Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação
Dados de teste: Revista Quatro Rodas
Lançada em 2002, chegando ao Brasil no ano seguinte, a primeira geração do Kia Sorento teve uma aceitação mediana no mercado. Culpa do seu estilo 'década de 90', que não empolgava. Dentro da atual filosofia estética da montadora sul-coreana, a nova carroceria do Sorento agora está mais moderna. Não é a última palavra em design, mas está servindo como um aperitivo para o novo Sportage, mais compacto, que chega em setembro e é o carro-chefe dos utilitários da Kia.
Posicionado como médio-grande (abaixo do Mohave) e na faixa dos cem mil reais, o Sorento também atrai olhares por seu porte (9,5 centímetros a mais que o antigo), que faz dele um sonho de consumo. A sua carroceria deixa de ser separada do chassi para adotar um monobloco.
O novo Kia Sorento chega ao nosso país, importado da Coreia do Sul, em duas opções de motor, tração e capacidade de passageiros, totalizando cinco versões. O motor básico é o quatro cilindros 2.4 16v, mas também estará disponível um V6 3.5. A tração pode ser 4x2 ou 4x4 permanente e o veículo pode acomodar cinco ou sete passageiros.
Vou analisar uma versão intermediária: o 2.4 4x4 com sete lugares.
Estilo ***
Responsável por modernizar os carros da Kia, o alemão Peter Schreyer, ex-designer da Audi, criou uma identidade visual para a grade dianteira dos carros sul-coreanos: uma moldura trapezoidal com um dente em cima e outro embaixo, simulando o rosnar de um tigre asiático.
Em ordem de aparecimento, Magentis, Cerato, Soul, Cadenza e Sportage (estes dois últimos ainda por chegar ao país). Todos adotaram essa frente e o Sorento não ficou de fora. Ganhou em beleza e imponência, mas perdeu em exclusividade.
O perfil ganhou vincos na parte inferior e um novo recorte nas janelas. O terceiro vidro lateral encolheu e se transformou num vigia. Com isso, a coluna D ficou mais larga. As lanternas também são novas e ainda ganharam prolongamento na tampa do porta-malas.
Não fosse a dianteira, o Kia Sorento seria um carro bem careta. Alguém justificaria o conservadorismo por causa do público-alvo. Mas quem compra um utilitário deste porte merece um design mais ousado que fugisse do trivial, não acha?
Acabamento *****Já virou clichê dizer que 0 padrão de acabamento da Kia evoluiu. Portanto, o Sportage não fugiu à regra nesta nova geração. O painel ganhou desenho moderno, com quadro de instrumentos em três túneis, ao estilo esportivo, de leitura fácil.
Os plásticos do console e o couro de série dos bancos aparentam boa qualidade e os apliques imitando aço escovado e madeira agradam aos olhos. No entanto, comparar o acabamento com os utilitários da Mercedes, BMW, Volvo e Land Rover seria covardia. Um dia a Kia chega lá.
Espaço interno *****
O novo Sportage agora pode levar até sete passageiros. Mas o recurso semelhante ao Flex7 da Chevrolet Zafira, no qual os bancos extras são rebatidos no assoalho, é opcional na versão com motor 2.4 e tração 4x2.
O espaço interno é excelente, principalmente na fila traseira convencional. E ainda dá para levar três passageiros com conforto. Segurança nem tanto, porque, apesar do apoio de cabeça central, o cinto do meio é subabdominal (apesar da foto mostrar um de 3 pontos como os laterais). Os destaques são a folga para as pernas e a largura. Na fila extra o espaço é razoável. O ambiente é melhor recomendado para crianças e adultos de até 1,60m de altura.
Na frente, uma medida para que o descansa-braço central atrapalhasse a ergonomia foi a colocação do freio de estacionamento junto aos pedais do freio e acelerador.
Porta-malas ****
Com cinco passageiros o Kia Sorento tem capacidade para levar até 1.047 litros no porta-malas. Mas basta montar os dois bancos suplementares que a capacidade cai para 258 litros, do tamanho de um carro popular. Por causa desta queda vertiginosa da capacidade descontei uma estrela das cinco que o utilitário merecia.
Motor e câmbio ***
O motor considerado nesta análise é o 2.4 16 válvulas, que rende 174 cavalos de potência. Bom, mas seria melhor se tivesse uns duzentos. Com essa potência a opção é o propulsor V6 (seis cilindros em V) com 3.5 litros de capacidade cúbica: 278 cv. Ambos são montados na posição transversal e movidos a gasolina. O motor a diesel ficou de fora nesta nova geração do Sorento.
O câmbio automático de seis marchas com opção manual sequencial está disponível em todas as versões. A tração, quando não é integral permanente, é dianteira. Na tração integral, que é permanente, a preferência de força é para a dianteira, mas é transferida automaticamente para trás quando a frente perde aderência.
Desempenho ***
Não é ruim, mas também é preguiçoso. Segundo a revista Quatro Rodas, acelera de 0 a 100 km/h em 12,6 segundos e entre os 80 e 120 km/h em 9,7 seg. A velocidade máxima é de 190 km/h, aí já divulgado pela própria Kia. Podia ser um pouco melhor.
