No início do mês passado, relembrei a história das duas gerações do Toyota Corona vendidas no Brasil. O modelo estava esquecido, mas voltou a ser lembrado por ser homônimo do vírus comunista chinês que matou mais de 300 mil pessoas no mundo, quase 30 mil delas em nosso país (por culpa dos governos estaduais e da mídia, que inflam os números).

Mas a sua história no Japão foi bem mais duradoura: foi lançado em 1957 e teve dez gerações (uma subgeração nos anos 1980 e três derivados premium nos anos 1970) até 2001. Neste post eu vou mostrar a história em fotos destas gerações, subgeração e alguns derivados.


Primeira geração (T10/T16 - 1957-1960)



O primeiro Toyota Corona, de código T10, de 1957, era um carro compacto que media 3,91m de comprimento e entre-eixos de 2,40m, fabricado em Aichi, no Japão. Foi posicionado abaixo do Crown (daí o uso da tradução em espanhol para o novo modelo menor), que existe até hoje, como um sedã de alto luxo, mas, então um modelo médio. 



De estilo característico dos anos 1950, o Corona tinha teto, tampa do porta-malas e frente arredondados, com um único par dos faróis, posicionados um nível acima da grade, bem na extremidade frontal. Além do sedã, tinha a opção de carroceria perua de três portas e furgão (T16). Usava motor 1.0 de 33 cavalos (potência que ainda era reduzida nas concessionárias para trabalhar como táxi, exigência na época), câmbio manual de três marchas e tração nas rodas traseiras. Dois anos depois, o motor ganhava potência e chegava aos 45 cavalos, alcançando os 105 km/h.



Segunda geração (T20/T30 - 1960-1964)






Em 1960 chegava a segunda geração, chamada de Tiara no Japão, com estilo dos anos 60 de linhas mais retas, 3,99m de comprimento na versão sedã, mesma distância entre-eixos do anterior, e mantinha as versões sedã, perua e furgão, acrescentando a picape. As linhas ficavam mais retas, mas a frente continuou com único par de faróis redondos destacados e grade mais baixa, onde foram incluídos os faróis auxiliares. O foco foi o mercado norte-americano, para onde foi exportado com um câmbio automático de apenas duas marchas, chamado Toyoglide, derivado do Powerglide da General Motors. Começou com o mesmo motor 1.0, mas no ano seguinte ganhou um 1.5 e em 1964, último ano da segunda geração, veio um 1.9. Passou a ser fabricado também na Austrália.


Terceira geração (T40/T50 - 1964-1970)





A terceira geração voltava a se chamar Corona no Japão e já chegava aos 4,12m de comprimento com 2,42m na entre-eixos em 1964. O estilo continuava reto, mas a frente passava a ser inclinada e com quatro faróis, agora alinhados à grade, mas em capela própria. Além do sedã, a linha ganhava um cupê hardtop (código T50), um hatch de cinco portas e uma picape alongada. Os motores eram o 1.2 de 55 cv, 1.4 de 65 cv, 1.5 de 74 cv com câmbio manual de quatro marchas ou automático de três, que já alcançava os 145 km/h (câmbio manual, pois o automático ia só até os 140 km/h), e o 1.6 da S1600, com 90 cv e carburador duplo, lançada em 1965. Esta versão "esportiva" também trazia freios dianteiros a disco, bancos individuais reclináveis e conta-giros.







Em 1968 voltava o motor 1.9 e era adotado o 1.6 com comando de válvulas no cabeçote com 85 cavalos com carburador simples e 100 cv com carburador duplo. Nova Zelândia e Coreia do Sul entraram na rota de fabricação do modelo.

Corona Mark II (T60/T70 - 1968-1972)







Era um modelo maior (comprimento de 4,30m) com a frente ainda inclinada, inspirada na terceira geração, com os quatro faróis inseridos diretamente na grade. A nova linha posicionava-se acima do Corona convencional. Tinha carrocerias sedã, perua, já de quatro portas, e cupê. Algumas versões possuíam uma sobregrade no centro, que formava uma espécie de nariz. Teve outras duas gerações (1972 e 1976), que já não usavam mais a plataforma T do Corona, embora mantivessem o nome até 1980, quando a série Mark II passou a ser um modelo totalmente independente, que se desdobrou em mais seis gerações até 2007.


Quarta geração (T80/T90 - 1970-1974)




Em 1970 era lançada a quarta geração, de estilo condizente com a nova década: cantos retos, mas com janelas traseiras mais inclinadas. A frente, por sua vez, perdeu a inclinação e ficou com grade preta e com os quatro faróis inseridos diretamente nela, mas ainda havia uma moldura cinza escura. O Corona passava a ser considerado um sedã médio, com 4,17m de comprimento e entre-eixos de 2,50m. O peso, que na primeira geração, ficava abaixo de 1 tonelada, chegava a 1.200 kg. Ele perdeu as carrocerias picape e furgão. A perua ficou restrita à linha Mark II. Os motores eram 1.5, 1.6, 1.7, 1.9 e 2.0, esta exclusiva da esportiva 2000 SR hardtop (T90). Nova Zelândia e Coreia do Sul foram substituídos pela Indonésia na fabricação.


