TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS


Excelência em veículos com tração 4x4, a japonesa Mitsubishi ousou no estilo da terceira geração do Outlander (a primeira foi vendida no Brasil entre 2003 e 2009 com o nome de Airtrek). Não que o crossover tenha ficado ainda mais agressivo do que era na geração lançada em 2007 e levemente reestilizada em 2009, com a grade trapezoidal também usada no sedã Lancer. Foi exatamente o contrário.

O Outlander ficou totalmente conservador, para não dizer careta, principalmente na lateral reta, com vinco saliente na altura da linha de cintura plana, logo abaixo das janelas retas. Combinada com a caída vertical da traseira, parece homenagear o clássico Range Rover, da Land Rover. a quem a Mitsubishi deve ter respeito. A grade continua grande, mas agora é mais larga e fica no para-choque, integrado ao desenho frontal. A nobre posição entre os faróis ficou mais fina e fechada, com o emblema pequeno cercado por dois pares de frisos cromados. Na traseira estão as lanternas totalmente transparentes nos cantos, se estendendo até a lateral, também em formato de bumerangue como os faróis e a nova geração do Range Rover. Na tampa do porta-malas há apenas um longo friso cromado emoldurando as lanternas. 

No interior encontramos a prioridade da Mitsubishi ao renovar o Outlander. O painel de superfície macia tem o desenho arrojado que faltou na carroceria. Os materiais são de qualidade, com bons revestimentos e encaixes. Portas e bancos são revestidos em couro, desde a versão básica. Chama atenção a tela multimídia de alto contraste que inclui as funções de altímetro e bússola, além do GPS (estes três só na versão V6), telefone (com a integração do Bluetooth), DVD e sintonizador do rádio e CD.



O espaço interno continua amplo, mesmo com a distância entre-eixos de 2,67m do modelo antigo. É que a sua plataforma, usada também no ASX, foi mantida. O Outlander com motor V6 tem espaço para sete ocupantes. Os bancos do fundão, retráteis, são mais apropriados para crianças e baixinhos. A segunda fileira, também rebatível, tem ajuste em distância. O porta-malas varia a capacidade de acordo com o número de assentos utilizados. Com as três fileiras em uso, o crossover leva 292 litros. Com cinco (o mais usual) comporta 798 litros e deixando só os dois bancos da frente chega ao máximo de 1.625 litros. No 2.0 a capacidade vai de 829 a 1.681 litros.


Por duas vezes eu falei que o Outlander com motor V6 é o mais completo. Ele tem 3.0 litros de capacidade cúbica, quatro válvulas em cada um dos seis cilindros, rendendo 240 cavalos e torque de 31 kgfm. O câmbio é automático de seis marchas, com borboletas de mudanças manuais atrás do volante. A tração é integral 4WD, com diferencial de acoplamento eletromagnético e três modos de funcionamento operados através de um botão no console: Eco (só funciona a tração dianteira, para economizar combustível), Auto (automático, como o nome diz, distribui eletronicamente o torque de acordo com o tipo de terreno) e Lock (que bloqueia o diferencial e distribui metade para cada eixo). Não há nenhuma evolução, mas a excelência da Mitsubishi não podia faltar.

Segundo a revista Quatro Rodas, o Outlander V6, também chamado de GT, acelera de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e faz retomada entre 80 e 120 km/h em 6,4 segundos. O consumo é de 7,5 km/l de gasolina na cidade e 10,5 km/l na estrada. A frenagem e o nível de ruído, ambos a 120 km/h, são de 63,9 metros e 66,1 decibéis, respectivamente.


