hatch e R$ 74.990 o sedan. Há ainda a SE Plus, só para o 2.0, por R$ 75.990 e 77.990, que começa a ficar interessante: acendimento automático dos faróis, acesso inteligente das portas através de sensores, partida sem chave, sensor de chuva, retrovisores externos com aquecimento, retrovisores externos com luz de aproximação, retrovisores externos com rebatimento elétrico, ar condicionado digital e o retrovisor interno eletrocrômico.
Enfim chegamos à top Titanium, que traz os tão divulgados itens tecnológicos como o sistema de estacionamento automático, sensor de estacionamento dianteiro, tela de 8 polegadas no painel central sensível ao toque, navegador, além de teto solar, ajuste do banco do motorista elétrico em seis posições, console de teto com porta óculos, faróis de Xenon com ajuste de altura automática e lavadores, descansa braço central integrado ao banco traseiro, lâmpada de cortesia traseira com Luzes de LED, 2 tomadas 12v, 4 porta-copos, airbags de cortina, duas entradas USB, entrada de áudio/vídeo RCA e Sony Premium Sound. Saem por R$ 87.990 e R$ 89.990. Os modelos 1.6 têm rodas 16 polegadas e os 2.0 de 17".
O útil sistema de movimentação automática da borracha do batente da porta, que evita batidas nas colunas ou no carro do vizinho, destaque do Focus europeu, infelizmente, não veio. Será por quê?
O motor Sigma Flex 1.6 TiVCT pode ter caído muito bem no New Fiesta, mas os testes da revista Quatro Rodas mostraram que ele é fraco para o Focus, principalmente com a transmissão manual. O hatch acelera em 0 a 100 km/h em 12,5 e ficou atrás do Golf (1.4 TSI a gasolina de 140 cv), do Peugeot 308 (2.0 flex, 151 cv com álcool), do Bravo (1.8 16v de 132 cv) e a poucos segundos do Cruze (1.8 16v e 144 cv). Pelo menos, o consumo de 8,6 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada compensa, pois só gasta mais combustível que o Golf, testado com gasolina. Porém, o hatch 1.6 volta a decepcionar na frenagem de 65,2 metros e no ruído de 69,1 decibéis, ambos a 120 km/h. Ficou em último nas duas provas, também realizadas pela Quatro Rodas.
Com o motor Direct Flex 2.0 e câmbio Powershift, a imagem do Focus hatch melhora, agora com números da revista Car and Driver Brasil, que não se diferem muito da Quatro Rodas. A aceleração de 0 a 100 km/h vai a 9,1 segundos e só fica um décimo abaixo do Golf. A retomada de 80 a 120 km/h pula para 7,3 segundos e supera o alemão. O consumo também melhorou, indo para 9,8 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada. Frenagem (25,9 metros a 80 km/h) e ruído (66,3 decibéis a 120 km/h) idem, mas não foram suficientes para se destacarem.
Voltando a usar a Quatro Rodas como referência, o sedã acelera de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos e retoma entre 80 e 120 km/h em 6,3 segundos, perdendo por margem muito pequena apenas para o C4 Lounge. O consumo de 7,7 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada é similar ao do Civic, mas também fica atrás do Citroën. A frenagem de 61,1 metros a 120 km/h é o melhor do segmento, mas com o ruído de 69,1 decibéis a mesma velocidade ocorreu exatamente o oposto, mostrando que o silêncio não é mesmo o forte do novo Focus.
Com três anos de garantia, o novo Ford Focus, Hatch ou Sedan, tem qualidades, como o estilo moderno (apesar de prestes a receber facelift na Europa) e bons materiais de acabamento (apesar das falhas da montagem), mas seus maiores atrativos, como os equipamentos tecnológicos e o bom motor 2.0 Flex de injeção direta são privilégio para quem pode pagar mais, inclusive com ágio de 5 mil reais.
Pontos Fortes
+ Estilo moderno
+ Materiais de acabamento
+ Motor 2.0 Direct Flex
+ Desempenho (2.0)
+ Consumo
+ Frenagem (2.0)
+ Equipamentos (versão Titanium)
Pontos Fracos
- Reestilização em vista no exterior
- Montagem no acabamento
- Espaço interno
- Porta-malas
- Desempenho (1.6)
- Nível de ruído
- Preço
O útil sistema de movimentação automática da borracha do batente da porta, que evita batidas nas colunas ou no carro do vizinho, destaque do Focus europeu, infelizmente, não veio. Será por quê?
