Texto e Fotos: Gustavo do Carmo


Idealizado por sugestão do austríaco Max Hoffman, exportador de modelos europeus para os Estados Unidos, o BMW 507 é lembrado mais pelas suas belas linhas sinuosas do que pelas vendas. Hoffman queria que o 507 custasse na faixa de 5 mil dólares, mas o roadster que atendeu ao seu pedido chegou ao mercado norte-americano em 1957, com preço de US$ 9 mil.

Também disponível na Europa, o BMW 507 tinha 4,38m de comprimento, 1,65m de largura e 2,47m de distância entre-eixos. O chassi, projetado por Fritz Friedler, era tubular e a carroceria feita de alumínio. Exclusivamente aberto, tinha capota de lona manual de série. Um teto rígido removível era oferecido como opcional, assim como uma cobertura do habitáculo, que deixava apenas o banco do motorista à mostra. 



Em seu desenho, assinado por Albrecht von Goertz, se destacavam a linha de cintura ondulada, o único par de faróis redondos, o duplo rim da marca alemã ocupando toda a extensão inferior na dianteira (uma quebra de tradição dentro da BMW), saídas de ar na lateral - acompanhadas pelo emblema da BMW - e traseira arredondada. Por dentro, volante de aro grande e quatro braços em forma de X, velocímetro e conta-giros destacados, com relógio no meio, e dois bancos individuais revestidos em couro. 

Seu motor era um V8 3.2 (3.169cm³) de 150 cavalos. Com bloco e cabeçote também em alumínio e comando de válvulas, tinha dois carburadores Solex Zenith de corpo duplo. Havia uma versão deste mesmo motor com 160 cv. Os freios, inicialmente, eram totalmente a tambor, mas, posteriormente, ganharam discos na frente. O câmbio era manual de quatro marchas, com alavanca montada no assoalho, e a tração traseira, como mandava a tradição da BMW em vigor até hoje. Acelerava de 0 a 100 km/h em cerca de 10 segundos e alcançava os 200 km/h. O tanque com impressionante capacidade de 110 litros pretendia dar-lhe boa autonomia.  



Quando deixou de ser produzido, em 1960, o 507 já custava US$ 10.500. Por isso, vendeu apenas 252 unidades. O modelo teve donos célebres como Elvis Presley, a atriz Ursula Andress, o campeão de Fórmula 1 e motovelocidade John Surtees e o atual manda-chuva da Fórmula 1, Bernie Ecclestone. Mesmo assim, a BMW teve prejuízo e quase quebrou por causa deste belo roadster. A montadora alemã foi salva da falência pelo investimento do industrial Herbert Quandt e pelo sucesso do Isetta e dos sedãs das Séries 7 e 2002. O fracasso comercial fez a BMW fugir do segmento de roadsters por 30 anos. O trauma só acabou em 1991, com o compacto Z1.


Também foi por causa dos poucos exemplares que o 507 se tornou um clássico. Tão clássico a ponto de ganhar uma releitura no conceito Z07, de 1997, produzido em série limitada, um ano depois e até 2003, com o nome de Z8, que virou até o carro de James Bond no filme 007 - O mundo não é o bastante (1999), onde teve um final mais trágico que o 507: foi serrado ao meio.