Quinta geração (T100/T120 - 1974-1978)





A quinta geração, de 1974, mantinha as linhas retas, mas agora com colunas mais largas e os quatro faróis redondos voltavam a ter moldura retangular, como na terceira geração. O comprimento subia para 4,25m, mas a distância entre-eixos era mantida em 2,50m. A perua voltava à linha e passava a ter quatro portas (ou cinco, para os europeus) e, nos Estados Unidos, tinha a opção de acabamento imitando madeira. Outro agrado para os americanos foi a adoção da alavanca de câmbio na coluna de direção. O cupê tinha bancos individuais com apoio de cabeça. Os freios a disco eram de série.




No Japão os motores eram o 1.6 de 90 cavalos e o 2.0 de 130 cv, este último exclusivo da esportiva 2000GT. Nos Estados Unidos o motor era 2.2, para compensar a perda de potência por causa de medidas antipoluição. O câmbio manual já tinha cinco marchas. Em 1975 foram adotados pneus radiais e sistema de controle de funções, como nível de fluídos. O Corona passaria a ser fabricado também na África do Sul, além de Japão, Austrália e Indonésia.

Sexta geração (T130 - 1978-1981)





A maior inovação estética da sexta geração, lançada em 1978, foi a troca dos faróis circulares pelos retangulares (algumas versões ainda mantiveram os redondos), mas ainda dispostos em dois pares e com moldura. A frente também ficou mais baixa. A coluna traseira ficou mais fina. O hatch de cinco portas passava a ser chamado de Liftback, na verdade, um sedã com caída mais inclinada (foto logo abaixo). O Corona já era considerado um sedã médio-grande com o seu comprimento de 4,44m, mas a distância entre-eixos cresceu apenas 2 cm (2,52m). Voltou a ser produzido na Nova Zelândia, mas deixou a África do Sul.





O câmbio automático passava a ter quatro marchas, a suspensão dianteira passava a ser McPherson e a traseira com molas helicoidais, exceto na perua, que continuava com as molas semi-elípticas. O motor 1.6 oferecido no mercado japonês perdia dois cavalos (passando a 88 cv), mas havia a adoção de um 1.8 de 95 cavalos. O 2.0 também caía para 105 cv, mas com duplo comando de válvulas subia para 135 cv. Os americanos continuavam com o 2.2, mas para eles seria o último Corona, que foi substituído pelo Camry. Além disso, o para-choque deles era em metal (plástico para os japoneses).


Sétima geração 

1a Fase (T140 - 1981-1983)




A sétima geração teve duas fases. A primeira, de 1981, manteve as linhas retas, agora características dos anos 1980 como vidros mais amplos e frente baixa. Os faróis continuavam retangulares, mas agora quase inteiriços, sem moldura e com prolongamento auxiliar na grade e as luzes de direção no canto frontal. A janela lateral traseira tinha um quebra-vento e a coluna traseira era mais fina. O Corona continuou com as versões sedã, cupê e perua, que tinha os faróis mais curtos, inteiriços. O Liftback só foi atualizado na segunda fase.





O três volumes chegava a 4,57m de comprimento, mas a distância entre-eixos voltava a 2,50m. Os motores continuavam os mesmos, mas ele passava a ter freios a disco nas quatro rodas. Houve uma versão com frente diferenciada e motor 1.6 voltada para os taxistas de Hong Kong, Cingapura e Macau. Apesar da diversidade de países, foi fabricado apenas no Japão, na Austrália e na Nova Zelândia, saindo da Indonésia.

Sétima geração - 2a Fase (T150 - 1983-1987)



Mesmo sendo um face-lfit, a segunda fase da sétima geração deixou o Toyota Corona bem diferente. Assinada por Giorgetto Giugiaro, ficou com novo desenho das janelas laterais, ainda mais amplas e com terceiro vidro, frente mais baixa, faróis retangulares totalmente inteiriços (sem o prolongamento auxiliar) e carroceria mais curta (comprimento foi reduzido para 4,36 a 4,39m), mas com entre-eixos maior (2,52m). O Liftback voltou à linha, mas a perua ficou sem a atualização de meia vida. A tração passou a ser dianteira, pela primeira vez na história do modelo. O cupê, de código T160, tinha 2,53m e estilo frontal diferenciado, com faróis prolongados e mais finos, assim como a grade. Ele só chegou em 1985, já antecipando a geração seguinte.





