Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação



O mercado de automóveis está agitado, com vários lançamentos. Já eu sou apenas 1 para falar de todos. Por isso alguns acabam ficando esquecidos. Quando chega vez deles, já não são mais lançamentos. Para esses, estou inaugurando a nova seção do Guscar: a No Mercado, na qual vou apenas apresentar os modelos lançados há mais de dois meses, sem fazer muita análise. Esta parte mais detalhada cabe à seção Analisando, que volta em breve. E quem vai inaugurar o novo espaço será o Toyota Camry.

Aproveito, também, para dar continuidade a uma série involuntária de sedãs luxuosos. Depois dos sul-coreanos Kia Optima e Cadenza, Hyundai Azera e Genesis (os dois do meio comparados) e uma homenagem ao nacional Chevrolet Opala, é hora de falar do modelo japonês. O próximo será o norte-americano Chrysler 300C.


A sétima geração do top de linha da Toyota no Brasil já está à venda, desde março, em versão única, por R$ 161 mil. Se destaca mais pelo luxo e conforto do que pelas suas formas. A carroceria ficou conservadora demais por causa das linhas retas. O público-alvo, pelo jeito, são os consumidores mais velhos. A grade é trapezoidal simples, com filetes cromados, e a traseira tem lanternas horizontais, unidas por uma faixa cromada. Mas não adianta reclamar, pois esse visual deverá servir de inspiração para o futuro novo Corolla.

Igualmente sóbrio é o estilo do interior, ainda mais por causa dos detalhes em plástico imitando madeira vermelha no topo do volante, painel, console e braços das portas. Pelo seu preço o Camry poderia ter madeira de verdade para dar impressão de mais qualidade, né? O espaço traseiro é muito bom para dois passageiros, mas um pouco menor que os seus concorrentes. O Camry tem apenas 4,81m de comprimento, 1,82m de largura, 1,48m de largura e 2,77m de distância entre-eixos. Assim, quem se beneficiou foi o porta-malas, que tem 504 litros, um avanço em relação aos 450-460 dos rivais grandes. Ele só desanima se lembrarmos dos 563 do compacto Chevrolet Cobalt.

Na lista de equipamentos de série, o maior atrativo é o ar condicionado digital de três zonas, no qual os ocupantes da frente controlam individualmente a temperatura no painel e os de trás compartilham o fluxo de ar através de controles no encosto central, que também regulam o reclinamento elétrico dos encostos, o fechamento da cortina do vidro traseiro e o áudio.

O Camry ainda tem coluna de direção com ajuste elétrico de altura e profundidade, banco do motorista com regulagem elétrica de altura e lombar, tela LCD de sete polegadas sensível ao toque, câmera de ré, CD player, 6 alto-falantes, entradas para conexão USB e entrada auxiliar, compatível com iPod, iPhone, CD-R/RW, MP3, WMA e AAC, piloto automático, sensor de chuva e de faróis, aviso sonoro para faróis ligados, faróis de xênon com regulagem de altura e lavadores, comando interno de abertura da tampa do porta-malas e do tanque de combustível, computador de bordo, espelhos retrovisores elétricos com rebatimento elétrico e desembaçador, abertura das portas e porta-malas por aproximação da chave e partida por botão, controles de tração e estabilidade, freios com ABS, BAS e EBD e seis airbags. Se não fosse pelas ausências do GPS, do teto solar e de alguns airbags, o Camry seria perfeitamente completo.


O motor 3.5 V6 Dual VVT-i de 277 cavalos é o mesmo do Camry anterior. Com sistema de abertura variável das válvulas de admissão e escape, o bloco entrega um bom desempenho e aceleração de 7,1 segundos. O câmbio automático de seis marchas com possibilidade de mudanças manuais e controle eletrônico (ECT) proporciona uma ótima retomada de 80 a 120 km/l em 4,2 segundos. O consumo também agrada: médias de 8,2 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada. A frenagem de 57,4 metros a 120 km/h idem. Só o nível de ruído de 64,6 decibéis na mesma velocidade é um pouco alto para a proposta do carro. Os números são da revista Carro. 

Os 161 mil reais são caros perto de concorrentes como o Hyundai Azera (R$ 125.000 completo), Kia Cadenza (R$ 124.900 completo), os já cansados Honda Accord V6 (R$ 144.000), Volkswagen Passat (R$ 159.365 completo) e até o Volvo S60 (R$ 129.500). Mas o valor é idêntico ao pedido pelo veterano Chevrolet Omega Fittipaldi. O Camry só é mais barato que o Chrysler 300C V6 3.6 (R$ 179.900) e os R$ 220 mil do Hyundai Genesis, tão conservadores e luxuosos como ele, o que pode favorecer o custo-benefício do japonês. 


O Toyota Camry é a sétima geração de um modelo lançado em 1982 para conquistar o mercado norte-americano. E conseguiu. Tornou-se o veículo de passeio mais vendido dos Estados Unidos desde os anos 90 até hoje. Foi reestilizado em 1986, 1991, 1996, 2001, 2006 e agora.

No Brasil chegou em 1992, na terceira geração. Todas as seguintes foram comercializadas aqui, sem o mesmo sucesso do mercado norte-americano. Culpa do seu perfil luxuoso e das variações cambiais e tarifárias da nossa economia. Com este novo modelo que acabamos de apresentar, penalizado pelo aumento do IPI,  a história, infelizmente, não deve ser diferente, mas a Toyota e os fãs de sedãs de luxo torcem para que o Camry, pelo menos, domine o seu segmento. 

Pontos Fortes 

+ Motor
+ Desempenho
+ Consumo
+ Frenagem
+ Porta-malas
+ Equipamentos



Pontos Fracos 

- Estilo sóbrio demais
- Acabamento 



FICHA TÉCNICA - TOYOTA CAMRY V6 3.5 Dual VVT-i

Motor: Seis cilindros em V, transversal, gasolina, 3.456 cm³, 24 válvulas
Potência: 277 cv 
Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,1 segundos (revista Carro)
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumo: 8,2 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,81/1,82/1,48/2,77m
Porta-malas: 504 litros
Tanque: 70 litros
Preço: R$ 161.000