Sedã mais luxuoso da Mercedes, o Classe S foi oficializado como uma linha em 1972, mas ele teve três gerações antecedentes (incluindo cupês e conversíveis) desde os anos 1950, que já usavam a letra S no final.
Em 1954, a letra foi usada na versão top das séries W128 e W180, como o 220a, 220S e o 220SE, popularmente chamada de Ponton. O 220 se referia ao motor 2.2 de seis cilindros.
Cinco anos depois, surgiu a série W111, seguida pela W112, que manteve as duas últimas denominações, exceto a 220a, que se tornou 220. Esta ficou popularmente conhecida como Fintail.
Em 1965, a série Fintail W111 deu lugar à geração W108/W109, que também teve apelido (Stroke 8) e era composta pelos modelos 250S, 250SE, 300S e 300SE, com cilindradas que seguiam à designação, como 2.5 e 3.0. Dois anos depois surgiram o 280 S e SE, com motor 2.8 e no final da década o 300 e 600SEL (o L se referia à carroceria mais longa), aí já se desvirtuando da cilindrada, com motor V8 3.5.
Com o lançamento da série W116 em 1972, a Classe S foi oficializada e os sedãs de alto luxo iniciaram uma dinastia de agora sete gerações, lançando muitos equipamentos de segurança e conforto que hoje estão presentes até em modelos compactos.
Os antecedentes
W128/W180 (Ponton) - 1954-1959
W111 (Fintail) - 1959-1965
W1108 (Stroke 8) - 1965-1972
1a Geração (W116 - 1972-1979)
Os motores iniciais eram de seis cilindros em linha, como o 2.8 com duplo comando de válvulas, mas com carburador e 160 cv (280S), o mesmo bloco com injeção eletrônica e 180 cv (280SE) e o 3.5 com injeção e 200 cv (350SE). Em 1973 chegou o V8 4.5 com 225 cv nas versões 450SE e 450SEL, que tinha carroceria mais longa. Por este novo motor, a Mercedes ganhou, no ano seguinte, o seu único título de Carro do Ano na Europa até hoje. O câmbio automático era de quatro marchas, que não era inovação, mas incomum na época.
Ainda foram lançados os motores 6.9 de 286 cv a gasolina (chamado de 450SEL em 1975) e o diesel de cinco cilindros 3.0, já turbinado, mas com 115 cavalos, chamado 300SD e exclusivo da América do Norte, em 1978.
2a Geração (W126 - 1979-1991)
As versões com respectivas motorizações eram a 280S (motor seis cilindros 2.8 com carburador, de 156 cv), 280SE e 280SEL (motor com injeção de 185 cv), 380SE e 380SEL (V8 3.8, injeção e 218 cv) e 500SE e SEL (V8 5.0 de 240 cv).
Os freios ABS (antitravamento), controle de tração, ar condicionado com controle automático de temperatura, aviso de colocação de cintos de segurança, tela de proteção solar para o vidro traseiro e diferencial autobloqueante eletrônico foram as primeiras inovações do segundo Classe S. No face-lift de 1985 veio o airbag para o passageiro. Entre outros itens de luxo estavam o computador de bordo, buzina em dois tons, revestimento em couro ou vinil, banco traseiro com ajuste elétrico e apoio de braço central com telefone.
A leve mudança frontal em 1985 também trouxe novidades na motorização. O 260SE (com motor 2.6 mesmo, de 166 cv) e o 300SE e 300SEL (3.0 de 188 cv) substituíam os 280 S, SE e SEL. O 3.8 subia para 4.2 com a mesma potência e os 380 passavam a 420 SE e SEL. Surgia o 560 SEL, com V8 5.55 de 279 cv. Em 1988, o 5.0 passava a ter 265 cavalos e o 560 ganhava versão com chassi curto (560SE).
Os turbodiesel continuavam restritos aos mercados norte-americanos e com a mesma configuração (300SD), mas ganharam mais cinco cavalos de potência, indo a 120 cv. Em 1985 chegava a versão longa (300SDL) e com 145 cv, mas quatro anos depois era trocado por um 3.5 menos potente, de 136 cv (350SD/SDL). Mas, desta vez, não fez sucesso.
3a Geração (W140 - 1991-1998)
Contrariando a proposta da geração anterior, o terceiro Classe S ficou mais pesado e ainda maior: 5,11m de comprimento. Seu estilo inspirou o Classe C, que seria lançado em 1993.