O motor 1.8 passou a ter injeção de combustível e render 115 cavalos. Havia também o motor 1.5. Entrou em cena um motor 2.0 a diesel. Na Europa, o Corona passou a ser chamado de Carina II (já havia um outro Carina anteriormente por lá, de porte maior, vendido junto com o Corona). A Indonésia substituiu a Austrália (que passou a importar do vizinho neozelandês e produzir o Camry) na fabricação do Corona.

Oitava geração (T170 - 1987-1992)





A oitava geração (ou nona, para quem preferir) manteve as linhas retas, mas ganhou discretos contornos arredondados. A frente ficou ainda mais baixa, com os faróis e grade mais finos. Na traseira, em algumas versões, foi incluído um aplique vermelho inteiriço entre as lanternas, levando a placa para o para-choque. A versão perua voltou. Lançada em 1987, essa nova geração, na verdade, já tinha sido antecipada pelo Coupé, dois anos antes.

Os motores eram o 1.6, o 1.8 e o 2.0, alguns já com injeção eletrônica. A tração continuou na dianteira, mas o Corona ganhou uma opção de tração integral um ano depois. Japão, Nova Zelândia e Indonésia continuaram a fabricar o modelo, que ganhou uma nova unidade de produção em Taiwan.





O sedã tinha 4,44m de comprimento e 2,53m de entre-eixos, mas em 1990 foi lançada a versão Super Roomy, de 4,69m de comprimento e 2,73m de entre-eixos. Por dentro, o painel tinha a opção de quadro de instrumentos digital colorido. Na verdade, era monocromático com fundo azul, mas uma novidade e tanto na época. 


Nona geração (T190 - 1992-1997)


A nona geração do Corona voltou a ficar com linhas arredondadas (o que não acontecia desde a primeira geração, nos anos 1950), com faróis trapezoidais e traseira alta. Foi a edição mais internacional de todas. Além de manter em atividade as linhas de produção nos países que produziram a geração anterior, foram adicionadas a fabricação nas Filipinas e na Inglaterra (em Burnaston), de onde partiam as unidades que partiam, pela primeira vez, para o Brasil, a partir de 1996, já com um face-lift de meia vida. Aqui, foi usado o nome asiático, Corona, mas no Reino Unido e no resto da Europa, a geração era conhecida como Carina E. 






A carroceria tinha 4,53m de comprimento e distância entre-eixos de 2,58m. No Brasil, foi vendido somente o sedã, em versão única com motor 2.0 a gasolina de 126 cavalos, mas no exterior havia motores 1.6 e 1.8 e 2.0 a diesel e as carrocerias fastback de cinco portas e perua (chamada de Caldina no Japão). Em seu país de origem durou até 1995, mas em outros mercados asiáticos e na Europa foi até 1997.


Décima geração 

Premio (T210 - 1996-2001)





As linhas retas voltaram em 1996, na última geração do Corona no Japão (fabricado em outro lugar apenas em Taiwan), com a grade de filetes um pouco mais grossos, lembrando o Honda Accord de 1998. Os motores e as medidas eram os mesmos. Com o sobrenome Corona Premio, tinha somente a carroceria sedã. O nome Premio deu origem a uma nova linha em 2001, maior e mais luxuosa, com mais uma geração independente em 2007, a atual, que recebeu dois face-lifts em 2010 e 2016 e dura até hoje.  

Avensis (T220 - 1998-2002)




Para a Europa e alguns mercados, o Corona, ou melhor, Carina E passou a se chamar Avensis e tinha linhas mais arredondadas do que antes. O comprimento baixou para 4,49m, mas a distância entre-eixos subiu para 2,63m. O destaque era a imitação em madeira no interior, que dava um toque sofisticado ao modelo. 




Veio para o Brasil em 1998, ainda chamado de Corona, com o mesmo motor 2.0 melhorado em dois cavalos de potência (128 cv). Com o dólar a 1 real na época, fez um relativo sucesso, mas hoje está esquecido no mercado de usados. Por causa da fabricação nacional do Corolla, deixou de ser importado em 2000, quando passou por um face-lift na Europa. No Velho Continente também teve as carrocerias liftback e perua (que foi a segunda geração da Caldina no Japão) e durou até 2002, quando ganhou a segunda geração no ano seguinte e a terceira em 2009, que durou até 2018, com dois face-lifts em 2012 e 2016. 



A segunda geração do Avensis europeu (2003-2009)


Terceira e última geração do Toyota Avensis na Europa (2009-2018, com face-lift de 2016)

TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO E REVISTA QUATRO RODAS
FONTE DE REFERÊNCIA: BESTCARS WEBSITE




A atual geração do Toyota Premio no Japão (desde 2007, com face-lift em 2016)