Consumo **
Há quem diga que os 7,1 quilômetros por litro na cidade e 9,4 km/l na estrada são normais para um carro deste porte. Números do motor V6? Não. Foi a média que a Quatro Rodas obteve com o 2.4. Ele não é flex, mas talvez o álcool na gasolina brasileira deve ter influenciado, mas não tanto assim. E o desempenho foi mediano. Merecia um consumo menor.
Segurança ****
Em relação a lista de equipamentos, a segurança passiva dos passageiros do Sorento está garantida com 10 airbags - para o motorista, passageiro, nas portas e de cortina, além dos freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem (EBD), os cintos de segurança dianteiros com pré-tensionadores e limitadores de esforço, os encostos de cabeça dianteiros ativos e o destravamento automático das portas em caso de acidente.
Nada de inovador, merecia até as cinco estrelas pelas dez bolsas de ar. Também merecedora de referências é a frenagem a 120 km/h em menos de 60 metros (59,2 m). O número é da Quatro Rodas, mas o site Best Cars alertou que o carro que eles testaram se desequilibrou durante o teste e quase rodou.
Dei uma tolerância, mas o fato de oferecer controle eletrônico de estabilidade apenas para o Sorento com motor V6 foi determinante para descontar uma estrela.
Conforto ****
Ainda usando os dados da revista Quatro Rodas, andando a 80 km/h o Sorento fez uma média de 60,4 decibéis. Nada mau. Mas acelerando até os 120 km/h o ruído subiu aos 67,2 dB, tão ruidoso como uma Toyota Hilux a diesel.
Para evitar a perda de mais pontos, a Kia disponibilizou um ar condicionado eletrônico para que o motorista e o passageiro possam, cada um, controlar a temperatura. E ainda estendeu o conforto aos passageiros de trás, inclusive os da terceira fileira. Na do meio, quando não tem ninguém atrás, pode-se inclinar o encosto do banco para mais conforto.
A posição de dirigir é boa. O banco do motorista tem regulagem elétrica e o volante, regulagem manual de altura. Mas faltou a de profundidade.
Preço e equipamentos ****
A versão considerada nesta análise - 2.4 com tração 4x4 e sete lugares - custa R$ 120.900. Sem a força nas quatro rodas sai por R$ 115.900. Incluindo as versões V6, traz de série, como já foi citado, ar condicionado digital dual zone, bancos em couro, banco do motorista com regulagem elétrica de oito posições, volante regulável em altura, os dez airbags e os freios ABS com EBD. E ainda, direção hidráulica (progressiva), trio elétrico (o vidro só tem um-toque e anti-esmagamento para o motorista, as travas têm controle remoto e os retrovisores também se recolhem eletricamente e têm luzes do pisca integrado), acendimento automático dos faróis, sensores de estacionamento traseiros, banco traseiro rebatível, console no teto com porta-óculos e luzes de leitura, porta-luvas e porta-malas iluminados, descansa-braço no banco traseiro com porta-copos, para-sóis com espelho iluminado, porta-objetos, relógio digital, imobilizador da ignição, tomada de energia 12v, faróis de xenônio (com lavador) e de neblina, lanternas de LED, rack no teto, computador de bordo, rádio, CD player com mp3 e entrada USB e para i-Pod com controle no volante, 4 alto-falantes e 2 tweeters e piloto automático.
As maiores atrações na lista de equipamentos do Sorento são a câmera com visor de LCD no retrovisor interno (igual no Soul, onde é acionada quando se engata a marcha-ré, que é integrada ao sensor de estacionamento traseiro), o teto solar panorâmico e o sistema 'smart-key', que destrava as portas, aciona o alarme e dá a partida (através de um botão) no carro bastando estar com a chave no bolso.
No entanto, quem for abrir mão dos dois bancos suplementares para pagar apenas R$ 96.900 terá que abdicar, também, dos três últimos equipamentos, do banco elétrico, das luzes com temporizador, das iluminações do painel e soleiras das portas, do travamento das portas sensíveis à velocidade e dos demais oito airbags (só fica com os da frente). Faróis e lanternas são de lâmpadas comuns. O restante permanece.
As versões V6 4x2 e 4x4 são vendidas por R$ 119.900 e R$ 124.900, respectivamente. Com motor de seis cilindros, o Sportage só é mais caro que o "irmão" Santa Fé da Hyundai e o Jeep Cherokee Sport. Mas é mais barato que o Volkswagen Tiguan, que é menor.
Concorrentes:
Ford Edge V6 3.5 - R$ 130.950
Hyundai Santa Fé V6 2.7 - R$ 110.247
Jeep Cherokee Sport V6 2.7 - R$ 117.900
Mitsubishi Outlander 3.0 V6 - R$ 124.990
Toyota Hilux SW4 V6 2.7 - R$ 147.667
VW Tiguan 2.0 - R$ 128.514
Opções de cores:
Branco, Prata, Grafite e Preto
FICHA TÉCNICA - KIA SORENTO 2.4 16V 4X4 ****
Motor: transversal, gasolina, 2.349 cm³, 16v, 174 cv
Aceleração de 0-100 km/h: 12,6 seg. (revista Quatro Rodas)
Velocidade Máxima: 190 km/h (número de fábrica)
Consumo Médio: 8,25 km/litro (revista Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/distância entre-eixos: 4,68 /1,88 /1,71 / 2,70 m
Porta-malas: 258 (7) ou 1.047 (5) litros
Preço: R$ 120.900
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