A nomenclatura já não seguia tão fielmente a cilindrada do motor em todas as versões. Até 1993, era 300SE ou SEL com motor 3.2 litros de seis cilindros e 231 cv (depois um 2.8 de 193 cv), 400SEL com V8 4.2 de 279 cv, 500SEL com V8 5.0 de 320 cv e o estreante 600SEL, com o primeiro V12 da marca, que era um 6.0 de 408 cv. Os motores a diesel estrearam na Europa com o 350SD, com motor 3.5 de 150 cv.
Depois de 1993, para se padronizar com o Classe C, foi adotada a representação atual, com a letra vindo antes do número, como S300, S400, S500 e S600. As versões longas acrescentavam um L depois (S600L) e as versões a diesel um d minúsculo (S350d). O câmbio automático passava a ter cinco marchas.
O Classe S W140 lançou o controle eletrônico de estabilidade, o limitador de velocidade (popularizado como piloto automático simples), o rebatimento elétrico dos retrovisores externos, os sensores de estacionamento, tanto atrás quanto na frente, e os airbags laterais, estes depois de 1996. Também tinha fechamento automático das portas e porta-malas sem bater (bastava encostar), vidros duplos, para melhorar o ruído, navegador por satélite (que a BMW estreou em 1994 no Série 7) e faróis de xenônio.
Outra versão de destaque foi a limousine S600 Pullmann, com 6,12 metros de comprimento e que pesava 4.400 kg quando tinha a blindagem opcional de fábrica. E, por falar em gente importante, esta terceira geração do Classe S ficou, infelizmente, marcada por ter sido nela que morreu a Princesa britânica Diana, junto com o seu novo namorado Dodi Al-Fayed, num acidente (?) em Paris, numa fuga de fotógrafos, em 1997. A geração W140 ficou com má fama, mas o casal poderia estar vivo se estivesse usando cinto de segurança, pois o carro era seguro.
4a Geração (W220 - 1998-2005)
O W220 inovou com o piloto automático ativo (ou adaptativo), airbags de cortina, lanternas traseiras em LED, faróis de xenônio, bancos com ventilação e massagem, climatização de três zonas e programada de acordo com o número de ocupantes e incidência de raios solares, suspensão pneumática adaptativa, entrada e partida sem chave (com um cartão no bolso) e por botão, que seria popularizado pelo Renault Mégane, navegador com informações sobre o trânsito, assistente de estacionamento e comando do navegador e áudio por voz.
A motorização inicial era composta pelo seis cilindros 3.2 de 224 cavalos, o V8 4.3 de 279 cv e o V8 5.0 de 306 cv, este com outra inovação: o desligamento parcial de metade dos cilindros. Depois, foi lançado o V12 5.8 de 367 cv. Entre os turbodiesel havia o seis cilindros 3.2 de 197 cv e o V8 4.0 de 250 cv.
Maybach
Esta geração serviu de base para o relançamento, em 2002, da marca de alto luxo Maybach, que estava ausente do mercado desde 1945. A reedição tinha dois sedãs ainda maiores que o Classe S (que media cerca de 5,20m na versão longa), chamados 57 e 62, com faróis duplos verticais, grade diferenciada com o símbolo pendente na ponta do capô, lanternas também verticais integradas a um refletor próximo ao para-choque traseiro e opção de pintura em dois tons. A designação era baseada no comprimento (5,72 e 6,16 metros, respectivamente). Ambos começaram com um motor V12 5.5 biturbo de 551 cavalos, mas depois foi adotado um 6.0 de 630 cv para o 62. Tinha como recursos de conforto ar condicionado digital de quatro zonas, bancos com massagem para todos os ocupantes, DVD para os passageiros de trás, som premium Bose, 18 ajustes elétricos (14 para o 57) para os bancos traseiros e couro de primeira linha. Teve ainda as versões S e Zeppellin. Ganhou um face-lift em 2010, mas durou até 2013, quando a marca se tornou uma versão do Classe S de sexta geração.
5a Geração (W221 - 2005-2013)
A silhueta da quinta geração continuou arredondada, mas as colunas ficaram aparentemente mais lisas e planas. Os faróis ficaram mais arredondados, perdendo a onda do modelo anterior, e as lanternas traseiras verticais, com a tampa do porta-malas mais pronunciada.
Entre as inovações tecnológicas estavam o sistema infravermelho de visão noturna, os faróis bixenônio e a frenagem automática. Os retrovisores externos passavam a ter luzes indicadoras de direção e ele ganhou teto solar panorâmico.