Antes de contar os preços e equipamentos do V6, é preciso falar da versão mais simples do Outlander, que tem motor quatro cilindros 2.0, com 160 cavalos de potência, 20,1 kgfm de torque, câmbio CVT de no máximo seis marchas com controle manual no volante e tração dianteira. Mas ele não deixa de ser um bom negócio. Custa R$ 102.990 e já traz logo de série nove airbags (dois frontais, um para os joelhos do motorista, dois laterais dianteiros e cortinas para os ocupantes de duas fileiras de bancos), assistente de saída em aclives ou de ré em declives, fixações ISOFIX, freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica de força entre os eixos (EBD) e controle de estabilidade, além de ajuste elétrico do banco do motorista, ar-condicionado automático de duas zonas de ajuste, teto solar, rodas de 18 polegadas, computador de bordo, comandos de áudio e de câmbio no volante, sensores de chuva e faróis, piloto automático convencional e sistema de áudio com toca-CDs/MP3. A mancada foi limitar o sensor traseiro de estacionamento ao V6. 

Seus principais concorrentes serão o Fiat Freemont (Emotion por R$ 95 mil e Precision de sete lugares por R$ 102 mil, ambos com motor 2.4 de 172 cv), Toyota RAV4 (de R$ 96.900, o 2.0 de 145 cv, 4x2, a R$ 119.900 o 2.5 de 179 cv e 4x4), Honda CR-V (LX 4x2 por R$ 98.900, EXL 4x2 por R$ 109.900 e EXL 4x4 por R$ 114.900, ambos com motor 2.0 Flex de 150 cv) e Volkswagen Tiguan (R$ 112.187 em versão única com motor 2.0 TSI de 200 cv e tração integral).


O GT V6 custa a partir de R$ 130.990 e adiciona tampa traseira com abertura e fechamento motorizados, controle de estabilidade, assistente de frenagem em emergência, acesso/partida sem uso de chave, câmera de ré e sistema de navegador no painel. Há também um pacote opcional, chamado Full Technology, que eleva o preço para R$ 139.990 e inclui outra prioridade da Mitsubishi ao renovar o Outlander: a segurança. Tem faróis com lâmpadas de xenônio no facho baixo, controlador da distância para o veículo da frente (popularmente conhecido como piloto automático adaptativo) e sistema de frenagem automática ao detectar risco de colisão. 

Esta versão terá como principais concorrentes a Chevrolet Trailblazer LTZ V6 3.6 (R$ 133 mil e 239 cv), a Dodge Journey R/T V6 3.6 (R$ 124.900 e 280 cv) e o Ford Edge V6 3.5 (R$ 129.990 e 289 cv).

Conservador por fora, confortável por dentro, seguro no asfalto e valente na lama, a Mitsubishi espera vender uma quantidade de Outlanders suficiente para obter um lucro que possa bancar uma futura fabricação da terceira geração do crossover em Goiás, seguindo o exemplo do ASX, Lancer, L200, Pajero Dakar e TR4.

Pontos Fortes

+ Acabamento
+ Espaço interno no meio
+ Porta-malas
+ Equipamentos de série
+ Equipamentos de Segurança

Pontos Fracos

- Estilo
- Consumo
- Preço
- Motor

FICHA TÉCNICA


Motores: Quatro cilindros em linha, transversal, gasolina, 1.998 cm³, 16 válvulas (2.0)
Seis cilindros em V. transversal, gasolina, 2.998 cm³, 24 válvulas (V6 GT)
Potência: 160 cv (2.0) e 240 cv (V6)
Câmbio: CVT (2.0) e automático de 6 marchas (V6 GT)
Tração: 4x2 (2.0) e 4x4 com 3 modos (Eco, Auto e Lock - GT)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12 seg. (2.0) e 10 segundos (V6 GT) - Mitsubishi
Velocidade máxima: 190 (2.0) e 215 (V6) km/h - Mitsubishi
Consumo: 7,5 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada (Quatro Rodas para o V6)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,65/1,80/1,68/2,67m
Porta-malas: 829 litros (2.0) / 292/798/1.625 litros (V6 com 7, 5 e 2 lugares respectivamente)
Tanque: 63 litros (2.0) e 60 litros (V6)
Preço:  R$ 102.990 (2.0 4x2) / R$ 130.990 (GT V6 4x4) e R$ 139.990 (GT Full Technology)