O motor Sigma Flex 1.6 TiVCT pode ter caído muito bem no New Fiesta, mas os testes da revista Quatro Rodas mostraram que ele é fraco para o Focus, principalmente com a transmissão manual. O hatch acelera em 0 a 100 km/h em 12,5 e ficou atrás do Golf (1.4 TSI a gasolina de 140 cv), do Peugeot 308 (2.0 flex, 151 cv com álcool), do Bravo (1.8 16v de 132 cv) e a poucos segundos do Cruze (1.8 16v e 144 cv). Pelo menos, o consumo de 8,6 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada compensa, pois só gasta mais combustível que o Golf, testado com gasolina. Porém, o hatch 1.6 volta a decepcionar na frenagem de 65,2 metros e no ruído de 69,1 decibéis, ambos a 120 km/h. Ficou em último nas duas provas, também realizadas pela Quatro Rodas.
Com o motor Direct Flex 2.0 e câmbio Powershift, a imagem do Focus hatch melhora, agora com números da revista Car and Driver Brasil, que não se diferem muito da Quatro Rodas. A aceleração de 0 a 100 km/h vai a 9,1 segundos e só fica um décimo abaixo do Golf. A retomada de 80 a 120 km/h pula para 7,3 segundos e supera o alemão. O consumo também melhorou, indo para 9,8 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada. Frenagem (25,9 metros a 80 km/h) e ruído (66,3 decibéis a 120 km/h) idem, mas não foram suficientes para se destacarem.
Voltando a usar a Quatro Rodas como referência, o sedã acelera de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos e retoma entre 80 e 120 km/h em 6,3 segundos, perdendo por margem muito pequena apenas para o C4 Lounge. O consumo de 7,7 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada é similar ao do Civic, mas também fica atrás do Citroën. A frenagem de 61,1 metros a 120 km/h é o melhor do segmento, mas com o ruído de 69,1 decibéis a mesma velocidade ocorreu exatamente o oposto, mostrando que o silêncio não é mesmo o forte do novo Focus.
Com três anos de garantia, o novo Ford Focus, Hatch ou Sedan, tem qualidades, como o estilo moderno (apesar de prestes a receber facelift na Europa) e bons materiais de acabamento (apesar das falhas da montagem), mas seus maiores atrativos, como os equipamentos tecnológicos e o bom motor 2.0 Flex de injeção direta são privilégio para quem pode pagar mais, inclusive com ágio de 5 mil reais.
Pontos Fortes
+ Estilo moderno
+ Materiais de acabamento
+ Motor 2.0 Direct Flex
+ Desempenho (2.0)
+ Consumo
+ Frenagem (2.0)
+ Equipamentos (versão Titanium)
Pontos Fracos
- Reestilização em vista no exterior
- Montagem no acabamento
- Espaço interno
- Porta-malas
- Desempenho (1.6)
- Nível de ruído
- Preço
FICHA TÉCNICA - HATCH 1.6 e 2.0
Motores: Quatro cilindros, transversal. flex, 1.596 cm³, 16v
Quatro cilindros, transversal, injeção direta de gasolina ou álcool, 1.999 cm³, 16v
Potência 1.6 TiVCT: 131 cavalos com gasolina e 135 cv com álcool
Potência 2.0 DirectFlex: 175 cavalos com gasolina e 178 cv com álcool
Câmbio: Manual de 5 marchas (1.6) e automatizado de 6 marchas PowerShift (1.6 e 2.0)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,5 segundos (1.6 - Quatro Rodas, com álcool)
9,1 segundos (2.0 - Car and Driver, com álcool)
Velocidade máxima: 189 km/h (1.6) e não divulgada (2.0)
Consumo: 8,6 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada (Quatro Rodas, com álcool)
Consumo 2.0: 9,8 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada (Car and Driver, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,36/1,82/1,48/2,65 m
Porta-malas: 316 litros
Tanque: 55 litros
Preços: R$ 60.990 (S 1.6) / R$ 66.990 (S 1.6 PowerShift) / R$ 63.990 (SE 1.6) / R$ 69.990 (SE 1.6 PowerShift) / R$ 72.990 (SE 2.0 PowerShift) / R$ 75.990 (SE 2.0 Plus PowerShift) / R$ 87.990 (Titanium 2.0 PowerShift)
FICHA TÉCNICA - SEDAN 2.0
Motor: Quatro cilindros, transversal, injeção direta de gasolina ou álcool, 1.999 cm³, 16v
Potência: 175 cavalos com gasolina e 178 cv com álcool
Câmbio: Automatizado de 6 marchas PowerShift
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,4 segundos (Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo: 7,7 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada (Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,53/1,82/1,48/2,65 m
Porta-malas: 421 litros
Tanque: 55 litros
Preços: R$ 62.990 (S 1.6 para frotistas) / R$ 68.990 (S 1.6 PowerShift para frotistas) / R$ 65.990 (SE 1.6) / R$ 69.990 (SE 1.6 PowerShift para frotistas e SE 2.0 PowerShift) / R$ 74.990 (SE 2.0 PowerShift) / R$ 77.990 (SE 2.0 Plus PowerShift) / R$ 89.990 (Titanium 2.0 PowerShift)
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