Entre os motores se destacavam o V6 3.5 de 306 cavalos, um V8 4.7 de 340 cv, depois de 435 cv, um V8 5.5 de 387 cv e o V12 5.5 biturbo de 520 cv. As versões AMG tinham dois V8, um 5.5 de 543 cv (S 55) e outro 6.2 de 525 cv (S 63), além do V12 6.0 de 630 cv (S 65). Outras novidades foram os turbodiesel V8 4.0 de 320 cv e o inédito 2.1, o primeiro quatro cilindros do Classe S em toda a sua história, com 204 cv.
Esta geração marcou também a entrada do primeiro Classe S híbrido, somente na mudança de meia vida de 2009, que combinava um V6 3.5 de 299 cv com um elétrico. O face-lift introduziu luzes diurnas de LED.
6a Geração (W222 - 2013-2020)
Até este ano, a sexta geração, lançada em 2013, era a atual do Classe S. Ficou com estilo mais parrudo, com faróis inteiramente em LEDs e delineado por eles. A grade também cresceu e ganhou uma lente em seu interior, semelhante a presente na nova geração de 2020. Atrás, as lanternas se tornaram elípticas nas extremidades da traseira, com três filetes ovais de LED sobrepostos. A tampa do porta-malas ficou alinhada a elas, mas afastadas, e com um friso cromado sobre a placa.
Entre as inovações estavam o airbag para os cintos de segurança e assentos traseiros, aquecimento dos braços das portas e a suspensão a ar Magic Body Control, que identifica buracos automaticamente e se ajusta automaticamente em cada situação. Entre outras novidades, já usadas em carros de outras marcas, o Classe S passou a contar com detecção de tráfego cruzado de pedestres, tela multimídia atrás dos bancos dianteiros para os passageiros de trás, porta-copos térmico, ar condicionado com perfume, sistema de som tridimensional Burmester e quadro de instrumentos virtual, uma primazia da anterior geração do esportivo Chevrolet Corvette, hoje usado até no compacto Volkswagen Polo.
A motorização também teve várias novidades, como o sistema híbrido que combinava motor elétrico com um movido a diesel, como o S300 BlueTec Hybrid 2.1, com 228 cv. Havia ainda outros três híbridos com gasolina: o S300h, com motor de 231 cv, o S400h com V6 3.5 de 333 cv e o S500h com o mesmo V6 do S400, mas com 442 cv combinados e o primeiro a poder ser recarregado pela tomada (plug in), disponível com carroceria curta ou longa (L). A linha também tinha o S550, com V8 4.7 biturbo de 455 cv e câmbio automático de oito marchas e o S600 com motor V12 6.0 de 630 cv. O AMG S63 usava um V8 5.5, também com dois turbos, de 536 cv.
O Maybach voltou como uma versão ainda mais luxuosa do Classe S, agora chamado de S500 ou S600 Maybach e a mesma frente do Classe S comum. O primeiro com motor V8 de 455 cv e câmbio de 9 marchas e o outro com V12 de 530 cv e transmissão de 7 marchas). Era maior que o S500 de carroceria longa (5,25 metros), medindo 5,45m de comprimento e, inicialmente, tinha rodas com supercalotas diamantadas.
No face-lift de 2017, o Maybach passou a ter outras opções de rodas e pintura em dois tons. Os motores continuaram sendo o V8 e o V12, mas eles subiram de potência e número de classe, passando a 469 cv (S550) e 630 cv (S650).
As versões mais simples ganharam novas assinaturas em LED nos faróis e lanternas, com iluminação matricial no conjunto ótico da frente. Os motores também foram renovados, com destaque para o seis cilindros em linha 3.0 de 367 cv (S450) e 435 cv (S500), ambos com um motor elétrico leve de 48v. O V8 4.0 substituiu o antigo 5.5 para os novos S650 e 65 AMG, ambos com 630 cv.
7a Geração (W223 - 2020)
A nova geração, lançada este ano, deixou o Classe S mais arredondado. A grade continuou grande, mas está mais saliente, mantendo a lente dos radares em seu interior. Os faróis ficaram menores e mais afilados. As lanternas traseiras passaram a ser elípticas e horizontais, como nas duas primeiras gerações.
O interior ficou minimalista, com quadro de instrumentos eletrônico ou virtual em formato de tablet e tela multimídia central sobreposto na vertical entre o console e o painel. Bancos traseiros também tela multimídia disponível em cada encosto do banco dianteiro e no console central.
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